Ações e Reações escrita por Seto Scorpyos


Capítulo 4
Pequenas discrepâncias




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Miyavi e Aoi olhavam curiosos para Reita, que devolveu o olhar, divertido.

- Pergunta bem pessoal essa... – comentou, calmo.

- Eu disse que era impossível a tortinha de limão... – Miyavi comentou, vitorioso.

Reita o interrompeu com um gesto impaciente.

- Agora chega, Miyv! Porque chama Ruki assim?

O cantor arregalou os olhos. – Assim como?

- Não se faça de burro! Tortinha de limão! – o baixista devolveu, um pouco irritado.

O cantor recostou-se, sorrindo malicioso.

- Mas é só olhar para ele para saber. – respondeu, evasivo.

- Não começa! Desembucha! – o guitarrista moreno jogou uma almofada no cantor – Explica!

O cantor gargalhou, deliciado.

- Bem – sentou-se direito e encarou os dois à sua frente – Ele é pequeno, tem um humor azedo... mas tem quem gosta! – terminou olhando maliciosamente para o baixista, que arregalou os olhos, insultado.

Aoi não conseguiu se segurar. Riu até que saísse lágrimas dos olhos. Miyavi o acompanhou, francamente divertido. Reita olhava de um para o outro, sério. Rolou os olhos, contendo um sorriso.

“Pensando bem, até parece mesmo!” pensou. Mas nem sob tortura confirmaria isso para os outros dois.

Depois de alguns minutos de risadas e gozações, Aoi começou a se controlar.

- Bem, voltando a nosso assunto.... você não respondeu, Reita. – disse, ainda ofegante pelas risadas.

Miyavi parou de rir na hora, olhando para o baixista em expectativa. Quando Reita abriu a boca para responder, o celular de Miyavi tocou.

- Droga! Mas logo agora? – bufou, irritado – Nem pense que vai conseguir escapar!

- E eu pensei que ele não queria saber... – Aoi comentou, sarcástico.

Miyavi puxou o celular, olhando furioso para o visor. Sua expressão se suavizou ao ver quem chamava. Reita ergueu uma sobrancelha e trocou um olhar com Aoi. O guitarrista moreno sorriu, malicioso.

- Amor! Onde está? – o cantor perguntou, animado. Sua expressão ficou séria e ele arregalou os olhos – Onde? – Aoi e Reita trocaram outro olhar. Miyavi deu um pulo do sofá, quase derrubando a mesa à sua frente – O que você e Ruki estão fazendo aí? - dessa vez, foi Reita que se levantou, curioso.

- O que está acontecendo? – perguntou, sério.

Miyavi arregalou os olhos, olhando para o baixista. Reita não agüentou o suspense e arrancou o aparelho da mão dele.

- Kai, o que está acontecendo? – perguntou, sem se preocupar em se identificar para o baterista.

Ouviu atento o que o moreninho disse e seu rosto fechou-se.

- Segure-o para mim, Kai. Chegamos em quinze minutos. – o baixista quase cuspiu as palavras. Sem esperar, simplesmente puxou o cantor pelo braço. Aoi ergueu-se, preocupado.

- Reita, o que houve? – perguntou, segurando o baixista e fazendo-o parar por um momento – Respire e me conte o que houve. Onde eles estão?

Reita parou, mas não parecia disposto a dizer nada. Aoi ergueu o olhar para Miyavi, questionando-o silenciosamente.

- Kai e Ruki estão numa boate de go-go boys. Ruki está bêbado e estão tendo problemas para saírem de lá. Parece que a tortinha deu um show na pista e deixou alguns caras meio eufóricos demais.

Aoi recuou, arregalando os olhos.

- Mas que droga ele está pensando? – o moreno perguntou, incrédulo.

- Eu vou saber agora. – o baixista disse, arrastando o cantor para fora do apartamento.

O moreno ia segui-los quando o celular tocou. Acompanhou-os para fora, depois de o baixista pegar a chave do carro e voltar a arrastar o cantor para fora do apartamento.

- Uru? Claro, estou com Reita e Miyavi... – olhou para os dois, parados no corredor. – Onde está? -

Aoi ergueu a sobrancelha, franzindo a testa ao ouvir o guitarrista loiro – Uru, o que está fazendo aí? – acompanhou os passos dos outros dois, ouvindo atentamente a explicação do namorado – Tudo bem, eu vou te buscar.

Desligou, olhando pensativamente para o aparelho.

- Uruha também está em local impróprio? – Miyavi perguntou, soltando-se do baixista - Mas o que será que deu neles?

- Não. Uruha está na praia. – Aoi disse, distraidamente – Mas não me disse porque está lá. Eu vou buscá-lo.

Os três desceram pelo elevador. Aoi estava tranqüilo, embora um pouco curioso para saber o que Uruha estava fazendo na praia. Kai e Miyavi não escondiam a apreensão. Trocavam olhares nervosos e o baixista estava apelando para toda a sua reserva de paciência para não explodir antes da hora.

- No mínimo, a sua tortinha de limão hentai levou meu amorzinho para aquele antro de perdição e luxúria. – o cantor comentou, com irritação na voz – Meu lindinho nunca iria a um lugar desses por livre e espontânea vontade. E ainda ter que tomar conta daquele pervertido... imagino o jeito que deve ter dançado... – rolou os olhos – Nem quero pensar naquele bando de trogloditas tentando alguma coisa com meu pedaçinho de paraíso... Se alguém passar a mão nele, aquele meio quilo vai ser ver comigo.

Reita olhou para ele, irritado, mas antes que pudesse responder, Aoi entrou no meio.

- Não adianta brigar sem saber o que eles foram fazer lá. É perda de tempo. Melhor irem e trazerem aqueles dois. Depois de ouvi-los aí sim, podem se matar à vontade.

Separaram-se no estacionamento.

- Não esquece, Miyv... me liga assim que estiverem com eles! – Aoi reforçou, entrando no carro.

O cantor apenas acenou com a mão, praticamente correndo ao lado de Reita para o carro do baixista.

 

Alguns minutos depois, encontraram o endereço indicado pelo baterista. Reita franziu a testa e trocou um olhar com o cantor. Diabo de lugar estranho!!

A fachada era completamente negra e além disso, ficava numa rua estreita e escura. Miyavi já tinha desistido de tentar entender o que Kai estaria fazendo num lugar daqueles. Ainda desconfiados, se dirigiram à entrada. O baixista arregalou os olhos com o preço da entrada, e fechou ainda mais a cara. Miyavi ergueu uma sobrancelha, mas pagaram sem dizer nada.

Lá dentro, levou alguns minutos para acostumarem os olhos. O ambiente estava saturado de fumaça e luzes néon. Reita quase gritou, frustrado. Miyavi não perdeu tempo. Varreu com os olhos a entrada, e como estavam num piso superior, encostaram-se à proteção para procurarem melhor. Ainda bem que o maldito lugar não estava lotado, senão um dos dois, ou ambos, iriam surtar.

Reita procurou no mesmo pavimento onde estavam, notando as pequenas mesas e os sofás nos cantos. Viu alguns casais e, sinceramente, não queria saber o que estavam fazendo ali. Voltou-se ao sentir um puxão no braço.

Acompanhando o olhar de Miyavi, Reita viu Kai e Ruki, e quase rosnou ao ver que estavam cercados por alguns rapazes.

Com passos pesados, os dois se aproximaram. Reita notou que Kai estava segurando o braço do chibi, tentando fazê-lo ficar quieto. O vocalista estava rindo e bebendo, claramente flertando com alguns rapazes que estavam ao redor. O baixista fechou mais ainda a expressão, tentando se controlar e não aprontar um escândalo. Isso estava fora de cogitação.

A expressão de alívio de Kai fez Miyavi esquecer parte da indignação que sentiu ao vê-los ali.

- Amor! – o baterista exclamou, um pouco entusiasmado demais.

Ruki e dois rapazes olharam para cima, e Reita viu o exato momento que Ruki se encolheu. Estranhou. Olhou-o e percebeu que o chibi não estava tão bêbado quanto achou que estaria. Na verdade, tirando o rubor nas bochechas, ele estava quase normal. Franziu levemente a testa, um pouco confuso.

- Só vim te buscar. – Miyavi respondeu, fulminando o rapaz que estava quase debruçado sobre o baterista.

O jovem deu um sorrisinho malicioso, e antes de se levantar para sair, colocou um papel dobrado na mão de Kai.

- Meu telefone, lindinho... para quando quiser uma diversão. – disse, lascivo.

O sangue de Miyavi ferveu. Simplesmente pegou o braço do rapaz, levantando-o do sofá. O jovem se encolheu e um brilho de medo atravessou seu olhar.

- Ele não vai precisar do seu telefone. Mas você vai precisar do número da emergência se não sair daqui nesse segundo. – rosnou, irritado.

O jovem se virou e saiu praticamente correndo. Dois outros rapazes também saíram, analisando a expressão do homem loiro que o acompanhava. Reita e Miyavi estavam com roupas normais, o baixista havia tirado sua faixa. Não queriam e não podiam ser reconhecidos.

Mas ainda havia um desavisado. O rapaz estava praticamente comendo o chibi com os olhos, e tinha ignorado flagrantemente tudo ao seu redor. Ele se aproximou para dar um beijo no vocalista, que desviou o rosto.

- Takanori! – o tom baixo e raivoso do namorado fez Ruki se encolher e largar o copo instantaneamente.

- Bem, acho que já vamos... – disse Kai, levantando-se e puxando Ruki.

Mas o rapaz não pareceu entender a deixa. Segurou o braço do vocalista e levantou-se, puxando-o para si.

- Ahnn, mas estávamos nos dando tão bem... – disse, malicioso.

Ruki se alarmou ao sentir os braços do homem ao seu redor, e mais ainda ao sentir a raiva do namorado. Não era para ter acontecido aquilo.

- Estavam, é? – a pergunta debochada de Reita fez o sangue do vocalista gelar.

- N-não é isso... – gaguejou.

Debateu-se, tentando se soltar. O homem interpretou mal o movimento e apertou mais os braços em volta do vocalista.

- Gosta de provocar, é? – perguntou, inclinando-se e mordendo a orelha de Ruki – Como quando estava dançando...

Para horror de Kai e Ruki, o homem se esfregou lascivamente no corpo do vocalista, preso em seus braços. Ruki debateu-se com mais força. Reita deu um passo e puxou o braço do jovem, segurando-o pelo pulso. Só então o engraçadinho pareceu se dar conta dos outros ali presentes.

Ele arregalou os olhos e soltou Ruki, que voou para os braços de Kai. Reita simplesmente deu um soco no queixo do homem, fazendo-o cair sentado no sofá. Miyavi segurou o braço do baixista de leve, chamando a atenção dele.

- Rei, chega. Nada de escândalos. – advertiu, baixo.

Mas essa não era a intenção do homem. Aproveitando a distração de Miyavi, jogou-se sobre o corpo do baixista, fazendo os dois caírem para trás. Usou seu peso para ficar sentado em cima do tórax do loiro, prendendo os braços dele com as pernas. Sorriu, superior, ao notar a surpresa nos olhos de Reita e inclinou-se, acertando-lhe o queixo duas vezes. Quando ia acertar o terceiro, sentiu seu cabelo ser puxado para trás, e logo um potente soco o fez cair para o lado, libertando o loiro.

Miyavi passou pelo baixista meio tonto no chão e chutou o homem caído mais algumas vezes, raivoso. Kai e Ruki estavam encolhidos no canto, ainda abraçados. Nunca imaginavam que aquilo pudesse acontecer. Não era para ter uma briga daquele porte, e ainda mais com o baixista.

- SEU LIXO! – Miyavi gritou, chutando o homem no chão – COMO OUSA ATACAR ASSIM, SEU COVARDE!! TARADO SEM VERGONHA!!

Alguns seguranças apareceram e separaram a briga, afastando Miyavi. Kai percebeu o perigo do escândalo e aproximou-se, arrastando Ruki. Um dos seguranças estava ajudando Reita a se levantar, já que o loiro ainda estava meio fora do ar.

- Por favor, senhor! Já estamos de saída, não precisa se preocupar. – disse, aflito.

O homem que pareceu ser o chefe olhou para ele. E dele para Miyavi e Reita.

- O que aconteceu aqui? – perguntou, sério.

Era a deixa de Kai. O baterista respirou fundo.

- Eu e meu amigo viemos beber um pouco. Logo esse homem apareceu para nos importunar. Estava dando em cima de nós, apesar de recusarmos.

- E quem são esses? – apontou para Reita e Miyavi.

- São nossos namorados. – Kai respondeu, simplesmente.

O homem olhou os jovens seriamente. O causador da confusão já era conhecido. Ele sempre fazia aquele tipo de coisa. E também havia o loiro ferido. Se pudesse, evitaria uma confusão maior.

- Por favor, saiam com seus namorados. Não precisamos de mais confusão por aqui. – o segurança disse, calmo.

Kai deu um sorriso e se inclinou, agradecido. O segurança notou as covinhas do sorriso do outro. Encantadoras. Deu uma boa olhada no rapaz menor parado a seu lado. Ele também era muito bonito, com olhos azuis impossíveis de serem ignorados. Sabia que eram lentes, mas ficaram ótimas no pequeno. E também havia o show. Aquele baixinho realmente sabia como atrair a atenção. Fez um leve aceno, afastando-se.

Miyavi, ainda nervoso, amparou a um tonto Reita para saírem daquele lugar. Kai puxava Ruki, agradecendo aos deuses que nada de mais grave tinha acontecido. Adiantaram-se um pouco, saindo do campo de audição dos namorados, mais lentos por causa do estado do baixista.

- Merda! – o vocalista sussurrou, baixo.

- Aquele cara tinha que estragar tudo. Estava tudo ótimo! – o outro disse, rapidamente.

- Mas eu fiquei feliz... – o vocalista respondeu, com um meio sorriso.

- Mas não vai ficar se não conseguirmos explicar isso. Leva o Reita para casa e cuide dele. Finja que é uma vítima inocente.

- Eu SOU uma vítima! – Ruki praticamente cuspiu as palavras.

O baterista olhou para ele, erguendo uma sobrancelha. O vocalista virou o rosto, irritado.

- Tá, nem tão vítima assim... – reconheceu, vencido.

Pararam próximo ao carro e aguardaram a chegada dos outros dois. Miyavi colocou Reita no carro.

- Miyv, deixa que o Ruki leva ele! Vamos embora! – Kai pediu, trocando um rápido olhar com o vocalista.

O cantor olhou dele para Ruki. Ainda estava bravo e não ia deixar barato.

- Não parece bêbado o suficiente, Ruki. – disse, nervoso.

O vocalista teve a decência de corar. Abaixou a cabeça e pensou furiosamente numa resposta.

- Eu não... – disse, com os olhos e a voz baixa – Eu... Na verdade...

- Você o quê? – a voz do baixista o fez dar um pulo. Arregalou os olhos e tentou parecer inocente.

- Eu queria... eu... - o olhar feroz que recebeu o fez se encolher. Sentiu uma pontada de culpa ao ver o rosto ferido do outro – Perdão!

Respirou fundo e abaixou a cabeça.

- Eu quero saber o que diabos vocês vieram fazer aqui! E SOZINHOS!! – Miyavi até tentou, mas não conseguiu se controlar – E O RUKI NEM BÊBADO ESTÁ!! QUE MERDA ACONTECEU AQUI??

- Mi, eu explico tudo depois. Por favor, me leva para casa! – disse, fazendo a voz tremer. – Reita precisa de cuidados e estamos nervosos e cansados. Por favor!!

Miyavi olhou atentamente o namorado. Não estava gostando. Não mesmo.

- Espero que tenha uma boa explicação, Kai. – disse, tentando se acalmar. Olhou Ruki, que instintivamente deu dois passos para trás. O cantor estendeu a chave do carro e Ruki a pegou – Sei que não está bêbado, Ruki. Então não vai ter problemas em levar teu homem para casa.

O vocalista se chutou mentalmente. Na confusão, esquecera-se completamente que tinha que fingir e assim que o cantor tinha falado, percebeu que não dava mais para tentar. E Miyavi pareceu fazer questão de ficar repetindo.

- Estou b-bem... apenas estava tentando me divertir. – respondeu, sem olhar para ninguém.

Deu a volta e sentou-se ao volante, sem encarar o baixista a seu lado. Observou Kai e Miyavi se dirigirem para o carro do baterista. O tatuado estava realmente furioso. Esperava que o amigo pudesse contornar a situação. Ligou o carro e olhou de esguelha para o lado. Reita havia se recostado no banco e fechado os olhos.

O plano estava indo bem, pena que houve aquela briga. Não queria que seu namorado tivesse se ferido. Suspirou, um pouco desanimado. O sentimento de culpa o assaltou novamente e Ruki sacudiu a cabeça vigorosamente, tentando se livrar dos pensamentos.

Tirou o carro, concentrando-se em voltar para casa e cuidar do seu loiro.


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