-Não era o que eu queria,mas se ele quer uma perseguição,é isso que ele vai ter. – Bill olhava com um olhar demoníaco para o retrovisor.

A perseguição foi surpreendente. Bill dirigia velozmente pelas ruas claras de Los Angeles,sendo seguido de perto pelo cara mascarado.

Eles aceleravam cada vez mais, avançavam sinais e driblavam outros carros,causando vários acidentes:Alguns batiam e outros capotavam.Fomos nesse ritmo até sobrar apenas os dois carros na pista.

O cara batia algumas vezes na traseira de nosso carro,fazendo Bill ficar irritado e vermelho.Em seu olhar, ódio e fúria disputavam entre si:

-Porra Bill,dirige esse carro direito! –Gritei exasperada.

-Cala a boca e atira!

-Atirar?Com o dedo filhote?Eu to armada por acaso?

-Agora está! – Ele abriu o porta-luvas, tirou uma pistola e pôs na minha mão.

Usei o pouco conhecimento que eu tinha sobre armas pra conseguir descobri que era uma de calibre 38.

-Vai ficar admirando ou vai agir? – Bill me repreendeu enquanto eu olhava fixamente para a arma.

Abri minha janela e pus um pedaço do corpo pra fora.

E agora,como eu vou fazer isso?Pronto, fudeu!

Descobri como mexia naquela coisa e atirei uma vez...Ai ai,se dependessem de mim para salvar a pátria,eles poderiam se considerar mortos...

Atirei de novo,consegui apenas arrancar um pedaço da tinta.

-Quer fazer o favor de mirar? – Bill estava gritava louco de raiva – Mire nos pneus,nos pneus!

Quando eu me preparava para soltar outro disparo,Bill brecou violentamente,me fazendo desequilibrar e quase cair pela janela.Ele começou a dirigir de ré,indo para cima do outro carro.

Antes mesmo de percebermos,estávamos lado-a-lado.

-Entregue a garota e ficará tudo bem! – Gritou o homem.

Agora ele já não estava mais mascarado.Pude ver que tinha longos cabelos loiros,até pouco abaixo do ombro.Seus olhos verdes estava parecendo duas bolas de gude,a tensão do momento lhe deixavam esbugalhados.Ele tinha braços fortes e tronco robusto.

-Vai para o inferno,seu demônio desgraçado! – Bill respondeu apenas isso.

Mirou a sub-metralhadora na cabeça do homem,mas este rapidamente fechou os vidros.Apenas alguns tiros conseguiram entrar no carro,e estes foram o que entraram antes da janela ser fechada.Os outros disparos apenas atingiram a janela fechada,sem surtir efeito.

-Que merda,o carro é blindado!

Eu pensei que em algum momento a veia do pescoço de Bill ia estourar,de tanto que ela pulsava.

Voamos velozes por mais várias ruas.Era incrível como mesmo depois de tantas balas disparadas,eles não tinham conseguido acertar nada além de vidros e latarias dos carros.

Mas essa sorte durou pouco,uma das balas de Bill errou feio seu alvo,mas em compensação,acertou em cheio um garota de no máximo 10 anos que estava na calçada.

-Ai droga,acertei um moleque de 10 anos!

-Isso não é hora para se preocupar com isso seu bocó!Se preocupe em não bater em nada!

Bill virou bruscamente,por pouco não acertou outro carro.Eu voltei a atirar,mirando no pneu do outro carro.

Não conseguia acertar,e Bill também não podia atirar sempre,já que tinha que controlar o carro em uma velocidade altíssima.

-Merda,merda.Mil vezes merda! – Bill berrou do nada.

-O que foi?

-Tá escapando óleo do carro,se continuarmos assim,não vamos muito longe!

Olhei para trás e tive uma idéia.

Lembrei de ter visto uma latinha de Coca-Cola no porta luvas.Abri ele,com as mãos tremendo e achei a bendita.

-O que vai fazer? – Ele perguntou,sem desviar os olhos da estrada.

-Você vai ver.

Rasguei uma das mãos do meu casaco e enfiei o tecido de modo desajeitado dentro do recipiente.Deixei um grande pedaço para fora.

-Bill,me dá o seu isqueiro. – Exclamei,nervosa e com medo de meu plano dar errado.

-O que vai fazer?

-Só me dá logo porra! – Gritei

Ele enfiou a mão no bolso da calça e me entregou o isqueiro prateado.

Botei fogo da ponta do tecido e voltei a colocar meu corpo pra fora da janela.Vi o grande rastro de óleo atrás do carro.

Atirei a latinha nesse rastro.Assim que o fogo tocou o óleo,uma explosão se formou.

-Isso foi brilhante Faye! – Bill disse,agora ele gargalhava bobamente.

-Obrigada!

A felicidade durou pouco:Um barranco se encontrava logo a frente.

A velocidade do carro não deixou nós pensarmos.

-Solta logo seu cinto e venha para o lado do motorista.  – A voz de Bill era trêmula.

Eu o obedeci.Quando cheguei perto dele,ele me agarrou com a mão esquerda e com a direita agarrou sua arma.

-Não vai me dizer que quer pular? – Berrei desesperada.

-Não quero mas vamos ter que pular.

O barranco se aproximava.

-Eu não vou fazer isso! – Eu estava morrendo de medo de pular de uma carro a 300km por hora.

-Não reclame...

A frase morreu no meio.O barranco logo chegou e eu senti o carro despencar.

Bill apertou minha cintura mais forte,abriu a porta do carro e se jogou.

O vento era cortante.Pensei que aquela seria minha última visão do mundo.

Agarrei o pescoço de Bill e lhe dei um selinho desesperado:

-Eu te amo! – Gritei para ele.

No fim do barranco,tinha um rio.

Fomos caindo e eu vi aquela água se aproximando.