Ações e Reações escrita por Seto Scorpyos


Capítulo 3
Probabilidades




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- Estou exausto! – Aoi disse, jogando-se no sofá.

Miyavi o acompanhou, tomando conta do outro sofá enquanto Reita estava na cozinha, apanhando bebidas para eles.

- Também estou cansado. Além de todos os ensaios, ainda tenho o Kai...

Um silêncio se fez na sala. Aoi sentou-se direito, apoiando os antebraços nas coxas.

- Uruha está muito sensível ultimamente.... – sua expressão se tornou distante – Estou com tanta saudade da pegada do meu namorado...

Miyavi ergueu uma sobrancelha.

- Isso significa o que eu acho que significa?

Aoi olhou para ele, sério.

- É claro, sua anta tatuada! O que esperava? Eu namoro um homem grande e forte... lindo – seu tom ficou malicioso e ele apertou uma almofada nos braços – Braços fortes, mãos grandes... boca...

- , ! Pode parar, já entendi! – disse o cantor, estremecendo – Isso foi gay demais até para mim!

- Qual o problema de eu gostar que meu namorado me jogue sobre qualquer superfície plana e me tome? – Aoi perguntou, incrédulo.

- Isso não é um problema, Aoi. Se você gosta... – disse Miyavi, incomodado.

Aoi ergueu uma sobrancelha.

- Vai me dizer que nunca deixou o Kai... – mas não terminou, foi interrompido por um cantor extremamente incomodado.

- Vamos mudar de assunto?

Aoi sacudiu a cabeça, cada vez mais perplexo. – Eu não acredito! Sério? Nunca experimentou?

- Qual é, Aoi? Nem todo mundo é como você, flex. – tentou ser sarcástico, mas o moreno não caiu.

- Isso não tem nada a ver, Miyavi. Eu gosto de um “homem” – frisou a palavra “homem” – Durmo com um homem. É natural que eu ceda para ele...

- Então é só você! – o cantor devolveu, teimoso.

- Como assim? – agora o moreno estava positivamente curioso.

- Eu não acredito que Reita, o seme mor deixe a tortinha de limão fazer isso! – o cantor disse, convicto.

Aoi arregalou os olhos. – Como pode ter tanta certeza?

Miyavi desviou os seus. Encarou o chão por alguns minutos e depois, o moreno à sua frente.

- Dá só uma olhada no material, Aoi. – apontou a cozinha, mas não dava para ver o loiro de onde Aoi estava – Tem músculos, é sério ao extremo... tem toda essa aura de retidão e honra... Não dá nem para desconfiar que ele gosta de homens. Não deixaria Ruki fazer nem em um milhão de anos!

Aoi ficou encarando o cantor por um momento e então, virando-se, gritou:

- Reita, vem cá! Quero te perguntar uma coisa!

Miyavi arregalou os olhos, corando violentamente. – Você não vai fazer isso!

O sorriso debochado de Aoi era resposta mais que suficiente. Reita veio da cozinha, carregando a bandeja com bebidas e copos.

- Aoi, eu não sou surdo! – disse, depositando a bandeja sobre a mesa e servindo saquê aos amigos – O que quer me perguntar?

Sentou-se calmamente ao lado de Aoi, ficando de frente com o cantor.

- Eu e Miyavi estamos aqui discutindo uma coisa, e apareceu uma questão interessante. Nós queremos saber...

- Você quer, eu não tenho nada a ver com isso! – o cantor interrompeu, apressado.

Reita olhava de um para o outro. Aoi encarou Miyavi por um tempo e depois virou-se de uma vez para o loiro e perguntou à queima roupa:

- Você já deixou o Ruki ser o seme, não é?

 

****

 

Uruha, Kai e Ruki estavam no apartamento do baterista. Como era feriado, folga geral para todos.

- Eu não acredito que você fez isso com o Reita! Como ele deixou? – Uruha estava perplexo.

- Eu só precisei de uma arma do meu estoque – respondeu o cantor, malicioso – Além do mais, eu nem fiz tanto escândalo assim...

- Imagino... – disse Kai, servindo saquê aos amigos.

- É sério! Nem precisei pedir duas vezes! – o cantor disse, sorrindo.

Uruha deu uma risada deliciada. – Eu queria ter visto isso!

Kai sentou-se a seu lado. – Eu não! Ia ficar com pena dele...

- Eu não fiz nada demais, Kai. – Ruki disse, ficando sério – Além do mais, estou só devolvendo.... Ele não quis me tratar como uma mulher? – encolheu os ombros eloquentemente – Agora agüenta!

Depois de mais algumas risadas, Kai virou-se para Uruha.

- Ainda bancando a donzela? – seu tom era divertido e o loiro riu mais um pouco.

- Ainda. Medo de barata, medo do escuro... Acordo ele para ir ao banheiro comigo de madrugada... Mas agora achei uma mais eficaz.

- Qual? – Ruki inclinou-se para a frente, interessado.

Uruha fez um charminho e respondeu – Discutir a relação.

Kai arregalou os olhos e Ruki não se controlou, gargalhou.

- De onde tirou isso? – Kai estava assombrado com o sadismo do guitarrista loiro.

- Ouvi duas maquiadoras conversando e uma delas disse que o namorado não agüentava isso. Então tentei com Yuu. – respondeu, fazendo uma cara inocente.

- Ninguém merece! – disse Kai – Coitado do Yuu...

Ruki ainda ria, mas controlou-se para perguntar: - E como descobriu como fazer isso?

Uruha encolheu os ombros.

- É nessas horas que falta uma irmã... – disse, fazendo drama, o que arrancou mais risadas de Ruki e sorrisos discretos de Kai – Mas perguntei à recepcionista da noite e ela me contou.

- E que desculpa deu? – Kai perguntou, curioso.

- Eu apenas joguei um verde, dizendo que relacionamentos são difíceis quando não há diálogo. Claro que isso foi o que eu ouvi das maquiadoras. Então ela disparou a falar. Quase surtei, mas agüentei firme porque queria saber como era.

- Você não presta, Takashima! – disse Ruki, parando de rir e encarando o outro.

- Me formei na mesma escola que você, Takanori – o loiro devolveu, dando uma piscadinha.

- Perto de vocês me sinto um colegial. – disse Kai, baixinho.

- E como você fez com a desconfiança do Miyv? – Uruha perguntou – Você disse que achou...

- Eu não estou sabendo... Como é que é? – Ruki perguntou, curioso – Ele descobriu?

- Não. Ele só ficou cismado quando começamos a agir estranho. Um dia comentou que parecia troco, mas eu fiz um drama tão grande que ele acabou esquecendo. Coitado do meu gatinho... – Kai pareceu estar realmente com pena do cantor e Ruki resolveu agir.

- Kai, já está terminando. Eu mesmo já não agüento ter que agir como uma mulherzinha surtada! Isso cansa muito e é irritante! Lembra que nós combinamos que ia ser só um mês? Então, já está acabando... – disse lentamente, encarando o baterista à sua frente.

Uruha olhou de um para o outro e comentou:

- Além do mais, está divertido! Você tem que admitir...

Kai ficou em silêncio, mas tinha que dar o braço a torcer.

- É verdade. A cara que o Miyavi fez quando dei uma crise ao ver a mancha na camisa dele... – seu sorriso se abriu, mostrando as covinhas.

- E também estou preparando algo muito especial para meu moreno delicioso... – disse Uruha distraidamente, brincando com uma mecha de cabelo.

- E eu também. Reita merece depois de ter me consolado quando o penteado não deu certo – disse Ruki, com um sorriso – Ele foi tão carinhoso comigo...

Os três se olharam e começaram a rir.

- Yuu também foi um amor quando fiz ele esperar eu experimentar quase meu guarda roupa inteiro para aquela coletiva. – Uruha disse, parando de rir e tomando mais um gole de saquê.

- Aquilo foi demais, UruhaKai disse, ficando sério – Nem mulher gasta duas horas e meia para se arrumar!

- A secretária do segundo andar gasta. Três horas no mínimo quando vai sair com o namorado – disse Ruki, recostando-se no sofá.

Kai e Uruha arregalaram os olhos.

- Como sabe? – Uruha perguntou.

- Eu perguntei. Queria saber quanto tempo mais ou menos teria que gastar para me arrumar quando fosse sair com o Rei... – Ruki respondeu, olhando o copo divertidamente.

- Eu achei que era um exagero... – disse Uruha, espantado. – Pelo visto, até que fui rápido.

- Agora eu demoro mais ou menos uma hora e meia só para fazer a maquiagem. – disse Ruki, sério – Se for para me arrumar completamente, e ficar gostoso para ele, são quatro horas.

Kai arregalou os olhos – E ele espera?

- No início ele não queria, mas foi só começar experimentar as roupas na frente dele e perguntar o que ele achava. – o cantor respondeu distraidamente.

- Seu hentai pervertido! Aí não vale! – disse Uruha, caindo na risada – Coitado do Rei!

- É por isso que demoram tanto! Provoca o coitado e aí... – Kai disse, bebendo um gole.

Parou ao notar que os outros dois ficaram sérios.

- O quê? O que eu disse?

- KaiUruha começou, lentamente – Se não notou, estamos fazendo uma grevezinha básica de sexo.

Os olhos de Kai se arregalaram e ele abriu a boca, mas nenhum som saiu. Por essa não esperava.

- Mas... mas.. – não conseguiu terminar o pensamento – Porque não me disseram?

Ruki inclinou o corpo para frente, estreitando os olhos.

- Pensei que tivesse ficado claro na conversa que tivemos que daríamos um castigo neles. – deu um pulo, erguendo-se do sofá – Não acredito que se esqueceu!! Eu lembro que chegamos a comentar que isso seria importante!

Uruha olhou assustado para o baterista, que corou violentamente.

- Eu... Eu...

- Ele esqueceu – constatou Uruha sombriamente – Não acredito!

Por um instante ficaram em silêncio, o baterista tentando se lembrar quando haviam combinado aquilo.

- Desculpem, eu não prestei atenção... – disse, baixo.

- Agora já foi – disse Uruha com um suspiro – Eu tenho usado tudo que sempre ouvi como desculpa para não transar com Aoi. Dor de cabeça, estress, cansaço... – fez um gesto impaciente – Mas quase estou ficando louco também. Não agüento isso muito mais.

- E eu? Não dá nem para me divertir sozinho, já que tenho certeza de que não vou conseguir conter os gemidos e todas as outras coisas assim que eu começar... – Ruki reclamou, deixando o corpo cair para trás, desanimado – Tenho usado basicamente as mesmas coisas, além daquela gosma verde horrível. Acho que Reita tem nojo daquilo... Acho não, tenho certeza. – disse, calmamente.

Kai ouviu os dois amigos incrédulo com a forma como se expressavam. Como se aquilo fosse perfeitamente normal.

- Mas não é muita covardia? Eles nem fizeram nada tão grave assim... eu pensei que era só um castigo simples... – Kai disse, sem encarar os amigos.

Uruha olhou para ele e sacudiu a cabeça.

- É só um castigo, Kai. Simples. Não estamos nem sendo malvados. Mas se não fizermos alguma coisa, não vai ter sido a primeira vez e nem a última. E eu não gostei de ser tratado como uma mulher.

Ruki encarou o baterista, que se encolheu no sofá.

- Kai, encare por esse lado. Poderíamos estar fazendo coisas piores. – disse, sério.

- Eu só não acho que precise disso tudo. – disse o baterista, encarando o cantor.

- Tudo bem, então. Pode parar de castigar seu namorado. Por mim, tudo bem – disse Ruki, dando de ombros. – Eu vou embora! Obrigado pela bebida!

Uruha se levantou, imitando o cantor. Kai ergueu-se, alarmado.

- Eu só acho que...

- Faz o que achar melhor, Kai. – disse Uruha, sério – Tudo bem! Eu também vou embora, aproveitar a carona de Ruki. Nos vemos no estúdio!

Kai abriu a boca para argumentar, mas parou ao ver Ruki já atravessando a porta para sair. Acompanhou Uruha em silêncio, já começando a achar que não tinha sido muito solidário a eles. Já na porta, ouviu um “tchau” distante de Ruki, que estava no corredor se encaminhando para o elevador. Uruha se virou e deu um sorriso.

- Não se preocupe! Tudo bem por nós! – disse, calmo.

- Estou me sentindo um traidor. Eu concordei a agora faço isso... – Kai respondeu, sombrio.

Uruha encarou o baterista.

- Kai, o seu problema é que você perdoa fácil demais. Eu sei que se eu não fizer nada, Aoi vai me deixar sozinho de novo. Apesar de achar que ele realmente possa precisar de um tempo para ele, não concordo com a forma que ele fez isso.

Kai abriu a boca para contestar, mas não pôde. O guitarrista loiro continuou.

- Além do mais, ele tem o próprio apartamento, apesar de ficar mais no meu. Ele tem o próprio espaço e eu nunca ultrapasso o limite. O que me deixou puto foi ele me levar para o apartamento do Ruki e me deixar lá com vocês, alegando que ia para uma “noite masculina” e fazer parecer que eu sou uma garota deixada no clube da luluzinha para fofocar.

Kai concordou com a cabeça.

- Miyv também fez isso. Disse que era para eu colocar o assunto em dia...

- Pois é... - Uruha disse, encolhendo os ombros. – Era melhor simplesmente não ter feito nada. Até amanhã, Kai!

Uruha sorriu para Kai, que devolveu o sorriso, já se sentindo melhor. Ao ver o loiro se afastar, sua mente deu um estalo e ele chamou:

- Uruha!

O loiro se virou e olhou para o baterista, curioso.

- Acho que sei como fechar com chave de ouro! – disse, sorrindo.

Uruha ergueu a sobrancelha, sorrindo de volta. Virou-se para o vocalista, já na porta do elevador e que olhava para os dois.

- Ruki! Kai teve uma idéia!

 

 


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