Bokura no Love Style escrita por Shiroyuki


Capítulo 49
Capítulo 49 - Otonna ni naru




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/113485/chapter/49

— … e o que você vai fazer agora? – Aiko perguntou, interessada.

— Ainda não sei… mas eu vou pensar em alguma coisa – Hanako confirmou, decidida.

Uma semana havia se passado desde que ela e Hikaru haviam terminado tudo. No dia seguinte a isso, ele já havia se apropriado do lugar de Aiko no fundo da sala, e quando ela voltou a frequentar as aulas, não teve alternativa a não ser sentar no antigo lugar dele, ao lado de Hanako.

Hanako havia acabado de contar à amiga tudo sobre o rompimento, com detalhes, e as duas concordavam realmente muito estranho. Haruhi disse mais de uma vez que Hikaru não agiria assim sem um bom motivo, mas desde que havia acontecido, Hanako não conseguira conversar com ele, e nem saber o que havia acontecido de verdade. Por vezes, chegou a imaginar que tudo o que ele disse a ela naquele dia havia sido real, e que ele apenas brincara com seus sentimentos. Se fosse verdade… seria simplesmente muito cruel. Ela se recusava a acreditar nessa hipótese, embora, a cada dia fosse mais difícil pensar em qualquer outra coisa.

Pouco tempo depois, o sinal de início das aulas tocou, e o professor adentrou e iniciou a chamada. Em seguida, Hikaru apareceu, com o uniforme mais desalinhado do que nunca, e a mochila pendendo sobre os ombros cansados. As olheiras abaixo dos seus olhos indicavam que não havia – novamente – pregado os olhos de noite. Será que havia ficado a madrugada inteira acordado por causa de alguma festa… ou pior, por causa de alguma garota? A possibilidade fez Hanako cerrar os dentes, fitando-o irritada.

—Ah, Hitachiin-san! Eu precisava mesmo falar com o senhor – o professor disse, ao ver Hikaru – Sobre aquele assunto sobre o qual a sua tutora falou…

— Não. Agora não – Hikaru cortou-o, balançando o olhar vacilantemente para Hanako, e retornando rapidamente – Depois…

— Certo… - Ikeyamada-sensei assentiu, meio a contra-gosto, e deu prosseguimento à aula.

— O que você acha que é? – Hanako indagou para Aiko, em voz baixa.

— Não sei… - Aiko realmente não se importava nem um pouco – Mas se eles têm que discutir um assunto com a tutora… talvez ele esteja abandonando a escola… - ela supôs, sensatamente.

— O quê? … - ela chocou-se, baixou o olhar, e então tornou a erguê-lo na direção de Hikaru. Ele, que estava com as pernas erguidas sobre a mesa, e a cabeça apoiada sobre os braços, perdeu de leve o equilíbrio ao notar o olhar de Hanako sobre ele. Estava também, olhando na direção dela. Após a breve troca de olhares, ela voltou-se para frente. Sim, aquilo entre eles ainda não havia sido devidamente resolvido.

O assunto não saiu da cabeça de Hanako nem por um instante durante toda a aula. Ela estava decidida a tirar todos os assuntos pendentes com Hikaru a limpo, mas… se ele pretendia fugir para longe, ela não tinha como agir! Ela queria Hikaru ao seu lado, queria sim. Mas… por que Hikaru iria querer sair da escola, se ele mesmo disse, com todas as palavras, que não se importava com ela e que não queira mais vê-la? Será… que ele pretendia voltar à Inglaterra, depois de todo esse tempo? Não! Não era possível!

Quando o sinal para o intervalo tocou, Hanako saiu mais do que rapidamente do seu lugar, deixando Aiko para trás. Estava determinada a seguir Hikaru, até que ele lhe desse atenção, e então confirmar com ele todas as suas suspeitas. Ele havia saído tão logo o sino soou, para fora da sala de aula. Hanako não perdeu tempo, seguindo-o, enquanto ele ia para a direção do telhado provavelmente. No entanto, ele virou um corredor antes, e adentrou no banheiro masculino. E ela ficou sem saber para onde ir. Aguardou, escondida atrás da parede na esquina do corredor, até que ele saísse.

— O que está fazendo escondida assim, Hanako-chan? – alguém indagou, sobressaltando. O coração dela pulou até a boca, tanto pelo susto quanto pelo dono da voz.

— Ah, Kaoru-kun… - ela gaguejou, virando-se e tentando ficar em uma posição menos sorrateira – Eu estava… procurando pela Haruhi….

— A sala dela fica do outro lado do prédio. – ele respondeu rindo. – Se quiser, eu a acompanho.

— Hm, não é preciso, Kaoru-kun, eu me viro bem sozinha… - ela respondeu sem jeito, tentando captar com o canto dos olhos qualquer movimento de Hikaru para fora do banheiro – Etto… como você está? – ela perguntou rapidamente, querendo dar continuidade a uma conversa cordial e normal.

— Bem. Eu… decidi fazer faculdade de medicina… - ele contou, contente – Depois… depois de ver Yoko no hospital, e tudo o mais… eu decidi que quero ter a chance de salvar pessoas como ela! Eu quero… ajudar as pessoas, e poder salvá-las, da maneira que eu não consegui fazer com a Yoko… - ele baixou o olhar. Hanako sentiu seu coração inflando-se de orgulho.

— Kaoru-kun! Isso é… Eu tenho certeza de que você será um médico maravilhoso! Sim, com toda a certeza, você vai conseguir! – ela sorriu para ele, transmitindo confiança. Kaoru sorriu de volta, mas foi por pouco tempo. Logo, seu semblante voltou a sombrear-se, com as lembranças do fim não concretizado entre os dois.

— Sabe… não é por causa de tudo o que aconteceu que nós não podemos ser amigos, Hanako-chan, e conversarmos normalmente dessa forma… - Kaoru disse, gentilmente. Hanako vacilou por um momento, sendo pega de surpresa por aquelas palavras – Bem, nós podemos continuar sendo amigos, não é? Como éramos antes de começarmos a namorar…

— Nós nunca fomos amigos, Kaoru-kun – Hanako foi categórica – Desde o início, eu sempre gostei de você. É claro que não conseguia vê-lo como um amigo…

— Ah, sim… - perdeu-se Kaoru. Pensando por aquele ângulo, aquilo se tornava uma coisa óbvia – M-mas…

— Isso não significa que não possamos ser amigos a partir de agora! – Hanako tentou ser gentil, e sorriu para ele. Kaoru não sorriu de volta.

— Sinto muito, eu acabei de mentir. – ele esfregou a mão na cabeça, parecendo irritado – Eu não conseguiria ser só seu amigo, mesmo que tentasse – disse diretamente, encarando-a sem vacilar. Hanako engoliu em seco, com o rosto em chamas. Seu coração, lentamente, voltou a bater no mesmo ritmo que sempre bateu quando ele estava por perto. E a enxurrada de emoções que Kaoru trazia de volta retornou com toda a força. – Hanako, eu soube que você e o Hikaru terminaram, então…

— Então você soube… - ela baixou os olhos verdes para o chão, e tentou sorrir – Eu não queria terminar com ele, não queria que isso acontecesse. Não mesmo. – suspirou – Mas acho que não tem nada que eu possa fazer, por enquanto. Ainda estou pensando em alguma maneira de…

— Você quer voltar com ele…? – Kaoru pareceu verdadeiramente indignado com aquela posição.

— Quero… eu quero. – Hanako titubeou, e então afirmou com mais vontade – Eu quero sim. Hikaru esteve comigo nos piores momentos, e… eu quero poder retribuir tudo o que ele me ofereceu à altura. Quero poder cuidar dele também, e ficar ao seu lado por muito tempo… Não aceito terminar com ele dessa forma. Ele nem me deu a chance de me posicionar! Eu não me conformei com esse fim ainda. – ela cerrou os olhos, decidida.

Kaoru nunca havia visto Hanako com uma opinião tão firme. E ela nunca havia falado com ele naquele tom alto também. Ele se assustou por um momento, pois… aquela era uma Hanako que ele nunca conheceu! Não parecia nem um pouco a garota tímida e complacente por quem ele se apaixonou. E ele não sabia o que pensar dessa nova Hanako.

— Você não ficou desse jeito quando nós terminamos… - ele falou, usando apenas um tom de comentário. Não era como se estivesse acusando ela de qualquer coisa – Quero dizer… você aceitou rápido demais…

— Era uma situação diferente – ela entoou, com mais segurança do que sentia realmente – e eu era uma pessoa diferente. Kaoru-kun… naquela época, eu aceitaria qualquer coisa que viesse de você. Mesmo que fosse algo que eu não quisesse, se fosse por você, eu aceitaria de bom grado. E, quando você me deixou… eu não tinha nem mesmo forças para gritar, para te chamar de volta. Eu apenas aceitei as coisas como elas eram.

— Então… quando nós dois… bem, n-nós dois… - ele baixou o tom de voz para que somente ela ouvisse. - … fizemos… a-amor…

— Não! – ela corou furiosamente, e desviou o olhar – Sobre isso, bem…  Isso eu quis… fazer com você… - sussurrou, constrangida – Só estou dizendo que… - ela suspirou, querendo que Kaoru entendesse de uma vez – Eu não era confiante o bastante para fazer você mudar de ideia sobre me deixar. Eu não era confiante para pedir para você ficar, depois de tudo.

— Agora você é confiante?

— Sim, acho que sou… - ela afirmou, fitando-o de soslaio – é só que… eu não teria mudado assim se aquelas coisas não tivessem acontecido comigo. Mas, não tenho mais do que lamentar, Kaoru-kun, eu só posso agradecer a você. Por você, eu me apaixonei pela primeira vez. E eu sofri por amor pela primeira vez. E então, eu cresci. E agora sou capaz de perceber o que é melhor pra mim… Por isso… muito obrigada – ela sorriu sinceramente, e depositou um singelo beijo, de agradecimento, no rosto do garoto.

Assim que se afastou, ainda rindo do semblante sem jeito de Kaoru, ela virou o rosto. Viu Hikaru, os observando de longe, na escada. E, ao lado dele, ninguém menos do que Rie, a kouhai que havia abandonado o clube de karate, logo depois de ser rejeitada por Hikaru, há poucos meses atrás. Ela balançou os longos cabelos castanho-claros, agora soltos, e sorriu para Hanako, agarrando-se ao braço de Hikaru. Ele não se desvencilhou, e sem demonstrar nenhuma emoção no rosto pálido, deu mais uma vez as costas a ela. Rie, mais empolgada do que nunca, se pendurava no pescoço dele, como um colar de muito mau gosto.

Hanako sibilou, irritada, parecendo prestes a soltar fogo pelas ventas de tanta raiva. Deu um passo na direção por onde o ruivo havia acabado de sumir, mas Kaoru a segurou pelo ombro, impedindo que avançasse.

— Você vai mesmo atrás dele? – Kaoru perguntou, e seu rosto se contorcia suplicantemente. Sua expressão dizia de todas as formas “não vá”.

— Talvez… talvez, não agora… mas eu não pretendo desistir de falar com ele. Como eu disse, as coisas não foram bem resolvidas entre nós.

— E… dependendo do que ele disser… você vai voltar para ele, não é? – ele tinha certeza de qual seria a resposta dela. – Então… eu perdi?

— Hey, não encare isso dessa forma! – Hanako se apressou em dizer, nervosa – Não é uma perda! O tempo que nós passamos juntos… foi maravilhoso! O mais feliz da minha vida, até agora. Mas… apenas isso não basta, Kaoru-kun, eu consigo ver com clareza agora. Você… eu te amava tanto, que minha visão ficava turva, e eu não conseguia enxergar nada além, não conseguia pensar em nada mais… e isso não me fazia bem. Eu me tornei dependente de você. E então, quando nós terminamos… eu achei que não conseguiria me reerguer. Eu achei que ficaria sozinha, para o resto da minha vida, e que nunca mais seria feliz… Parece exagero, eu sei, mas era assim que eu pensava… No entanto… havia alguém lá, para mim. Alguém que me pôs de pé novamente, me apoiou, secou as minhas lágrimas, sem pedir nada em troca… e eu não pretendo deixá-lo sozinho. Nunca mais. Mesmo que ele seja cabeça-dura dessa forma. Acho que talvez eu realmente não seja mais capaz de andar sozinha mesmo – ela riu fracamente – Eu preciso dele ao meu lado… assim como eu sei que ele também precisa de mim.

— Eu acho que entendo… - Kaoru baixou o olhar – O Hikaru… ele não tem ninguém. Ele mora lá em casa, e a minha mãe cuida dele, você sabe, mas… ele não tem ninguém que esteja lá somente por ele. Você é necessária, para ele, eu sei que é, de uma forma que nunca foi realmente para mim, suponho. E eu sou uma pessoa egoísta, veja só… – ele riu melancolicamente para dentro – egoísta a ponto de querer tirar dele a única coisa que ele tem na vida. Enquanto, Hikaru, ele… ele abriu mão de tudo o que tinha… pela sua felicidade.

— Kaoru-kun…

— Hanako… você tem razão – Kaoru ergueu a mão, acariciando o topo da cabeça de Hanako, bagunçando os cabelos castanhos e a franja curta – Eu nunca mereci realmente ficar com você. Eu era possessivo, egocêntrico, só pensava em mim o tempo todo... O Hikaru ama você do jeitinho que você, ele te aceita, e cuida de você… ele te protegeu, da maneira que eu não consegui. E ele precisa de você… Tudo bem, eu não vou mais insistir. É ele que você escolheu, e eu estou torcendo para que vocês deem certo… apenas uma vez, eu vou te amar da maneira correta, e torcer para a sua felicidade, e não pela minha… como meu irmão faz, o tempo todo. Será que… se eu fizer isso, serei capaz de ser seu amigo, realmente?

— Eu… espero que sim - Hanako não tinha palavras para responder à Kaoru. Abraçou-o rapidamente, ouvindo o sinal do fim do intervalo soar. Antes de se afastar, porém, ela sussurrou algo no ouvido do ruivo. Um último conselho, antes de ir. — Preste atenção no que está ao seu redor…


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bokura no Love Style" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.