Fleet Captain escrita por Cherrybomb


Capítulo 11
Capítulo 11 - Femme Fatale




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 Olhei para o chão para me certificar de que nenhum buraco se abriu no chão de tanto que me andei de um lado para o outro, em seguida olhei pela milésima vez o relógio que ficava encima da lareira. Marcava 22h05min. Suspirei.
 Não contei todo o plano a Anne, ainda não tinha certeza se algum dia ela iria falar a verdade, apenas a mandei ir até a casa da Madame Tricot e dizer que havia uma garota pedindo abrigo e amanhã aproveitando o reboliço da partida do Capitão eu iria fugir.
Madame Tricot era a dona de uma casa de meretrizes, a mais famosa de Dunquerque e tinha fama por abrigar as moças necessitadas da região. Ninguém nunca a viu realmente, ela sempre manteve seu rosto e seu primeiro nome em segredo. Alguns dizem que ela era feia e velha como o diabo, outros que ela era uma das moças que trabalhavam lá.
Pouco me importa, o que esta me deixando louca é que Anne jurou vir com a resposta se a Madame Tricot ia, ou não, me receber em sua casa – se é que aquilo pode ser chamado de casa – ás 17h e até agora nada. Bufei e me olhei no espelho.
Estava com o vestido carmim que usei no dia que conheci o Capitão e os cabelos presos em um coque mal feito. Não fazia a mínima idéia de como elas usavam. Elas, eu ri baixinho, agora eu seria uma delas. Uma meretriz, uma concubina, uma mulher da vida. Dessa vez eu ri em um tom normal, isso era engraçado. Toda uma vida de esforço e sacrifícios para aprender as normas de etiqueta e todo o blá-blá-blá da sociedade para virar uma meretriz. Dei de ombros, essa verdade era melhor do que me casar com aquele traste. Eu ao menos seria livre.
Estava tão imersa em pensamentos que quase gritei quando a porta se abriu com tudo revelando uma Anne de camisola que arfava assustada.
- Pode me dizer por que demorou tanto para dar sinal de vida? – Grunhi. Ela colocou a mão no peito tentando estabilizar a respiração.
- Ele chegou Cecile. O Conde Bouvie. – Meu coração parou por um segundo.
- Não pode ser. – Não tenho certeza se falei isso. Como assim? Mas ele so iria chegar amanhã depois que o Capitão fosse embora. Agora foi minha vez de arfar.
- Ai Meu Deus, Cecile. Respira. – Anne me puxou pelo braço e me colocou sentada na cama.
- O que vamos fazer? – Solucei. Ela ajoelhou-se na minha frente e deu um sorriso. Não era um sorriso típico de Anne, ele tinha tanta malícia. Isso me assustou.
- Ela aceitou. Madame Tricot, digo. – E seu sorriso se alargou mais ainda com um orgulho próprio por ter conseguido cumprir a “missão” que lhe dei que também não era típico de Anne. Isso me assustou muito, mas não liguei, estava tentando não gritar.
- Mesmo? – Ela acentiu  e eu lhe puxei para um abraço. – Obrigada, minha irmã.
- De nada, Ceci. – Ela se afastou depois de uns segundos e me olhou séria. – Eu demorei porque Papai ofereceu um jantar para o Conde e todas nós fomos obrigadas a ir.
- O que falaram sobre minha ausência.
- Papai disse que você estava um pouco indisposta, mas nada preocupante.
- Sei... – Murmurei e ela riu baixinho depois voltou a ficar seria.
- Você precisa fugir hoje. Agora, Ceci.
- Sei disso. – Suspirei. Uma nostalgia me encheu por um momento mas logo desapareceu. Foco Cecile. – Todos já estão dormindo?
- Foram deitar, mas não posso dizer se dormindo.
- Acho melhor esperar mais uma hora. Sabe como é, para ter certeza de que eles estão dormindo. – Ela sorriu concordando e depois fez uma careta.
- Você ainda tem aqueles produtos de beleza ingleses que Mamãe comprou?
- Sim, por quê? – Duvidava que Anne fosse pedir para ficar com eles, ela não usava um pingo de maquiagem, para o desespero de Mamãe.
- Seu rosto, Ceci. Madame Tricot tem as mais belas mulheres da região e se você apresentar-se assim ela certamente não irá lhe aceitar. – Apenas quando ela falou sofre meu rosto foi que senti as minhas bochechas latejarem. Havia esquecido totalmente dos machucados.
- Estão na penteadeira. – Ela pegou minha mãe e me arrastou até a cadeira de frente para o espelho. Apesar de meu rosto esta quase totalmente desinchado,o roxo ainda era a cor predominante.
- Feche os olhos e relaxe. – Anne mandou e assim o fiz.

[...]

- Pronto! – Anne disse animada e suspirei de alívio. – Não seja ingrata.
- Desculpe. – Ela riu.
 Minhas costas resmungaram. Estava sentada a uma eternidade nesta cadeira. Anne havia lavado meu rosto, feito minhas sobrancelhas – o que quase desencadeou sua morte prematura –, penteado meus cabelos e me maquiado.
- Abra os olhos. – Sua voz era animada como nunca havia ouvido antes. Respirei fundo e admito que fiquei com medo de abrir os olhos. Anne nunca havia maquiado ninguém na vida e me perguntei como estaria. Dane-se, pensei comigo mesmo e abri os olhos.
- Nossa. – Foi tudo o que conseguir dizer. Eu parecia outra pessoa, não a Cecile Morsson delicada de sempre e muito menos a Cecile acabada. Eu parecia uma verdadeira femme fatale. Estava com os olhos contornados com um preto carvão que deixavam meus olhos de um verde inacreditavelmente fortes e sensuais, as marcas roxas haviam sumido totalmente e minha pele parecia o mais puro marfim, minha boca estava de um tom de vermelho mais escuro que vinho e meu cabelo estava solto e um pouco bagunçado de um jeito sensual.
- Gostou? – Ela perguntou insegura.
- Se gostei? Anne, esta perfeito! – Gargalhei alto e ela colocou o dedo indicador no lábio me alertando para falar baixo. Mas nós duas rimos baixinho por um bom tempo até as duas pararmos ao mesmo tempo e tenho certeza que pelo mesmo motivo.
 Eu e Anne nunca fomos próximas, mesmo sendo irmãs. Eu achava o fato de ela passar o dia todo presa na capela da casa rezando como uma louca um tanto exagerado. Não que eu tivesse muito contato com Simone também, mas com ela as coisas eram mais fáceis, por incrível que pareça minha irmã de verdade era Merli. E agora, agora que eu e ela estávamos agindo como duas irmãs de verdade eu iria partir e ela não iria nunca mais me ver. Até hoje eu nunca havia me importado em deixar essa casa. Até hoje.
- Ceci, promete que vai tomar cuidado? – Olhei pra ela e notei que estava com os olhos marejados. Me virei para ela e tomei suas mãos.
- Juro que irei. E você jura que vai tentar se divertir no convento? – Ela sorriu.
- Prometo. – Mas algo em sua voz me fez duvidar. Ela respirou fundo e enxugou os olhos sorrindo abertamente. – Agora vamos, eu pedi pra um escravo preparar um cavalo pra mim e deixá-lo amarrado na árvore grande do norte depois disso o liberei pelo resto do dia. Ele sem duvidas esqueceu-se do cavalo.
- Quem diria, Anne mentindo e dando uma de cúmplice de uma futura meretriz. – Para minha total surpresa ela riu.
- Pois é. – E então me olhou nos olhos.
- Escreva ok? Escolha um nome qualquer e coloque como remetente da carta. – Sorri.
- Acho que preciso de um nome para usar lá. Qual você me sugere? – Ela me olhou com a cabeça um pouco tombada e eu ri.
- Hannah.
- Haná?
- Não, Hannah. H-A-N-N-A-H, Hannah. – Fiz uma careta.
- Mas é um nome bíblico, não seria pecado? – Ela deu de ombros. Anne ignorando coisas bíblicas? Isso esta realmente me assustando.
- Apenas gosto desse nome. – Sorriu e sorri também.
- Acho que tenho que ir. – Ela acentiu e assim que me levantei da cadeira ela me abraçou forte.
- Te amo minha irmã. – Não pude deixar de sorrir.
- Também te amo. – Era verdade. Eu sempre seria grata pelo que Anne me fez, sempre estaria ao seu lado se ela precisasse.
 Anne me largou e caminhou até a grande janela do meu quarto abrindo-a e acenando com a mão para eu me por ao seu lado.
- Aqui, pegue essa corda. – Ela colocou em minhas mãos um pedaço de uma corda grossa. – Esta amarrada na árvore, você vai ter que descer com o máximo de cuidado possível.
- Como você conseguiu colocar essa corda...
- Não interessa. – Ela me interrompeu. – Apenas dessa e vá correndo sem parar até a árvore grande do norte. Não pare de cavalgar por nada, Cecile. A casa de Madame Tricot fica a mais ou menos uma hora.
- Certo. – Minha vez de abraçá-la. – Obrigada por tudo.
- Até algum dia, Ceci. – Sorrimos uma para outra e segurei na corda. Era agora ou nunca.


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Notas finais do capítulo

Haaaaul õ/
Cecile e Anne são tão fofaas -eu acho
E surpresa! Podem prepara o oio que tem mais um capítulo pra vocs lerem.
É pra me desculpar por esse tempo sem postar :B
Beijuus, Cherry



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