Inner Outer Space escrita por matt


Capítulo 9
Falsa Identidade


Notas iniciais do capítulo

"Ela era mais alta e seus cabelos eram castanhos. E nem me toquei que estava exprimindo meu alívio em voz alta".



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                O mundo já estava ao nosso redor novamente há algum tempo, mas nós demoramos a voltar. Quando, enfim, precisamos tomar um pouco de ar, continuamos abraçados, Ana repousando a cabeça sobre meu ombro.

                - Isso foi surreal – ela disse, depois de um tempo.

                - É... Eu não achei que a gente voltaria tão rápido.

                - Não isso, eu tô falando da análise! – ela riu.

                - Ah! É... Eu tinha me esquecido disso. Eu não disse que era verdade?

                - É, agora eu acredito.

                - Na história toda?

                - Aham.

                - Tudo, mesmo?

                - Não, eu ainda duvido de muita coisa.

                - O quê?! – perguntei, atormentado.

                - Eu tô brincando! – continuou rindo.

                - Tem certeza? Eu ainda não acredito, apesar de ter vivido.

                - Claro que eu acredito! Você não é de mentir, Matt.

                - Heh... – fiquei vermelho, outra vez – Se você diz...

                - Você continua um bobo, como sempre – ela disse, me abraçando com mais força. Eu lembrei o que eu tanto adorava por estar com a Ana. A sensação de paz que eu sentia quando estávamos daquele jeito não se compara a nenhuma outra.

                - Diz de novo? – ela pediu.

                - O quê?

                - O que você disse agora há pouco.

                - Ah... Eu te...

                - Crianças, venham almoçar! – veio uma voz da cozinha.

                - Ahhhh – Ana reclamou – Minha mãe pega sempre as piores horas.

                - É melhor a gente ir logo, pra ela não reclamar.

                - Tá bom – ela me soltou e sorriu – Mas você vai ficar me devendo!

 

                - Hmm, Sra. Mandy, essa comida estava uma delícia! Obrigado! – eu disse, após o almoço.

                - Ora, Matt, agradeça à empregada!

                - Desde quando nós temos uma empregada? – Ana pergunta.

                Déjà vu. E calafrios múltiplos.

                - Nossa, Ana, você não se lembra da Joana?

                - Ah, sim! É que eu não trato ela como uma “empregada”.

                - Ufa – sussurrei – Por um momento, pensei que fosse a...

                - Disse alguma coisa, Matt? – a tal Joana apareceu atrás de mim. Inicialmente, levei um susto maior do que o normal, porque ela era bastante parecida com a Kasumi. Mas com alguma análise, realmente era um tanto diferente. Ela era mais alta e seus cabelos eram castanhos. E nem me toquei que estava exprimindo meu alívio em voz alta.

                - Ah! Não, desculpa, não era nada... Você sabe o meu nome?

                - É. A Ana fala bastante de você algumas vezes.

                - Verdade – disse a Sra. Mandy, olhando fixamente para Ana, que ficou rosada.

                - Ah, não é tanto assim – ela disse, sem jeito. Eu sorria.

                - Bom – Joana continuou, pegando as panelas – deixa eu levar esses restos pra geleira.

                - Pro quê?? – perguntamos em coro.

                - Pra geladeira! Desculpa, comi umas letrinhas.

                - Ah, bom – disse Ana, enquanto ela ia embora – Matt? Algum problema?

                Não tinha como ser coincidência. Aquela empregada tinha semelhanças demais com a que estava há pouco tirando um capacete da cabeça.

                - Terra para Matt! Alguém aí? – Ana já tinha se levantado da mesa.

                - Desde quando vocês têm essa empregada? – levantei, também.

                - Não chama ela assim, parece que ela é uma escrava mal paga! A Joana é amiga de todo mundo aqui em casa, ela até dorme aqui. Já faz uns três anos que ela veio pra cá.

                - Três anos?!

                - Por aí. Mas é engraçado, eu lembro perfeitamente, como se fosse anteontem.

                - Anteontem, é? – será que...?

                - Que foi, Matt, que você tá tão paranóico com ela?

                - Vem cá, Ana – eu disse, segurando sua mão – Precisamos conversar.

 

                Voltamos para o quarto dela e nos sentamos no mesmo lugar.

                - Ana, eu tô achando que essa sua empregada é a mesma que a minha.

                - Hã?

                - Ela é a Kasumi.

                - Tá doido, Matt? Como pode ela ser duas pessoas ao mesmo tempo?

                - Bom, ela pode se clonar. Aí, dependendo de quem ela copia, pode aparecer aqui com essa forma.

                - Mas a Kasumi só apareceu anteontem! E a Joana trabalha aqui há três anos!

                - Tem certeza? Será que ela não modificou a sua memória?

                - O capacete faz isso? Você só disse que ele apaga a memória dos outros.

                - Isso é só o que eu sei. Pode ter tanta coisa no SPIPA que não dá pra imaginar.

                Ela ficou um tanto perturbada com o pensamento. Por fim, disse:

                - Você não tá usando ele aí? Por que você não tenta descobrir?

                - Na verdade, eu não sei como esse negócio funciona, parece que é sempre um acidente... Ah! Quando eu vim pra cá, pareceu que eu tinha usado um tipo de comando de voz.

                - Tenta isso, então! Fala, sei lá, “analisar memória”, alguma coisa assim.

                - Tá. Analisar memória.

                Nada aconteceu.

                - Analisar memória: Ana.

                De novo, nada aconteceu.

                “Caramba, eu não vou conseguir analisar a memória da Ana?”, pensei.

                - Comando recebido: analisar a memória da Ana.

                O mundo sumiu outra vez. Enquanto eu entendia que o capacete precisava de um comando em pensamento, surgiu uma espécie de “pop-up” realista em que se lia:

                “1 Memória Alterada: Joana.

                  Período: 3 anos.

                  Data de Modificação: 2 dias atrás”.

                E o mundo reapareceu. Agora ficou óbvio demais.

                - Matt? – Ana estava chamando, aparentemente desde que o exame começou – Matt? Acabou agora?

                - Sim. Precisamos ter uma conversinha com a “Joana”.

 


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Notas finais do capítulo

Capítulozinho normal. Mas abre um pretexto pra continuar a história, né?
Reviews are good (para o capítulo anterior, plz!) o/



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