A Viagem escrita por kiryuu_ichiru


Capítulo 19
Capítulo 19- Remorso




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As noites sempre passavam rapidamente quando estávamos juntos. Por mim elas poderiam durar para sempre. Eu amava aquelas horas que eu passava com eles. 

Eu decidira, pelo menos por hora, que deixaria tudo acontecer naturalmente. Não pensem mal de mim, eu apenas estava confusa. 

O outro dia veio... E com ele, mais esforço físico, e brigas...

- Acordem! Onde estão minhas roupas? Eu não as encontro em lugar algum...- Manoela estava gritando... eu quase a matei por me acordar aos berros.

Todos acordamos e nos levantamos. 

- Nós não sabemos! Se vocês não toma conta de suas roupas, não somos nós que temos de tomar...- Bill era o que mais odiava acordar desta forma, então já estava sem paciência.

- É! Vá procurar! Nós temos mais coisas para fazer. - Eu merecia esse tipo de coisas...

- Não! Eu não procurarei nada! É obrigação de vocês fazerem as coisas por aqui, não minha... - Ela começara gritar novamente.

Dei um passo a frente... 

* tapa* - Pare de bancar a idiota! Você não é melhor do que ninguém aqui... Está parecendo uma criança idiota...

Todos firam me olhando com uma expressão de surpresa, pela primeira vez eu perdera a compostura.  Respirei, recuperei minha calma e falei:

- Precisamos conversar... Isso já foi longe demais... Bill, busque lenha com Tom, por favor? Gustav, você pode fazer o trabalho de Bill?  

- Claro! - um coro, todos falaram juntos..

Fui com Manoela para um lugar mais longe dos outros. Eu sabia que mais tarde Bill e Tom me perguntariam o que disse à ela. E é claro, eu diria. Manoela ainda estava com o rosto vermelho, eu não sabia que tinha tanta força. *risos*

- Ah, por onde começar? Sim! O que há com você?

- Não entendi...- Manoela agora estava com uma cara de dúvida.

- Você está esquisita. Não quer ajudar-nos, só cria intrigas, não liga para o resto do grupo... Eu quero saber o que há com você ... 

- Eu não sei... - Ela encostou as mãos no rosto e pude ver lágrimas caírem de seus olhos.

- Me desculpe, mas, se nem você sabe, nós tampouco. 

- Sabe, eu queria que fosse tudo bem.. Mas depois, depois que Georg... Ai meu Deus! - mais choro... ela não conseguia terminar de falar. Eu enti a razão dela estar daquele jeito.

- Entendi. Façamos assim: Eu digo o que eu acho e você diz se é isso mesmo, tudo bem? 

Ela balançou a cabeça com aprovação.

- Tudo bem, vamos lá. Georg era o que você mais amava e você não queria perdê-lo daquela forma? Você se sente culpada por termos caído aqui? Às vezes é difícil, mas parece que nunca vamos sair daqui e seremos esquecidos pelo resto do mundo. Você tem medo que Bill, Tom e Gustav tenham o mesmo destino que Georg... Você tem medo de ficar aqui e se sente deslocada... é isso?

- Sim! Como você sabe que penso assim?- ela soluçava feito louca, eu mau entendia o que ela dizia. 

- Eu também penso assim, mas não podemos nos abalar... Temos que ser fortes, temos que ficar juntos. Separados nós ficamos mais fracos, nós não somos nada quando estamos sozinhos.

- Mas parece que vocês me excluem... parece que não ligam para mim. - Realmente, agora ela estava certa.

- Desculpe-nos.. mas você sempre pareceu fechada a nós... Eu conversarei com os meninos e tudo isso vai mudar, prometo. Mas você também tem que prometer parar com essas coisas que você faz, tem que ajudar-nos mais. 

- Tudo bem. Eu sei que fui uma boba, mas é que eu não estou acostumada com essas coisas. - Agora ela parecia mais calma.

- Eu também não sou acostumada... Mas são precisos alguns sacrifícios aqui.. veja a situação em que estamos... Espero que estejamos conversadas, não aguentava mais esse climão em nós... Vamos, acho que os meninos precisam de nós.

Voltamos para o acampamento. Os meninos tinham sido rápidos nesse dia. Tudo já estava pronto e só haviam se passado duas horas. 

- Caramba! Como assim? Vocês já fizeram tudo? - Eu estava admirada.

- Sim! Também com seu tom de voz e depois do tapa que vocês nela, ficamos com medo... - Tom dizia isso com um leve sorriso no rosto.

Todos rimos. Era a primeira vez que estávamos juntos sem discussões, primeira vez que sobrara tempo para conversarmos.

- Manoela, por que você não vai tomar um banho? Enquanto isso eu falo com os meninos. - Eu não queria conversar com eles perto dela, eu precisava dizer algumas conclusões que eu tirara mas que não havia falado a ela.

Ela fez que sim com a cabeça. Após alguns minutos depois da ida dela, eu decidi falar.

- Vocês.. digo, nós estamos excluindo a menina. isso é cruel. Ela se sente só... entendam, ela sente falta de Georg. Temos que ajudá-la.

- Mas ela não quer ser ajudada, Kate. Ela nem fala com a gente. - Tom estava inconformado com o que eu estava dizendo.

- Sim, mas é que ela sofre sozinha. Ela acha que vocês não se importam com ela. Entendam, ela tem passado mal os bocados aqui.. ela se sente perdida e isolada. Ela tem muito medo.

- Mas, por que ela não vem falar com a gente? - Gustav, sempre interrogativo.

- Simples, ela não quer incomodar... Só por isso. Ela também não estava acostumada a fazer esse tipo de atividade... e...

- Mas nós também não estamos acostumados... isso é um absurdo! - Bill estava gritando comigo.. e ainda me interrompera..

Eu apenas olhei para ele... e ele sabia o que eu queria dizer. Ele se calou.

- Ela viu Georg sofrer aquilo... Para ele foi um trauma imenso.. entendam, ela é fã... ela admira vocês. Bill, pelas conversas que tivemos, você sabe como eu me sentia. Ela se sente da mesma forma.

Os meninos abaixaram as cabeças. Finalmente eles tinham entendido o que eu estava querendo dizer... Ótimo.

- então, por favor, tentem ser mais simpáticos com ela. EU prometi isso a ela. Faça isso por mim, se não querem fazer por ela.. Melhor, façam isso por Georg. 

Pela primeira vez estávamos pensando em Georg. Pela primeira vez tivemos tempo para pensar nele.  

Eu não sei o que houve, mas, de repente, todos estávamos chorando. Eu sabia, bem no fundo, que aquilo seria difícil de ser superado.. Mas ainda não tinha caído a ficha do que acontecera com Georg... E eu sabia, mais do que ninguém, que quando a ficha caísse, nós sofreríamos... Isso cortou meu coração... O sofrimento agora era a única coisa que estava em mim... Sofrimento, nada além de sofrimento. 

Eu sofria, mas não sabia a razão de tanto sofrimento. Eu mau conversara com ele. Mas no fundo eu sabia que era porque ele também era meu ídolo. Ele era um Tokio Hotel.  Eu fora tão egoísta em dar atenção apenas para Bill e Tom, como pude? 

Esse remorso me consumiria para o resto de minha vida... 


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