Hidden escrita por jduarte


Capítulo 18
Ridicularizada


Notas iniciais do capítulo

Bônus! Não reclamem do tamanho!
Beijoooos,
Ju!



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   Os guardas tiraram minhas algemas, e a dos outros também, então, era mais fácil de treinar.

   Fomos “praticar” um pouco, e, bem, Bernardo foi fazer abdominais. Detalhe: sem camisa! Todas – sem exceção – as mutantes estavam vidradas nos músculos de seu abdômen definido trabalhando sem parar. O suor descendo pelos gomos da barriga...

   Sem perceber, deixei o pesinho que estava treinando cair quando ele me deu um sorriso bobo, e virei preparada para ouvir o barulho do aço caindo no chão, mas um par de olhos castanhos mirou dentro dos meus olhos e a pessoa sorriu dizendo:

- Acho melhor prestar atenção no que está fazendo, Camila. – Adam disse e saiu todo sorridente.

   Ele me hipnotizava, sem dúvida alguma, mas eu ainda preferia Bernardo.

- Mila? – perguntou alguém olhando-me de baixo.

- Sim?

- Sabe, meus amigos – Rubens disse. Me emocionou ele pronunciar a palavra: amigo. Fazia muito, mas muito tempo mesmo que eu não chamava alguém de amigo. – eles querem que eu mostre meus poderes. Pode ser?

   Fiquei brava com ele.

- Não! Você não lembra o que a mamãe nos disse? Ela disse...

- Eu sei o que ela disse! – ele gritou comigo. – Mas ela não está aqui. Está? – perguntou murmurando com os olhos lacrimejando.

   Olhei ao redor, e percebi que os únicos que haviam se movido, eram Bernardo – óbvio! – e Adam.

   Abaixei o rosto sentindo o coração desacelerar. Eu não deveria ter mencionado mamãe no meio da história. Isso mexia com nós dois. Foi bem difícil quando eles foram pegos, e ainda mais difícil quando disseram que iam fugir. Sem nós.

- Desculpe-me, mana! Desculpe! – ele pedia segurando minhas mãos.

- Tudo bem. Eu só queria que você ficasse protegido. Mais nada. Por favor. Eu já tive problemas demais com você. Não me desrespeite, por favor! – implorei juntando as mãos.

   Rubens balançou a cabeça assentindo, e abraçou minha cintura. Eu me curvei sobre ele, e beijei o topo de sua cabeça.

- Sabe, não consigo parar de pensar: o que mamãe faria se estivesse aqui conosco?

- Ela faria a mesma coisa que eu. Protegeria-te a todo custo.

- É mesmo. Mas, será que ela deixaria você ter um namorado? – perguntou ele.

   Eu engasguei um pouco e ele riu.

- O-o que significa isso? – perguntei.

- Nada. Só curiosidade. Você gosta dele? – rebateu Rubens fazendo com que a bomba venha parar direto em minhas mãos.

   Eu gaguejo, gaguejo, finjo espirrar e tossir, mas nada atrapalha a paciência de meu irmão de esperar pela resposta.

   Como se eu tivesse chamado, Bernardo apareceu para me salvar.

- Então, seres vivos, vamos para o dormitório, pegar uma roupa limpa e tomar um banho gelado? – perguntou ele.

   Eu ri, mas Rubens permaneceu neutro, como antes.

- Rubens? – eu chamei e ele focalizou os olhos no nada novamente. – Rubens! – o chamei cutucando seus ombrinhos frágeis.

   Ele piscou olhando para mim. Seus olhos estavam perdidos em outro tempo e ele sorriu.

- Sabe, Bernardo, eu, você e minha irmã, somos de certo modo, - ele começou. Viria besteira por ai. Tapei sua boca e o impedi de continuar.

- O que? – perguntou Bernardo mais interessado.

- Nada!

- Eu disse que nós somos...

- Felizes amigos que se ajudam! – terminei sabendo que a resposta que eu dera, não chegava nem perto da que Rubens tinha falado! Ele ousou abrir a boca novamente e eu levantei seus braços no ar, gritando um sonoro e lento: “Eeee...”

   Bernardo nem percebeu o quão falso soava aquelas palavras com que eu tinha terminado uma frase tão bonita de Rubens, e que ele não teve chance de terminar.

- É mesmo. Mas sua irmã ainda me prometeu uma coisa. – disse Bernardo me lançando um olhar significativo e cheio de suspense.

- O que ela prometeu? – perguntou meu irmão curioso.

   Eu revirei os olhos nas órbitas.

- A curiosidade matou o gato, fuxiqueiro! – disse eu apertando suas bochechas. Ele reclamou e se esquivou.

- Ah, Bernardo! Vai, me conta! – pediu alargando os olhos ao tamanho máximo, e tentando hipnotizá-lo.

   Quando ele viu que Bernardo lançou um olhar para mim, e eu o repreendi, Rubens tentou alargar mais ainda os olhos, e acabou deixando uma lágrima escapar.

- Desculpa amigão, não vai dar. Sua irmã disse que não. – disse Bernardo não cedendo.

- Ok! – disse Rubens claramente ofendido. – não tem problema. Você fala dormindo e é só Camila pedir, que você se dobra pra ela, mesmo. Vou descobrir de um jeito ou de outro! – berrou ele correndo em direção a escada.

   Eu e Bernardo continuávamos em estátua. O que ele acabou de dizer?, Perguntei a mim mesma, várias vezes. Corri na direção para onde Rubens havia ido, e Bernardo em meu encalço. Ele já havia colocado a blusa para meu alívio.

- O que deu naquele molequinho? – perguntou ele.

- Eu não faço a mínima idéia. Então, para sua segurança, fique aqui. – sussurrei.

   Chegamos a meu dormitório, e eu ouvi um choro compulsivo vindo de dentro dele.

- Rubens? – perguntei abrindo a porta.

   Meu irmão estava virado com a cara para parede e bufava chorando.

- Você não pode ficar com ciúmes da sua irmã, amiguinho. E nem bravo por uma coisa que ela não quer lhe contar. – disse Bernardo parando alguns centímetros mais a frente de mim, e tocando o ombro de meu irmão. Meu coração estaria voando agora, se não fosse por outra coisa voando. O corpo de Bernardo era jogado contra a porta, e o vidro dela se estilhaçava indo parar direto nas pernas dele. Eu fui correndo direto para cima do corpo de Bernardo quando vi que ele estava levantando a cama, e jogando em cima de nós.

- Rubens! – berrei segurando a cama a alguns centímetros acima de minha cabeça.

- Ele não pode ficar com você! Não pode! – disse ele. Sua voz estava diferente.

- Não, eu não posso. – respondeu Bernardo meio tonto.

   Quando ele disse isso, uma sombra preta e pálida saiu de dentro de meu irmão, e ele cai desmaiado no chão. Adam olhava para dentro do quarto devastado como se tivesse petrificado, e depois focou os olhos em nós. Adam correu sem ao menos perguntar se estávamos bem, e eu corri para ajudar meu irmão.

   Ele abriu os olhinhos para mim, e sorriu tocando meu rosto.

- Cadê todo mundo? – perguntou.

- Você não se lembra de nada?

   Ele negou. Quanto olhou para Bernardo, correu para ele e abraçou sua cintura.

- Quem fez isso com você? – perguntou Rubens ainda grudado nele.

   Bernardo olhou para mim claramente perguntando: será que conto? Eu balancei a cabeça negativamente.

- Você lembra quem falou antes com você? – perguntou Bernardo.

- Não muito bem. Mila, agora eu tô com sono e eu queria dormir. Canta aquela musica que a Yana canta? – perguntou ele.

- Oh, meu Anjinho. Eu não sei a música. – disse eu cautelosamente com medo que ele virasse a cama novamente com a força do pensamento, ou pior.

   Ele sorriu novamente.

- Tudo bem. Boa noite. – disse ele indo em direção ao pequeno banheiro que tínhamos dentro do dormitório.

   Será que ele ainda não percebeu o clima estranho que estávamos? Não? Meus olhos relampejaram para Bernardo que estava apoiado na parede.

- Ficou muito machucado? – perguntei.

   Ele sorriu docemente.

- Não muito. Ainda bem que eu estava com calça.

   Meus pensamentos criaram uma frase bem obscena: eu preferia você sem ela.


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Notas finais do capítulo

Seres vivos, eu só escrevi até aqui, então, vai demorar em torno de dois dias pra ficar pronto o próximo!
Beijoooos,
Ju!