A Menina e o Gigante escrita por Megurine Jackie


Capítulo 3
Dia 3


Notas iniciais do capítulo

Um encontro especial.



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Rena caminhava há vários dias já, e ainda não não tinha visto nenhum sinal de vida. Ela realmente estava preocupada.

'Tenho que achar um jeito de voltar para casa. E rápido!'

Ela estava sentada em um banco de praça. A visão que ela tinha era realmente deprimente. Um playground a sua frente, um grande lago parado, algumas árvores. Ela imaginava como seria ver algumas crianças brincando nos balanços, um casal fazendo piquenique, o vento balançando as folhas das árvores...

'Que saudades de casa...'

Não era só Rena que sentia saudades de sua casa.

Não muito longe dali, a grande criatura estava sentada no chão, olhando para a paisagem a sua frente. Ele parecia estar muito triste. Seu olhar perdido refletia bem seus sentimentos. Pobre gigante... Só queria poder voltar para seu lar. 

O lar da grande criatura era muito diferente daquele lugar que se encontrava. O gigante já estava começando a perder as esperanças de encontrar outra criatura viva, alguém que pudesse ajudá-lo a voltar para casa.

Os dois seres, apesar de muito diferentes um do outro, estavam em uma condição parecida. Eles tinham uma conexão, mesmo não tendo se conhecido. Eles não imaginavam que seus corações estavam conectados...

Rena sente a estranha necessidade de tocar seu violino. Ela não entende por que em certos momentos, principalmente nos momentos em que se sente mais sozinha ou confusa ela sente esse desejo de tocar seu instrumento. Ela o retira do estojo e, olhando para o céu, com os olhos cheios de lágrimas, ela começa a tocar uma linda melodia. Triste, mas belíssima.

 O gigante é abruptamente interrompido de seus pensamentos. Ele ouve novamente a linda música. Ele se levanta para tentar identificar de onde vem o som, mas dessa vez ele toma muito cuidado ao caminhar entre aquelas minúsculas construções à sua volta. Ele quer muito encontrar o ser que produz tal melodia.

A gigantesca criatura sente algo estranho acontecendo em sua face. Algo que ele não era capaz de compreender muito bem, mas pareciam as gotas pesadas daquela tempestade do outro dia, mas saiam de algum lugar em seu rosto. O gigante tocou na face, preocupado com o que seria aquilo. E continuou andando em direção ao som.

Rena também chorava enquanto tocava a bela música. Ela se sentia muito só, quase sem esperanças de encontrar alguém que pudesse ajudá-la a sair daquele lugar estranho. Suas lágrimas desciam pela face instantâneamente, sem que ela conseguisse impedir. Mas ela não pensava em nada naquele momento. Só sentia a música...

De repente Rena ouve um estranho ruído vindo do leste. Ela abre os olhos e pára de tocar o violino. Tenta prestar atenção, tentando ao máximo descobrir de onde vem o barulho, que pareciam explosões.

- Mas o que será isso? - Pensa alto.

O gigante nota que a melodia cessa, mas ele não pára de caminhar na mesma direção. Ele estava ansioso por descobrir se aquela criatura, capaz de produzir tão bela melodia, seria capaz de ajudá-lo a sair daquele lugar estranho.

Rena começou a correr em direção daquele estranho som. Ela não temia mais, pois não imaginava que houvesse a possibilidade de piorar sua atual condição. Ela queria saber o que produzia aquelas explosões. 

'Pode ser que existam outras pessoas como eu...'

Ela chega na estrada. Longa e cheia de automóveis vazios. Ela continua a correr no meio de tantos carros. Às vezes esbarrava em um ou outro. Nesse caso, o rádio do carro ligava instantaneamente, transmitindo apenas sinais de estática. Ela assustou-se na primeira vez, mas continuou correndo.

O gigante caminhava cuidadosamente quando avista a longa estrada. Para ele, nenhum daqueles objetos eram conhecidos. Ele começou a pisar nos carros, enquanto caminhava pela estrada. Ele tentava perceber se havia vida ali por perto, mas não conseguia sentir nada.

Rena finalmente termina aquela subida enorme que ela encontrou em seu caminho. Ainda recuperando seu fôlego ela chega na parte mais alta da estrada, esperando ver apenas mais e mais carros à sua frente. Mas o que ela vê a surpreende como nunca esperaria.

Ela olha aquele grande ser de pedra caminhando com todo o cuidado, olhando para o chão, sobre os carros da estrada. A cada passo que ele dava, ela ouvia aquele barulho, o que parecia ser uma explosão.

- Meu Deus! O que é aquilo? - Espantada.

De repente o gigante pára. Ele levanta a cabeça como quem procura algo

O gigante está tentando sentir a existência de vida. Ele percebe que existe uma pequena existência, muito próxima dali. Ele volta o olhar para o alto da estrada e, com certa dificuldade, enxerga o pequeno ponto verde. O ponto verde era a vida que ele percebera.

O ponto verde era o vestido de Rena. 

A menina parecia estar apavorada. Sua face ficou pálida, ela não sabia se corria ou se descia para saber mais. Ela sempre fora uma menina muito corajosa e curiosa. E desde que chegara àquele mundo ela decidira que não fugiria mais.

O gigante caminhava lentamente em direção à vida que ele reconhecera. Ele estava com medo, não sabia se aquela criatura iria tentar fazer-lhe algum mal. Mas ele estava cansado de caminhar sozinho por aquele mundo tão estranho. Ele decidiu que não fugiria mais.

Rena começou, instintivamente, a se afastar do alto da estrada. Ela ainda estava com muito medo.

'Ele parece um monstro! Ele vai me comer!'

 O gigante notou que ela começou a se afastar, e parou de andar. Ele não queria assusta-la. Essa criatura poderia ser sua única chance de conseguir ajuda, para sair dali. Ele, cuidadosamente, afasta os carros com suas mãos gigantescas, e se senta na estrada, em sinal de que não faria nada de mau àquela pequenina criatura.

Rena achou muito estranho. O gigante se sentou na estrada. Ela pensou que se ele realmente quisesse come-la, ela já teria o feito. Com aquelas pernas enormes ele deveria correr muito rápido.

Ela começou a caminhar em direção daquela criatura gigantesca. Ela pensava que deveria estar enlouquecendo. Mas estava decidida que iria falar com aquele gigante.

O colosso olhava atentamente àquela pequenina criatura caminhando em sua direção. Ele tremia por dentro, estava com medo daquele ser. Mas precisava muito de ajuda.

Rena caminhou até chegar bem próximo ao gigante. Ela parou e, ainda tremendo, acenou para ele.

- O...Oi. Tudo bem? - Disse ela, gaguejando.

O gigante a olhou com atenção, levantou sua enorme mão e acenou, imitando o gesto da garota. Ele fez um ruído ensurdecedor, o que causou um grande susto na garota. Ela se agachou com as mãos nos ouvidos.

O gigante parou imediatamente, assustado com a reação daquela criaturinha. Voltou apenas a observa-la.

Rena deduziu que ele não falava sua lingua.

- Desculpe, você me assustou... - Disse isso e sentou-se na sua frente.

Ele apenas olhava, tentando imaginar o que seriam aqueles ruídos que a pequena criatura emitia.

'Hum, acho que ele não vai me ajudar a sair daqui...'

Repentinamente, Rena teve uma idéia. Ela abriu o estojo do violino e decidiu tocá-lo.

Ela se levantou, lentamente encostou o instrumento em seu pescoço, posicionou a vara e começou a tocar uma melodia alegre. E belíssima.

Os olhos da gigantesca criatura se iluminaram. Finalmente ele encontrou o ser que produzia o único som familiar para ele. Ele sorriu muito feliz, pois agora havia alguma esperança para ele. Bastava ele saber como se comunicar com aquele ser tão pequeno, de aparência tão indefesa.

Rena notou a expressão de alegria na face daquele gigante.

- Então você gosta de música? Isso é ótimo! É a única coisa que eu sei fazer direito nesse mundo estranho...

E naquele momento os dois sentiram-se mais próximos de uma solução. Sentiram que se caminhassem juntos conseguiriam chegar onde ambos queriam. Seus lares.


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Notas finais do capítulo

Estou especialmente emocionada com esse texto. Agradeço a todos que estão acompanhando a história.