Dizer que a vida era cheia de surpresas seria hipocrisia. Não que Bella e Edward reclamassem dessas surpresas. A vida ate que estava sendo boa com eles. De certo modo.

Edward andava em seu apartamento bebendo uma dose de wisky. Estava estressado e um pouco ansioso. Estava feliz, isso era inegável, mas algumas coisas deveriam ser feitas. Ele só não sabia se as coisas ficariam bem. Certas coisas, depois que acontecem, tinham um certo risco diante de certas situações.

Passando a mão no rosto, olhou seu celular sobre a mesa. Queria ligar para a Bella e falar com ela. Certamente ela saberia o que lhe dizer. Ela sempre sabia. Mas com certeza ela estava trabalhando, e ele conhecia ela o suficientemente bem para saber que odiava ser interrompida.

Havia ficado de plantão, então estava curtindo sua manhã. Curtindo na verdade não era a palavra certa. Estava prestes a fazer uma coisa que já deveria ter feito há muito tempo, e estava torcendo para que as coisas não ficassem tão feias, como ele imaginava que ficariam.

Estava vestido em uma calça jeans e uma camiseta de botões na cor azul. Havia ligado para a Tânya pedindo para que esta fosse o visitar, pois tinham que conversar. Dizer que a loura ficou surpresa com o telefonema foi pouco, mas os pensamentos de Tânya sempre estariam na Idea de que Edward era frouxo demais para deixá-la partir, sempre sob a ameaça de que isso , levaria ela direto a morte, assim como seu filho.

Quando o barulho da fechadura movendo-se se fez audível, Edward virou-se para  a porta, para deparar-se com a linda mulher em um lindo vestido vermelho e curto, colado ao corpo e acentuando todas as suas curvas, os lábios carnudos em um brilhoso batom vermelho e um grande e charmoso óculos na face.

—Edward querido, eu sabia que sua raiva não duraria muito tempo. —Disse Tânya avançando ate o homem, que quando viu a intenção da mulher de beijá-lo, virou o rosto.— O que houve querido?— Perguntou a mulher notando a frieza do homem.

—Temos algumas coisas a conversar e esclarecer. —Disse Edward indicando para que a loura se sentasse. Assim ela o fez.

Edward respirou fundo quando se sentou, antes de se esticar sobre a mesa e dar a Tânya alguns papeis.

—Edward, o que é isso? Algum contrato ou algo relacionado?—Perguntou nem se dando ao trabalho de virar os papeis para que pudesse lê-los.

—Isso Tânya, é a papelada que te da uma boa quantia para você sumir da minha vid. —Ele disse rapidamente, esperando para a explosão que viria.

Tânya não o decepcionou.

—O QUE? VOCÊ SURTOU EDWARD? SEU CÉREBRO PEQUENO E INUTIL FOI ABDUZIDO POR ALIENIGENAS OU SIMPLESMENTE PEGO PARA ESTUDOS DA CIENCIA?— Ela gritou enfurecida atirando os papeis para longe.

—Isto é apenas o meu cérebro pequeno, voltando a funcionar antes que eu morra por ainda estar junto de ti.— Ele disse calmo. Não poderia elevar a voz. Já estava nervoso, se gritasse, as coisas não ficariam boas. Para ninguém.

—VOCÊ ESTA CHEIO DE MERDA ISSO SIM. Mas eu não vou assinar querido.— Disse Tanya se aproximando dele. Pegou o rosto dele entre as mãos, sorrindo docemente.—Ela o tem Eddie. Esta conturbando sua mente. Ela quer nos afastar não vê? Quando ela conseguir isso, ela ira fugir, novamente. Com mais um pedaço do seu coração.

Edward riu da mulher e tirou as mãos dela de sua face, segurando-as firme entre eles. Ela havia acabado de citar o mesmo discurso de merda que o fez ir para a cama com ela na primeira vez.

Só que ele não era mais aquele garoto idiota, estúpido e otário. Ele havia aprendido que em Tânya não se pode confiar, nem ao mesmo escutar

—Não Tânya, querida.—Ele deu ênfase no querida, fazendo os olhos de Tânya arderem com a raiva.— Eu apenas recobrei minha razão. Eu não vou mais me enfurnar, neste buraco que você transformou a minha vida.  Eu me libertei de você, e de toda a sua crueldade e arrogância. De todo o seu domínio sobre mim. O seu feitiço, querida, esta quebrado. —Ele disse, sorrindo enquanto a mulher arregalava os olhos.

Ela logo se recompôs.

—Querido venha, nos entregamos ao nosso amor entre os lençóis, e tudo isso será esquecido. Nós pertencemos um ao outro Edward. Vamos para o quarto nos amarmos e você vera como as coisas são.—Disse Tânya o puxando pelas mãos. Edward se soltou dela e sorriu, se abaixando e pegando os papeis, antes de colocá-los novamente na mesa e então se virar para ela.

—Eu não estou bêbado o suficiente para cometer tamanha estupidez. Assine os malditos papeis, e ficaremos livres de toda essa porra. Eu não agüento mais.

Tânya dominada pela raiva e crueldade, olhou firme nos olhos de Edward, citando o tão conhecido e ridículo discurso.

—Você sabe o que vai acontecer não é Eddie? Você esta desistindo de mim. —Ela disse com os olhos marejados. —Nosso futuro feliz. Você matou o nosso filho e esta indo a fazer o mesmo comigo. Se nos separarmos Edward, eu juro que morrerei.—Ela disse, chegando perto dele. Seus rostos a centímetros de distancia.—Assim como nosso filho, você causara a minha morte. Um assassino Edward, é isso o que você é.

Edward sentiu algo dentro de seu peito ruir, seus músculos se tornaram rígidos e seu pomo de adão saltou. Ele não era fraco mais. Não mais. As coisas seriam diferentes.

Pegando-a pelo braço, Edward colocou uma caneta nas mãos da mulher e a fez ajoelhar-se diante dos papeis.

—Assine.— Ele rugiu entre dentes, fazendo Tânya estremecer tanto com o som tanto com o aperto firme do homem, que a estava assustando. Quando ela por fim assinou, na sua letra elegante, Edward a puxou para cima, levando-a ate a porta, onde a empurrou pelo corredor e disse, antes de fechar a porta com força.

—Eu mandarei flores.

Encostou a cabeça na porta, escutando os gritos enfurecidos da mulher no corredor, e perguntou-se se este era o fim, ou o começo, de um novo inferno.

Bella olhava com olhos arregalados a cena diante de si. Na sala repleta de crianças que faziam quimioterapia, uma baixinha louca, de cabelos repicados e incrivelmente entusiasmada brincava com as crianças de desfile de moda.

As crianças alegres e felizes, andavam para la e para Ca, dentro da grande sala, ao qual os ursos e brinquedos foram encostados nas paredes, dando espaço para as muitas araras e baús de roupas e acessórios espalhados pelo quarto.

—È estranho ver esse lado da Alice não é? —Disse Rosalie, que estava ao lado de Bella vendo a cena igualmente estranha.

—Estranha? Se eu bem conheço Alice, ela nunca sequer entrou numa sala de hospital com crianças com câncer. A não ser claro, quando ia procurar por Carlisle.—Disse Bella vendo como a pequena Cullen sorria colocando um cachecol no pescoço da pequena Emily.

—Eu acho que a Alice esta aprontando alguma coisa.—Disse Rosalie, estranhando o comportamento da amiga, vulgo futura cunhada.

—Aprontando o que por exemplo?—Perguntou Bella tirando os olhos da jovem, olhando para a loura ao seu lado.

Mas antes que Rosalie respondesse, um louro muito bonito entra na sala, vestido com uma roupa de príncipe, enquanto carregava um pequeno baú.

—Pronto meninas. Nosso príncipe chegou. Agora, nós podemos brincar de princesas. Não é mesmo Jazz?—Gritou Alice entusiasmada, os olhos brilhando vendo a imagem daquele homem maravilhoso.

—Claro Alice. Os rapazes da pediatria estão trazendo os vestido de princesas para essas garotas lindas. este, é o seu.—Ele disse sorrindo para Alice, entregando-lhe o pequeno baú.

—Oh Jasper, você é um fofo.—Disse a pequena Cullen, dando um beijo na bochecha do doutor, e corando logo em seguida.

Bella e Rosalie tinham a boca aberta e os olhos arregalados. Alice e Jasper? Bella virou-se para Rosalie, esta apenas sorriu, puxando a morena dali, deixando os dois pombinhos terem seu momento conto de fadas.

—Isso responde a sua pergunta?—Perguntou Rosalie rindo, arrastando Bella para a área de alimentação.

—Meu Deus. Esse mundo ta perdido. —Disse Bella abismada.

—Mas meu pai elogiou muito a iniciativa da Alice de vir aqui. Sabe, o Edward fazendo o papel de doutor da Alegria não tem dado muito certo,por conta dos plantões excessivos que ele tem feito. Antes, todos os sábados ele vinha vestido de palhaço. Era muito fofo. Ele ria, cantava, tocava, eles brincavam. Ate Emmet, que é Emmet veio aqui uma vez com ele. Mas com a carga horária de Edward aumentando, as crianças tem sentido falta das brincadeiras. A quimioterapia acaba com elas. E ficar aqui. Nem sempre as mães delas podem vir na hora.—Disse Rosalie pegando um café expresso na maquina, enquanto Bella pegava um pedaço de bolo de chocolate. Caminharam ate uma mesa um pouco afastada e sentaram-se.

—Eu sei como é. Em Seattle, aos sábados eu fazia isso também. Levava Renesmee comigo. Mas, não dava sempre, por conta dos plantões. Nem com a minha filha direito em tinha tempo. Ainda não tenho. Pode ver que estou de plantão e Renesmee esta na casa de Esme. Eu sinto falta de ficar com as crianças, eu as amo. Tanto minha filha, tanto qualquer criança que apareça no meu caminho. Mas, não tem dado muito certo. —Disse Bella com pesar mas ao mesmo tempo sorrindo lembrando de sua doce Renesmee.

—È complicado essa vida. Mas eu acho que vale a pena. Eu não tenho filhos, e ainda não tenho planos para os ter. Mas amo o meu trabalho. Teria de conseguir equilibrar o tempo para o trabalho e a família.

Continuaram conversando trivialidades, ate que os olhos de Rosálie caíram na porta da lanchonete.

—Oou. Acho que você tem uma visita, nem um pouco agradáve—Disse Rosálie com os olhos arregalados apontando a porta para Bella. Esta virou em sua cadeira, olhando para a porta e encontrando os olhos raivosos de Tânya.

—O que ela quer agora?— Perguntou Bella vendo a loura andar de forma raivosa em sua direção.

—A onde se pode encontrar uma vadia rouba maridos com PHD? Ou na cama dele, ou no Hospital implantando silicone. —Ela disse quando chegou perto de Bella.

—Você não tem nenhum PHD Tânya e vive nos dois lugares o tempo todo. —Disse Rosálie se levantando pronta para bater na mulher.

—Ora ora. A outra que tentou entrar nas calças de MEU HOMEM!— Ela gritou. Algumas pessoas que estavam perto olharam para a cena. Bella tinha as mãos no rosto corado de vergonha. Ou seria raiva?

—Tânya o que você esta fazendo aqui? Não temos nada para conversar.— Disse Bella respirando fundo. É claro que as coisas não seriam assim tão fáceis. Claro que Tânya viria fazer um inferno, novamente.

—Não vim conversar Isabella. Só vim lhe mandar tirar suas garras do meu homem. Vai ser melhor pra você e pra sua filha.—Disse Tânya. Os olhos bastante abertos, a voz venenosa e rude.

Bella então endireitou-se num átimo. Ela ouvira bem? Tânya havia acabado de dizer o que ela havia acabado de ouvir? Rindo, levantou-se e ficou frente a frente com a mulher.

—A minha filha? Você acaba de ameaçar a minha filha?— Ela perguntou. A calma que tentara manter se esvaída. Seu corpo dominado por uma raiva sem tamanho.

—Você é surda ou o que? Saia de perto de Edward. suma daqui você e aquela aberração de criança, ou as conseqüências serão severas. Você não vai querer acordar de manha e se dar conta que sua pequena e horrorosa criança não esta na cama? Vai querer encontra-la morta na cozinha, com uma linda faca empunhada em seu peito? Não vai não é mesmo? Então dê o fora, antes que seus pesadelos passem a se realizar. —Disse antes de dar as costas para uma Bella atônita.

A pele branca ficara translúcida. O coração acelerado. Um medo doentio corroendo suas entranhas.

Sua filha? Sua pobre e doce criança? Ela não seria capaz, seria?

—Rose. O meu bebe Rose.—Disse Bella sentando-se, os olhos banhados de lagrimas de desespero. —A minha criança Rose. Ela vai matar a minha criança.

Rose viu o desespero da amiga. Bella tremia. O coração batia acelerado em seu peito. O que fazer?ela não tinha duvidas.

Levantando-se da cadeira, correu para dentro do hospital.

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Na cabeça de Bella, as coisas não faziam muito sentido. Sua mente estava perturbada, amedrontada e horrorizada.

Mas enquanto sua mente trabalhava assim, seu coração se feria mais uma vez. Já deveria imaginar que as coisas com Edward não seriam assim tão fáceis. Ela podia suportar tudo, ate mesmo viver longe daquele homem, mas nunca poderia conviver nem mesmo com a idéia de perder sua filha. Embora doloroso, não foi difícil para Bella fazer uma escolha.

—Mãe, porque esta arrumando nossas malas?— Perguntou Reneesme vendo Bella colocar algumas roupas dentro de uma mala preta de rodinha e de uma pequena na cor lilás.

—Vamos passar uns dias na casa de sua avó. Sinto falta dela sabe, e ela também sente a sua. —Disse Bella evitando olhar a filha.

—Você esta mentindo.— Disse Nessie.

—Co- como?— Bella a olhou, enquanto gaguejava.

—Você esta mentindo. Você brigou com o papai? Foi demitida ou alguma coisa do tipo?— Perguntou a menina se sentando na cama mais confortavelmente.

—Não querida. Só quero ver sua avó. Agora vamos.

Juntas, desceram as escadas, pegando mais duas malas que haviam ali e foram para fora, montando no carro e partindo.