Doce Atração escrita por melodrana


Capítulo 2
Capitulo 1 - Parte II




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Passei o resto da aula analisando os meninos. Não estava muito interessada na matéria – eu já tinha aprendido aquilo em Phoenix – e ficar olhando os garotos suando não era nenhum sacrifício.

Alice me levou até a sala de inglês e depois eu segui sozinha - guiada pelo mapinha que veio junto com meu horário - pro laboratório de química. Ela estava a minha espera, com um belo sorriso no rosto.

Fiquei muito feliz de ficar amiga de Alice. Ela parecia ser uma pessoa que não ligava nem um pouco pro que os outros pensavam. E isso era fato, porque eu percebi que os alvos de olhares não eram somente focados em mim. Ela também era bem analisada por onde passava.

Na hora do almoço, eu fui com Alice pra comprar comida e depois nós nos sentamos em uma mesa meio afastada das outras. Eu fiquei feliz por ela ter preferência por não se misturar muito com os outros. Seria meio constrangedor pra mim.

- Ah, olha os garotos aí...

Ela apontou pra porta e eu me virei pra ver do que ela falava.

Todos os atletas estavam entrando pelo refeitório, com nariz empinado, peitos estufados e um ar de superioridade que fazia todos estremecer. Até eu senti isso.

- Meninos!

Alice berrou e o maior se virou pra ver de onde vinha aquela voz fina e delicada. Eles logo nos encontraram e eu, se pudesse corar, teria ficado bem vermelha.

- Alice! – respondeu o mais alto, vindo em nossa direção.

Eu vi 4 homens andando em perfeita sincronia, com seus músculos destacados por aquelas camisas coladas, com o cabelo balançando – pelo vento do ventilador, mas estavam balançando – e com sorrisos brancos e brilhantes, com os olhos em mim.

Juro que foi a primeira vez na vida que eu me senti intimidada. Não foi uma sensação muito boa, geralmente sou eu que faço isso.

- E aí baixinha, quem é a tua nova amiga? – perguntou novamente o líder, olhando diretamente pra mim.

- Gente, essa é a Bella... Bella, esses são o Emmett, Jasper, Eric e Mike... – ela me apontou todos. Emmett é o grandão, Jasper o loirinho, Eric é um que eu nem tinha notado a presença no campo, mas é parecido com o Jasper, só que com o cabelo preto e Mike era o menorzinho, o deslocado. 

Todos sorriram pra mim e eu sorri de volta. Mike me olhava com mais intensidade que os outros. Agora que eu percebi o meu poder de sedução, me senti meio lisonjeada de um atleta estar me olhando daquela maneira.

- Eu acho que você ia se dar bem com as lideres de torcida... – falou Emmett, me analisando de uma forma que eu percebi que não era muito agradável.

- Emmett... A menina mal chegou...

- Só dei a minha opinião...

- Sentem aí... Tem lugar de sobra... – Alice apontou pro meu lado e eu vi que o Mike ficou bem interessado na cadeira vaga perto de mim.

Jasper se sentou ao lado de Alice e os dois trocaram olhares. Eu acho que a coisa por ali tinha um ar de romance, mas os dois ainda preferiam não se expor muito.

- Você viu a Rose? – perguntou Emmett a Alice, que teve que deixar de prestar atenção em Jasper.

- Ela ta vindo aí...

Me virei novamente e vi que uma menina loira, com o uniforme de líder de torcida. Ela com certeza era a capitã, pois além de muito magra e graciosa, ela era muito bonita. A garota vinha na direção de Emmett, com um sorriso no rosto. Logo que ela o alcançou, deu um beijo nada discreto nele, me deixando meio sem graça. Os outros nem se importaram. Isso deve ser rotina.

- Oi gente... Você é...? – ela se dirigiu a mim, com um certo interesse. Será que ela me acharia apropriada pro time das animadoras assim como o seu namorado?

- Meu nome é Bella...

- Prazer Bella, eu sou a Rosalie, mas todos me chamam de Rose... – ela sorriu e me fitou novamente. Parecia ser uma boa pessoa como a Alice. – Emmett, vem comigo, eu preciso te mostrar uma coisa...

- O que? – perguntou ele interessado.

- Vem que eu te mostro... Com licença gente...

Ela o pegou pelo braço e o arrastou pra fora do refeitório. Eu apenas fiquei imaginando o que ela iria mostrar pra ele.

De repente percebi que Mike estava sentado ao meu lado, me olhando. O Eric tinha pegado um pedaço da pizza que tinha sido rejeitada por Alice, que no momento estava envolvida em uma conversa com Jasper. Eu me senti meio isolada – como sempre – mas depois eu vi que eu tinha com quem falar.

Mike me olhava de uma forma tão bonitinha. Eu percebi depois disso que definitivamente ele estava fora do seu lugar. Ele não combinava com os fortões e eu não conseguiria ver ele agarrado na cintura de uma animadora.

- E aí, ta gostando da escola? – ele me perguntou depois que eu retribuí efetivamente o seu olhar.

- É... Ta legal...

- Você parece não estar muito a vontade... – quase que eu falei a ele que o que estava me deixando incomodada era o seu olhar, mas eu preferi não ferir os sentimentos do garoto.

- Eu não me adapto muito fácil... – sorri desajeitada, esperando que ele mudasse de assunto.

- Eu acho que você se encaixaria perfeitamente nas lideres de torcida...

- Ah... Eu não acho...

- Por que não? Você parece ter muita desenvoltura, e além de tudo, você é muito bonita...

Ele corou ao falar essa frase. Percebi que ele se arrependeu de ter sido tão direto.

- Obrigado, mas acho que não é o meu estilo... Assim como não é o seu ser atleta...

- Você percebeu? – a voz dele saiu aguda, como de alguém que não queria ser surpreendido com essa resposta.

- Dá pra ver que você está meio deslocado... Por que você faz o que você não gosta?

- Ah... Foi o único jeito de me interar com as pessoas... Eram os atletas ou os nerds...

Eu olhei pra mesa que ele apontou. Realmente foi a melhor escolha.

- Bella, vamos, o refeitório já ta quase vazio... – falou Alice, se levantando. – eu vou te levar pra sua próxima aula...

- Pensa no que eu disse... – falou Mike, se afastando com Eric.

- O que ele te disse? – perguntou Alice, curiosa.

- Ele me fez a proposta de líder de torcida...

- Ah, vai se acostumando... O Jasper também falou que vai te convidar...

Nós andávamos pra fora do prédio e eu vi que o olhar de Alice correu pra ele, que estava seguindo seu caminho pra o corredor que eu lembrava que dava pro laboratório de química.

- Hum, o Jasper... O que a senhorita tem com ele?

- Ah, a gente tem um rolinho... O Edward não me deixa namorar os amigos dele...

- Edward?

- Meu irmão...

Esse nome soou forte. Gostei.

- E por que ele não deixa?

- Ele é meio super-protetor sabe... As vezes isso enche muito o saco...

Nós tínhamos chegado ao campo, onde varias meninas se alongavam. Eu fiquei com medo de ir até lá e encarar todas elas, mas Alice já tinha me dado boa sorte e tinha se afastado de mim. Eu então fui até onde todas estavam reunidas e comecei a me alongar também – como se eu precisasse.

Foi atletismo. Eu adoro atletismo. Correr é o meu forte.

Bem, eu ganhei todas as corridas. Foi muito bom pro meu ego, mas pra minha vida social não foi nem um pouco. Descobri que agora todas as meninas que tinham aula no mesmo horário que o meu me odiavam. Até a professora pareceu não gostar de mim. É muito azar.

Saí da aula e fui diretamente pra sala de biologia. Pra minha tristeza, três meninas da educação física também estavam ali. Elas me encaravam com uma cara de raiva e eu estava com medo de levar uma surra no final da aula.

Não consegui ver Alice depois da aula. Eu não consegui achar o carro dela, e se eu fosse procurar, iria perder o ônibus. Minha mãe não ficaria muito feliz com isso.

Me sentei no mesmo lugar de hoje de manha. As pessoas agora começaram a ignorar a minha presença e eu me senti mais a vontade.

A cidade aquela hora era um pouco mais movimentada. Eu fiquei meio que hipnotizada olhando pela janela, observando os carros passando. Eu rezei para que alguém desse alguma buzinada, ou algum motoqueiro ultrapassasse o ônibus bruscamente, só pra ter um pouco de emoção.

Mas o que realmente me atraiu não foi nenhum incidente no transito.

De repente eu vi um cara alto, cabelo cor de bronze, corpo definido, e um cheiro divino.

Eu nunca tinha sentido um cheiro tão delicioso. Era a mistura do aroma de um campo de flores silvestres com um toque de mel fresco. Minha garganta começou a arder e eu me senti obrigada a sair daquele ônibus.

Saí do meu lugar e fui direto ao motorista. Ele me olhou com espanto, mas como o sinal estava fechado, ele abriu a porta pra eu sair.

Corri na velocidade em que as pessoas não se espantariam. Ele estava se distanciando, seu cabelo balançando, fazendo com que seu aroma chegasse com maior intensidade a mim.

Eu estava perdendo o controle. Meus pés eram ágeis e meu desejo por aquela pessoa aumentava cada vez que o ar entrava e penetrava em meu cérebro.

De repente eu me dei conta de que eu estava caçando aquela pessoa.

Foi como se eu tivesse colocado o pé no freio. Pensei em minha mãe, Reneé. Não posso fazer isso com ela. Não posso colocar a vida dela e a minha em risco dessa forma.

Mas eu ainda sentia seu cheiro. Era muito forte, eu não conseguia controlar a ardência em minha garganta. Então eu parei de respirar.

Melhorou um pouco, mas ele ainda estava ali, presente. Eu nunca senti algo assim. Nunca senti tanta vontade de sugar o sangue de alguém como senti dessa pessoa. Será que isso seria comum? Será que a minha mãe já sentiu isso alguma vez?

Eu me controlei e fui andando até em casa. Foi um longo caminho – já que eu não podia correr – mas aos poucos eu fui me acalmando.

Cheguei em casa e minha mãe estava na cozinha, limpando a dispensa – não sei por que, a gente não usa.

- Bella? Tudo bem?

- Acho que está... – eu pensei em contar tudo pra ela, mas seria bem capaz dela me impedir de sair de casa.

- Como foi seu primeiro dia?

- Foi... bom... – falei sem nenhuma emoção na voz.

- Fez algum amigo?

- Fiz...

Eu estava subindo as escadas, pronta pra ir pro meu quarto, mas minha mãe não parava de me encher de perguntas.

- Quem é?

- Mãe, será que eu poderia ir um pouco pro meu quarto? Eu to com um pouco de... dor de cabeça...

- Bella, desde quando você tem dor de cabeça?

- Desde hoje mãe...

Subi e não deixei ela falar mais nada. Minha cabeça estava realmente doendo.

Deitei na minha cama – nem sei por que eu tenho uma – e percebi que eu ainda não estava respirando. Dei um longo suspiro e tentei relaxar. Eu não podia mais sentir o cheiro, mas ele estava gravado em minha lembrança.

Fechei os olhos e tentei não prestar atenção em nada. Foi fácil. Quando abri novamente os olhos já havia anoitecido. Achei meio estranho minha mãe não ter me chamado pra ajudá-la em alguma coisa. Ela deve ter percebido que eu não estava bem.

Me levantei e abri a janela. O vento bateu nos fios de cabelo que estavam sobre o meu rosto e os afastou pra traz. Ele trouxe pra mim novos aromas como o jantar do vizinho da frente – risoto de camarão – o cheiro do eucalipto que havia plantado a algumas casas, e de repente senti novamente o cheiro de mel.

Fechei os olhos e balancei a cabeça pra tentar afastar aquela lembrança, mas minha garganta voltou a arder.

Porque é que isso me deixa tão mal? Por que eu não posso simplesmente ignorar esse aroma como eu faço com todos os outros? Minha cabeça girava, eu estava ficando tonta.

De repente meus pés estavam no batente da janela e eu estava pronta pra pular. O vento bateu novamente em mim e eu saltei.

Saí correndo e fui pra dentro da floresta caçar.


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