Escolhas escrita por sophiehale


Capítulo 10
10 - City of delusion


Notas iniciais do capítulo

demorei um pouco porque estava finalizando uma fic, me desculpem pela demora ;)



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Capítulo 10

Can I believe

when I don't trust?

All your theories will turn to dust

City of delusion – Muse

Rosalie POV

-Aqui, Ella. Essa é a minha sala. – eu acendi as luzes, entrando no cômodo. A minha menina abriu um sorriso e sentou-se e começou a se virar em minha cadeira giratória.

-Um dia eu vou ter uma sala também, mamãe.

-Claro que vai. – eu prometi, sorrindo para ela. Era incrível como, depois do inusitado acidente que acontecera ontem, minha relação com minha filha apenas melhorara. Por um instante fiquei apenas ali, sorrindo para ela, enquanto a via girar-se freneticamente. Aquele momento poderia ter durado horas, não fosse uma interrupção.

-Com licença... – reconheci a voz.

-Oi Julie. – cumprimentei-a. – Entre, por favor. Essa é a minha filha, Ella.

-É um prazer, querida. – ela sorriu, e minha filha fez o mesmo. Fiz uma menção e Julie sentou-se em uma cadeira, e eu sentei-me ao seu lado. – Hoje é meu último dia.

Ela suspirou. Um suspiro de cansaço, mas que eu sabia que também significava saudades. Saudade da adrenalina de todos os dias, da felicidade de ganhar um caso, da decepção de perder um. Eu não conseguiria me imaginar em seu lugar, tendo de me despedir de tudo aquilo e me recolher em minha casa, à mercê de minha aposentadoria.

-Vamos sentir a sua falta aqui, Julie. – eu sorri de leve. Ela fez o mesmo.

-Eu também vou sentir falta daqui. – ela concordou e então respirou fundo e mudou de assunto. – Então, Rosalie... Eu gostaria de saber se você vai à minha despedida hoje à noite.

-Sim. – assenti. – Já falei com Jasper... Mas meus pais provavelmente não irão. –lembrei-me. – Eles estão em Michigan.

-Hmmm... Por isso não consegui falar com eles. – ela pareceu ponderar por um segundo. – Bem, eu queria avisá-la também que hoje é aniversário do meu filho mais novo... Acho que não o conhece.

Simplesmente assenti. E eu não estava mentindo. Não sabia se Emmett era o caçula.

-Estava pensando em fazer uma surpresa para ele. – ela sorriu. – Mas quero saber se você se importa. Você e seu irmão vão representar a empresa lá, já que seus pais não podem ir, então queria perguntar se não é inadequado.

-É claro que não... – respondi sem nem ao menos pensar. – A festa é sua, Julie. Faça o que tiver vontade. E, além das contas, é do seu filho que falamos agora.

Ela sorriu em agradecimento. Pela porta entreaberta, pude notar Alice olhar para dentro de minha sala e perceber que eu estava conversando com alguém. Imaginei que ela estivesse com problemas para procurar um advogado e sua primeira opção seria eu. Então, derrotada, ela se virou e caminhou em direção, provavelmente, à sala de Jasper. Mas Julie não era uma cliente, como Alice pensara.

-Hmmm... – fiz uma careta, pensando na confusão que Alice poderia ter se metido. – Se importa de eu sair por um minuto?

-Claro que não. Eu cuido da Ella aqui – minha filha sorriu. – enquanto você não volta.

-Obrigada. – foi a minha vez de sorrir em agradecimento. Julie era uma pessoa boníssima e eu realmente gostaria de continuar conversando com ela, não fosse o fato de que Alice parecia estranhamente perturbada. Conversar com Jasper àquela altura não poderia lhe fazer algum bem.

Jasper POV

Até que tinha sido uma boa idéia Rose me deixar com meu sobrinho. Perto dela, ele parecia uma rocha, mas, para mim, ele abaixava a guarda e se comportava como qualquer garoto de dez anos. E era muito bom poder pensar em algo que não fosse minha relação com Alice.

-Sabe, tio, acho que eu gostaria de ser médico como o doutor Emmett um dia. – Travis confidenciou e eu já sabia de cor e salteado as suas próximas palavras.

Mas não conte nada para a minha mãe.

-Mas não conte nada para a minha mãe. – ele ecoou meus pensamentos. Os sentimentos de Travis, pelo menos para mim, eram mais claros do que a água. Era como se eu soubesse exatamente as suas sensações.

-Sabe, Trav. – eu comecei a falar o que já deveria ter dito há muito tempo. Meu sobrinho parou de rabiscar um papel e voltou seus olhos castanhos para mim. Eu fiz o mesmo, esquecendo meu caso por alguns minutos. – Já faz dois anos...

-Não... Por favor, tio Jasper. – ele balançou as mãos no ar, me pedindo para parar, e voltou sua atenção ao desenho que fazia antes. – Não quero falar sobre isso.

-Eu tenho que fazer isso – eu segurei seu queixo, o fazendo me encarar. Sua feição era magoada, não de raiva. – Há dois anos seu pai e sua mãe se separaram, Trav. Já é hora de superar, não acha?

-Mas eu quero meu pai. – ele soltou-se de minha mão, me encarando com olhos furiosos e, agora, marejados. – Foi tudo culpa da minha mãe!

-Não, Trav. Foi culpa dos dois.

Meu sobrinho me encarava incrédulo, como se eu tivesse acabado de fincar uma faca em seu peito. Aquilo me doía, mas ele tinha que saber a verdade sobre o pai dele também.

-Seus pais não tinham um relacionamento bom... – eu queria dizer a verdade, mas tentei contorná-la o máximo possível. Não iria falar das infidelidades de ambos, talvez fosse muito para ele. – E isso desgastava aos dois.

-Mas por que eles se casaram então? – ele questionou com a voz embargada, mas fazia o que podia para não se debulhar em lágrimas. – Eles ficaram juntos por tantos anos...

-O que acabou sendo tempo demais. – acrescentei, tentando fugir de sua primeira pergunta. Eles se casaram porque sua mãe descobriu que estava grávida de você, não porque realmente queriam fazer isso. –Eles gostavam um do outro... Mas acabou que...

-Senhor Hale, tem visita. – Heidi, minha secretária, me interrompeu. Eu já iria dizer para mandar embora e voltar mais tarde, mas a figura que apareceu atrás dela me fez mudar de idéia.

- Depois nós continuamos com isso. – eu disse para Travis e depois me virei para Heidi. – Fique com o meu sobrinho por um minuto, por favor. Veja se tem algum suco de maracujá por aí para deixá-lo melhor.

-Sim senhor. - Heidi assentiu e saiu, dando a mão para Travis, que andava cabisbaixo. Talvez aquela conversa não tenha sido suficiente para certificá-lo da verdade e fazê-lo voltar a falar com Rose normalmente, mas era com certeza um começo.

Eu queria continuar falando com ele, me sentia naquela obrigação – talvez por ser o único homem que ele tinha diariamente por perto -, mas não podia simplesmente ignorar a inusitada visita que me olhava perturbada de minha porta. Além do mais, vê-la daquele jeito me cortava o coração de uma maneira que não podia ser simples e puramente ignorada.

-Entra Alice. – chamei, com meu tom mais profissional, fazendo um gesto para ela sentar-se na cadeira de frente à minha mesa.

A conversa deveria ser longa.

-Desculpe por vir até aqui. Rose estava ocupada... – ela tinha os olhos fixos no chão. – Preciso de um advogado.

-Eu posso passar seu caso para a minha irmã mais tarde. – dei de ombros, tentando parecer indiferente, mas não me sentia capaz de segurar a minha língua. – Mas por que você precisa ser representada, Alice? O que você fez?

Dizem que a curiosidade matou o gato, mas eu não estava nem aí.

-Eu –ela enfatizou a palavra – não fiz nada. O problema é que eu vi alguém fazer.

-Testemunha. – disse meu pensamento em voz alta e ela assentiu. – Alice, você não devia estar procurando pela Rose... É melhor você ligar para a polícia.

-E usar um serviço de proteção? – ela disse em tom de chacota. – Não, muito obrigada. Eu vejo televisão, Jasper. Eu sei que se eu usar a polícia, eu chamo mais atenção.

Alice e seu medo ridículo de policiais. Revirei os olhos.

-Você não iria chamar mais atenção. – desatei a falar, embora soubesse que aquilo de nada adiantaria – O serviço de proteção é usado para exatamente o contrário.

-E é por isso que escolhi a Rosalie. – ela se levantou bruscamente. E eu fiz o mesmo, a tempo de segurar em seu braço.

-Me solta, Jasper. – ela afirmou com uma calma controlada.

-Por que você escolheu a Rose? – perguntei. – Eu te conheço bem melhor que ela.

-Pode até ser, mas ela conhece o caso melhor que você... E além do mais – ela balançou seu braço até conseguir soltar-se de mim. –, ela vai me dar uma solução melhor do que correr para a polícia.

Eu já tinha congelado quando ela disse a primeira sentença. Ela conhece o caso melhor que você. Então já era um caso aberto, e a minha irmã era especializada em direito penal. Coisa boa definitivamente não era.

-Não me diga que... – não conseguia pronunciar as palavras. Finalmente, por minha visão periférica, notei Rosalie entrando na sala.

-O que foi? – ela me encarou. Eu precisava de um espelho para dizer com certeza, mas creio que minha expressão não era das melhores. Eu deveria estar com a feição mais próxima de uma pedra do que qualquer coisa.

-Rose, eu preciso de você. – minha irmã abriu a boca, mas Alice a interrompeu. – E não ouse dizer que não pode me ajudar. Você conhece muito bem o caso.

-Um caso em aberto? – Rosalie arregalou os olhos diante da possibilidade. Alice assentiu, e então Rosalie deveria estar com sua expressão bem parecida com a minha. – Alice, no que você se meteu?

-Não um caso em aberto qualquer. – Alice ignorou a segunda pergunta da minha irmã e eu agucei os ouvidos para prestar atenção ao que ela falaria. – O caso que você me falou há alguns dias... O caso em que você está trabalhando agora.

Eu sabia que, no momento, Rosalie tentava comprovar a inocência de um assassino. O que diabos Alice teria a ver com aquilo?


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Notas finais do capítulo

mereço reviews? *-* eles me fazem muito feliz, sabe. HAUHAUA