Yellow Pages And Photographs escrita por Hanna Poop


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Sério, estou muito feliz com os reviews. Mesmo.
Bem, eu ainda não respondi os do ultimo chap, mas vou responder logo mais e tirar umas duvidazinhas que apareceram ali.
Espero que gostem desse.



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Se fosse possível, teria corrido ainda mais, porém, o movimento de pessoas o impediu de dar continuidade ao seu pequeno período de drama.
Sua mãe estava roendo as unhas ao lado do carro, enquanto Akemi fofocava algo ao telefone, e antes mesmo que o loirinho de aproximasse do carro atraíra a atenção da mesma para si, que logo tratou de encerrar a ligação, sem nem mesmo se despedir de quem quer que fosse. Seus pulinhos empolgados eram a maior prova de que ela estava mesmo ansiosa por qualquer tipo de informação, e agora estando de frente ao mais novo, com um sorriso enorme indagou:

- Pode falar tudo e mais um pouco. –iniciou animada, vendo o olhar cabisbaixo do irmão.

Sua mãe -visivelmente mais aliviada e calma- agora estava ao seu lado, tocando o rosto dele com carinho, o polegar movia-se suavemente.

-Nunca mais suma assim, por Deus, estive a ponto de infartar.

- Me desculpe mamãe... Eu o vi e... –as lágrimas formadas, pareceram entender o ponto de partida, e rolaram insistentes pelo rosto limpo e branco, marcando a face de traços infantis, a sutileza que elas carregavam, causava também o silêncio entre os três, e se não fosse o movimento duradouro de pessoas ao redor, procurando seus carros para irem embora, haveria se tornado ainda mais intenso. Hiroto sem pressa alguma caminhou ao carro, adentrando a parte traseira do carro, e deitando no banco, afundou o rosto em um dos braços, fechando os olhos e deixando as lembranças vagarem, para um certo selar que fazia seu peito doer.

Som! É engraçado como eles parecem se aplicar perfeitamente com a melancolia de algumas pessoas não é?! A chuva fina transformou-se em menos de segundos em uma mais forte e grossa, o motor roncou alto, aninhando-se ao som da água chocando-se a lataria, tão logo a música baixa e relaxante fora posta pela senhora Ogata, que murmurava os trechos.

Felicidade, engraçado, mas podia definir dessa forma, estava feliz, ansioso e levemente saudoso.
Era inegável que queria que Saga houvesse sentido o quanto era importante para o baixinho o conhecer, mas não fora um conto de fadas como havia imaginado junto a sua irmã, mas ainda assim, ele o dera atenção, conversou consigo, o apoiou e acompanhou até que o menor pudesse sair dali, isso já significava mais do que acreditou ter.

“Ver ele uma nova vez!” Pedia em pensamento acabando por cair em contradição ora ou outra, afinal estava ciente de que ver Saga uma segunda vez não dependeria do acaso, e sim do seu Tucano, do diário ao qual havia pego muito amor, e as fotos que beijava todos os dias, olhando por horas e horas seu amado.
Doía pensar em perdê-los, e só de imaginar apertou mais a jaqueta que estava vestindo, sentindo o cheiro fresco do perfume de Sakamoto invadir suas narinas. “A jaqueta dele” – pensou. Difícil não é? Decidir entre o agora mais uma vez, talvez breve e ultima, ou o pra sempre, com os pedacinhos que os unia e aproximava.

É como em um livro, quanto mais gosta, mais o lê, sabe que se ler rápido demais, vai acabar, mas se ler devagar nunca irá saber o fim, deixando-se perder; difícil escolha que por vezes deixamos ao acaso, ler quando puder, fazendo com que o fim não seja previsto, sentia-se com um livro, o livro de sua vida, queria avançar, ler o mais rápido possível, mas aí chegaria ao fim, retornando a estante sem nada significar, mas se não, continuaria ali sendo lido, pouco a pouco, até que não mais houvesse escolha.

Os pequenos sorrisos surgiam naturalmente, assim como a respiração se tornou mais lenta, um ultimo raio, distante, claro e gostoso fora ouvido, e logo as pálpebras encheram sua visão de um escuro único, o portal dos sonhos, de onde Hiroto estava ansioso a chegar, nem mesmo teve chance de ver o caminho de volta, apenas adormeceu, entregando-se ao cansaço.


-

Odiava quando acordava com a luz do sol tocando seu rosto, e a maciez de sua cama o impedindo de reclamar de qualquer dor.
Não porque fosse um rebelde sem causa, mas sim por lembrar-se bem de que havia dormido no carro, e isso só podia significar a coisa que mais o irritava em todo o mundo... Colo de mãe.

Ogata Hiroto, doze anos - sendo carregado pela mãe.

Para os que acham que isso já é ruim e constrangedor, não viram a cara do loiro, ao que sentou-se, deixando o edredom desforrar parte de seu tronco, revelando o pijama, que com certeza, não fora ele que vestiu.

- Toc, toc! –disse Akemi, após adentrar o quarto do irmão, admirando-se por vê-lo acordado.

-Quem é? –falou contrariado, vendo o sorriso da morena aumentar, enquanto o seu nem mesmo havia previsão de que existiria.

-A coragem. –falou baixo, sentando-se no espaço livre ao pé da cama, seu sorriso tornou-se terno e solidário. E como em um passe de mágica, o sorriso antes oculto, surgiu nos lábios fartos e avermelhados.  A cumplicidade do olhar sendo o meio de comunicação entre eles. –Tudo bem!

Respondeu ao pedido mudo do irmão, ajeitando-se melhor na cama, e sentando-se encostada a cabeceira, onde sem demoras o loirinho deitou em seu colo, fechando os olhos, e sentindo a mão macia e delicada lhe tocar os fios, acariciando sem pressa.
- O papai...? –começou, abrindo os olhos, vendo o olhar da irmã passar de curioso a tranqüilo.

-Ah, tudo bem... Mamãe explicou para ele que será bom para minha carreira acadêmica, e ele aceitou, sobre seu cabelo ele ainda não sabe. –riu baixo, tapando a boca com a mão livre.  –Como ele é Hirotorto? O que aconteceu ontem?

-Ah... –iniciou sem graça, o olhar vagou a um ponto qualquer do quarto, perdendo o foco quando a mente vagou para uma parte, uma lembrança em especial,o sorriso lateral e o olhar desviado, ou até mesmo para o riso sonoramente limpo, acompanhado de um movimento sutil da cabeça para trás, a voz doce e calma contando coisas que o loirinho já sabia. E sem dúvida alguma respondeu: -Perfeito. Não foi como eu imaginei... Ele não percebeu meu amor, e nem eu disse a ele. Apenas fui embora. Mas disse que ele seria bem vindo aqui!

Os lábios da garoto abriram-se, mas nada fora pronunciado, já que o grito de sua mãe, adentrando pela pequena fenda da porta, alertava-os que a mesma estava irritada na cozinha.
Era o ultimo domingo do mês, o que para a família Ogata significava compras no mercado, um ritual já antigo, onde se divertiam, cansavam e passavam horas, rindo e escolhendo o que iriam levar para comer o próximo mês.
Desde que se conhecia por gente faziam isso, e essa vez não seria diferente.

-Xiiii, vou descer e ganhar tempo para você se arrumar ta bom? –disse rindo, enquanto se levantava, deixando o irmão para trás, ao responder a mãe também a berros e descer as escadas correndo.

O loiro sabia que não poderia demorar, optou então por um banho quente e rápido, molhou o cabelo, mesmo que não o lavasse com xampu, escovou os dentes com calma, deixando que o vento quente matinal que adentrava a janela do quarto secasse seu corpo exposto da cintura para cima, enquanto escolhia uma roupa qualquer.

Jeans velho, básico, desbotado e rasgado, camiseta lisa e preta, o all star original e sem meia. Penteou o cabelo apenas com os dedos, deixando os fios caídos pelo rosto e desceu correndo, Akemi jogou uma maçã em sua direção, que foi logo segurada pelo pequeno, que após morder esta, abriu a porta da sala.
-Vamos ao mercado ou vão enrolar mais um pouco?! –ousou em brincar, saindo de casa e seguindo ao carro, que já estava ligado, tendo o desprazer de ver a expressão do senhor Ogata se transformar de “irritada” para “psicopata”.

-O que significa isso amarelo na sua cabeça Hiroto? –estancou de imediato, havia se esquecido desse detalhe, a mãe que trancava a porta logo apareceu para argumentar a favor do filho, mas foi estupidamente respondida, sendo forçada a adentrar o carro.  – Estou falando com você, não com sua mãe. Pode me explicar o que esse cabelinho de boiola está fazendo na cabeça do meu filho homem?

-Não é de boiola pai, é apenas uma c... –tentou se explicar, mas o braço fora segurado pelo pai, que o apertava e sacudia chamando atenção dos poucos que passavam na rua. –Ta me machucando pai.

-Eu quero que você raspe essa merda... E hoje, você me entendeu?

-Eu gosto assim! –iniciou, olhando para dentro do carro a procura de apoio, por azar Akemi continuava de cabeça baixa, remoendo a incapacidade de enfrentar o pai em prol do irmão, enquanto a senhora Ogata sentia os olhos arderem pela vontade de chorar crescente no peito. Parecia sentir o desespero que os poros de Hiroto exalavam. –Solta meu braço pai. –pediu ao ter a voz arrastada, chorosa pela dor.

-Eu não trabalho dia e noite para ter um filho boiolinha que pinta o cabelo.... Entra na merda do carro, que você vai raspar essa palha, e depois vamos ao mercado. –sempre decidido e firme, não importava a vontade de quem quer que fosse, quando o assunto era inovar, o senhor Ogata se prendia ao direito de proibir sua família, para ele era certo, fácil. Mas Hiroto queria aquilo, e gostava assim, e o que mais doía era o fato de o pai dizer que não o aceitaria. Afinal, o loirinho sabia reconhecer, era de fato homossexual.

A pele pareceu relaxar quando os dedos firmes soltaram-na. Viu os passos firmes do pai, caminhando até o carro e batendo a porta do motorista quando adentrou o automóvel, o barulho da buzina soando duas vezes. E era como se cada detalhe o chamasse atenção, desde o olhar entristecido da mãe, o raivoso do pai, a porta do carro aberta aguardando que ele entrasse, o motor baixo e ativo, por fim o que mais importou naquele minuto o olhar encorajador da irmã.

Deu os poucos passos que o separava do carro. E quando a mão tocou a porta fora para empurrá-la, ouvindo o som de travamento, e antes mesmo que olhasse uma segunda vez para o pai, viu o carro ganhar movimento, saindo da vaga. Era assim que o senhor Ogata administrava a família, hierarquia.
Ele manda, os inferiores obedecem. Ou que fiquem para trás, simples e indolor.

O loiro respirou fundo, sabendo o erro cometido, nunca ninguém havia contrariado seu pai, e fazia certa idéia de o porquê.
Odiou-se pela coragem momentânea. Odiou-se por sentir-se bem em fazer algo que acreditava. E odiou-se principalmente por pegar a bicicleta encostada a casa, subir nesta, e sair pedalando por aí. Sumindo do pequeno mundinho, chorando em liberdade com o vento gélido da manhã ensolarada. Se perdendo por ruas nunca antes visitas.

Sem permissão para sair, e sem hora para voltar. Apenas.... Pluft.

Não se fecha os olhos ao andar de bicicleta, essa fora uma péssima idéia. O choque entre ambas as bicicletas fez com que o rapaz caísse, ralando o cotovelo ao quase se enfiar dentro do bueiro junto a sua bike, que estava agora com a roda torta e o pneu estourado.

-Toma cuidado por onde anda animal!!!!!!! –gritou o outro rapaz, levantando-se e vendo o prejuízo causado, o nervosismo sendo mais alto que a dor de seu braço todo arranhado pelo asfalto. Socou o rosto do menor, fazendo-o virar o rosto e tapar os lábios, que agora estavam mais inchados que o habitual, e com um corte no inferior. –Eu vou arrebentar você...

Hiroto se levantou o mais rápido que pôde, tentando sair do campo de visão de seu “colega” de acidente, mas o rapaz moreno apenas continuava a investir cada vez mais contra si, e somente após um segundo soco, que acertou o ombro dele, que se entregou ao choro, caindo sentado e abraçando as pernas para proteger a face. Medo e dor.

-Deixa o garoto em paz! –ouviu uma voz conhecida, e quando levantou o rosto notou que o dono desta segurava o ombro de seu agressor, o puxando para trás, e o expulsando apenas com o olhar. -Ei amiguinho. –grande ironia do destino. –Não se machucou não é?!


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Notas finais do capítulo

Bem, como sempre estou adorando, aumentei a fic.
Ja que todos pareceram gostar da idéia, então o que era para ser um ultimo cap, está aí... e ja tem mais dois prontinhos.
Amo essa fic demais ;;
Enfim, sem betagem, desculpem os erros... e é isso. Reviews?
Ahhhhhh pessoal, acaso eu não consiga responder os reviews, eu desejo um mega hiper e lindo Feliz natal a todos.
Que comemorem um um ambiente gostoso, com pessoas importantes, e que se lembrem de agradecer por mais um dia de capitalismo. q
De verdade... é bacana abraçar o próximo nessa data, e é isso aí.

Feliz Natal pessoal, beijinhos da Hanna. b29;



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