Hidden escrita por jduarte
Notas iniciais do capítulo
Mais um!!! Ow, vcs gostariam de uma continuação?
As lágrimas de tristeza eram azedas e salgadas. Eu preferia as de felicidade. Elas eram doces e enjoativas. Mas isso não significa que eu vou sair por ai lambendo o rosto das pessoas toda vez que elas chorarem.
Yana abraçou meu irmão mais um pouco, me abraçou e deu um tchau para Lonlye.
Quando percebi que ela continuava viva, um peso gigantesco foi tirado de meu peito, e quando virei-me para Lonlye, percebi que ele agora era uma responsabilidade minha. E de mais ninguém.
- Ei garoto, onde estão seus pais? – perguntei a Lonlye.
- Mortos. Por quê?
- Porque agora você é meu mais novo irmão. – disse para ele.
Seu rosto infantil se iluminou, e ele sorriu de ponta a ponta.
- Sério?
- Não brinco com isso. – respondi.
- Sério Mila? – meu irmão perguntou a mim com o rosto deslumbrante.
Assenti.
- Você vai adorar a mamãe. Ela é super legal! Papai também, só que ele sempre sai para as guerras, então... – meu irmão começou a contar.
Quando olhei lá para o alto, percebi que a Lua vermelha estava no alto.
- Tudo bem, para a cama! – avisei.
Os dois quase faleceram quando eu os mandei para a cama.
E começaram a protestar.
- Mas ainda é cedo!
- Nós não estamos com sono!
- Essa cama é ruim!
Entre outros tantos.
- Eu não perguntei. Se vocês não quiserem sair daqui, vão ter que seguir minhas ordens. – anunciei.
Os dois foram correndo para as camas.
- E não vão sair desse quarto até eu disser que podemos ir embora.
Lonlye levantou uma das mãos para perguntar. Eu me sentia como um general.
- O que vamos comer? – perguntou ele.
- Eu consigo materializar tudo o que quiserem.
Rubens duvidou, lançando um desafio:
- Então porque é que eu ainda não recebi um travesseiro mais gostoso?
Abri as mãos atrás de meu corpo, e imaginei o travesseiro mais fofo do mundo, cheiroso e limpo. E depois percebi que Lonlye merecia o mesmo. Então consegui materializar dois, e joguei na cara dos dois.
- Satisfeitos? – perguntei rindo com as feições espantadas.
- Mas, eu não pedi isso... – Lonlye começou a dizer.
O impedi.
- Mas você é meu novo irmão. Vamos fazer tudo por igual aqui. – disse caminhando até minha cama, e percebendo que a luz do quarto estava acesa.
Ai, droga!
- Deixa comigo! – exclamou Lonlye. Pensei que ele iria levantar da cama, porém ele apenas tirou da boca um jato de gelo, que logo se transformou em uma escultura de mão cristalina e gelada, e simplesmente apagou a luz.
- O que foi? – perguntou ele quando percebeu que o olhávamos com certo temor.
- Nada. – disse deitando e cobrindo a cabeça com o cobertor – agora – grosso.
- Isso. Foi. Muito. Maneiro! – meu irmão exclamou.
Começamos a rir e meu irmão foi o primeiro a pegar no sono.
Rubens começou a sentir frio e começou a se enrolar no próprio corpo. Levantei da cama quente e caminhei nas pontas dos pés até meu irmão. Cobri seu corpo frio e plantei um beijo em sua testa.
Virei para Lonlye e cobri seu corpo que também estava frio. Beijei sua testa e virei para dormir. Peguei no sono rápido demais.
Acordei aquele dia, quando bem entendi, e foi tarde, pois meu irmão e Lonlye continuavam dormindo. Levantei da cama, e quando fui me espreguiçar, percebi que estava totalmente dolorida na área das costas onde minhas asas ficam.
Alguém bateu na porta.
- Posso entrar?
- Claro. – disse eu.
- Bom dia. – disse King.
- Bom dia! – respondi caminhando até ele. – Yana apareceu aqui.
Ele ficou meio tonto.
- Sério? Bem, isso não estava nos planos.
- Ela falou algo sobre uma camuflagem. O que é isso? – perguntei.
King engoliu seco antes de falar sobre isso.
- É uma técnica que estamos aplicando.
- Por quê?
- Porque queremos o melhor e não a morte. – respondeu King.
- E se a morte for a razão para que eles nos trouxeram aqui? Os pais de Lonlye fora mortos, portanto, ele agora é problema meu.
King bufou.
- É dolorido. Você não suportaria.
- Suporto até a morte me irritando. Eu quero sair daqui em segurança, com Rubens e Lonlye, entendeu?
King me encarou.
- Sim, não sou burro.
- Eu sei que não. Pode ser agora? – perguntei.
- Agora o que? – King não entendeu.
- O procedimento inicial para sair dessa buçanga.
- Sim. Se você quiser morrer, talvez! – ele praticamente gritou.
Meu irmão e Lonlye se remexeram inquietos na cama.
- Você é louca...
- Não, sou realista, é diferente. Sei que se ficarmos aqui, vamos morrer, então, eu quero sair. Que problema há nisso?
- Vários.
- Eu não ligo. Quero sair. E só você pode me ajudar.
- Ok. Mas os problemas não são minha responsabilidade.
Revirei os olhos.
- Tanto faz. – murmurei.
Depois de um tempo de silêncio, King sugeriu.
- Que tal, se levássemos os dois para a sala de cirurgia, para poder fazer o procedimento normal?
- Claro. – respondi indo até meu irmão e tentando o acordar. – Rubens? Querido, levante, hoje é um dia cheio.
Rubens se espreguiçou e levantou devagar coçando os olhos.
- Vamos sair? – perguntou com a voz arrastada.
- Sim.
Fui até Lonlye e o acordar foi a parte fácil.
- Vamos? – perguntei pegando os dois na mão.
- Sim. – responderam em coro, coçando os olhos.
Praticamente arrastei os dois para fora do quarto, quando King advertiu.
- Não. Leve Lonlye no colo, e finja que ele passou mal, enquanto eu finjo que Rubens se machucou na cama, ou algo do gênero.
Peguei-o no colo, e sorri para ele.
- Feche os olhos. – disse eu.
Ele fechou, e quis dar risada.
Enquanto descíamos as escadas para ir ao escritório de King, Bernardo nos parou.
- O que aconteceu? – perguntou preocupado.
- Nada de mais. Ele está passando mal. – menti, sentindo-me péssima.
Ele olhou para mim, e beijou minha testa.
- Te vejo mais tarde? – perguntou novamente, com os olhos cheios de significados.
Meus olhos se encheram de lágrimas, enquanto eu abaixava a cabeça e respondia:
- Não.
Bernardo se afastou confuso, enquanto eu continuava meu caminho, chorosa e magoada.
- Foi difícil dizer “não”? – perguntou King.
- Não. – menti fungando, e entrando no consultório.
Quando chegamos, baixei Lonlye no chão, e olhei para Rubens.
- E agora? – perguntei.
- Quem vai primeiro?
Apontei para os dois.
- Porque nós? – gritou Rubens chocado.
- Tenho que ter certeza que vocês vão estar bem, e por isso serão camuflados antes do que eu.
- Mas... – Lonlye tentou argumentar.
- Sem “mas”. Ande, tire dois ou um para ver quem vai primeiro. – exigi.
Eles fizeram, e Rubens perdeu.
- Melhor de três? – perguntou.
Lonlye deu de ombros.
As outras vezes, Rubens perdeu.
- Eu te amo, mana! – disse ele todo dramático.
King riu.
- Só vai durar alguns minutos, tudo bem? Mas parecerão segundos. – disse ele pegando uma seringa, e a ligando a um aparelho tamanho jumbo.
- O que é isso? – perguntou meu irmão.
- A máquina que fará a camuflagem.
- Como assim?
- Seu sangue é o problema. O cheiro é de seu sangue. Ele terá mais glóbulos vermelhos do que brancos e mutantes. Então, a cor de seu sangue será roxo. Porém, seu cheiro será igual a um humano.
Meu irmão riu nervoso.
- E se não der certo? – perguntou.
- Vai dar.
King espetou meu irmão no braço, deixando-o meio grogue.
Ele ligou a máquina, e colocou lá dentro, uma bolsa de sangue grande.
- Ai! – exclamou meu irmão quando o sangue azul se misturou com o vermelho, e entrou em seu corpo novamente. Ele repetiu isso algumas vezes, até que disse chega. O processo nem havia começado.
As células mutantes deviam estar praticamente desligadas. Mas de modo que ele pudesse usar seus poderes sem nenhuma restrição. A dor de ver meu irmão sentado em uma maca, sentindo-se inconfortável, era totalmente ruim.
- Você está bem? – perguntei a ele.
Rubens tentou fazer um “ok”, mas estava bem cansado.
- Acabou. – King disse.
- Só isso? – perguntou meu irmão.
- Sim.
- Vamos, Lonlye?
- Tá. – respondeu ele.
King trocou de máquina e trouxe um novo tipo de sangue. Lonlye tremia um pouco. Depois que ele se camuflou, a minha vez chegou.
Eu tremia feito vara verde.
- Dói? – perguntei quando vi que meu irmão segurava o braço onde havia recebido sangue, e ele num geral parecia meio azulado. – Porque meu irmão está azul?
- Efeitos colaterais. Nada perigoso. Agora relaxe.
King voltou com outra máquina e bolsa de sangue, e eu quase perguntei de onde é que surgiam tantas máquinas extra-jumbo.
- Tá. Eu posso fazer isso. Eu posso! Eu sou capaz. – dizia a mim mesma.
Quando King espetou meu braço, senti a adrenalina percorrer meus membros, deixando-me afobada.
- Ei, isso dói pacas! – exclamei quando senti meu sangue sendo tirado de mim. Sentia minha vida sendo puxada de minha alma, e toda minha vitalidade ir pro brejo, porém quando dei por mim, já tinha acabado, e o cheiro de meu sangue estava realmente diferente.
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Continua?