Inner Outer Space escrita por matt
Notas iniciais do capítulo
"Ela era mais alta e seus cabelos eram castanhos. E nem me toquei que estava exprimindo meu alívio em voz alta".
O mundo já estava ao nosso redor novamente há algum tempo, mas nós demoramos a voltar. Quando, enfim, precisamos tomar um pouco de ar, continuamos abraçados, Ana repousando a cabeça sobre meu ombro.
- Isso foi surreal – ela disse, depois de um tempo.
- É... Eu não achei que a gente voltaria tão rápido.
- Não isso, eu tô falando da análise! – ela riu.
- Ah! É... Eu tinha me esquecido disso. Eu não disse que era verdade?
- É, agora eu acredito.
- Na história toda?
- Aham.
- Tudo, mesmo?
- Não, eu ainda duvido de muita coisa.
- O quê?! – perguntei, atormentado.
- Eu tô brincando! – continuou rindo.
- Tem certeza? Eu ainda não acredito, apesar de ter vivido.
- Claro que eu acredito! Você não é de mentir, Matt.
- Heh... – fiquei vermelho, outra vez – Se você diz...
- Você continua um bobo, como sempre – ela disse, me abraçando com mais força. Eu lembrei o que eu tanto adorava por estar com a Ana. A sensação de paz que eu sentia quando estávamos daquele jeito não se compara a nenhuma outra.
- Diz de novo? – ela pediu.
- O quê?
- O que você disse agora há pouco.
- Ah... Eu te...
- Crianças, venham almoçar! – veio uma voz da cozinha.
- Ahhhh – Ana reclamou – Minha mãe pega sempre as piores horas.
- É melhor a gente ir logo, pra ela não reclamar.
- Tá bom – ela me soltou e sorriu – Mas você vai ficar me devendo!
- Hmm, Sra. Mandy, essa comida estava uma delícia! Obrigado! – eu disse, após o almoço.
- Ora, Matt, agradeça à empregada!
- Desde quando nós temos uma empregada? – Ana pergunta.
Déjà vu. E calafrios múltiplos.
- Nossa, Ana, você não se lembra da Joana?
- Ah, sim! É que eu não trato ela como uma “empregada”.
- Ufa – sussurrei – Por um momento, pensei que fosse a...
- Disse alguma coisa, Matt? – a tal Joana apareceu atrás de mim. Inicialmente, levei um susto maior do que o normal, porque ela era bastante parecida com a Kasumi. Mas com alguma análise, realmente era um tanto diferente. Ela era mais alta e seus cabelos eram castanhos. E nem me toquei que estava exprimindo meu alívio em voz alta.
- Ah! Não, desculpa, não era nada... Você sabe o meu nome?
- É. A Ana fala bastante de você algumas vezes.
- Verdade – disse a Sra. Mandy, olhando fixamente para Ana, que ficou rosada.
- Ah, não é tanto assim – ela disse, sem jeito. Eu sorria.
- Bom – Joana continuou, pegando as panelas – deixa eu levar esses restos pra geleira.
- Pro quê?? – perguntamos em coro.
- Pra geladeira! Desculpa, comi umas letrinhas.
- Ah, bom – disse Ana, enquanto ela ia embora – Matt? Algum problema?
Não tinha como ser coincidência. Aquela empregada tinha semelhanças demais com a que estava há pouco tirando um capacete da cabeça.
- Terra para Matt! Alguém aí? – Ana já tinha se levantado da mesa.
- Desde quando vocês têm essa empregada? – levantei, também.
- Não chama ela assim, parece que ela é uma escrava mal paga! A Joana é amiga de todo mundo aqui em casa, ela até dorme aqui. Já faz uns três anos que ela veio pra cá.
- Três anos?!
- Por aí. Mas é engraçado, eu lembro perfeitamente, como se fosse anteontem.
- Anteontem, é? – será que...?
- Que foi, Matt, que você tá tão paranóico com ela?
- Vem cá, Ana – eu disse, segurando sua mão – Precisamos conversar.
Voltamos para o quarto dela e nos sentamos no mesmo lugar.
- Ana, eu tô achando que essa sua empregada é a mesma que a minha.
- Hã?
- Ela é a Kasumi.
- Tá doido, Matt? Como pode ela ser duas pessoas ao mesmo tempo?
- Bom, ela pode se clonar. Aí, dependendo de quem ela copia, pode aparecer aqui com essa forma.
- Mas a Kasumi só apareceu anteontem! E a Joana trabalha aqui há três anos!
- Tem certeza? Será que ela não modificou a sua memória?
- O capacete faz isso? Você só disse que ele apaga a memória dos outros.
- Isso é só o que eu sei. Pode ter tanta coisa no SPIPA que não dá pra imaginar.
Ela ficou um tanto perturbada com o pensamento. Por fim, disse:
- Você não tá usando ele aí? Por que você não tenta descobrir?
- Na verdade, eu não sei como esse negócio funciona, parece que é sempre um acidente... Ah! Quando eu vim pra cá, pareceu que eu tinha usado um tipo de comando de voz.
- Tenta isso, então! Fala, sei lá, “analisar memória”, alguma coisa assim.
- Tá. Analisar memória.
Nada aconteceu.
- Analisar memória: Ana.
De novo, nada aconteceu.
“Caramba, eu não vou conseguir analisar a memória da Ana?”, pensei.
- Comando recebido: analisar a memória da Ana.
O mundo sumiu outra vez. Enquanto eu entendia que o capacete precisava de um comando em pensamento, surgiu uma espécie de “pop-up” realista em que se lia:
“1 Memória Alterada: Joana.
Período: 3 anos.
Data de Modificação: 2 dias atrás”.
E o mundo reapareceu. Agora ficou óbvio demais.
- Matt? – Ana estava chamando, aparentemente desde que o exame começou – Matt? Acabou agora?
- Sim. Precisamos ter uma conversinha com a “Joana”.
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Capítulozinho normal. Mas abre um pretexto pra continuar a história, né?
Reviews are good (para o capítulo anterior, plz!) o/