Eu olhei pra mesa que havia no centro, vi alguém sentado em uma das cadeiras. Me assustei e deixei o meu copo cair, o quebrando em mil pedaços...

-Nossa Ally, pra que esse susto todo? Sou só eu, o Tom... - então ele se levantou e veio em minha direção. Havia cacos de vidro espalhados por toda a parte e ele estava descalço.

-Tom, cuidado! Tem cacos de vidro no chão! - mas mesmo assim ele continuou se aproximando. Aimeudeus, aimeudeus! Esse cara é louco! Bem que eu imaginei que ele deveria ser um maníaco, psicopata ou sei lá o quê. Olha isso, ele está pisando nos cacos de vidro tranquilamente!

-Não se preocupe comigo. - então vi que ele já estava a apenas alguns centímetros de mim. Ele era bem mais alto que eu e só agora que eu percebi que ele estava sem camisa. Sim, ele estava muito gostoso. Ele usava apenas uma bermuda larga.

Mesmo no escuro eu podia ver aquele seu sorriso malicioso e sedutor. Agora ele se aproximou mais, deixando apenas alguns milímetros de distância nos separando. Eu podia sentir a sua respiração se misturando com a minha. Ele segurou meus ombros de leve e foi descendo suas mãos sobre meus braços, até chegar a minha cintura e segura-la firme, grudando o meu corpo com o dele. Minha respiração começou a ficar falha naquela hora. Eu sei que eu não podia ceder, mas eu sou humana né. Ele sorriu. Talvez por ver que eu ainda não me afastei dele.

Ele começou a a aproximar a sua boca da minha, deixando que eu sentisse seu hálito, que por sinal era fresco e me fazia querer me aproximar cada vez mais dele. Ele estava me envolvendo de uma forma que chegava a ser assustadora. Aqueles segundos que ficamos ali pareceram durar horas. Até que finalmente ele encostou seus lábios nos meus. Eu senti um turbilhão de coisas quando senti seus lábios nos meus. Mas era algo bom, era um certo desejo que eu nunca senti por nenhum outro homem antes. Era um desejo diferente, tão hipnotizante e viciante.

Ele passou a língua sobre os meus lábios bem devagar, pedindo espaço e eu não sei porque, mas não pensei duas vezes e deixei que nossas línguas se encontrassem. Agora eu estava com minhas mãos em seu quadril e ele, com uma mão segurava firmemente a minha cintura e com a outra, segurava minha nuca enquanto nos beijávamos. Eu levei uma das minhas mãos para o seu abdômen, que era perfeito. O arranhei de leve, fazendo seu corpo se contrair. Então quando já não tínhamos mais fôlego, ele separou nossos lábios e começou a beijar o meu pescoço.

Foi nessa hora que eu me dei conta do que eu estava fazendo. Eu não podia estar ali. Muito menos beijando o Tom. Eu não sei o que aconteceu comigo. Parece que ele me hipnotizou. Eu realmente desejava aquele corpo, mas eu não podia. Não mesmo! Então eu o empurrei de leve. Ele separou seu corpo do meu, mas ainda continuava segurando a minha cintura.

Vou confessar que naquela hora eu queria beija-lo novamente. Sim, isso parece loucura, mas o desejo é tão grande, ai socorro! Eu tive que olhar pros lados para me desconcentrar dele.

-O que foi? - ele colocou uma mecha do meu cabelo pra trás. Eu estava com as mãos apoiadas em seus braços, que por sinal eram bem definidos.

-Eu não posso... - olhei pros lados e o empurrei mais uma vez, até que ele soltou a minha cintura, eu soltei seus braços e ele se afastou de vez.

Eu ainda estava totalmente em transe. Ele sorriu sedutoramente para mim e saiu da cozinha, me deixando lá, paralisada. Eu havia esquecido de respirar. Quando dei por mim, já estava um pouco tonta. Então voltei a respirar. Passei o dedo em meus lábios, que haviam sido beijados por ele. Eu sorri por lembrar do seu beijo, que era totalmente envolvente e muito bom.

Mas eu despertei do transe quando olhei pra baixo e vi milhares de cacos de vidro no chão, e alguns brilhavam por causa do pequeno feixe de luz da lua que entrava pela janela. O Tom estava com os pés descalços em cima disso aí. Como ele fez isso? Me abaixei para olhar e vi que não tinha nenhum vestígio de sangue. Isso é muito estranho... muito mesmo e eu vou confessar que está me deixando com medo. Primeiro o Bill desaparece e depois reaparece do nada. Depois o Tom vem com uns papos estranhos de maçã, pecado e sei lá o que mais e agora isso? O que esses caras são afinal? Tenho até medo de descobrir.

Mas o que eu achei bem estranho também foi esse desejo repentino pelo Tom. O que eu to fazendo? Tudo bem que desde a primeira que eu o vi, eu achei bem bonito, mas o Bill também é lindo. E outra, eu odiava quando o Tom fazia as suas gracinhas. E agora com uma simples aproximação eu cedi pra ele. Como assim? E o pior de tudo é que eu, em nenhum momento, senti vontade de parar com aquilo. Ao contrário, eu só queria mais e mais. Era um desejo que explodia dentro de mim e era algo quase que incontrolável. Era como se eu estivesse hipnotizada por ele. Inteiramente hipnotizada.

Aquele corpo perfeito, sua mão acariciando minha cintura, seu beijo que era totalmente viciante e perfeito. Eu nunca tive um beijo tão bom como esse. Mas eu não podia! Não podia ficar pensando no Tom o resto da noite. Assim eu to parecendo aquelas garotas apaixonadas, que ficam sonhando com o beijo do cara perfeito. Mas o pior de tudo é que eu não consigo esquecer esses poucos minutos que acabaram de se passar. Agora é como um filme que fica se repetindo e repetindo em minha cabeça. Ai que raiva!

Então sacudi minha cabeça para ver se minhas ideias se organizavam. Olhei pros lados e me lembrei que eu tinha que limpar aquela sujeira. Mas como e com o quê?

-Procurando uma pá e uma vassoura? - pulei de susto quando ouvi a voz do Tom atrás de mim. Da onde ele veio? -Nossa, eu sou tão assustador assim? - vi que ele deu uma risada.

-Não é isso, é que você aparece do nada e me assusta! - eu disse colocando a mão na altura do coração e respirando fundo para eu me acalmar.

-Bom, vou tentar ser menos sutil. - ele deu um sorrisinho metido -Aqui está a vassoura. Você varre e eu seguro a pá, pode ser? - ele disse como se nada tivesse acontecido há alguns minutos atrás. Então ele acendeu a luz. O interruptor estava atrás de um pano de prato que estava pendurado. Ah, que ótimo. Eu estreitei os olhos, pois eu já estava acostumada com o escuro.

-Ta... pode ser... claro... - eu disse meio gaguejando. Eu ainda estava atordoada com tudo. Então fizemos como ele falou. Limpamos tudo ali. Eu dei a vassoura para o Tom e disse:

-Obrigada por me ajudar a limpar isso aqui... - dei um sorrisinho simpático, mas um pouco sem-graça.

-Não foi nada... mas eu não faço as coisas de graça. Vou querer uma recompensa. - então ele largou a pá e vassoura, fazendo um barulho. Me segurou pela cintura e me beijou novamente. Nessa hora, aquele turbilhão de emoções e o desejo começaram a correr pelo meu corpo, me levando a quase loucura. Meu coração estava acelerado. Dessa vez seu beijo foi mais desesperado. Me deixando sem fôlego mais rápido. Mas eu tinha que parar, tinha que cair na real.

-Para Tom, é sério! - eu o empurrei com mais força dessa vez. Ele deu aquele sorriso malicioso de sempre e eu saí dali quase correndo. Subi as escadas e trombei com o Bill que ia descer. Eu quase caí das escadas, mas ele me segurou.

-Nossa, o que ta acontecendo lá embaixo? Ouvi um barulhão. E você está pálida. Tá tudo bem? - ele tinha um olhar preocupado.

-Ta, ta tudo bem Bill... - eu me desvencilhei dele e comecei a correr pro quarto, mas ele segurou meu pulso e me olhou um pouco assustado.

-Tem certeza? - ele levantou uma sobrancelha.

-Tenho Bill. Boa noite. - me soltei dele e corri pro quarto. Fechei a porta e a tranquei o mais rápido que eu pude.

O que está acontecendo nessa casa? Só acontecem coisas estranhas. Tudo me faz quase morrer do coração. Eu preciso saber o que ta acontecendo aqui. Não só por causa do beijo, mas pelo resto das coisas estranhas que aconteceram. Que tem algo diferente aqui eu sei, mas to vendo que não é nada bom...

Eu preciso sair dessa casa o mais rápido possível.