With Eyes Closed escrita por Carol, Thata Ferreira


Capítulo 3
Two


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, tenham uma ótima leitura!

[: capítulo reescrito :]



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Bella

Assim que entrei no saguão de entrada do hospital vi um rapaz estranho varrendo o chão. Às vezes ele acabava acertando a vassoura em alguém, que logo o xingava com diversos tipos de palavrões, outras varria os pés de algum paciente - sendo xingado da mesma forma. Notei haver alguma coisa errada, o outro não parecia estar fazendo tudo aquilo de proposito... Já que trabalho aqui não custaria nada descobrir o que estava acontecendo com ele.

Caminhei em sua direção a passos largos - quase sendo vítima de mais uma de suas vassouradas -, mas ele nem sequer pareceu ter percebido minha presença, fazendo-me ficar um pouco frustada...

– Olá! - Falei de forma amigável tentando puxar assunto, porém ele pareceu não me ouvir. - Você está com algum problema? - E novamente recebi seu silêncio como resposta. Se não quisesse falar comigo, não o forçaria a isso.

Desisti de iniciar uma conversa com ele e afastei-me de si caminhando até minha sala, lá coloquei meu jaleco preparando-me para começar a trabalhar. O Dr. Carlisle era um homem extremamente exigente com tudo, então deveria começar iniciar meu plantão logo. Qualquer erro cometido poderia levar qualquer funcionário a ser despedido, principalmente se o Dr. estiver estressado - um estado de espirito comum para ele.

...

Meu plantão havia acabado há alguns minutos. Voltei para minha sala depois de atender minha última paciente, peguei minha bolsa e mais algumas coisas e estava pronta para ir embora. Ao passar pelo saguão do hospital avistei o mesmo garoto, mas desta vez estava acompanhado do Dr. Carlisle que parecia estar brigando com ele.

– VOCÊ É UM IMBECIL GAROTO! - Gritou apontando o dedo para o rosto do outro que mantinha a cabeça baixa. - Por sua causa diversas pessoas foram procurar atendimento em outro hospital e eu recebi diversas reclamações devido ao seu péssimo trabalho hoje! Você não presta para nada, é um inútil, sua mãe deve ter morrido de desgosto. Esme se matou trabalhando para sustentar um estorvo como você e nunca recebeu nada em troca. - Quando tocara na mãe dele pude ver que o outro começara a chorar.

Aquilo fez meu coração doer, ninguém merecia ser tratado assim. Se Carlisle não fosse meu chefe teria me metido naquela discussão e mandado ele calar a boca - ou fazer coisas piores.

– Ande garoto, se mande daqui. Não quero mais ver sua cara, não sei porque ouvi minha esposa, ter te procurado foi a pior coisa que fiz. Deveria tê-lo deixado para trás e continuar fingindo que estava morto. - Finalizou e nesse exato momento o rapaz chorava ainda mais.

Não podia acreditar no que meus olhos acabaram de presenciar. Não era possível que um médico pudesse tratar tão mal as pessoas como ele fizera... De todas as vezes que vi Carlisle detratar um funcionário, nunca nenhuma delas fora tão forte como hoje. Eu só tinha a certeza de que ele falara tudo aquilo porque o hospital estava quase vazio.

O Dr. pegou o garoto levando-o até a entrada de serviço dos funcionário e o jogou para fora do hospital, de uma maneira bruta. O pobre garoto provavelmente havia se machucado feio devido a força com que fora arremessado ao chão. Escondi-me em uma sala que ficavam ali por perto, assim que Carlisle voltou para o hospital e já estava longe de ser visto, saí dali indo ao encontro do outro.

Assim que o avistei ele estava sentado no mesmo lugar em que fora jogado no chão. As poucas pessoas que presenciaram a cena o observavam com olhares críticos, pareciam não estarem nenhum pouco preocupadas com o fato de que ele havia se machucado. Aproximei-me dele notando que seus olhos eram lindamente verdes, porém ao vê-los com mais cuidado notei serem opacos e sem vida.

Então fora por isso que mais cedo ele parecia não estar vendo nada e nem ninguém enquanto limpava o saguão... Provavelmente era cego e isso explicava tudo - inclusive os olhares que as pessoas direcionavam a ele.

Analisando-o ainda mais percebi os diversos machucados que cobriam-lho o lado esquerdo da face, além dos outros ferimentos que estavam espalhados por seu corpo.

– Você está bem? - Finalmente perguntei de forma calma, não sabia como ele reagiria, afinal a resposta para aquela pergunta era extremamente obvia: ele com certeza não estava bem. E quando digo que não estava bem não me referia apenas aos machucados físicos, mas a todos os emocionais causados por Carlisle mais cedo.

– Acha que eu estou bem? - Rio falsamente.

– Para ser sincera, não... - Murmurei baixinho.

– Você está certa, não estou nenhum pouco bem, mas afinal por que eu estaria? As pessoas acham que somente porque não consigo ver não irei notar seus olhares de repulsa, mas eu os sinto, de alguma forma os sinto mesmo que eu não queira. Doí saber que te tratam diferente somente por causa da porcaria de um defeito, eu só queria ser tratado como qualquer outra pessoa... - Suspirou audivelmente. - Qualquer outra pessoa normal.– Sussurrou a última parte.

Depois de ouvi-lo dizer tudo aquilo percebi que as feridas guardadas para si eram muitas e provavelmente não tinham nem sequer cicatrizado. Como médica sabia que cada paciente leva o seu próprio tempo para curar seus ferimentos físicos, mas não importa quanto tempo fosse, sempre havia uma forma para trata-los a fim de ajudar o corpo a recuperar-se. Mas olhando-o eu não tinha ideia de qual deveria ser o tratamento a ser usado para curar suas feridas emocionais, quanto tempo elas para serem cicatrizadas.

– Eu não sei o que te dizer... - Fui sincera.

– Não diga nada, apenas siga o seu caminho. Não quero que Carlisle saiba que está falando comigo - Disse o nome do outro com raiva. - Ele provavelmente vai acabar te despedindo daqui também...

– Não me importo. - Deixei escapar.

– Mas ele irá se importar e não quero que seja prejudicada por minha culpa.

– Eu não ligo. - Tentei convencê-lo de que não sairia dali.

– Mesmo assim vá embora, por favor. Seu namorado já deve estar preocupado com você. - Virou finalmente o rosto em minha direção. Ele já deveria saber que eu estava a direita dele, afinal o som de minha voz entregava minha localização.

– Sabe se tivesse um namorado talvez eu iria, mas como esse não é o caso... Você quer uma carona para a sua casa? - Indaguei o olhando.

– Não, obrigada. Não tenho nenhuma casa para voltar e também não quero que me ajude somente por pena.

– Se estivesse com pena apenas teria lhe dado algumas moedas e teria ido embora, mas pelo que parece não fiz isso até agora não é mesmo "Sr. não me ajude por pena"? - Falei a última parte tentando fazê-lo sorrir, mas isto não aconteceu.

– É... acho que tem razão. - Finalmente parecia estar disposto a aceitar minha carona.

– Você não tem mesmo pra onde ir?

– Não. - Sua voz tinha um tom de tristeza.

– Bem, já que você não tem onde ficar poderia vir morar comigo e com minha mãe até conseguir sua própria casa. Temos um quarto sobrando e mamãe precisa de alguém para ajudá-la a cuidar do jardim e de outras coisas lá de casa. - Falei sorrindo, mesmo sabendo que ele não poderia ver o sorriso em meu rosto.

– Mas eu não conseguiria cuidar de um jardim nem com sua mãe ajudando! - Falou um pouco exasperado.

– É claro que consegue, iremos te ensinar o que for preciso para isso. - Levantei-me. - Vamos? - Perguntei segurando sua mão para ajudá-lo a levantar-se. Quando já estava de pé, ele perguntou:

– Não irá ter problemas por me ajudar? Sua mãe não ficará brava por estar me levando até sua casa? - Parecia estar muito receoso com tudo aquilo.

– Minha mãe com toda a certeza não vai se importar, acredite em mim... - Mesmo que não faça nem uma hora que nos conhecemos, completei a frase em minha mente.

– Acho melhor não ir mesmo, sério, não quero mais causar nenhum problema....

– Se não ir quem terá problemas será você. Afinal, dormir na rua não deve ser muito seguro. - Tentei convencê-lo mais uma vez que o melhor a se fazer seria vir comigo.


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Notas finais do capítulo

Se quiserem comentem :3

[ Tem algum erro nesse capítulo? Me avise, por favor ^^ ]