Escolhas escrita por sophiehale


Capítulo 37
36 - In the end


Notas iniciais do capítulo

Finalmente o segredo do Emmett será revelado. :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/113466/chapter/37

Capítulo 36

No final

I've tried so hard

Eu tentei tanto
And got so far

E fui tão longe
But in the end,

Mas no final,
It doesn't even matter.

Isso nem importa
I had to fall

Eu tive que cair
To lose it all

Perder tudo
But in the end,

Mas no final,
It doesn't even matter.

Isso nem importa

In the end – Linkin Park

-Fale de uma vez, Emmett. – pedi, sentando-me no primeiro lugar que encontrei na frente. Era uma cadeira na mesa da pequena cozinha.

 Eu estava ficando nervosa. Ele parecia ter ganhado um bloqueio: abria a boca, mas, sem conseguir formular uma palavra sequer, a fechava logo a seguir. Ficamos naquele chove-não-molha por uns bons cinco minutos.

 Meus pés impacientes faziam barulho quando o salto batia no chão.

-Emmett! – me irritei. Ele respirou fundo.

-Tudo bem. – ele fechou os olhos. – Eu tenho um problema... Um problema sério... Um problema que vai me perseguir a minha vida inteira.

Eu fiz um gesto com a cabeça para que ele continuasse, mas ele não abriu os olhos.

-Eu estou bem agora, mas isso não quer dizer que eu não tenha um surto a qualquer momento. – ele continuou, ainda sem abrir os olhos.

-Surto? –Eu devia estar com medo do rumo que aquela conversa tomava? Eu estava confusa.

Emmett POV

Eu não sabia se era a hora certa, mas aquela era a oportunidade que eu tinha para abrir o jogo e ser completamente honesto. Apesar de conhecê-la há apenas dias, eu confiava em Rosalie de uma maneira inexplicável e queria ficar com ela.

Se ela tinha feito todo esse caminho até aqui e me recepcionado daquela forma, ela também queria que desse certo. Eu acreditava nisso.

-Emmett, fale de uma vez, por favor. – ela repetiu para mim. Era complicado, eu precisava escolher as palavras certas. Não podia despejar tudo para cima dela, era um assunto delicado demais.

-Eu não treinei em frente ao espelho para dizer isso, Rose. – eu decidi ser o mais sincero que pude. – É difícil olhar para você e dizer isso – era por isso que eu continuava com os olhos fechados – E eu nunca contei isso a ninguém... Você vai ser a primeira pessoa a saber desse meu problema depois dos meus pais.

-Emm... – ouvi quando ela se levantou e colocou uma mão em meu ombro. – Abra os olhos.

Respirei fundo mais uma vez e finalmente a encarei. Ela ficava ainda mais linda com aquele olhar preocupado que, sem querer, me dava conforto.

-Você pode falar. Eu não vou te julgar.

Até que eu termine de falar, completei mentalmente. As pessoas não aceitavam bem aquele tipo de notícia; queriam distância de pessoas como eu.

-Certo. – concordei e respirei fundo de novo. É, eu estava com medo que ela começasse a me tratar diferente... A me olhar diferente... Ou, pior, a querer distância de mim. – Rosalie, eu tive uma adolescência difícil...

-Todos nós tivemos Emmett. – ela tentou me dar conforto quando viu que eu não continuei. – Eu mesma sempre tive poucas amigas, nunca me relacionava muito bem com as pessoas... É só quando a gente cresce que a vida entra nos eixos.

-Eu sei. – eu ri pelo nariz e sorri de leve. Rosalie era uma mulher tão forte e ao mesmo tempo tão ingênua. – Mas eu enfrento as consequências da minha adolescência até hoje e vou enfrentar até o fim da minha vida.

Ela assentiu e eu ganhei confiança para continuar.

-Eu usava drogas. – eu disse. – Chegava em casa na manhã seguinte depois de ter saído para a balada; uma vez quase bati na minha mãe. Já fiz meus pais acordarem no meio da madrugada porque eu estava no hospital... Meu irmão nunca foi muito próximo de mim. Todo mundo achava que eu era a ovelha negra da família.

Ela continuava me encorajando a continuar. Queria só ver até onde isso iria.

-Eu consegui ficar limpo de verdade há sete anos... Minha mãe me internou em uma clínica de reabilitação e foi lá que eu peguei gosto pela medicina, por incrível que pareça. Eu me apaixonei pela pediatria e sabia que era aquilo que eu queria para mim.

 Rosalie e eu sorrimos. Mas eu não tinha terminado, infelizmente.

-Na faculdade que eu fiz, eu tinha um amigo que se formava em psicologia. – eu bufei. – Ele disse que eu tinha diversos tiques nervosos e no início não liguei muito para aquilo. Quem é que não tem as suas manias?

Eu encarei meus pés no chão e demorei longos minutos para continuar. Rosalie jamais me interrompeu, apenas acariciava meu braço sem me forçar a nada.

-O fato é que eu tinha uma namorada na época, Jennifer. Ela era muito assediada, não importava se eu estava com ela ou não. Todo homem, por mais discreto que fosse, mexia com ela e ela sempre dava aquele sorriso envergonhado de quem estava gostando da coisa. – eu parei um pouco. – Rosalie, eu juro por tudo que eu nunca quis machucar ninguém.

-Quem você machucou Emmett? – ela já não mais acariciava meu braço, apenas me encarava com um ar de interesse para o rumo que a conversa tomava. Ela parecia confusa ao mesmo tempo.

-Eu tinha descargas excessivas de violência. – usei as palavras de meu amigo psicólogo na época. – Eu machucava qualquer pessoa que olhasse para ela.

Rose apertou os olhos mostrando preocupação.

-Eu chegava a mandar os caras para o hospital. Teve um que teve um traumatismo craniano... Leve, mas um traumatismo craniano! Eu me senti um lixo. – meus olhos estavam pesados por causa das lágrimas que queriam cair, mas eu não queria chorar. – Meu amigo e uns colegas psiquiatras dele perceberam que aquilo não era normal e eu os deixei ajudar. Eu não queria ser um monstro!

As lágrimas já apareciam nos olhos de Rose. Era de cortar o coração... Vê-la chorar me deixava com vontade de chorar também.

-Meus pais me acompanharam em diversos médicos especializados e todos eles diziam a mesma coisa: culpa das malditas drogas. – bufei. – O que aconteceu foi que, de tanto eu usar essas idiotices, uma área do meu cérebro foi danificada. Era essa parte que deveria me ajudar a apaziguar meus ânimos; sem ela eu sou como um carro sem freio. Posso machucar as pessoas que eu mais gosto.

Rosalie soltou um suspiro e limpou suas lágrimas com a manga da blusa que usava.

Um silêncio tomou conta do ambiente assim que eu disse minha última palavra. Era um silêncio ruim, constrangedor... Mórbido... Ela precisava dizer alguma coisa. Ela precisava dizer que entendia tudo o que eu havia falado... Ela precisava dizer que nada tinha mudado...

Era a hora perfeita para ela dizer que me amava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero mesmo meesmo que vocês tenham gostado! Quero muito saber se o capítulo foi bom, se vocês esperavam por mais... Por favor, deixem reviews.

Beijoss :D