Aira Snape escrita por Ma Argilero


Capítulo 27
Retorno


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/114409/chapter/27

Eu estava deitada em minha cama, pensando em meus pais adotivos. Eles cuidaram de mim, apoiaram minha decisão de tornar-me um bruxa poderosa. Não podia deixar que nada acontecesse a eles, por isso era melhor eu me desligar da vida dele.

Eu recebia cartas de Madson e Charles enviando notícias sempre que possível. Respondia a todas, mas parei de fazer isso aos poucos. Não poderia me distanciar de repente. As cartas que eu recebia deles eram imediatamente queimadas.

Marie observava o tempo em que eu ficava deitada, fitando o teto. Ela não aguentando mais perguntou:

– Que tanto interesse tem pelo teto?

– Nenhum.

Janethe nem ligava pra mim. Eu era         invisível aos olhos dela. Minha presença só era favorável         mediante sua necessidade.

Não demorou muito pra ela me obrigar         a ajudá-la a ficar com seu amado sem Constantine ver.

Eu fiz tudo novamente, mas desta vez         acho que peguei pesado.

Eu, Marie e Alexander estávamos na         torre, que funcionava como sala de aula para astronomia.

Meu plano era atrair a atenção de         Constantine e Marie poder namorar seu amado Juan a vontade.

Amarrei com auxílio de magia cordas         em torno de meu corpo, como se eu fosse praticar rappel.

– Aira, isso é perigoso.

– Não é não, Marie. Eu sei o que         estou fazendo.

Na verdade eu não sabia, mas não         precisava deixar ela saber disso.

Alexander era meu ficante ali. Na         realidade ele era minha sombra. Ele faria tudo pra mim e eu o         ajudaria a conquistar a garota dos seus sonhos, uma tal de Pride.         Nessa ajuda inclui beijos e pegadas.

O garoto além de sair lucrando com         minha aula, conseguirá em breve o que quer. Francis Pride está         observando muito ultimamente eu e o Alex juntos. Ela tenta desviar o         olhar e como eu percebo só faço mais pirraça.

Alex segurava minha cintura enquanto         eu me movimentava sobre as grades de proteção. Marie estava do         lado de fora do castelo.

– Tem certeza que quer fazer isso,         Dulce?

Ele era muito fofo me chamando de         Dulce. Pena que eu não sentia nada por ele e nem ele por mim.

– Tenho, Alex.

Alex me soltou e eu fiquei de pé.         Arrastei-me com cuidado pro lado de fora, fincando bem meus pés         entre as pedras. Segurei com força as grades e fui descendo         calmamente.

Eu respirava pesadamente e olhava onde         colocava meus pés.

Ouvi o grito de Marie. Não demorou         muito tempo e os alunos começaram a se aglomerarem ao lado dela,         inclusive Constantine e Madame Maximine.

– Aira – Marie interpretava seu         papel. – Desce daí, agora! Isso é perigoso!

– Sem chance! Tô cansada de ficar         presa. Quero liberdade!

Soltei meus braços e gritos de pavor         foram escutados.

Eu tentava esconder meu riso. Consegui ao peceber que eu estava a mais de dez metros acima do chão.

Dentro do bolso de meu shorts, peguei minhas luvas de couro de dragão e as coloquei. Não estragaria minha mãos naquela corda.

Comecei a descer. As pessoas ainda gritavam embaixo.

Cheguei intacta no chão. Ao colocar meus pés no solo, Marie veio me abraçar.

– Sua louca!

– Te adoro, insuportável!

Constantine estava soltando fogo pelas         ventas. Madame Maximine soltou um longo suspiro e veio até mim.

No gabinete da diretora, eu e mais         meus colegas; meu “namorado”, Alex estávamos esperando alguma         sentença.

Todos foram dispensados depois de         confirmarem que não sabia que eu faria aquela maluqice.

Eu gostei. Um dia faço rappel de         verdade.

– Senhorita Snape – olhei pra ela.         Algo um pouco difícil pois a altura dela é muito superior a minha.

– O que você fez deixou-nos todos         preocupados.

– Não foi nada de mais. Eu só não         queria ficar no tédio.

Ela me olhou.

– Aira! – ela nunca me chamou pelo         meu primeiro nome, nem quando eu tinha aula de etiqueta com ela.

Madame deveria estar decepcionada         comigo, pois eu aprendi tudo que ela me ensinava. Ela tinha orgulho         de mim e até dizia que eu era uma das melhores alunas que já         estivera em Beauxbottons. Pela primeira vez eu não era vista com         maus olhos em um lugar. Eu tinha meu mundo.

– Eu prometi nunca revelar isso, mas         a ocasião não me permite guardá-la mais.

O que ela escondia de mim? Madame         sentou-se em sua cadeira e me fitou.

– Há mais de vinte e cinco anos uma         garota veio estudar aqui em Beauxbottons. Ela era animada,         inteligente – eu não entendia o que ela queria dizer com essa         história. – Quando vi você pela primeira vez em Hogwart veio-me         essa garota em minha mente. Foi por causa dessa lembrança de você         ser tão parecida com ela que aceitei te dar aulas de etiqueta.

Agora estava ficando mais         interessante. Me remexi na poltrona procurando uma posição mais         confortável.

– Quando mais eu convivia com você,         mais eu tinha certeza de sua semelhança com ela.

– Mas quem é essa garota a quem         você me compara?

– Ela era uma bruxa excelente. Mas         optou por viver no mundo trouxa.

– Mas por que ela fez isso?

– Por causa da família dela.

Eu ouvia tudo atentamente.

– Fiquei sem as notícias dela por         vários meses, mas alguns anos atrás recebi a notícia de que ela         havia morrido.

Eu queria saber mais sobre essa garota         ao qual Madame dizia eu ser parecida.

– Por que contou isso?

– Pois a minha suspeita era de que         vocês fossem parentes. E eu estava certa. Você tem ligação com         ela. São mãe e filha.

Levantei-me da poltrona com lágrimas         nos olhos. Como ela pode ter tanta certeza? Saí da sala dela e         voltei para meu quarto.

Não consegui dormir pensando em tudo         que Maximine contou-me. Eu tinha que tirar essa história a limpo.

Tem algo de errado nessa história         toda.

Acordei bem cedo e fui procurar registros na biblioteca sobre qualquer bruxa chamada Hayley Thompson. Encontrei diversos livros e artigos do jornal bruxo Le monde des Sorciers (O Mundo dos Bruxos) nada criativo esse nome. Louise Thompson estampava diversas capas e páginas dos livros.

A sua vida de estudante estava tudo ali. Madame não havia mentido pra mim. Mas ela não era minha mãe. Ela se parecia muito com minha mãe.

Estava tudo muito confuso. Louise estava viva, quem morreu foi Hayley. Ou será que ouve engano?

E o que Louise era de minha mãe?

§§§

Era domingo a noite. Minhas malas estavam arrumadas e Pierre estava atrás de mim. Eu havia pedido pra ele aparatar comigo fora dos terrenos de Hogwarts, mas ele não quis. Então decidi usar a lareira de uma das salas de aula.

Coloquei meu malão lá dentro e fui logo atrás.

– Mi lady!

– Sem essa de lady, Pierre! Eu         preciso saber o que está contecendo com minha vida. Está tudo         bagunçado.

– Mas, mi lady, e seus amigos, seu         namorado.

– Diga a eles que eu voltei a onde         pertenço. Eles sabem do que estou falando.

Peguei o pó de Flu e disse alto         “Gabinete do diretor Dumbledore em Hogwarts”.

Irrompi na lareira em que queria.         Peguei meu malão e sai do gabinete. Entrei com cuidado na         Sonserina. Deixei meu malão ali.

Era hora da minha entrada. Eu estava         cansada de ser ficar longe desses idiotas. Viver na França era         legal, mas não tanto em Hogwarts. Este sim é meu lar.

Olhei-me no espelho. Meus cabelos         estavam no meio das costas em formato V e com franja caindo sobre         meus olhos - sua cor era um verde, igual minhas sobrancelhas.

Estava usando meu antigo uniforme, mas         com um detalhe a mais: Nãoestava de saia e sim de shorts preto.         Cansei de pegar garotos tentando olhar por de baixo da minha saia.         Quem diaria que os garotos de Beauxbottons eram tarados. Coloquei         uma meia calça 7/8 branca, meu coturno. Prendi o suporte de minha         varinha na coxa esquerda.

Subi a escada majestosamente. Estava         me sentindo tão bem andando por aqueles corredores.

Fiquei de frente a porta do salão e         ela se abriu. Instintivamente, avancei. Olhares pairaram sobre mim.         Claro que eles reparariam em uma garota de cabelo verde, shorts e         camisa meia aberta com a gravata frouxa.

Snape deixou o garfo cair sobre seu         prato. Ele levantou-se não acreditando no que via. Eu via o ódio         nos olhos deles, mas pouco me imporetei.

Andei, passando entre as mesas. Como         sempre os garotos babavam por mim.

– Aira? – papai estava pasmo.

Continuei andando. Fred observava-me         pasmo e boquiaberto. Controlei-me pra não lhe lançar um beijo         cheio de sarcasmo.

– Oi, papai – Parei em frente a         ele. – Surpreso em me ver, não?

Ele endireitou-se.

– Você deveria estar em         Beauxbottons. Que faz aqui?

Sorri.

– Primeiro: Beauxbottons é para         garotas diferentes de mim. Segundo: descobri diversas coisas.         Terceiro: não suporto usar aquelas malditas roupas turquesas e         prender o cabelo. Quarto: lá tem mais tarados do que aqui.

Meu pai não gostou da minha última         frase. Eu poderia jurar que ele estava repassando "Lá tem mais         tarados do que aqui" em seu cérebro.

– Bem vinda de volta – disse         Dumbledore.

Aproximei-me dele e lhe beijei sua         bochecha. Ele corou levemente.

– Acho que não deve haver problema         em ter usado a sua lareira.

– Não – ele disse. – Só espero         que não tenha muita poeira.

Eu adorava Dumbledore pelo simples         fato de ele ser alegre e nunca ter se importado com minhas         brincadeiras.

Virei-me pra ir à mesa da Sonserina,         mas fui chamada.

– Aira Snape -- a voz era fina e         muito irritante.

– Sim? – disse me virando.

– Que modos são esses?

Olhei praquela mulher baixa e         parecendo uma almofada ambulante.

– Professora Umbridge...?

– Não interrompa, senhor Snape –         meu pai ficou calado. – Essa não é maneira adequada de uma         garota se vestir: roupas curtas e sem sapatos sociais. E sua meia         calça...

Ela tinha língua afiada pra criticar.         E como meu pai se subteu desse jeito à ela?

– Não sei quem a a senhora é, mas         não mudarei meus modos.

O silêncio era total no salão.

– Eu sou a professora de Defesa         Contra as Artes das Trevas e Inquisidora.

– Devo ser a pessoa com mais sorte         na face da Terra -- se ela fosse inteligente o suficiente saberia         que eu estava sendo sarcástica. -- Acho que ainda dá tempo de         alcançar Pierre...

Virei-me e gritei chamando Pierre, que         encabulado entrou no salão e veio até mim.

-- Em que posso lhe servir, me lady?

-- Haverá algum problema se eu quizer         voltar?

Ele olhou-me esperançoso. Pierre não         era velho, mas estava próximo as vinte e oito anos. percebia muitas         garotas olhando, cobiçosas pra ele.

-- Não, me lady.

O melhor de tudo foi ver a cara de         certas pessoas se contorcerem de inveja por verem Pierre me chamando         de "me lady".

-- Pois bem. Acho que vou voltar pro         clube da lorota.

Pierre estendeu-me seu braço e eu o         peguei. Estava adorando toda a atenção que recebia.

-- Espera, Aira! -- virei-me e vi meu         pai. -- Você não vai voltar.

Bingo! Acertei o ponto fraco de meu         pai.

Aproximei-me de Pierre e sussurrei em         seu ouvido:

-- Um dia nos veremos, Pierre -- eu         sempre tive umc carinho enorme por ele e como modo de gratidão,         beijei seus lábios.

Ele ficou vermelho e saiu.

Vi meu pai ficar vermelho de raiva.         Ele estava perdendo o controle.

-- Antes que diga algo, já estou indo         pra sua sala, pai.

Entrei na sala dele e minutos depois         ele já estava ali.

-- Que história foi essa de vim pra         Hogwarts, enfrentar uma professora e beijar aquele homem?

Sentei-me comportadamente na cadeira.

-- Estou decepcionado com você, Aira.

-- Sabe, pai? Eu gostei de         Beauxbottons, mas o meu lugar não é lá.

Ele afastou-se de mim e virou-se me         fitando.

-- Sem desculpas. Eu compreenderia se você voltasse sem fazer alvoroço, mas seus modos pioraram.

-- Não pioraram, apenas         estou sendo eu mesma.

Meu pai pouco se         importava com o que eu pensava. Ele só queria que eu fosse         diferente do que sou, algo impossível de mudar.

-- Nunca mudarei pra te         satisfazer! -- levantei-me. -- Espero que esteja bem, pois meu tempo         aqui acabou.

Antes que eu pudesse dar um passo, fui         abraçada fortemente. Senti lágrimas caindo sobre meu ombro. Fiquei         estática. Snape estava chorando.

Nunca pensei que veria algo desse         gênero. Apenas retribuí o abraço, afagando seus cabelos. Ele         chorava que nem uma criança desamparada que era. Eu era a única em         que ele poderia se apoiar. Eu, sua filha, era seu alicerce.

-- Pai... você está chorando...

Ele levantou seu rosto de meu peito e         enxugou suas lágrimas.

-- Sou um estúpido em tentar te mudar         -- agora ele estava entendendo. -- Minha menina -- ele segurou meu         rosto. -- mesmo eu não gostando dos seus modos, não pedirei pra         mudar.

Estava ao ponto de comemorar.

-- Mas... -- tinha que ter um "mas"         ali. -- Prometa que nunca se irá se expor novamente.

Sem saída, prometi. Tinha tanta         promessa na minha lista. E ela crescia significadamente a cada         semana.

Voltamos para o salão principal, onde         juntei-me ao povo da Sonserina e a minha ex-amiga, que me observava         com pura inveja.

-- E aí, Malfoy -- exibi um sorriso         de escárnio. -- como vão as coisas?

Ele foi rápido em responder a altura.

-- Pelo que eu saiba você não faz         parte dela.

Mesmo ele sendo ríspido, ainda gosto         daquele loiro aguado. Nos fuzilarmos de vez em quando, mas por meu         pai ser padrinho dele, então eu tinha que conviver com ele. Não é         muita coisa. Meu pai tinha carta branca pra ir a mansão Malfoy e eu         ia junto.

Só a visitei uma vez e foi menos de         cinco minutos. Nem deu tempo de me socializar com Narcissa. Ela me         adorou, mesmo eu sendo mestiça. Lúcio até pode fingir que não se         importa com descendência, mas ele me odeia. O motivo, simplesmente,         não faço a mínima ideia.

-- Não é o que eu soube.

Percebi Parkinson ficar com a pulga         atrás da orelha. Aquela simples resposta a deixaria muito curiosa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!