Just Harry escrita por The Escapist


Capítulo 4
Capítulo 4




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Existia uma coisa da qual Hermione se orgulhava muito, era de ser uma pessoa completamente determinada, e quando resolvia fazer alguma coisa se dedicava com afinco ao seu objetivo. E o seu principal objetivo era tirar Harry da cabeça e não deixar que ele interferisse na sua vida, embora isso não fosse fácil, já que tinha que vê-lo todos os dias, às vezes até tinha que falar com ele.

Ela buscava formas de fugir dos próprios sentimentos, e enfiou de vez a cara nos livros, até seus pais já tão acostumados com a filha levar os estudos a sério perceberam que o tempo que Hermione passava trancada no quarto estudando tinha aumentado muito. Ela mal respirava, chegava da escola e já abria um livro, nem nos fins de semana ela afrouxava um pouco o ritmo, também ia para a aula de piano com o novo professor que Maurice tinha lhe contratado.

Infelizmente, Severo Snape, aquele professor que não tinha ido com a sua cara desde o primeiro dia, parecia disposto a atrapalhar sua decisão de ficar longe de Harry. Logo que tiveram a primeira aula prática no laboratório, Snape dividiu a turma em trios, e colocou Hermione junto com Harry e Neville Longbotton. Ela não foi a única que não gostou da nova situação. Neville sentou-se e abriu o livro de Química; Hermione ainda não tinha ouvido a voz daquele menino numa aula, principalmente nas aulas de Química, ele parecia ter medo de abrir a boca; é claro que trabalhar em grupo com alguém que não abre a boca não seria nada fácil. Harry sentado de frente para os dois, tamborilava com os dedos na mesa, se remexia na cadeira e fazia de conta que estava prestando atenção ao professor.

— Isso não vai prestar — sussurrou quando Snape entregou uma folha com instruções para a experiência que deveriam executar. Hermione pegou a folha, mas Neville praticamente lhe arrebatou das mãos.

— Ok, você pode ver primeiro — disse ela com um pouco de má vontade, mas Neville lhe devolveu a folha depois de checar as instruções. — Não é tão difícil. — o garoto sorriu em concordância, eles começaram a trabalhar, ignorando a presença de Harry, que estava ficando enjoado com aquela conversa de nerd, e mais, irritado por um idiota de marca maior como Longbotton prender a atenção de Hermione, enquanto ele era ignorado. Harry quase não conseguia segurar o ciúme.

— Faça alguma coisa, Potter — disse o Professor Snape num tom frio ao mesmo tempo que fazia uma cara feia para os outros dois. Neville baixou imediatamente a cabeça, mas Hermione encarou o professor, achando que aquela implicância já estava passando dos limites. Snape deixou os três e foi pegar no pé de outro grupo.

— Você pode fazer as anotações... — Hermione falou sem encarar Harry.

— Talvez seja melhor o Longbotton fazer as anotações — Harry rebateu, olhando desconfiado as mãos quase tremulas de Neville manuseando o recipiente que continua ácido. Ele despejou um pouco do líquido no outro recipiente, esperaram pela reação, mas nada aconteceu.

Neville e Hermione discutiam, tentando explicar o que tinha acontecido, ou por que não tinha acontecido; enquanto os dois se perguntavam onde tinham errado, Harry arrebatou o frasco com ácido das mãos de Neville e despejou no tubo.

— Não! — Hermione ainda disse, mas a experiência já tinha explodido. Houve gritos assustados, mas o que se destacou foi uma risada exagerada de Ronald Weasley, o que também fez o próprio Harry rir.

— Oops! — disse com deboche; enquanto Hermione recolhia os cacos de vidro, Neville parecia procurar um buraco para enfiar a cabeça; Snape dispensou a turma, mas os três, e Ron tiveram que ficar e limpar o laboratório.

— Mas eu não fiz nada! — Ron reclamou, mas o professor respondeu com um arquear de sobrancelha e lhe deu as costas. — Ah, obrigado, Longbotton.

— É melhor você agradecer ao seu amigo.

— Qual é, cara? Você tem algum problema comigo? — Harry bateu na mas e encarou Neville, que engoliu em seco.

— Ok, eu não preciso vocês três comecem a brigar. Tratem de arrumar essa bagunça. Agora.

Como o professor Snape permaneceu no laboratório não houve mais conversa entre os quarto; logo que tiveram permissão para sair, Ron e Neville foram os primeiros a desaparecer, enquanto Harry ficou para trás, esperando para falar com Hermione; ela vinha de cabeça baixa, colocando um livro na mochila.

— Hermione... — A garota levantou a cabeça.

— Oi.

— Eu, queria, quero, pedir desculpas.

— Ah, oh, tudo bem, foi um acidente.

— Não, não pela experiência.

— Pelo que, então?

— Por ter mentido para você, eu sinto muito, eu não queria mentir, nem te enganar, eu só... não sei, não queria perder a chance de te conhecer e, queria que aquele tempo fosse só nosso. — Hermione encarou Harry por um instante, mirando a profundidade do verde dos seus olhos.

— Eu gostei de você, Harry, e eu pensei que, que você gostava de mim também.

— Eu gostava, Hermione, eu gosto, eu...

— Você tem uma namorada, Harry.

— Eu sei, eu e a Giny, mas, eu só queria que você soubesse que eu sinto muito, de verdade. Me desculpa. — Harry deu um passo para frente, e logo eliminou o espaço entre eles, aproximou o rosto do de Hermione e lhe beijou; Hermione tentou escapar do beijo, mas logo também estava envolvida.

— Não, Harry — ela disse empurrando-o. — Não.

— Eu gosto de você, Hermione. — Ela balançou a cabeça e respirou fundo, tentando manter o autocontrole.

— Não enquanto você estiver a Giny.

— O que você quer dizer com isso?

— Você sabe o que quero dizer, Harry, eu não faço jogo duplo.

— Hermione... — Ela foi embora deixando Harry sozinho no meio do corredor.

XXX

— Giny, a gente pode conversar? — Harry segurava um dos milhares de ursinho de pelúcia que decoravam o quarto de Giny Weasley, não era a primeira vez que ele tentava começar essa conversa e também não era a primeira vez que a garota dava um jeito de fugir, era como se Giny soubesse sobre o que ele queria falar. Harry atirou o ursinho cor-de-rosa em cima cama.

— Droga! Eu não tenho uma roupa! — Giny estava mexendo no armário, revirando as roupas.

— Giny, a gente pode conversar? — repetiu Harry, ela se virou, fazendo uma cara séria, e caminhou até ele; a garota estava usando uma saia curta e apenas um sutiã rosa, como a maior parte das coisas no seu quarto.

— Pode falar, Harry — disse ela, sentando nas pernas do garoto. Harry abriu a boca, mas Giny não permitiu que ele falasse, dando-lhe um beijo; era o que Harry temia, ele conhecia Giny muito bem, e se conhecia muito bem. — Harry! — Ela mordeu o lábio dele, e se afastou um pouco, começou a puxar a alça do sutiã; nesse instante ouviram pancadas na porta.

— Giny? — A garota quase pulou, e apanhou uma blusa rapidamente. — Giny!

— Já vou, mãe. — Giny abriu a porta do quarto. — Que é?

— Por que a porta trancada? — Giny deu de ombros. — Ah, Harry, você está aqui! — Harry riu sem graça, e ao invés de se levantar para cumprimentar a Sra. Weasley, apanhou um almofada e colocou no colo, torcendo para que a mãe de Giny não tivesse reparado no seu “estado”. — Como está, querido?

— Bem, obrigado.

— Então, o que você quer, mãe?

— Nada, na verdade, Giny. — Giny revirou os olhos, impaciente.

— Ok, tchau então.

— Eh, tchau, queria, e deixem a porta aberta, está calor hoje, não é? — Molly olhou para a filha, fazendo aquela expressão que Giny conhecia muito bem, e depois foi embora.

— Careta. Então, Harry, o que você estava me dizendo mesmo?

— Giny, é que, bom, eu...

— Harry, eu não sabia que você estava aqui.

— Hey, Ron. — Harry cumprimentou com desânimo o amigo que estava parado na porta.

— Mas alguma coisa, Ronald? — Giny fez cara feia para o irmão.

— Não; falou então, a gente se vê, Harry. — Harry viu o rosto do amigo ligeiramente vermelho enquanto Ron acenava e saia.

— Saco! Pronto, pode falar agora.

— Na verdade, acho que é melhor eu ir, Giny.

— Mas, Harry...

— A gente se fala depois, ok? Se eu me atrasar para o jantar minha mãe me mata. Tchau. — Harry deu um beijo rápido no rosto da namorada e foi embora, tentava entender por que afinal era tão difícil terminar um namoro.

XXX

Tiago Potter estava sentado no seu escritório em casa, embora não fosse comum, tinha saído do trabalho mais cedo, na verdade sua intenção era ficar um pouco mais de tempo com a esposa, mas parecia nunca terem estado tão distante um do outro. Lilian estava com dor de cabeça outra vez, e deveria ficar no quarto até a hora do jantar. Tiago analisou os papéis sobre a mesa de mogno, contratos e mais contratos, documentos importantes da empresa; pensou por um instante se era por causa de tanto trabalho que as coisas tinham chegado aquele ponto. Ele sempre se considerou um bom marido, afinal de contas, Lilian era a única mulher que amou a vida toda.

Mas pensando bem, talvez nunca tenha dado a Lilian o suficiente, sempre ocupado, viagens de negócios, reuniões e jantares com sócios e acionistas, recepções e convenções sociais. Parecia que na vida deles não havia mais espaço para serem simplesmente um casal; mesmo quando viajavam nas férias, a sombra da rotina ainda os perseguia.

Mas Tiago não estava disposto a deixar seu casamento acabar assim, sem mais uma tentativa recuperar-se. Deixou os documentos de lado e foi até o quarto; bateu na porta, Lilian acabara de desligar o telefone.

— Você melhorou?

— Sim. Obrigada.

— O Harry já chegou? — Tiago perguntou, embora soubesse que o filho não estava em casa; Lilian nem ao menos respondeu. — Lily, você não acha que nós devemos conversar?

— Na verdade eu estou cansada de conversar, Tiago; estou cansada de tudo isso.

— Lilian, você não pode querer acabar com o nosso casamento assim de repente.

— De repente? Nosso casamento já acabou, Tiago.

— Como é que você pode dizer isso sem nem ao menos me uma chance?

— Eu já te dei várias chances, eu só... eu não quero continuar vivendo assim.

— Lilian, o que eu posso fazer para você mudar de ideia? Qualquer coisa, eu faço o que você quiser.

— A única coisa que você pode fazer por mim nesse momento é concordar com o divórcio — Lilian falou num tom mais frio do que pretendia.

— E quanto a nossa família? E o Harry? Como você pretende contar ao seu filho?

— O Harry já é grande o suficiente para entender.

— Não, ele não é, ele foi criado numa família, ele não está preparado para vê-la acabar de repente.

— Você não acha injusto usar o nosso filho como pretexto?

— Eu me preocupo com o Harry.

— Não, Tiago, você só está preocupado com a sua própria imagem.

— Como você pode me acusar dessa maneira, Lilian? Eu nem te reconheço... eu... — Tiago parou de falar quando ouviu a batida na porta. — Que é?

— Com licença. — Sirius abriu a porta. — O Harry já chegou, posso mandar servir o jantar, senhora?

— Claro, por favor, Sirius. — Sirius voltou a desaparecer fechando a porta atrás de si. — Eu vou falar com o Harry.

— Assim, de repente?

— Tiago...

— Ok, me dê um pouco de tempo, Lilian, uma última chance, é só o que eu te peço, uma chance.

— O que você pretende com isso, Tiago? — Lilian pensou que Tiago planejava propor alguma viagem para Veneza pra tentar fazer as pazes.

— Na próxima semana eu precisarei viajar para Nova Iorque...

— Não, não, Tiago, isso não vai funcionar, não mais.

— Eu só quero que você pense melhor, Lilian.

— Eu já pensei, eu tenho pensado nisso há seis meses. — Lilian sentiu a voz trêmula, Tiago engoliu em seco, incapaz de disfarçar a decepção; mesmo consciente do mau momento no casamento, era difícil perceber o quanto Lilian parecia magoada.

— Ok, Lilian, quando eu voltar de Nova Iorque, se você ainda estiver disposta a se separar, eu vou concordar com o divórcio. Eu mesmo converso com o Harry, se você quiser, você tem a minha palavra. — Mesmo que não entendesse qual a intenção do marido, Lilian preferiu concordar com o que ele pediu, principalmente por que esperava que pudessem ter uma separação amistosa.

Os dois sentaram juntos à mesa de jantar como sempre faziam em seus 16 anos de casados, porém permaneceram a maior parte do tempo em silêncio, por que Harry também estava quieto e não parecia disposto a conversar. O garoto nem sequer havia notado qualquer diferença no comportamento dos pais, preocupado com seus próprios problemas, nem suspeitava que eles estivesse prestes a se separar, aliás, essa ideia nunca passou pela cabeça de Harry, ele estava acostumado com os pais casados e apaixonados.

Ele pensou que poderia pedir um conselho ao pai, já que não podia falar sobre Giny com o melhor amigo, mas só de imaginar a cara de Tiago quando ele disse que estava gostando de duas garotas ao mesmo tempo, mudou de ideia.


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