Yellow Pages And Photographs escrita por Hanna Poop


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Own!!! Vocês tem sido muito, muito gentis com os reviews, obrigada.



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Descer do carro naquele momento fora a coisa mais difícil que Hiroto já tinha feito em sua vida. O movimento era imenso, pessoas de diversos estilos, lindas. Por um momento a Senhora Ogata sentiu-se envergonhada por seu importado do ano. Parecia que cada carro ali, fora feito exatamente na medida para seu proprietário, o que Hiroto tinha quase certeza ser verdade, afinal esse era o objetivo da feira, juntar o máximo de obras primas em um só lugar.
Era um desfile de maquinas, e parecia que a cada novo carro que chegava a coisa ficaria pior.

Era realmente prazeroso, o ronco dos motores se unindo, os mais ousados deslizando pelas pistas e mostrando a velocidade de seus bem materiais. . E por vezes Hiroto se pegava imaginando o que seria se Saga estivesse ali, vendo aqueles motores, ouvindo o ronco que mais pareciam com notas musicais, a distribuição de chaveiros. Mas a melhor parte era a corrida, o jeito que os carros derrapavam na areia, rasgando o vento com a velocidade. Nunca teria se perdoado se não houvesse tido a oportunidade de vivenciar um evento tão bem feito.

Akemi parecia não se importar com os olhares indagadores sobre si, todas as vezes que vibrava por um novo motor. Correndo, perguntando e se informando sobre aquele tipo de carro. A agenda da menina já estava lotada de telefones quando o fim de tarde vinha de abatendo. Seu animo parecia não diminuir sequer um segundo. Já Hiroto, parecia não estar tão feliz assim.

Já era quase noite quando se sentaram na lanchonete, hambúrguer era sempre um ótimo pedido, ainda mais se tratando de Hiroto que parecia não comer a séculos pela forma que devorava seu duplo. Estavam cansados, haviam se divertido muito.
E teriam ido embora se não fosse a palestra de um dos melhores engenheiros do Japão.
A ultima atração do evento, claro, o mais importante sempre em ultimo plano, afinal o objetivo do comerciante era manter os visitantes e admiradores o máximo possível, consumindo  tudo o que pudessem.

Teriam de ir a pé, já que a maioria dos carros cobriram a passagem até o grande saão coberto, para ouvi-lo falar, teriam de pagar uma taxa e ter o ingresso, e Akemi já estava com os três nas mãos quando iniciaram a caminhada junto ao grande fluxo. E se antes estava difícil andar por todos os lugares, imagina agora, que todos pareciam estar indo ao mesmo lugar.

As vozes eram altas, ansiosas, as atitudes infantis e animadas até nos mais velhos, o caminho estava sendo de fato divertido para a morena, já que o recém loirinho parecia estar tão cansado que nem mesmo conseguiria olhar um palmo a frente de si.

Mas se a senhora Ogata pudesse dar a opinião, provavelmente diria desanimado. Passara a tarde toda procurando em todos os lados Sakamoto, só desistindo após o lanche, estava sujo, suado e sem esperanças. Era óbvio... Por ele, já teriam ido embora.

Pararam próximo a entrada, a multidão os impediam de se aproximar ainda mais. Resolveram então trocar comentários de como havia sido até aquela hora. Senhora Ogata sempre dizia uma piadinha ou outra, tentando animar o rapazinho abatido, enquanto Akemi apenas sorria largamente, analisando tudo a sua volta. E foram os seus olhos atentos e animados que encontraram o rapaz loiro. Chocada, os orbes negros não conseguiram desviar sequer um minuto daquela imagem.

Sua calça dourada colada ao corpo pareciam não ser do mesmo rapaz de traços angelicais, os fios ondulados caídos pelo rosto enquanto o mesmo ajeitava o chapéu branco que combinava perfeitamente com a jaqueta que usava sobre a regata preta.

-Kohara. –A voz saiu baixa, quase desacreditada quando atraiu assim a atenção de sua mãe e do irmão que antes riam de algum carro com desenhos do PAC man.

-O que disse? –Perguntou Hiroto, seu semblante iluminado vagou para onde o olhar da irmã parecia estar preso, e no momento seguinte sua feição pareceu murchar no instante em que seus olhos encontraram o rapaz, que passava em passos firmes, carregando uma câmera. Era exatamente como Sakamoto havia descrito em seu diário. Perfeição não se aplicaria a alguém tão belo, parecia uma palavra tão vaga para definir, ele era mais que isso, roubara o ar de Hiroto que o invejava, de Akemi que o admirava e da senhora Ogata que não entendia, mas estava tão submersa a beleza, quanto os outros dois, ele... É tão... Kohara.

Por um momento as pernas de Ogata fraquejaram. Queria correr, esconder-se de alguma forma.
As palavras de sua mãe pareciam tão distantes da realidade quando viu contra o que estava lutando.

Os olhos bem abertos do loiro pareciam estar vidrados para que as lágrimas que o coração estava mandando derramar não chegassem aos olhos, secos. Doía, sim. Mas o que mais doeu foi se dar conta de que não estava lutando contra Kohara, nem mesmo conhecia Sakamoto, nem mesmo sabia se ele estava vivo ou morto. Apenas era um garoto de doze anos, com sonhos infantis e imaginação fértil. Queria sumir.

E foi em meio a esse tipo de pensamento que o mesmo deu passos para trás, o grande movimento de pessoas fazendo com que o rapaz se perdesse de sua mãe. Mas não queria nada, apenas sumir por algum tempo. Evitar ver o homem que ama nos braços de alguém tão fútil, mesquinho e egoísta quanto Kazamasa.

Deveria olhar para trás, sabia disso, mas não conseguia desviar o olhar do rapa com a câmera na mão, ele encontraria Sakamoto, e Hiroto queria vê-lo, mesmo de longe. Porém  notando os olhares sobre si, Kohara atendeu o olhar, acenando animado na direção de Hiroto, que em passos rápido tentou se virar, não podia ser com ele. E não era.

Um esbarrão fora o suficiente para que seu corpo fosse ao chão. Deixando o ruivo -que inutilmente tentara lhe segurar- completamente sem graça. O barro sujando a roupa até então limpa, os olhos ardendo pelas lágrimas contidas, e o semblante entristecido e acuado.

-Merda! Desculpa garoto, você está bem? –Perguntou ao estender a mão a Hiroto, que levantou o olhar, e não pode dizer nada, a voz havia sumido sua mente não formulava frase alguma, por menor que fosse. E por céus, alguém o deveria ensinar como respirar, porque naquele momento, nem mesmo se lembrou se estaria ou não vivo.   –Hey amiguinho...

-Hirotooo... – Akemi gritou quando viu irmão caído, o rosto do mesmo vermelho, e a roupa marrom, o sorriso de Sakamoto apareceu, assim que Ogata conseguiu se mover, pegando sua mão, logo o ruivo o puxou, trazendo-o para cima, deixando o ereto a sua frente.

Akemi ao reconhecer o rapaz parou sua corrida, alguns metros de distância, permitindo-se perder no meio da multidão que adentrava o grande salão, que nossos protagonistas não haviam percebido já estar aberto.

Loucura? Talvez, mas não é como se Sakamoto fosse um completo estranho. Eles o conheciam melhor do que qualquer um. Se houvesse alguém em desvantagem entre os três, esse alguém seria Takashi.

-Desculpa, eu não queria ter machucado você. Aliás, se machucou? – O ruivo franziu o cenho, fitando o loirinho deixar as lágrimas escorrer. Onde estava sua mãe para ensiná-lo a improvisar agora? –Escuta... Está tudo bem? Quer que eu te ajude a procurar seus pais?

-Onegai. –Fora a única coisa que seus lábios tiveram coragem de pronunciar, no momento em que o mais novo sem nem mesmo se dar conta colocou o rosto na fenda da jaqueta de couro negra, as mãos apertando o tecido que se prenderam, deixando que as lágrimas fortes e mistas de vergonha, medo, amor, felicidade e ciúme molhassem o tecido também negro da camisa social do rapaz. –Eu... Eu...

- Shh, tudo bem! – O ruivo disse ao que a mão se infiltrou nos fios descoloridos de Ogata, os dedos afagando sua nuca, enquanto o deixava abraçado a si. Takashi sentia seu tórax molhado pelas lágrimas do menor, e por conta delas não apressou o abraço a se desfazer. Se pudesse estaria caminhando junto a todos os outros para o grande salão, via a estrada de terra agora quase vazia, um lado de si dizia para que apressasse o loirinho, para que pedisse para o mesmo encontrar seus pais. Mas o choro baixo e incessante, não o deixara agir. Os minutos passaram lentos, a brisa gélida podendo ser sentida pelo corpo esguio de Hiroto, não havia levado blusa, e se condenava por isso. A palestra de certa já havia sido iniciada, o silêncio era grande demais. –Você está gelado...

-Esqueci a minha blusa... -Sussurrou, fazendo Takashi sorrir, convencido que o menor parara de chorar. Nessa hora permitiu-se desfazer o abraço, tirando assim sua jaqueta, e cobrindo o corpo frágil de Hiroto, e ali, abraçado lateralmente a ele, caminhou, indo até o carro que a pouco Kohara havia saído, o mesmo que Hiroto olhou todos os dias nos últimos meses, conto de fadas? Capaz que fosse.

-Sakamoto Takashi. –disse ao que o menor se sentava sobre o capo. –Mas pode me chamar de Saga se quiser. Todo mundo me chama assim.

-Posso mesmo? Ogata Hiroto, e todo mundo me chama de Hiroto mesmo. –Ambos riram, Saga encostou-se ao lado do menor, apenas apoiado no carro, seu olhar direcionado ao mais novo. Mal sabia ele que o motivo daquelas lágrimas, e agora daqueles sorrisos, era unicamente si próprio. Fechou os olhos, suspirando, ao cruzar os braços em frente ao tórax. Hiroto por sua vez riu baixo, balançando os pés em frente ao pára-choque –A não ser minha irmã que me chama de Hirotorto quando quer me irritar. –formou um bico leve nos lábios carnudos quando Saga jogou a cabeça para trás, rindo ainda mais. – Se me permite Saga-san, veio sozinho?

-Não. –sentiu o coração falhar uma batida, ainda mais quando os olhos de seu amado correram o local, indo até a porta do salão em que todos estavam. –Vim com meu primo e o namorado dele... E você? Vi que uma menina havia lhe chamado, mas ela sumiu.

-Deve ter se perdido. Akemi é muito distraída sabe? Ah propósito, ela é a minha irmã. Moramos na casa amarela. É assim que ela é conhecida por aqui... Mudamos a pouco tempo.

-Você disse casa amarela?

-Sim. –o cenho de Ogata se franziu, ao tempo em que um olhar falsamente curioso vagava ao alheio, que parecia se perder por algumas lembranças. –Conhece a minha casa Saga?

-Hm? Ah, claro... Conheço sim, morei lá a minha vida inteira.

Hiroto se fez de empolgado, remexendo-se no capo, para que pudesse fitar melhor o mais velho. Que agora havia iniciado a história que o menor sabia completa, mas mesmo que cada palavra e evento ditado por ele fossem conhecidos, não conseguia desgrudar os olhos dele sequer um minuto, ria quando tinha de rir, se surpreendia quando era hora. E até mesmo comentava e se opunha a certos quadros.
À hora parece inimiga quando estamos nos divertindo, e Hiroto comprovou isso no momento em que falavam sobre o urso de pelúcia, e o fato de nunca mais tê-lo visto.

-Senti muita vontade de voltar e buscar as coisas que havia esquecido, mas tive medo que a nova família tivesse jogado tudo fora.  –comentou rindo no momento em que os portões se abriram e algumas pessoas já começavam a sair. Duas horas haviam passado tão rápido.

-Tem mesmo umas caixas no sótão, minha mãe disse para não mexermos. Você vai embora quando Saga? –o menor ousou perguntar, fazendo a expressão pensativa aparecer no rosto pálido pelo frio. –Bom, sabe onde ela é. Se quiser passar lá, buscar alguns de seus pertences, ou quem sabe almoçar comig... Com a gente, minha mãe iria adorar.

Dois homens altos se aproximavam abraçados, sorrindo largo em meio a comentários divertidos sobre a palestra que acabaram de assistir, aproximaram-se do carro, mal dando atenção ao rapazinho.

-Puta merda Saguinha, você perdeu a melhor palestra de todos os tempos. Não tem noção. –Kohara dizia em meio a risos fortes, enlaçando o pescoço de seu primo e selando seus lábios, ato que fez Hiroto abaixar a cabeça, entristecido. Era apenas uma criança apaixonada. Não sabia como lidar com o ciúme. –E na hora que ele ativou no som do salão o ronco do motor da sua nova obra ..nossaaaa, a platéia inteira...

-Okay Shou, eu preciso ir procurar os pais do garotinho, depois você me conta. –Saga cortou, embora estivesse visivelmente interessado, a vida inteira esperou a oportunidade de irem um evento daquele, mas a falta de dinheiro e tempo na época que morava na casa amarela não deram oportunidade ao rapaz. Estava óbvio em seus olhos o leve arrependimento por não ter visto a palestra, e isso fez a angustia de Ogata aumentar.  –Vamos Hiroto?

-Eu posso ir sozinho. Não sou um garotinho... Meu nome é Ogata Hiroto e eu já tenho doze anos. Sei me virar. –Na raiva mista a tristeza, Hiroto se levantou, caminhando para o lugar onde sabia estar o carro de sua mãe, deixando um Sakamoto confuso e de cenho franzido para trás. Nem mesmo se deu conta que o frio não o atingia tanto, pela jaqueta grossa que o protegia. Ah sim, qualquer um perceberia a visível decepção nos olhos e palavras do loirinho, e se Saga estava arrependido por não ter assistido a palestra, isso nem se comparava a como estava se sentindo agora. Não importa quanto tempo conheçamos uma criança, quando ela se magoa, você sempre percebe, é belo não é? A transparência.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu amo muitississimo essa fic, sério mesmo.
E estou tipo assim ó : *----*
Esse cap foi bem maior que o normal, mas é que a fic ja está terminada no caderno e eu estou passando para o pc.
E tipo, está me dando uma vontadinha de aumentar e..
Reviews?



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