Fleet Captain escrita por Cherrybomb


Capítulo 9
Capítulo 9 - Presságio


Notas iniciais do capítulo

E olha a Chery aqui de novo meu povo õ/



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- Eu vou matar seu pai. – Ele falou e arregalei os olhos.
- Você vai o que? – Minha voz já fina saiu em um tom um tanto histérico. Mais pelo amor dos Céus como alguém entra no seu quarto e diz que vai matar seu pai?
- Vou matá-lo, é isso que irei fazer. – E sorriu. Um sorriso agridoce, uma mistura de doçura e maldade, inocência e satanismo.
- Você esta louco? – Dei um pulo na cama para me levantar e poder encará-lo de pé. Péssima idéia mal me consegui por ereta e minha coluna e ombros gritaram de dor.
- Acho que não sou o louco nessa historia, Cecile. Na verdade tenho certeza.
- Olha Jared, realmente não sei do que você esta...
- Você já se olhou no espelho, Cecile? – Seu tom de voz foi como um grunhido. Pisquei os olhos surpresa e acho que ele percebeu minha aflição, pois sua expressão logo se suavizou. Suspirei, mesmo a face de Deus tendo sido suavizada seus olhos continuavam duros, como dois oceanos azuis congelados e sombrios.  Enfim me dei conta de que ele esperava uma resposta.
- Não, ainda não me olhei no espelho. – Pronunciei cada palavra com cuidado. Eu entendi o que ele quis dizer, meu rosto devia estar marcado, um ferimento aqui e outro ali, mais não entendia porque tamanha fúria. A mulher dentro de mim gritou com minha parte menina dizendo que eu não devia amenizar as coisas, que devia era apoiar a decisão do Jared de acabar com o meu pai.
- É mesmo? – Seus olhos continuavam duros mais sua voz era suave, tão suave que provocou um arrepio de medo em minha espinha. – Pois bem, deixe-me resolver esse pequeno impasse. Pode me dizer onde se encontra algum espelho de mão por aqui? – Fiz uma careta e apontei para minha cômoda lotada de produtos para a aparência e perfumes. Ele estava irritantemente estranho, nem quando nos conhecemos Jared havia usado esse tom formal comigo. Simplesmente não era dele, não combinavam com seu sorriso travesso e sedutor.
 Ele virou-se para a cômoda e rapidamente me entendeu a mão com o espelho que havia ganhado de aniversario no ultimo ano, peguei-o e quando olhei meu reflexo fiquei paralisada. Era simplesmente errado.
 O espelho era todo em ouro maciço, do tamanho de uma mão aberta e todo cravejado de rubis, uma das peças mais lindas – e caras – que possuía, e isso não era o errado. O que estava totalmente sem sincronia com a beleza do espelho era meu reflexo. Eu não estava machucada, estava acabada, detonada, quase deformada. Meus olhos – que estavam encolhidos de uma forma bizarra – estavam com marcas roxas perto da sobrancelha e abaixo dos cílios, minha bochecha esquerda possuía uma grande marca roxa que sem duvida tinha vindo da mão de meu pai, minha boca estava inchada e cortada em vários lugares, meu queixo possuía uma ferida rosa vivo. Aquela não podia ser eu, Cecile Morsson não era assim, ela era bonita com feições suaves e uma mistura perfeita da mulher que iria ser e da menina que já fora. Não, Cecile Morsson não era aquilo que o espelho refletia, não podia ser simplesmente não podia. Lágrimas formaram-se nos meus olhos, ou que ao menos deviam ser meus olhos.
- Viu Cecile. – Havia-me esquecido totalmente do Capitão, fiz um esforço para olhá-lo mais não conseguia desviar o olhar do reflexo no espelho. – Eu lhe disse, agora que você se viu, agora que você sabe o que ele fez, sei que não irá se importar se eu matá-lo. – Sua voz era dura e afiada como navalha. Eu nada fiz, so deixei as lagrimas caírem e notei que elas ardiam enquanto rolavam pelos ferimentos.
 Soltei o espelho e coloquei as mãos no rosto, se precisasse de uma palavra para definir o meu estado nesse momento seria arrasada ou talvez destruída. Sim, destruída se encaixaria perfeitamente no contesto físico, mental e emocional.
- Cecile eu juro que vou...
- Não, Jared. – Tirei a mãos dos olhos e mesmo com a nevoa formada pelas lagrimas eu consegui ver a duvida se formar no rosto dele.
- Não o que, Cecile?
 - Apenas não. – Balancei a cabeça devagar ignorando a dor que atingiu meu pescoço, derrepente seu rosto ficou em um tom vermelho vivo.
- Não o que? Não fazê-lo pagar? Não fazê-lo ver como é sofrer e apanhar por nada ter feito? Diga-me Cecile, não o que? – Ele estava gritando. Encolhi-me soluçando alto. Eu não sabia o que esse não significava, so sei que não queria o que ele propunha. Não queria ser igual ao crápula que chamei de pai algum dia, o homem que quando neguei-me a algo quase me matou e tenho certeza que so não o fez pela única razão de que precisava de mim para quitar sua divida.
- Eu não quero Jared, não quero isso. – Sussurrei e me senti pequena como nunca me senti antes. Precisava de Merli agora, de alguém para me abraçar e disser que tudo iria ficar bem mesmo sabendo que não ficaria. Não queria ninguém acabando com a vida de ninguém. Não agora.
- Então é isso? – Ele estava gritando mais uma vez e com o tom de sua pele vermelho e em chamas como o fogo que havia consumido o corredor. – Você vai ficar assim, sem fazer nada. Chorando em uma cama e depois casar-se com um nojento qualquer, é isso?
- Quer saber, o que você tem com isso? – Gritei. Estava cansada, magoada e destruída. Não era hora para pudores.
- Eu so queria lhe ajudar Cecile!
- Se quisesse sua ajuda eu mesma pediria! – Gritei com todo o resto de minhas forças, o que não era grande coisa, mais confesso que dei um belo berro. E ele sorriu malignamente, o que me doeu.
- Mesmo? Pois bem. – Ele deu de ombros e continuou com aquele sorriso nos lábios. – Vou ficar aqui ate amanhã de manha. Não estou preocupado que o barco esteja ruim, paramos em qualquer porto mais aqui eu não fico mais um dia, porem se mudar de idéia bata na minha porta e peça a minha ajuda, talvez eu mecha algum músculo.
 Nesse momento a porta bateu forte e eu desmoronei, literalmente. Enfiei a cara em um travesseiro e chorei ate não ter mais lagrimas. Não sei quanto tempo isso durou – um bom tempo acho – mais so parei de soluçar quando Merli entrou com um sorriso forçado e um copo de água nas mãos.
- Acho que você precisa disso. – Ela se aproximou de mim oferecendo-me o copo, mais não era de água que eu precisava agora, lhe puxei pelo braço e me abracei em Merli com toda a força que tinha – o que novamente não era grande coisa. – ela suspirou e me abraçou forte de volta. – O que aconteceu, Ceci?
- Oh, Merli. – Foi tudo o que falei por volta de meia hora, ate finalmente me soltar de Merli e lhe explicar tudo o que aconteceu. Ela disse que o Capitão exagerou na reação mais eu sabia que ela pensava o mesmo que ele.
 Merli tinha sorte de ter encontrado Tomo. Era obvio que ele não possuía metade da beleza do irmão, mais possuía um charme único e um senso de humor impagável. Ele era um bom homem, sempre sonhara em casar com alguém como Tomo e Merli havia conseguido, e isso me lembrou algo.
- Lili. – Falei fazendo-a parar de tagarelar sobre alguma coisa e me olhar sorrindo.
- Sim, Ceci.
- O Capitão disse algo que pode ser de seu interesse. – Ela arregalou os olhos e alargou o sorriso.
- Pois diga.
- Ele disse que iria embora amanhã, e isso quer dizer que...
- Tomo também ira. – Ela sussurrou e o sorriso não estava mais lá, apenas uma expressão vazia com olhos de um verde perfeito apavorados. Ela começou a arfar, o sinal de que lá vinha lagrimas.
- Lili...
- Ah Ceci. Ele não pode ir, ele vai me deixar? – Seus olhos estavam arregalados em um pavor que doía em minhas entranhas.
- Ei, quem sabe ele não vai? – Sussurrei acariciando seus cabelos negros.
- Ele vai Cecile, Tomo não consegue ficar preso em um so lugar, ele é um homem do mar. – Ela chorava descontroladamente. A abracei, agora quem precisava de um abraço era ela. Eu também achava que ele não iria ficar, mas nada impedi-lo de...
- Vá com ele. – Disse firme. Eu tinha certeza de que Tomo já havia chamado Merli para ir viver com ele em um dos navios e naus da frota.
- De modo algum! – Sua voz era poderosa e quase ofendida. Ela havia desfeito o abraço e me olhava nos olhos. – Não vou lhe deixar Cecile, já lhe prometi isso.
- Não Merli, você tem que ir. Ele gosta de você qualquer um percebe isso. Vá. – Ela balançou a cabeça levando os cachos junto.
- Não. – Ela falou mais firme.
- Merli...
- Eu vou ficar sempre com você Cecile. Aqui ou no inferno já lhe fiz essa promessa!
- Ok. – Suspirei. Estava cansada demais para discutir sobre qualquer coisa com qualquer pessoa.
- Vou deixar você descansar para tirar essas idéias da cabeça. – Ela beijou o topo da minha cabeça enxugou algumas lagrimas que ainda caiam de seus olhos e saiu do quarto. Lembro então de encostar a cabeça no travesseiro e logo dormir.
 E então eu tive certeza que estava dormindo, porque o sonho que tive não era algo possível.
 Eu estava em algum lugar claro e feito de madeira, demorei alguns segundos para descobri que era um barco e pelo movimento constante era obvio que estava em alto mar. Olhei em volta sem consegui entender. Era uma embarcação luxuosa, de chão limpo e lustroso e o mar tinha um perfume incrível de limpeza e pureza. Inspirei fundo uma vez e juro que senti o típico cheiro de maresia.
- Morsson! – Uma voz áspera me chamou e quando olhei notei pela primeira vez que no lugar haviam mais pessoas. Homens, todos homens. – Morsson venha puxar a vela principal comigo, agora. – Tentei sorrir e dizer que havia algum engano, eu nunca havia levantado uma vela em minha vida e as experiências que havia tido com as de cera não haviam sido nada satisfatória. – Morsson, agora!
A voz não era nada amigável então fui ate onde o homem barbudo, baixo, carrancudo e velho estava aparentemente me chamando. Enquanto ia ao seu encontro muito dos outros homens sorriam para mim e me cumprimentavam, nunca me chamando de Cecile ou de Sra. Morsson, era sempre um puro e seco Morsson. Eu sabia que estava sonhando e por um segundo eu pensei que estivesse no corpo de um homem, que estivesse sonhando que era um homem e como seria minha vida se fosse um. Então quando estava próximo a uma pequena escada que dava para onde o homem carrancudo estava ainda gritando meu nome havia um espelho, assim que vi meu reflexo fiquei paralisada.
 Não, eu não era um homem. Eu era eu, Cecile Morsson, mais não como sempre fui. Estava com uma blusa de manga comprida branca e de algodão bruto, um coque que prendia firmemente meu cabelo loiro, não havia um pingo de maquiagem em meu rosto e por incrível que pareça eu estava mais bonita assim, e o que mais me surpreendeu eu todo o quadro, eu estava de calças e um par de botas abaixo do joelho. Controlei um gritinho histérico. Calças! Olhei para minha figura, poderosa e linda, acho que nunca me vi tão linda em sonho e em vida. Ouvi um ultimo grito, um ultimo “Morsson!” Vindo do carrancudo antes de acordar e dar um pulo de minha cama ignorando totalmente a dor insuportável que estava em minhas costas, ombros e pescoço. Atravessei meu quarto correndo. Eu sabia o que esse sonho havia sido. Um pressagio sobre o que poderia acontecer, o que iria acontecer.
 Abri a porta do meu quarto e quase dou de cara com a parede chamuscada da frente, dei dois passos para o lado e bati freneticamente na porta dele.
- Mais que diabos esta acontecendo. – Jared abriu a porta e estava novamente sem camisa so que com o cabelo desgrenhado e cara sonolenta.
- Me leve com você. – Falei e seus olhos arregalaram.


- Como é que é? – Ele falou piscando algumas vezes, provavelmente tentando entender o que eu queria falar.
- Leve-me com você, Jared. Esse não é o meu lugar nunca foi. Eu nasci pra ser livre e viver fora desse lugar, eu...
- Você realmente quer dizer te levar comigo para alto mar? – Acenti mais sorridente do que nunca. Meu corpo estava entorpecido numa felicidade incrível, estava com vontade de pular. E foi isso que fiz, mas não de felicidade mais de susto.
 Jared começou a gargalhar como se eu tivesse contado a ele a piada mais maravilhosa do mundo.
- Você esta realmente falando sério? – Mais gargalhadas. Isso doeu, doeu muito, mais muito mesmo. Não respondi nada, apenas senti meus olhos arderem clamando pelas lágrimas que não viam. Ele olhou pra mim e parou de rir subitamente. – Cecile, eu...
 Nem quis saber o que ele iria falar apenas me virei e entrei em meu quarto soluçando em um choro sem lágrimas – provavelmente pelo fato de que já havia chorado as lágrimas de uma vida esses dias. Joguei-me na cama de bruços e quase gritei quando a porta abriu brutamente e uma mão pressionou de forma carinhosa minhas costas.
- Cecile, eu realmente sinto muito. Não quis caçoar de você, mas entenda que o que me pediu é impossível. – Sua voz era doce e gentil. Ate parecia que ele realmente se importava comigo.
- Vá embora.  – Murmurei.
- Não. Quero dizer, não ate você me desculpar. – Nada disse. Ele suspirou. – Minha querida, quando eu disse que iria ajudá-la quando me pedisse quis dizer com algo que envolvesse uma lamina ou quem sabe uma luta, mas não um seqüestro e uma fuga.
- O Senhor Excelentíssimo Capitão Leto não estipulou essas regras ao me propor ajuda.
- Jared, Cecile. Apenas Jared. – Ele suspirou e deu um risinho. – Você pensa que é fácil assim Minha Querida? Tanto pra mim quanto para você as dificuldades são imensas.
- Mesmo? – Me sentei o encarando. – Então Capitão Leto, diga-me que dificuldades são essas? – Ele fez uma careta com o “Capitão Leto”.
- Não seria fácil controlar centenas de homens dando encima ou tentando fazer sabe-se lá o que com você, Minha Querida.
- Você consegue. Ou não tem voz de comando sobre seus homens. – Sua expressão se fechou e percebi que eu o havia ofendido profundamente. Lembrei-me rapidamente de uma conversa com Simone em que ela me disse que questionar a autoridade de um chefe ou capitão sobre seus homens era o mesmo que questionar a beleza de uma mulher, até pior.
- Além disso – Sua voz não era mais tão amigável. – você não iria ficar sem fazer nada lá, se vai comer vai trabalhar. Você por acaso conhece alguma coisa sobre velas, capitania ou qualquer coisa relacionada a um navio?
- Não, mas aprendo. – Ele bufou. Obviamente já estava sem paciência.
- Você não vai, Cecile. – Ele levantou-se e foi a caminho da porta. Mais que inferno! Se ele sair daqui não vai mais ter conversa. Pensa Cecile, pensa. Foi então que uma idéia passou por minha cabeça, uma pequena palavra. Chantagem.
- Mesmo? Então vai me deixar aqui para casar com um homem qualquer e sofrer nas mãos do meu pai? – Minha voz saiu fina, traumática, como se essa idéia me machucasse mais que tudo no mundo. E machucava.
 Ele me olhou, e pela pouca luz do amanhecer notei que seus olhos estavam um pouco arregalados como se a idéia não tivesse lhe ocorrido.
- Jared? – Gemi baixinho, quase suplicando e quase chorando de verdade.
- Deixe-me pensar nisso por um tempo, Cecile. – Ele suspirou cansado. – So deixe-me pensar.
 Ele fechou os olhos e virou-se novamente em direção a porta. Eu não podia arriscar, então levantei-me o mais rápido que meu corpo machucado podia conseguir e consegui alcançá-lo antes de abri a porta. Passei os braços pela sua cintura e o abracei. Ele ficou congelado por alguns segundos, mas logo senti seus braços fortes e macios me envolverem e por um segundo quase desmaiei. Era como esta sendo levada aos céus. Ficamos abraçados por alguns minutos, acho, e ele foi o primeiro a soltar. Jared me afastou um pouco e olhou nos meus olhos, suas feições eram torturadas como se eu estivesse o matando enquanto fazia isso.
- So deixe-me pensar. – Ele sussurrou dessa vez e depositou um beijo no topo da minha cabeça me deixando toda arrepiada, e então se foi.
 Acho que fiquei em pé ali por um tempo, com um sorriso tão grande que era literalmente doloroso. So me despertei desse meu momento de sabe-se lá Deus o que quando bateram na porta de meu quarto e a voz de minha mãe pedindo para entrar colocou um pânico dentro de mim.


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Notas finais do capítulo

Yees, she's come back!Muahahahahaha -q Não, minha internet não voltou, mas eu to postando filando a net do meu curso *---* Queria agradecer a todos os reviews que vocês me mandaram, nenhuma fic me da tanta alegria como essa. E esse capítulo é na verdade 1 cap. e meio porq eu so vou postar daqui a uma semana então não queria deixar vocês muito anciosos.Viu, sou uma pessoa boa u-u' Enfim, queria implorar para que alguém mandasse uma recomendação, tipo assim seria a primeira da minha vida *c* Beijuus, Cherry



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