Changing Lifes escrita por Maty


Capítulo 18
Surpresa




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-Psiiu... – sussurrei em seu ouvido.

     Beatrice não demonstrou nenhuma reação. Rastejei para mais perto dela e beijei seu pescoço. Ás vezes agir como se fossemos um casal normal ainda parecia um pouco estranho, mas eu e Beatrice aos poucos íamos aprendendo a sermos carinhosos um com o outro. Ela se moveu e ficou de costas para mim. Cansado de toda aquela enrolação dei-lhe um peteleco no nariz.

-Tom... – resmungou cobrindo seu rosto com o cobertor.

-Acorda, Bea... – resmunguei de volta. – Já estou cansado de esperar você acordar.

-Eu acordei ás 7 para dar de mamar e você não. – murmurou

     Respirei fundo. Levantei, lavei o rosto, escovei os dentes e fui dar uma olhada na Tessie, sorri ao encontrá-la já acordada no berço. Troquei sua fralda e carreguei-a comigo até a cozinha, Biene que estava deitada no sofá me seguiu alegre. Coloquei a Tessie sentada no cadeirão próximo á mesa e abri a geladeira procurando algo para comer.

-Está com fome, bola de pelo? – Biene pulava em minha perna. Cortei um pedaço de uma maça e dei para ela que correu para o tapete abanando o rabo com a fruta na boca. – E para você? – olhei para Teresa que permanecia sentada me observando com aqueles enormes olhos azuis repletos de curiosidade.

    Agora que ela já estava com 6 meses e alguns dias Beatrice finalmente começara a variar no leite dando entre as mamadas doses pequenas de sucos de frutas. Ou pelo menos tentando. Nas últimas vezes que a Beatrice tentou dar suco de laranja à ela Tessie simplesmente se negou a tomar, fazendo careta e empurrando a mamadeira.

-Vamos tentar de novo. – Ajeitei-a em meu colo e coloquei a mamadeira com um pouco do líquido laranja em sua boca. Ela fez careta e cuspiu o bico da mamadeira para fora. – Para de ser fresca! Anda! É gostoso, olha! – disse abrindo a mamadeira e bebendo um minúsculo gole do suco. Fechei-a novamente e tentei mais uma vez. – Argh! – exclamei, sem sucesso.

    Tentei outra tática. Molhei a ponta de meu dedinho no suco e coloquei em sua boca, ri com a careta que ela fez e as pequenas cócegas que sua gengiva fazia em minha pele. Repeti o ato mais algumas vezes achando graça do jeito que ela mexia a cabeça fechando os olhos como se tivesse chupado limão. Esperei até que ela se acostumasse com o gosto desconhecido antes de fechar a mamadeira e tentar novamente. Vibrei ao constatar que ela estava bebendo, ela realmente estava bebendo! Era a primeira vez que ela realmente bebia suco de laranja, e foi comigo!!

-Bea!! Beatrice!! Venha ver!!

-O que? – apareceu correndo na sala. Estreitou os olhos ao observar o que acontecia. – Ela está bebendo suco?

-Sim! E está bebendo por que eu tomei! – gritava as palavras enchendo meu peito de orgulho.

-Sai... Eu também quero dar. - sentou ao meu lado do sofá, tirando a Tessie de meus braços com cuidado para que a mamadeira não saísse da boca dela.

-O que? Não! – me neguei a soltá-la. – Eu estou dando!

-Você já deu! Agora é minha vez!

    Ficamos discutindo por alguns segundos até sermos interrompidos pelo choro de Tessie. Aparentemente no meio da discussão ou ela tinha cuspido a mamadeira, ou sem querer eu me distrai e tirei a mamadeira de sua boca. Tentei fazer com que ela recomeçasse a tomar o suco, mas ela se recusou. Suspirei derrotado.

-Nós somos péssimos pais. – conclui entregando Tessie para a Beatrice que a aconchegou em seu ombro fazendo-a parar de chorar em poucos minutos.

-Mas estamos melhorando... – ela riu.

-Se troque... Eu tenho uma surpresa para lhe mostrar. – disse, já que ela vestia somente lingerie e nós teríamos que deixar o apartamento.

-Surpresa? – exclamou animada. – Depois daquele monte de roupas e da pulseira de 3.500 euros da Tessie ainda tem mais surpresa?!

-Ah... Então você não quer?

-Não foi isso que quis dizer. – sorriu. – Me troco em 5 minutos. - Beatrice colocou a Tessie no carrinho, já que eu estava ocupando entretendo a Biene e correu para o quarto voltando alguns minutos depois vestindo um conjunto simples de moletom cinza que usava para ir á academia em dias frios.

     Coloquei uma camiseta, já que usava só calças velhas de dormir e vendei Beatrice com um de meus lenços. Com um braço eu guiava a Beatrice e com o outro levava Tessie que já tinha a coluna firme o bastante para se sustentar ereta em meu colo, sem correr o risco de cair para trás.

-Já posso tirar? – perguntou ao notar que eu parara de guiá-la.

-Pode.

    Beatrice tirou a venda com um enorme sorriso, que foi lentamente murchando ao olhar ao seu redor. Estávamos no estacionamento, que num domingo de manhã estava repleto de carros, conhecidos e desconhecidos. Beatrice olhou para mim com uma careta.

-O que... – antes que ela pudesse completar a pergunta óbvia eu depositei a chave do carro em sua mão.

-Aperte e veja qual deles é o seu. – sorri. Ela arregalou os olhos e sem dizer uma palavra apertou o botãozinho. O enorme e chamativo Audi A1 preto do outro lado da garagem piscou e Beatrice pareceu congelar na posição em que se encontrava. Esperei alguns segundos para que ela assimilasse tudo antes de fazer a tão esperada pergunta. – E então? O que achou?

-Isso é serio? – ela não parecia nem surpresa, nem feliz, nem nada. Estava simplesmente séria e estática.

-Não era bem essa a reação que eu estava esperando, mas sim, é sério.

-Ah meu Deus! Tom! – beijou-me demoradamente. Agora sim era a reação que eu queria. Senti uma alegria estranha ao pensar que eu era o causador daquele sorriso. – Eu não acredito! Você perdeu a cabeça?!

-Bem... Eu pensei que agora que vou estar viajando por algum tempo com a banda você ia precisar de um carro para sair com a Tessie... – sorri, o olhar que ela me lançou era tão cheio de admiração e carinho que eu me senti desconfortável com a situação. – E sabe como é, neh?! Nem morto eu ia deixar você dirigir os meus carros então... Aí está! Um novinho em folha para você detonar. – Beatrice fez uma careta de quem não gostou da piada e eu sorri. Sabia que ela tinha consciência que essa era somente minha maneira de demonstrar que me importava. – Eu estou brincando... – sorrimos os dois.

-Eu sei que está... Você não admite o real motivo de tudo que fez por mim e pela Teresa nos últimos meses, mas eu continuo achando bonitinho. - ela pegou a Tessie em seu colo e eu a abracei pelas costas apoiando meu queixo em seu ombro. – Sei que lá no fundo é por que você se importa.

-Talvez não seja tão no fundo assim. – beijei-lhe a nuca. – E eu estava brincando, não é para detonar o carro... Quero minha noiva e minha filha em ótimo estado quando voltar.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

" Beatrice ria de uma maneira tão espontânea e genuinamente verdadeira que eu me perdi do resto do barulho ao observá-la, era agradável vê-la rir daquele jeito. "

" Deitei-me em um dos bancos do jardim e observei o céu nublado. Acendi um cigarro e me deliciei com aquele sentimento estranho que aos poucos ia tomando conta de meu peito. "