Capítulo 14 – “The Phantom Of the opera is There, inside your mind.”

“O fantasma da Opera está lá, dentro de sua mente.”

- Eu acho que sei quem é o Fantasma.

…

Bella não disse nada para as duas – Alice e Rosalie. Ela saiu do toallet antes que elas pudessem impedi-la e bombardeá-la com perguntas e mais perguntas. Á mesa, os homens continuavam com sua conversa sobre negócios, vinhos e terras, e eventualmente, sobre a Inglaterra.

- Edward, preciso conversar com você, se me permite. – Bella falou ao jovem conde.

- Mas é claro. Pode falar. – Ele disse sorrindo.

- Em particular.

- Como quiser.

Ele se levantou e a seguiu. O garçom já havia deixado uma taça de vinho numa mesa reservada, bem distante de onde estavam, num local mais sossegado daquele fino restaurante. Bella não sabia como começaria a dizer tudo o que se passava em sua cabeça, e se ele não fosse? Ela pensava. Eu estaria dando com a língua nos dentes. Se debatia. Mas ele disse que Edward saberia o que fazer...

- E então, o que tem para me falar? – Ele perguntou.

- Nem sei como começar a dizer.

- Do começo, seria bom. – Ele riu.

- É sobre monsieur Fantôme. – Ela começou, de forma devagar. – Ele... está em apuros.

- Fiquei sabendo.

- Ele lhe contou algo?

- Sim. Disse-me que sua identidade corria risco de ser descoberta. – Edward respondeu, de forma casual. – Mas não é isso que queria saber...

- Na verdade foi algo que ele fez hoje que me fez vir falar contigo. – Bella murmurou, bebericando um gole de vinho.

- E o que ele fez?

Era aquele o momento. Talvez fosse muito óbvio, ou não. Mas Bella precisava saber a verdade. Nem que nada saísse como o planejado, mas ela precisava saber o que era real e o que não era. Um turbilhão de sentimentos surgia dentro de si, era como se fosse um tornado arrasando uma cidade. Um terremoto. Um vulcão em erupção. Bella não conseguia definir o que sentia, o que se passava dentro de seu coração.

- Ele foi ao camarim falar comigo. Disse-me que o Visconde não tentaria mais procurá-lo nas catacumbas do teatro. – ela falou nervosamente.

- Sim, eu ouvi quando vocês comentaram isso ainda a pouco. – Edward murmurou, mas por dentro, estava dividido.

Uma parte dele queria que Bella soubesse sobre o fantasma; e a outra, queria que nada fosse esclarecido. Com o Visconde em sua cola, ele não tinha certeza se sairia ileso ou não. Afinal, caso nada desse certo, não seria somente ele – Edward – que seria prejudicado.

- Mas o Fantasma cuida pessoalmente dos assuntos que se referem a sua pessoa. – Ela dizia. – E assim, presumo que ele tenha usado o tempo do espetáculo para resolver este pequeno... detalhe. Sendo assim, alguém teria que ter ficado no lugar dele no camarote, já que a polícia estava presente. E fico impressionada de nem você estar no espetáculo.

- Não estou entendendo? O que quer? Pistas sobre o fantasma, o que ele anda tramando? – Edward perguntou, inocentemente.

- Você é um barítono, certo? – Bella perguntou, mas sabendo da resposta. – É um pianista, não é? Tem um sorriso admirável. E me dá sempre rosas vermelhas.

- Muito observadora.

- Sim. Eu sou. Como não pude perceber antes, Edward? Pequenos detalhes que... Fazem a diferença.

Ela sabe. Ele disse para si mesmo. Afinal, não havia mais o que esconder, a não ser a identidade de um ser obscuro e misterioso. Ele sempre soube que Bella, uma hora ou outra, iria desconfiar, e de repente, descobrir que ele era “monsieur Fantôme”.

- Sim, existem detalhes que fazem muita diferença. – Ele confirmou o que ela havia dito. –Eu sempre soube, minha doce bailarina, que era uma pessoa muito observadora.

Minha doce bailarina. As palavras, novamente, ecoavam na mente, agora extremamente confusa, de Bella. Ele não precisava dizer com todas as letras, que era o Fantasma, afinal, aquela era uma frase muito usada pelo fantasma. Mas e agora? O que deveria fazer? A bailarina – cantora – sabia que sentia algo mais pelo fantasma, mas e agora, que sabia que o fantasma era um personagem criado por Edward?

- Por quê? – ela perguntou num fio de voz. – Por que fez isso? Por que não me deixou ser só uma bailarina? Por que me envolveste nesta fantasia complexa? Por que eu me deixei levar?

- Há muito o que lhe explicar.

- De fato, não é? – Ela resmungou.

- Não fique assim... – Ele pediu. – Por favor, não fique assim. Não sabe como me sinto quando a vejo triste desta forma.

- Ah, não sabe? Quer saber como realmente me sinto? – Ela perguntou, levando sua mão ao colar dourado em seu pescoço. - Me sinto usada! – E arrancou-o.

- Não se sinta. – Ele disse triste. – Sua companhia é a que mais prezo. És linda e perfeita...

- Eu nutria sentimentos por uma fantasia! – Ela falou. – E agora? Espera que eu goste de ti como gostava dele assim, num estalar de dedos? Estou decepcionada, Edward. Muito decepcionada. Demais.

- Bella... Um dia poderei lhe dizer tudo o que acontece em minha vida. Mas só quero que saiba que eu... Gosto de você. E isso não é uma fantasia. Eu criei o fantasma para poder ficar perto de ti. Só por isso. – Ele dizia, enquanto bebia outra taça de vinho. – Mas então, você foi se tornando uma estrela e então, quando eu pretendia acabar com todo esse teatro... O Visconde apareceu.

Sempre James. Sempre James. Ela pensou. Seu coração batia tão rápido, quanto às asas de um beija-flor. O turbilhão de sentimentos era tão intenso, como um furação. Eram tantas coisas a pensar, que ficava confusa e perdida, só de lembrar-se de cada palavra dita por Edward.

- Eu tive medo de que você pudesse ser prejudicada, por isso não me revelei. Eu tinha que ter cuidado com meus irmãos, porque, mesmo que ache isso bobeira, não podia me dar ao luxo de colocá-los em risco também.

- Preciso ir.

- Espere! Por favor! – ele implorou. – Só diga-me... Seja minha amiga, Bella. Seja minha amiga e me ajude a despistar o Visconde de minha cola...

- E...

- E quando tudo estiver acertado... Eu juro... Juro pelo sangue que corre em minhas veias, que contarei toda a verdade. – Edward levantou-se e beijou a mão de Bella.

Falando assim... Ela pensava. Deve haver algo a mais nesta história, algo que ele realmente não possa me contar. Concluiu. Pensando em toda a situação que estava envolvida, no que Edward, o fantasma e os irmãos dele estavam metidos, tinha que concordar. Não podia pular fora daquilo. Já estava dentro do barco remando a alto mar, rumo às ondas altas e perigosas. Era um risco que tinha que correr. E iria correr.

- Tudo bem. – Ela respondeu. – Posso parecer ingênua demais, mas acredito que exista algo nesta sua história que realmente merece uma atenção especial. Não vou perguntar o quê. E não vou jogar tudo para o alto. Por mais que o Fantasma seja uma criação sua, foi justamente por sua causa que cheguei onde estou.

- Jamais tive a intenção de lhe usar. Jamais, Bella. – Ele sorriu torto. – Mas fico feliz por ter tido uma parcela de culpa em seu sucesso. Afinal, o Fantasma da Opera está lá, dentro da minha mente.

- Ele é um lado seu, não é? Aquele lado que deixa os negócios e os problemas para trás, e só se concentra na música e no que lhe faz bem.

- Sim, é uma boa observação. Mas é um lado meu, que só surgiu porque você estava o meu lado. – Ele disse baixo, enquanto a guiava para uma sacada próxima a mesa em que estavam. – Bella... tudo o que eu lhe disse como Fantasma, é verdade. Sem tirar nem pôr.

Antes que Bella pudesse lhe dizer qualquer outra coisa, ele aproximou-se e a beijou. Um beijo quente, mas delicado. Audaz, porém tímido. Um beijo gentil, que só um cavalheiro poderia dar em uma dama. Como não se render a ele? Bella se perguntava, mas logo obteve sua resposta. Acabara de descobrir que não havia como não se render a ele. Acabara de descobrir que, por mais que tentasse ficar com raiva de Edward, não conseguia.

Edward separou-os e deslizou seus dedos pela nuca da jovem, recolocando o colar que lhe dera.

- Eu lhe disse como fantasma e como Edward. Agora repito: Gosto de você. – ele sorriu.

- Como não consigo te odiar?

- Simples. Você também gosta de mim. – Ele disse presunçosamente.

- Certo. Eu gosto. Tento te odiar, mas não consigo. – Bella corou.

Eles permaneceram ali por mais alguns minutos, só então resolveram voltar à mesa. A conversa parecia permanecer num ritmo animado, todos estavam rindo, quando o – mais recente – casal chegou à mesa. Edward e Bella sentaram-se e não disseram nada sobre sua conversa. Os garçons aproximaram-se da mesa e serviram o pedido.

- Então, soube das fofocas da cidade, Edward? – Perguntou Emmett.

- Então, Bellinha... – Alice disse rindo. – Perdeu o medo de fantasmas?

- Hum... – Jasper estreitou os olhos. – Seu fantoche expirou, não é?

- Ela não é nada boba. – Edward riu.

- Oh, mon Dieu! – Alice exclamou, um pouco alto demais. – Então é verdade?

- Céus, é sério? – Rose indagou.

- Oui, miladys. – Edward riu. – Só sejam discretas.

- Você se aproveita do teatro! – Alice repreendeu-o. – Vinte mil francos por mês?!

- Ora, nunca usei o dinheiro. Ele sempre ficava com Madame Renée e, conseqüentemente, com vocês duas. – Edward explicou. – Mas alguém como o Visconde pode pagar. Não se preocupe.

- Muito bem... Espero que você saiba o que está fazendo, porque se a Bellinha sair machucada, eu mesma cuidarei de você, caro Conde.

- Essa pequena dama é feroz, Jazz. – Edward riu.

- Oh, se é. – Ele concordou.

- Mas agora já que estamos todos sabendo de tudo, como fica o plano? – Rosalie perguntou. – Porque agora que sou, oficialmente, uma bailarina do Opera Populaire, estou com vocês.

- Isso mesmo, Rosie está conosco. – Emmett gargalhou.

- O plano continua o mesmo. Aparentemente, minha doce bailarina vai ter que ser divida com aquele Conde. – Edward disse rindo.

- Afinal, o Fantasma da Opera está lá, dentro de sua mente. – Bella completou, tomando mais um gole do vinho branco e terminando seu jantar.