Hidden escrita por jduarte


Capítulo 33
Tachada


Notas iniciais do capítulo

Hey! Maais ummmm!!!
Beijooos,
Ju!



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- Como assim “Pesadelo”? Você dormia como um anjo!

- Foi um pesadelo horrível.

   Adam sorriu gentilmente pegando minhas mãos entre as suas, e aquecendo-as. Olhei para elas, e depois para seu rosto, e após ter feito isso umas quarenta vezes, percebi que, no meio de todas aquelas agulhas intravenosas que me colocaram, minha mão reagiu meio mal a seu toque.

   Apesar de que Adam praticamente implorava para que eu tivesse sua confiança, ainda havia algo em mim que berrava “Sai Fora!”. Não porque ele fosse uma má pessoa. Pelo contrário! Ele tinha um ótimo coração, mas seu coração palpitou pela pessoa errada. Assim como o meu.

   Bernardo era mais agressivo, mais carinhoso, amador, fugitivo, sexy, mais tudo, enquanto Adam era metade disso. O que convém, tende a me agradar mais.

- Onde está ele? – perguntei sem perceber. Queria saber se Bernardo já havia ido, pois caso contrário, eu ficaria chata.

   Os ombros de Adam se retesaram quase que instintivamente e percebi que havia falado besteira. Tive que mudar de assunto, e quase não consegui.

- Ele está em algum lugar desta buçanga, assim como Norbert, seu irmão.

- O que? – perguntei abobada. – C-como você sabe disso?

- Porque eu tenho as fichas deles, e devo acrescentar, não são muito boas.

   Gelei.

- O que mais você sabe?

- A idade, relacionamentos antigos, desde quando trabalha para essa companhia, nome de pais, irmãos, salário...

- Já chega. – sussurrei.

- Ok, bem, na verdade, ele está cuidando de Gina.

   É O QUE?! Será que ele não poderia continuar a falar sobre o que ele sabia sobre a vida de Bernardo?, pensei.

- Quem? – fiz-me de boba.

- Ah, então você não sabe que ela é? – perguntou Adam com cara de: Te Peguei, Babaca!

- Não. – disse pelo menos uma coisa.

- Ok, então deixa eu te contar só para você enxergar realmente quem é o cara por quem você está apaixonada. – disse ele.

   Adam começou a andar pelo quarto.

- Primeiro: ele não é uma boa pessoa. – Adam ia listando as coisas com os dedos.

- Pare. – sussurrei afundando no travesseiro meio oco.

- Não, ouça bem. Ele já tem uma namorada, e ela é muito bonita. Loira, olhos acinzentados, uma coisa de louco. Não me surpreende que ele tenha se apaixonado pela primeira pessoa que viu.

- Pare! – gritei.

   Ficamos naquele silêncio constrangedor.

- Porque você está fazendo isso?  - perguntei berrando e já me exaltando.

- Eu só quero que você saiba das escolhas que está fazendo! – rebateu Adam exaltado.

- Eu sei as escolhas que estou fazendo, Adam! Mas ainda não entendi o porquê é que você quer me colocar contra ele!

   Adam socou a porta com brutalidade, e depois a abriu.

- Porque ele, e não eu? – perguntou ele.

- Eu não sei. Simplesmente não consigo sentir o mesmo que sinto por ele. Isso é muito forte, Adam.

- É muito difícil de acreditar que eu realmente quero ficar com você? – perguntou ele.

- Não, mas... Ah, eu não sei! – praticamente berrei.

  Ele olhou para mim antes de abrir a porta cor bege que se encontrava apoiada num batente nada bonito.

- Mais alguma coisa que eu precise responder? – perguntou ele deixando escapar uma lágrima ligeiramente grossa pelo canto de seus olhos, e enxugando-a logo depois.

- Sim, onde fica a saída daqui? – perguntei.

- Bem, desça das escadas, vire à esquerda, direita, e logo chegará a porta que dá acesso ao refeitório. Entre ali, e vá direto para a cozinha. Ao lado da geladeira tem um galpão, ele dá a saída para o lugar que Bernardo está.

- Eu não queria saber isso.

- E eu também não queria saber que não tenho chance alguma com você. – disse Adam.

- Eu não disse que você não tem chances.

- Mas também não disse que eu tinha. – rebatei saindo pela porta sem nem dar adeus.

   Fiquei estática. Como ele pôde ser tão frio? O que eu fiz para ele? Quer dizer, eu nunca o machuquei, e se o feri de alguma maneira, não foi intencional! Eu também o amo, mas de uma maneira diferente da que amo Bernardo.

   Olhei para o quarto à minha volta, e constatei que ele não era muito bom. As paredes pareciam meio descascadas, tinham uma camada de cor azul Royal por baixo, e uma cor bege meio prata, e também era uma mistura de branco com tudo aquilo.

   Eles pareciam ter pegado uma tinta branca, uma bege, e um glitter prata, e socado tudo junto em um pote, e depois jogado naquela parede horrível e descascada.

   Olhei para o chão, e constatei que, logo acima dele estavam algumas aparelhagens de hospital, um sofá de couro branco, e algumas almofadas que estavam arrumadas como se alguém tivesse ficado ali a noite inteira, ou pelo menos por algumas horas.

   O piso era de linóleo preto e branco quadriculado, e no meio de um dos quadrados brancos havia uma mancha vermelha clara.

   Oh, por favor, que isso seja suco de tomate, desejei mentalmente jogando a cabeça para trás e focando em um lustre bem velho que balançava sem propósito.

- Olha só quem veio me visitar! – uma voz me pareceu familiar. Não era King, não era Norbert, Bernardo, e muito menos Rubens ou Yana.

   Um arrepio percorreu minha espinha dorsal, e pareceu-me, de repente, que a morte estava entre nós, mais para o meu lado, e passava apressadamente por entre meu corpo e o da “pessoa” que falava, mas como se a morte não estivesse contente por ter feito meu corpo se arrepiar inteiro, desde a ponta do dedo até a testa, ela ainda passou seu dedo gélido e torto por meu braço.

- Quanto tempo. – sussurrou a sombra em meu ouvido. Seu hálito não tinha cheiro nenhum, afinal, ele estava grudado na parede.

- O que foi? O gato comeu sua língua? Ou melhor: Bernardo comeu sua língua? – perguntou gélido, e cortante como um pedaço mal-amado e esquecido de gelo que cai em nossas cabeças no inverno.

   Engoli seco. Não conseguia falar nada. O ar de meus pulmões parecia ter sumido, e dado espaço para um monte de pedras grandes.

   A sombra rastejou até o sofá de couro branco e se alojou ali como se já viesse como brinde do quarto.

   Finalmente consegui abrir a boca e fazer um som parecido com um gemido desgraçado.

- O que faz aqui? – perguntei gaguejando muito antes de falar algo.


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Notas finais do capítulo

Continua?
Beijoooos,
Ju!