Saga acordou na manhã seguinte sentindo a respiração de Shou em seu pescoço. Olhou para o outro, que ainda dormia com a cabeça em seu ombro, e depois para o próprio braço, que o envolvia. Pensou em largá-lo mas não o fez. Nem queria. Ficou por um tempo passando delicadamente a mão que repousava nas costas de Shou por seu cabelo, de olhos fechados.
Shou havia acordado um pouco antes de Saga, mas continuou de olhos fechados. Não abriu os olhos nem quando sentiu Saga acordando e sentiu sua mão em seus cabelos. Não queria que Saga percebesse que estava acordado e levantasse. Não queria sair de perto dele. Mas principalmente: não queria sentir o que estava sentindo. Não era mais um sentimento físico, não era uma atração boba. Tudo o que Shou precisava no momento era atenção e era isso que Saga estava dando a ele. Estava começando a considerar Saga alguém importante, um amigo, e Shou sempre tivera esse problema em confiar nas pessoas. Tinha muito medo de ser magoado e por isso preferia não se aproximar muito das pessoas. Hiroto era um caso á parte, os dois se conheciam praticamente desde que nasceram, mas fora ele Shou nunca realmente fora tão próximo de alguém. Mas agora sem Hiroto Shou se sentia extremamente sozinho, e Saga preenchia esse vazio de algum modo. Continuou de olhos fechados até Saga levantar e ouvi-lo fechar a porta do banheiro. Shou então levantou também e foi até a sacada - que não proporicionava uma vista privilegiada de nada além de prédios - e se debruçou no parapeito, fitando imóvel a rua abaixo até sentir o toque de Saga em suas costas:
- Saga! Você...me assustou. - Shou se virara rápido.
- Desculpa. - Saga sorrira para Shou e se debruçara ao seu lado no parapeito. Ficando por um tempo em silêncio. - Dormiu bem?
- Hum? - Shou tinha certeza de que havia corado, pois Saga sorriu novamente.
- Quero dizer...ás vezes eu ronco, sabe? Ou chuto.
Shou sabia que Saga só estava falando isso pra não deixá-lo sem graça, e o apreciou por isso. Não parecia mais estar querendo deixar Shou desconfortável. Sorriu.
- Não te ouvir roncar. E acho que você não chutou. Pelo menos não a mim...então acho que dormi bem. - Shou voltara a se debruçar onde estava antes, agora rindo com Saga.
- Isso é bom. Eu tenho um chute forte. - os dois riram por mais alguns segundos e então ficaram em silêncio. Uns 3 minutos, Shou imaginara, até que distraidamente seu olhar caíra sobre Saga. Este devolveu o olhar, com a intensidade que sempre deixava Shou sem graça. Mas Shou não desviara o olhar, sentia que devia mas não o fez. Saga também mantivera os olhos nos seus, mas trocou o olhar agressivo que seguidamente Shou o vira usar por um olhar sincero, calmo. Shou novamente o apreciou por estar sendo ele mesmo em sua compania, por ter largado o papel de conquistador e estar sendo só Saga. Abriu a boca para falar alguma coisa que os tirasse da situação um tanto quanto constrangedora, mas nada vinha em sua mente. Saga quis acabar com a situação também, mas usou de um meio mais fácil do que falar: aproximou o rosto do de Shou e deixou os lábios se encontrarem. Nenhum beijo cinematográfico, nem nada que pudesse constranger quem olhasse de fora, apenas um pequeno beijo. Mas significatifo o bastante para fazer Shou ter certeza do que sentia. E do que queria.

[...]