Abstration... escrita por Lady Leticya Snape


Capítulo 33
33.Melodias


Notas iniciais do capítulo

Oi minhas amorassss!!!
Como estão. Demorei? Se sim perdão.... olha quero reclamar viu! postei dois cáp. e recebi um monte de comentários mixurucos.... ah gente foi tão mau assim? rs
enfim isso aqui é um bônus da Jane, afinal acho que não era só eu que estava curiosa para saber dela e do Demetri né?
Enfim vou parar de falar!
Espero que gostem, nos vemos lá em baixo!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/111493/chapter/33

33. Melodias

Jane’s POV

                        Eu não precisei usar meu apurado senso de direção, pelo visto Demetri sabia muito bem aonde ia, o que claro me deixava uma dúvida, como ele sabia exatamente a direção da casa do lago de Heidi? Sei não... Deixei que esses pensamentos se afundassem e junto com eles me afundei no banco macio do carro. Os vidros fechados impediam que o insistente sol do lado de fora nos fizesse brilhar , o silêncio estava ficando um tanto desconfortável, eu não queria falar nada com Demetri até mesmo porque estava levemente irritada com o mesmo e nem sabia porque... Aff tem cada coisa que só acontece comigo mesmo. Lembrei que eu deveria estar um caos, dei uma olhada no espelho: Droga! Suspeitas confirmadas, meu cabelo parecia um ninho de folhas, minhas roupas estavam com as extremidades puídas e rasgadas da corrida e meus sapatos estavam medonhos de tanta lama seca. Horrorosa era a palavra que me definia... o que eu fiz para merecer isso? A primeira vez que “saio” com um cara e eu pareço a renascida das selvas. Bufei exasperada e fechei o espelho que estava na minha frente com um pouco de força a mais que o necessário, para minha alegria ele se despedaçou... Ótimo!

                        Demetri pareceu se assustar com meu ataque repentino que eu estava tentando esconder a todo custo:

-Hãn... você está bem Jane? – ele fitou-me, fiquei meio boba... que desconcertante

-Sim sim, só acho que estou chamando a atenção demais... – recostei no banco me acalmando e ele sorriu

-Você sempre chama a atenção não é? – Seus olhos penetraram fundo nos meus, me incomodando como se pudessem ler meus pensamentos, desviei com a desculpa de jogar pela janela os caquinhos de vidro

-Que mendiga não chama a atenção saindo de um fusion?

-Mendiga?

-É, da uma olhadinha para minha roupa e meu cabelo – para afirmar o que dizia tirei algumas folhinhas de dentro do emaranhado loiro

-Bom... não era desse tipo de chamar a atenção que eu me referia... – ele pareceu ficar envergonhado? – Mas se quiser podemos parar em um posto e comprar algumas roupas

-Acho que lojinhas de conveniência podem ser boas idéias.

                        Logo a  frente dava para avistar um posto que parecia decente Demetri parou e descemos:

-Você vai querer alguma coisa? – perguntei enquanto pegava alguns dólares que eu havia pego, não queria passar cartão, afinal caso Marcus ou Caius vissem a transação logo saberiam onde estaríamos

-Escolha algumas roupas, fica a seu critério.

                        Sai rumo à loja de conveniências, era pequena e desfalcada, no entanto tinha algumas roupas que dariam para quebrar o galho, achei um short de botões no estilo navy’s e uma blusinha fofa, um sapato de salto porque afinal se não queria que parassem Demetri por aqui ou mesmo não chamássemos a  atenção teria que parecer mais adulta, para ele bermuda, tênis e uma blusa de mangas longas, ambas as roupas em tons claros, afinal Mississipi era uma cidade de sol brilhante e clima quente então acho que roupas pretas e mantos não nos esconderiam muito bem. Respirei fundo e me encaminhei ao balcão para pagar as compras, um garoto sorriu galanteador para mim de trás do caixa , o que enjoou meu estômago se é que eu tinha... Nossa será que não consigo andar um metro sem que algum adolescente fervendo de hormônios me lançasse esses olhares, soltei o ar bufando:

-Quanto? – perguntei seca vendo que ele sorriu e chegou mais perto do balcão, o cheiro dele me queimando e eu ainda não tinha levantado a cabeça, não queria que ele visse meus olhos, que apesar de negros com certeza ainda deveriam estar com um leve tom rubi bem nas bordas

- D$105,50, mas... como tenho uma visão linda aqui fica por D$100,00 – ele sorriu um sorriso amarelo que deveria achar ser sexy, eu nem sabia o que responder, mas não precisei.

                        Com um vento senti uma mão sedosa na minha cintura por cima do meu vestido preto e antiquado, respirei e soltei o ar lentamente para me acalmar, quem mais seria? Demetri estava em uma postura séria e não hesitou em olhar o menino nos olhos, olhos que pareciam amedrontados e perdidos em meio ao fogo negro dos olhos de Demetri, por um momento deixei escapar um riso perceptível somente a Demetri por entre os lábios:

-Bom, acho que realmente a visão que tens aqui é linda– ele me puxou protetoramente para mais perto e um calorzinho pareceu querer brotar em meio minha gélida face – mas visões lindas costumam ter dono... e a menos que você tenha a mínima dignidade, e nesse caso força, para lutar por ela acho melhor que guarde seus comentários, pensamentos e hormônios para você! – ele retirou a carteira do bolso e jogou duzentos Euros na bancada enquanto o garoto se encolhia quase involuntariamente – aqui tem muito mais do que paga isso, fica para você...

                        Ele pegou a sacola das minhas mãos como se eu fosse absolutamente frágil e saiu me puxando, meus olhos ainda arregalados de surpresa , não sabia o que dizer, eu sempre me defendi sozinha e agora alguém tinha acabado de desbancar um otário por minha causa, internamente eu estava sorrindo, porém manti a pose firme na saída, ele ainda parou no meio das portas de vídeo e se dirigiu para o caixa:

-A propósito eu ia pagar em dólar, mas você não mereceu! – ele deu uma piscadinha e saiu rindo ainda me puxando até o carro que pelos vistos já estava de tanque cheio, cruzei os braços para incorporar minha pode mandona

-Não precisava ter feito aquilo... Foi completamente desnecessário! – o riso presunçoso em seu rosto alvo morreu

-Ah não? O cara estava te comendo com os olhos, até oferecendo desconto e não precisava não?

 – Acho que me cuidei muito bem sozinha obrigada durante muito tempo, aliás, nenhum desses vermes nunca nem se quer tocaram em mim. - dei um olhar de desprezo, mas por dentro ria da preocupação eminente que lhe aflorava

-Ótimo! Da próxima vez diga que sou um completo inútil... – vez uma carinha triste que pareceu aplacar minha passageira raiva – melhor encontrarmos um local para você se trocar

(Roupa Jane e Demetri http://www.polyvore.com/cgi/set?id=46922725&.locale=pt-br)

                        Imaginei se não tinha sido muito rude, afinal ele estava sendo tão cordial e educado, era até bom tê-lo assim, como se um novo sentimento de conforto crescia dentro de mim. Abaixei a voz e dei uma olhada nas sacolas

-Tudo bem, posso tomar banho por aqui. – falei branda

-Não, enquanto você estava comprando – ele disse a palavra meio engasgado – encontrei um hotel a alguns metro daqui, podemos ir lá nos arrumar, além disso pelo que calculei chegaremos hoje a noite... Acho que podemos ter um descanso - fitou meus olhos docilmente, olhei meus sapatos enlameados que pareciam o melhor lugar para olhar nesse momento

-hum... ok

                        Deixei que ele me guiasse até o hotel, pedi dois quartos, porém estavam a maioria ocupada então dividimos o mesmo quarto. Não me importei, deixei as malas em cima da cama da suíte e fui para o banho juntamente com a minha sacola. Tranquei a porta e suspirei, o quarto estava silencioso, somente ouvia a respiração suave  e cadenciada de Demetri, abri o chuveiro e deixei que a água quente relaxasse meus músculos, lavei cuidadosamente meus cabelos e após um tempo que me pareceu um tanto longo me enrolei na toalha  e tratei de arrumar o cabelo, mais um pouco e ouvi a respiração impaciente de Demetri, abri um sorriso sem som. Era tão engraçado estar nessa situação com ele, terminei de me arrumar e vesti a roupa e tenho que admitir, fiquei linda... É a verdade é que não sou muito modesta, abri a porto e Demetri já esperava de toalha em cima da cama, arqueou a sobrancelha ao me ver:

-Uau! – ele suspirou profundo e sorriu – Linda! – ele se levantou para ir em direção ao banheiro e eu fiz uma falsa mesura retribuindo o sorriso.

-Obrigada! – sentei na beirada da cama terminando de secar meu cabelos e não pude deixar de notar os músculos das costas dele, para falar a verdade ele seria o que eu chamaria de gostoso, fofo e meigo. Um sorriso escapou pelos meus lábios e eu bani esses pensamentos... realmente não deveria estar pensando nisso.

                        Uma hora depois deixávamos o hotel, andamos de braços dados até o carro, eu fiz uma maquiagem mais pesada para parecer ter pelo menos a mesma idade que Demetri esse que agora estava bem elegante ao meu lado me apoiando e levando as sacolas, descolamos duas alianças para passarmos por jovem casal e seguimos para o meu Fusion, ele abriu a porta para que eu entrasse e logo entrava do lado do motorista. O motor ganhou vida, “Espero que dê tudo certo...”

                        Viajamos sem para na velocidade máxima, reduzindo apenas quando pressentíamos algum posto policial, radar ou patrulha, era três da manhã quando encostamos perto de uma casa moderna e sóbria a beira do Mississipi, senti o cheiro de Alec e desci do carro meio frenética já podia vê-lo da varanda, o mesmo pulou e veio ao meu encontro me dando um abraço logo em seguida:

-Alec... que saudade, como você está? E Suzane? – ele sorriu e se separou de mim

-Relaxa maninha, está parcialmente bem, vai entrando

                        Fiquei meio desconfiada com o olhar que ele é Demetri trocaram, mas decidi que minha saudade por Suzane falava mais alto, subi as escadas que davam diretamente para um quarto luxuoso no segundo andar, o mesmo do qual Alec havia pulado, afastei as cortinas devagar, deitada na cama muito mais pálida que de costume estava Suzane, ela respirava devagar e estava em uma posição que delatava que Alec estava com ela nos braços anteriormente. Ainda sim ela permanecia linda em um vestido que eu já vira em Heidi e que realmente havia ficado muito melhor na minha cunhada, pérolas negras repousavam em um cálido sobe e desce dos seus seios. Sorri e me aproximei, passei cuidadosamente meus dedos pela tez lívida e gélida, suspirei:

-Ah Su... que saudade.... Sabe quando fiquei sabendo o que aconteceu me doeu tanto por dentro, doeu em saber como meu irmão parecia um homem torturado. Você foi nossa salvação....

                        Depositei um beijo suave em sua testa, e um tremor transpassou  meu corpo, um soluço que eu nunca havia tido... um choro de alívio por saber que minha família estava bem, quem sabe poderíamos viver eternamente felizes? Passei meus dedos em um carinho pelos cabelos mognos de Suzane e sorri... Tudo havia dado certo.

                        Retirei os saltos e caminhei silenciosamente até a varanda e sem querer consegui ouvir um fragmento da conversa compenetrada que estavam:

-Entendo... Não vai ser fácil... nem mesmo para você – Alec falou sério e eu segurei a respiração quando a voz de Demetri soou :

- Sei o que quer dizer, mas essa é a minha decisão. Sei que irá precisar e bom... você sabe meus motivos -   Quando Alec respondeu sua voz estava divertida:

-Sei... e que motivos en? – ele gargalhou e Demetri sorriu acanhado – Tudo bem, só posso te agradecer, aliás, a você e a Heidi, são uma ótima dupla!

                        Minha garganta secou... Então era esse o motivo de Demetri? Heidi? A vampira sexy, madura, adulta e experiente que volta e meia estava por lá. Mas como? Nunca havia notado nada entre os dois, talvez algumas conversas mais quentes entre Alec e ela, agora Demetri? Aquele cachorro, todo meloso e gentil, era por isso que sabia aonde era o antro de Heidi... AHHHH QUE RAIVA

                        Eu já estava na varanda de trás da casa, não queria que nenhum dos dois visse meu estado de raiva, me controlei... Porque eu estava pensando essas coisas? O que é Demetri? Vivo com ele a tantos anos... será que... só fui perceber que sinto algo agora? Não! Não pode ser! O amor de Suzane e Alec é lindo... mas é lindo porque são eles. Como posso me entregar ao amor se ele transforma as garotas em mocinhas frágeis e os garotos em bestas apaixonados?

                        Andei até a sala e avistei algo que podia me fazer bem, um piano negro se estendia pela suntuosa sala, lembrei do quanto tocar me fazia bem... e como fazia tempo que não tocava, sentei no banco revestido em couro e levantei a tampa enquanto retirava  a flanela que recobria as delicadas teclas de marfim creme. Deixei que meus dedos se adaptassem aquela suavidade e logo me veio uma melodia... talvez fosse triste e melancólica, mas de certa forma era como eu me sentia nesse momento, a música na verdade tinha uma introdução em outro instrumento que não o piano, mas eu a ignorei e toquei.

(Ignorem a introdução que não é piano http://www.kboing.com.br/yann-tiersen/1-85249/)

                        As notas fluíam enchendo a sala calmamente, como se levassem da minha alma a depositasse na sala todas as minhas incertezas, percebi que Alec entrava juntamente com Demetri, fechei os olhos, não queria ver aqueles olhos perturbadores que me faziam sentir segura, Alec falou contra a música:

-Vou caçar, cuidem de Suzane para mim.

                        Se ausentou e eu continuei tocando silenciosamente, Demetri ficou um bom tempo parado na mesma posição, talvez me contemplasse ou apenas lembrasse da presença de Heidi naquela casa, no entanto caminhou para meu lado a passos vacilantes e após um  breve suspiro também se apossou das teclas entremeando o tom que tocava perfeitamente com a música que eu antes tocava, abri os olhos surpresa, porém continuei tocando juntamente com ele, nossos dedos se entrelaçando em meio a profusão da melodia, nossos corpos se tocando enquanto procurávamos as notas, a respiração acelerando enquanto alcançávamos o ápice da música e os nossos olhares se encontrando.

                        Continei tocando, mas não ousei desviar meus olhos daquelas órbitas negras que pareciam queimar o fundo da minha empobrecida alma, ele também não desviou, parecia querer me falar coisas nunca antes faladas, parecia querer me aquecer apenas com sua força e parecia que via o desconforto e a tristeza que se apossavam da sala após cada nota. Não precisávamos olhar para tocar uma melodia tão conhecida... apesar de achar que era só eu que conhecia a mal afamada melodia. Nossas mão terminaram unidas pela última tecla e eu desviei meu olhar para minha mão, ele não deixou de notar e levou a mão delicadamente até meu queixo o levantando e prendendo novamente meu olhar:

-Você está bem?

                        Ai que pergunta idiota... Eu queria dizer que não, que eu estava com um monte de sentimentos estranhos e que me faziam dependente e dona de um ciúme aterrador... mas se nem eu mesma conseguia lidar com essas coisas loucas como expô-las para ele? O que pensaria, ainda mais quando ele pediu para ficar aqui por Heidi.. ela era o motivo... e Alec havia concedido. Um ataque de orgulho me subiu ao peito, senti meus olhos queimando e endurecendo

-Sim estou! – levantei o queixo acima de sua mão, eu não poderia ficar ali com ele sem demonstrar minha fragilidade. Sai pela porta e apenas sussurrei:

-Cuide de Suzane, volto logo!  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? rsrs Nada se Alec e Suzane!
Espero que não me matem rs
bjokinhas!
Comentem!