Doce Atração escrita por melodrana


Capítulo 1
Capitulo 1 - Mudança


Notas iniciais do capítulo

Meus capitulos são BEM grandes, então vou separá-los em duas partes =D
Boa leituraa



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Começar tudo de novo.

Não é a primeira vez que eu faço isso. E nem vai ser a ultima, com certeza. Já estou até me acostumando a viver como uma nômade. Fazer novos amigos, começar outra vida em uma outra escola, outra casa, outros vizinhos... Depois abandonar tudo e fazer o mesmo em um lugar a quilômetros de distancia.

Eu não sei por que minha mãe insiste tanto em fazer isso. Eu sei que nós somos capazes de morar em um lugar só. Eu consigo. Mas ela cismou que nós temos que nos mudar pra não levantar suspeitas.

Bem, eu consigo ser discreta. Mas falar isso pra minha mãe é um pouco complicado. Por mais que eu dê conselhos, fale pra ela ser um pouco mais calma em suas caçadas, ela não me escuta. Ela sempre deixa algum rastro por aí e sempre alguém acha. Aí lá vamos nós mudar de cidade.

Eu acho que algumas vezes ela fez isso de propósito. Digamos que os vizinhos não simpatizam muito quando nos vêem. Não sei se é por causa da nossa cor extraordinariamente branca, ou se é pelo nosso estilo de vida. Eles simplesmente não vêm conversar com a gente como qualquer vizinho normal faria.

Isso aconteceu somente uma vez. Em Phoenix, uma das melhores cidades onde eu morei. Lá foi o único lugar que eu fiz uma amiga de verdade, a Stephenie. Bem, acho que ela ficou minha amiga porque nós duas somos iguais. Ela também sofria com o isolamento e com uma mãe meio louquinha, então quando nós nos conhecemos, foi como olhar para um espelho. E a semelhança na espécie também ajudou. Ela foi a única que eu encontrei com a minha idade.

Mas, como sempre, minha mãe inventou uma desculpa e nós fomos embora de Phoenix.

Agora eu estou aqui em Forks, uma cidade fria e chuvosa. Bem, pra minha convivência social é bem melhor não ter sol, mas eu adoro ficar a tarde inteira deitada em uma cadeira de praia com todos os seus raios tocando a minha pele. É revigorante.

Mas como eu nunca tenho voz ativa nas mudanças, eu tive que concordar em vir morar nesse fim de mundo. Essa cidade além de ter o índice de umidade bem elevado, é completamente pacata. Não existem festas ou shows. Acho que o máximo que pode acontecer é o baile de primavera da única escola da cidade.

Eu adoro multidões. Não é tão fácil lidar com elas algumas vezes, mas eu adoro desafios. Mas acho que a vida aqui vai ser um completo tédio. Sem desafios, sem sol, sem amigos. Acho que eu vou caçar alguém pra ver se a minha mãe inventa de sair daqui.

***

- Bella, você vai perder o ônibus!

Por que é que eu tenho que ir de ônibus pra escola? Será que não dava pra minha mãe ser pelo menos um pouco normal e me comprar um carro?

- Já to descendo mãe!

Peguei minha bolsa com alguns livros, meu caderno e minha carteira e desci as escadas correndo. O dia hoje não estava chuvoso, mas as nuvens cobriam o meu amigo sol. Muito triste.

- Bom dia mãe... – dei um beijo em seu rosto e peguei minha chave que estava pendurada ao lado do armário de mantimentos.

- Bom dia filha... Preparada pro primeiro dia de aula? – ela fala como se eu nunca tivesse mudado de escola na vida.

- Sim... Já sei as coisas básicas: olhares estranhos, isolamento e talvez eu encontre alguém que venha falar comigo só pra perguntar se estou passando mal por causa do meu tom de pele...

- Bella, não é tão ruim assim... Você vai se adaptar...

- Aí quando eu me adaptar, você inventa de mudar de novo.

- Não, eu não vou fazer isso... Forks parece ser uma ótima cidade pra se morar... Sossegada, sem sol... – ela fala isso de todas.

- Ok mãe, agora me deixa ir por que senão eu não pego o ônibus...

- Tchau filha, boa aula.. – ela me agarrou e me deu um beijo na testa. As vezes ela exagera um pouco nos contatos físicos.

- Brigada...

Eu saí correndo de casa. Não que eu estivesse com pressa - perder aquele ônibus seria melhor coisa que me aconteceria no dia - mas é que eu queria fugir de outros possíveis ataques de carinho da minha mãe.

Fiquei naquele ponto sozinha por no mínimo uns 5 minutos. Os lugares que a minha mãe escolhia pra instalar a nossa nova vida geralmente eram bem isolados do resto das casas. Então com certeza aquela hora da manha eu não teria nenhuma companhia.

Quando o veiculo amarelo escrito “escolar” parou na minha frente, eu vi que não existia nenhuma alma viva por ali. O meu ponto era o primeiro do dia.

Entrei e sorri pro motorista. Ele me analisou com bastante atenção. Acho que ele nunca tinha visto alguém albino - albino é meio ruim, mas acredite, já me chamaram de coisa pior.

Segui pro ultimo banco do ônibus. Talvez se eu ficasse quietinha no meu canto, ninguém notaria a minha presença.

Eu fui uma idiota de pensar isso.

Enquanto as pessoas entravam no ônibus, eu sentia todos os olhares me fuzilando. Alguns acharam estranho e se sentaram bem longe de mim. Alguns se sentiam interessados, mas com medo de falar alguma palavra e eu ter alguma reação não muito boa. Outros até se sentiam intimidados. Isso até que era um ponto bom. É legal ver as pessoas corarem quando não se pode fazer isso.

Quando o motorista estacionou, todos desceram. Eu fiquei por ultimo – é lógico – e quando coloquei os pés no chão, senti que aqui não seria nem um pouco diferente do resto do mundo.

Comecei a caminhar em direção ao prédio principal. Não sei se era pra lá que eu deveria ir, mas tive a intuição de estar seguindo o caminho certo.

Várias pessoas chegavam ao mesmo tempo. Uns a pé, outros em seus próprios carros – como eu queria ser uma delas - mas o que me chamou a atenção foi uma menina que desceu de um carro bem simples, mas ainda sim muito bonito.

Ela era toda delicadinha, bem pequenina, com seus cabelos pretos curtos esvoaçantes com o vento. Tinha um belo sorriso no rosto e seus passos vinham rapidamente em minha direção.

- Oi! – ela falou e eu olhei pra traz pra ver se era comigo mesmo – você é nova aqui não é?

- Eh... Sou sim... – eu sorri de volta. Não posso recusar nenhuma amizade nesse momento.

- Bem vinda!

- Obrigada... – essa menina deve estar com febre ou qualquer coisa parecida. Ninguém se comunica comigo assim, tão sorridente.

- Ta tudo bem? Você parece meio... incomodada – nós já estávamos no meio do caminho. Varias pessoas – mais do que antes – nos olhavam. Ela nem parecia se incomodar.

- Não, não é nada... É que ninguém nunca foi tão simpática assim comigo...

- Só porque você é meio branquinha? – ela sorriu e eu tentei fazer o mesmo, mas a minha reação não conseguiu ser amigável.

- É um dos motivos...

- Eu acho essa sua cor bem exótica...

- Obrigada... – exótica foi um bom elogio. Melhor que Albina. – você também é bem diferente.

- É, pode se dizer que eu chamo a atenção como você... – ela sorriu novamente. Estava me sentindo tão a vontade. Acho que pelo menos eu vou ter uma boa companhia pro almoço.

- Meu nome é Bella... – falei depois que nós passamos pela porta do enorme prédio.

- O meu é Alice... – combina com ela.

Quando eu me dei conta, já estava na frente da secretaria. Eu entrei e pedi o meu horário pra moça que estava atrás do balcão.

- Cálculos, inglês, química, educação física e biologia... – li em voz alta enquanto analisava minuciosamente todas as minhas aulas.

- Ah! A gente tem o 1º e o 3º horário juntas!

- Ótimo. Assim a gente pode conversar mais! – falei bem entusiasmada. Dialogo não é uma coisa freqüente na minha vida.

- Vamos pra sala, a gente precisa pegar os nossos lugares...

Ela pegou em meu braço e começou a andar pelo enorme corredor. Percebi que ela se sentiu meio incomodada com a temperatura da minha pele, mas não demonstrou nenhuma repulsa. Acho que ela quis ser simpática.

Chegamos a uma sala bem ajeitada, com janelas que davam diretamente pro campo de futebol. Alice me arrastou pra carteira que tinha uma visão panorâmica do terreno lá embaixo.

- Acho que você vai querer ficar aqui... – falou ela quando me viu espiando além da janela – os atletas logo vão entrar em campo...

Alice se sentou na minha frente e fixou os olhos na grama verdinha que se estendia até a extremidade do outro prédio.

Deduzi que a visão dela era melhor, mas não me incomodei. Eu na verdade nunca me interessei muito por garotos – ou eles não se interessavam por mim.

- Eu acho que você vai fazer sucesso com os atletas... – Alice tinha se virado pra mim e estava esperando uma boa resposta.

- Por quê?

- Bella, você pode não achar, mas você é muito bonita... Talvez uma das mais bonitas dessa escola... – eu sei que o meu gene de aparência é bem desenvolvido, mas ela estava exagerando. Já conheci meninas com muito mais beleza do que eu.

- Alice, não exagera...

- Não to exagerando Bella. Presta atenção a sua volta, todos te olham... Você acha que esse interesse é só porque você é nova e meio branquinha?

Pensando bem, Alice tem razão. Eu sou observada constantemente por meninos. E as meninas meio que me olham com nojo, como se eu tivesse tirando alguma coisa delas. Será que é por isso que eu chamo tanta atenção?

- Tem certeza Alice?

- Absoluta... É só olhar pro lado...

Ela me apontou um menino que estava sentado a duas carteiras de mim. Seus olhos pareciam arder quando olhavam pra mim. Quando o encarei, ele virou rapidamente pro lado e fingiu estar lendo um livro.

- Viu?

- Ta... Mas isso não é garantia de que os atletas vão gostar de mim... Eles têm as lideres de torcida...

- Vamos ver na hora do almoço... Eu vou te apresentar uns caras...

Alice se virou e começou a anotar no caderno o que o professor – que eu nem tinha visto entrar – estava escrevendo na lousa.

- Você conhece eles? – eu cutuquei as suas costas e ela se virou novamente.

- Conheço... São todos amigos do meu irmão...

Ela voltou a olhar pra frente e eu desviei meu olhar pro campo. Eles começaram a entrar e eu fiquei imaginando Alice, toda delicada, no meio daqueles brutamontes.

Os caras realmente eram bonitos. O primeiro da fila, todo imponente, tinha o cabelo bem curto e os músculos totalmente definidos. Ele deveria ser ótimo em batalha.

Mas atrás havia um loirinho, com o cabelo um pouco mais comprido e mais rebelde, um pouco menor de altura, mas mesmo assim ainda bem torneado. Esse seria um ótimo rastreador.

O resto era quase igual. O que me chamou a atenção foi o ultimo da fila. Ele era bem menor do que os outros, mais mirradinho, com o cabelo mais arrumado. Ele parecia meio deslocado.

Alice também os observava. Seus olhos estavam presos ao loirinho. Não sei se eles tinham alguma coisa, mas se não tivesse, eu tenho certeza de que a Alice vai tomar uma providencia pra isso acontecer.


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