A Viagem escrita por kiryuu_ichiru


Capítulo 33
Capítulo 33




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Um pássaro pegara minha blusa e meu sutiã e levantara voo. Eu saí correndo da cachoeira para alcança-lo mas foi em vão. O animal saiu voando e eu fiquei frustrada demais. Eu ficaria sem minhas roupas de cima. Eu não poderia voltar ao acampamento daquele jeito.

Entrei novamente na cachoeira.

- Droga! – falei.

- Calma, era apenas uma camisa e um sutiã. – Bill falou.

- Não. Como eu vou sair daqui agora? Eu só tenho mais UM sutiã no acampamento. O resto só Deus sabe onde está. – falei.

- Que pássaro mais ladrãozinho. – Bill tentou brincar.

Ele percebeu que eu não ri e deu uma risada sem graça.

Eu saí da cachoeira e coloquei as calças. Bill terminou de colocar suas roupas. Eu fiquei parada com as mãos nos seios sem saber o que fazer.

- Heey, Kate! – Bill me chamou.

Eu olhei para Bill e aquele homem musculoso estava tirando a camiseta. Ele tirou aquilo, ficou com todo o tronco à mostra e me jogou a camiseta dele. Eu a coloquei.

Me admirei porque pensei que ela não serviria, ele era magrelo. Ela ficou um pouco justa, mas serviu.

Aquele corpo de Bill ficou me provocando o resto do caminho que percorremos pegando lanha. Aquela tatuagem no tronco e aquele piercing no mamilo esquerdo me provocavam. Tentei me controlar durante aquele tempo todo.

Quando voltamos para o acampamento, já passava das três da tarde.

- Kate, por que você está com a camiseta do Bill? – Tom perguntou. – vocês se reconciliaram não é?

Eu percebi que Tom tentara fazer uma piada naquela hora.

-Um pássaro maldito roubou minhas roupas. Com certeza ele levou para o topo da montanha. Bill não quis me deixar ficar sem camiseta e sutiã. – falei – Obrigada Bill.

Após agradecer, tirei a camiseta dele e devolvi. Tom e Gustav ficaram me encarando sem camiseta. Eu abaixei e peguei uma camisa e meu ultimo sutiã que sobrara.

Fiquei aliviada após me vestir totalmente como eu. Colocar aquelas camisas do Bill me fazia sentir estranha. A camisa dele ficou justa em mim, eu fiquei com vergonha de ser meio gorda.

Acendemos o fogo e comemos. Contei-lhes a situação e Tom riu ao me imaginar correndo atrás do pássaro sem roupa alguma. Com isso, todos rimos, até Manoela.

Os dias foram passando e não tínhamos muito o que fazer. Havíamos estocado comida, lenha, tínhamos feito um banheiro improvisado cujo vaso sanitário era um buraco no chão. Os dias eram iguais, ficamos alguns dias conversando sobre nossos dias ali, sobre o que achávamos.

- Vocês têm medo de ficar presos aqui para sempre? – Manoela perguntou.

- Sim. Eu sinto falta dos meus fãs. Sinto falta dos meus cães. Da minha vida. Eu tenho medo de morrer aqui. – Bill respondeu.

- Eu tenho medo de não voltar a ver minha família. –Gustav respondeu.

- Eu tenho o mesmo medo que os dois e tenho medo de não ter mais mulheres gostosas. – Tom respondeu.

- Eu tenho medo de ficar aqui para sempre, perder contato com o mundo para sempre. Medo de não ver minha família nunca mais. Meu amigos, minha cachorra. Medo de morrer aqui, é tão milagroso que nenhum animal tenha conseguido nos matar. – respondi.

Na verdade, animais tentaram nos atacar, mas não conseguiram. Um urso tentou, mas nós entramos em uma gruta na qual ele não conseguia entrar, que era muito estreita para o tamanho dele. Raposas, lobos, todos tentaram, mas não conseguiram porque conseguíamos nos esconder em algum lugar, sempre.

- Eu tenho o mesmo medo que você, Kate. – Manoela respondeu.

Nós queríamos mesmo sair de lá, mas não sabíamos como fazer isso, uma vez que não tínhamos formas de nos comunicar.

Uma semana se passou, completo silencio com Bill. Conversas sobre nossa sobrevivência e nosso pesar pela morte de Georg.

- Kate, eu quero falar com você - Bill falou.

Naquele dia eu estava na gruta, sentada pensando sobre o que havíamos conversado. Sobre estarmos com medo de morrer, sobre a morte de Georg e sobre estarmos juntos ate aquele momento.

- Bill, por favor. Você sabe a razão de eu estar zangada agora? – perguntei.

- Eu andei pensando, tenho hipóteses. – ele respondeu.

- Estou disposta a ouvi-las. –falei, virando-me para ele.

Bill ficou meio incomodado por eu olhá-lo nos olhos.

- Você ficou magoada pelo fato de eu acreditar no que ela dizia sobre você, uma vez que se eu te amo de verdade, eu devia confiar em você acima de tudo. Eu devia ter perguntado a você.  – ele falou.

- O que mais? – perguntei.

- E por transar com ela num lugar que é seu. Onde você dorme, a menina que eu amo dorme. – ele completou.

Eu o olhei nos olhos mais profundamente, ele estava certo daquilo e saí do coração dele.

- Você está certo. Mas o que espera que eu faça? O que você fez já está feito. Não há como voltar atrás. –falei.

Eu já estava chorando. Bill despertava meu lado sensível sempre. Eu o amava de verdade, e odiava brigar com ele. Mas entendam, meu orgulho estava ferido. Vocês também estariam assim caso fosse o ídolo e amor da vida de vocês.

- Eu não sei, Kate, mas não quero que paremos de nos falar por isso. – Bill falou.

- Não é fácil, Bill. Isso vai ficar na minha mente por muito tempo. É claro que desculpo você, afinal, nós não tínhamos nada naquela época. Nunca tivemos, não é? – Falei.

- Kate, por favor. Não comece. Eu quero ficar numa boa com você. – ele falou.

- Tudo bem. – respondi.

Eu concordei com aquilo porque ficar discutindo com ele não valeria a pena e só me deixaria mais chateada. Bill sorriu após ouvir minha resposta e saiu andando. Eu fiquei ali, na gruta pensando pelo resto da tarde.

Quando já escurecia, foi Tom quem me procurou.

- Kate... – ele falou, se aproximando.

- Olá, Tom. Quanto tempo que não nos falamos a sós. – falei.

Ele sentou-se ao meu lado.

- Bill estava feliz. Vocês conversaram? – ele perguntou.

- mais ou menos. Ele me pediu desculpas e eu o desculpei. Só isso. – respondi.

- Entendo. Você gosta dele, não ? – ele perguntou, abaixando a cabeça.

- Sim, mas eu não sei se terei algo com ele tão cedo. O que ele fez me magoou muito. – respondi.

- Sei. Quanto ao que a Manoela disse a ele, sobre nos... – ele falou, ficando sem graça.

- O que tem ? – falei assim que percebi que Tom ficara sem jeito de continuar.

- Eu estive pensando... Já que o boato fez com que Bill fizesse aquilo, e já está feito e não há como mudar... Poderiamos tornar aquele boato real, não acha? – Tom falou.

Fiquei olhando para ele perplexa. Após alguns minutos de silencio total, Tom me olhou e começamos a rir.

- Eu, o maluco. – Tom falou rindo.

- Você é louco. O tipo de louco que eu gosto. –falei.

Silencio novamente. Tom me olhou nos olhos e se aproximou.


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