Bella

– Está bem, acho que tem razão, irei com você. - Ao dizer aquilo deixou-me estranhamente feliz.

– Ótimo, então venha comigo, por favor. - Comecei a caminhar, mas logo notei que ele permanecia parado no mesmo lugar. Voltei para onde estava pegando em sua mão - algo que pareceu deixá-lo surpreso - e o guiei até o meu carro.

Ajudei-o a sentar-se no banco do carona e andei até o lado do motorista entrando no veículo logo em seguida. Comecei a dirigir e me dei conta de que não sabia seu nome.

– Como se chama? Ainda não sei seu nome. - Perguntei sem tirar os olhos da estrada.

– Então somos dois. - Respondeu rindo fracamente.

– Meu nome é Isabella, mas você pode me chamar de Bella também se quiser. É assim que a maioria dos meus amigos me chama.

– Edward, mas você pode me chamar de esquisito ou aberração se quiser. É assim que a maioria das pessoas me chamam. - Repetiu quase a mesma coisa que eu disse, só que dessa vez com ironia.

– Bem, já que posso escolher te chamarei de Edward... Ou melhor Ed! - Exclamei tentando tirar o clima pesado que se instalara no carro, eu realmente não estava preparada para ouvir o que ele dissera e pra falar a verdade aquilo me chocou.

– Ed. A única pessoa que me chamava assim era a minha m... - Não terminou de falar e ao olhá-lo notei que seus olhos ficaram tristes. Suspirou baixinho encostando a cabeça no vidro do carro, vi uma lágrima solitária lhe escorrer pela face e tive de me segurar para não secá-la.

– Quer ouvir alguma música? - Perguntei tentando mudar de assunto.

– Pode ser. - Deu de ombros.

– Gosta de Beatles?

– Um poco... E você gosta de John Travolta?

– Um pouco... - Respondi falando a mesma coisa que ele havia dito antes e finalmente pudera ouvir o som de sua risada, mesmo que ela estivesse um pouco baixa. - E você gosta dele?

– Pra falar a verdade... não. - Falou sorrindo.

– Então o que vamos escutar? - Voltei minha atenção para a estrada novamente.

– Lady Gaga? - Perguntou em um tom fofo.

– Ela é aquela mulher que uma vez usou aquele vestido de carne, não é mesmo?

– Sim.

– Tantas crianças passando fome e ela desperdiçando comida. Às vezes me pergunto aonde é que este mundo vai parar? - Falei indignada.

Liguei o rádio procurando alguma música dessa tal de Lady Gaga, mas não achei nenhuma. Em seu lugar resolvi deixar tocando Firework da Katy Perry, afinal esta musica tinha muito haver com o Edward.

(...)
Do you ever feel (Você alguma vez já se sentiu)
Feel so paper-thin (Se sentiu tão frágil)
Already buried deep (Como se estivesse enterrado)
Six feet under (A sete palmos)
Screams but no one seems to hear a thing (Você grita, mas parece que ninguém ouve nada)

Edward percebeu que eu havia escolhido aquela música propositalmente para ele, por isso passou a cantá-la. O acompanhei e logo cantávamos juntos.

Do you know that there's (Você sabe que há)
Still a chance for you (Uma chance para você)
'Cause there's a spark in you (Pois você tem um brilho)
You just gotta (Pois você tem um brilho)
Ignite the light (Acender a luz)
And let it shine (E deixá-la brilhar)
Just own the night (Seja o dono da noite)
Like the Fourth of July (Como o dia da independência)
'Cause baby, you're a firework (Pois, baby, você é como fogos de artifício)
Come on show 'em what you're worth (Venha e mostre do que você é capaz)
Make 'em go, "Aah, aah, aah" (Deixe todos boquiabertos falando "oh, oh, ooooh")
As you shoot across the sky (Enquanto você cruza o céu)
(...)
You don't have to feel (Você não precisa se sentir)
Like a waste of space (Como um desperdício de espaço)
You're original (Você é original)
Cannot be replaced (Não pode ser substituído)
If you only knew (Se você ao menos soubesse)
What the future holds (O que o futuro lhe aguarda)
After a hurricane (Depois do furacão)
Comes a rainbow (Vem o arco-íris)

Ele sorriu depois que a música terminou, talvez tivesse percebido, finalmente, que era especial, como cada um de nós somos. A letra pudera fazê-lo entender que viera ao mundo desse jeito porque havia um motivo importante para isso...

Sempre há uma luz no fim do túnel, como muitos costumam dizer, e ela permanece acesa por mais negra que nossas vidas pareçam estar. Por isso cabe a cada um encontrar sua própria luz e, ao achá-la, deixar com que brilhe infinitamente. Eu só queria que Edward pudesse encontrar sua própria luz e, de alguma forma, que ela fosse capaz de lhe mostrar o lado bom de se viver.