Uma Luta contra os Mortos escrita por Recitara


Capítulo 3
Parte Três




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A garota estava agora mais tranquila, parecia ter se acostumado com Miguel. Sentia protegida. Este se preocupava com seu bem estar.

- Tem certeza de que não está com fome?

- Eu já vi o suficiente para perder o apetite por hoje, não acha? Como você pode estar tão calmo ? – perguntou a garota

- Fui membro do exército por seis anos. Aprendi a manter o controle sob situações de risco. Afinal, eu sei como derrubá-los, digo, essas criaturas medonhas não levantam mais depois de explodirmos os seus miolos. Aconteça o que for, mire apenas na cabeça deles.

- Como nos filmes, certo? Acho que posso fazer isso.

O carro seguia pela marginal estreita. Os dois viajantes não sabiam para onde ir ao certo, mas sabiam que não podiam mais ficar naquela maldita cidade, onde não havia lugar seguro.

- Precisamos fazer uma parada. Não temos muito combustível. Existe, ao menos, um ponto positivo em toda essa loucura. Com as ruas todas desertas, o preço da gasolina caiu consideravelmente. – Miguel sorriu – É só entrar e pegar. Qualquer coisa, desde bebidas e cigarros, até comida e armas. Tenho que aproveitar enquanto  o velho capitalismo sai de férias.

- Você está pensando em sair do carro? Enlouqueceu? E se houverem mais deles?

Miguel exibiu sua pistola 9 mm, cromada e com o pente cheio de balas, sorrindo disse:

- Eles que venham, linda. Tenho balas suficientes para manda-los de volta para o cemitério. Não se preocupe, gata. Não vai ser desta vez que serei digerido.

Ainda rodaram por mais alguns minutos até encontrarem um posto de gasolina. Por sorte, acharam um ao lado de uma escola pública. As luzes do estabelecimento estavam acesas, porém não parecia ter ninguém por lá.

- Perfeito! Vamos descer.

- Tá maluco? Eu é que não saio desse carro. Nem morta!

- Não aposte nisso, guria. Pois se você morrer, eu mesmo te tiro daí. Bem, neste caso, sente-se no banco do motorista e deixe o carro pronto para partir. Se houver qualquer incidente, você deverá agir rápido, entendeu?

- Tudo bem. Mas volte o mais depressa que puder. Não quero ficar sozinha aqui.

Miguel desceu do carro muito apreensivo. Olhava para os lados e esteve muito atento a qualquer ruído no interior da loja de conveniências. Andava em passos lentos pois sabia que apostava sua vida naquela empreitada. Olhou de novo para o carro, onde Luana fazia-lhe sinal para que fosse mais rápido. O homem hesitava não por medo, mas por precaução. Encheu o tanque do carro e dirigiu-se para a pequena loja. Dentro do veículo, Luana aguardava impaciente. Cada minuto que se passava parecia durar horas.

- Quem, diabos, ele pensa que é afinal? O que quer provar? Imbecil!

Após alguns instantes da mais angustiante espera, Luana pode avistar Miguel que saia de dentro da loja. Ele trazia alguém nos braços. Ao chegar mais perto, Luana viu que se tratava de uma pequena criança. Uma garotinha.

- Uma criança? Oh meu Deus!

- Estava escondida atrás do balcão. Temos de leva-la conosco.

- Mas e quanto aos seus pais? Devem estar procurando por ela...

- Não seja tão otimista, garota. É muito mais provável que estejam comendo os rins dos próprios vizinhos a esta hora! Parece ser lógico que eles morreram.

- Não diga isso! Que horror, ela pode ouvir.

- Não pode não. Ela ainda está desacordada. Deve ter sido um trauma muito forte pra poder dormir numa situação dessas. Pense bem, se você tem medo de ficar sozinha, imagine esta pobre garotinha. Podemos entregá-la para as autoridades, assim que encontrarmos alguma, é claro. – As palavras de Miguel soavam sem esperança – de qualquer forma, não podemos deixa-la aqui.

- Você tem razão. Então vamos logo. Este lugar me dá arrepios.

Então, com a pequena garota no banco traseiro, prosseguiram na viagem sem rumo e sem sentido. Os dois ficaram em silêncio por algum tempo, ouvindo apenas o ronco do motor. Miguel olhou para a criança através do retrovisor e sussurrou pra si mesmo :

- Que Deus nos ajude...

Fim


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Notas finais do capítulo

A história continuará em breve sob um novo título.
Espero que a acompanhem, e se gostaram desta história, entrem em contato....
... se não gostaram não precisam dizer nada, ok?



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