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-Você se apaixonou por ela a primeira vista? Quando você me disse Vinicius que ela mentiu pra você eu achei que era uma simples mentira de idade ou que ela omitiu que era um vampira, mas dizer que tinha que casar com o seu irmão para salvar o seu povo é realmente a maior mentira de todas as que eu poderia imaginar. Eu falei meio chocada para ele.

-Ela não mentiu, pelo menos não sobre isso. Nesta época os vampiros eram caçados e mortos e quase não podiam se alimentar, por isso do interesse dela se casar com um mortal, para conseguir o seu dinheiro e comida para como ela mesmo disse: “Salvar o seu povo”. Agora me deixe continuar.

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         Passei o resto do dia enfurnado na biblioteca tentando não pensar nela, e nem no que havíamos conversado, mas isso era impossível a lembrança dela vinha sempre para me atormentar e as suas palavras para me castigar.

         À noite fui para meu quarto cedo, com o intuito de me acalmar o que foi um fracasso, pois depois de quinze minutos em meu quarto ouvi uma discussão e ouvi uma batida em minha porta.

         -Sim? Eu disse abrindo a porta.

         -Pode me deixar entrar? Anne disse entre lagrimas.

         -Sim, mas o que houve? Eu perguntei a ela fechando novamente a porta.

         -Alexander, o peguei com outras mulheres. Não entendo como ele pode me desrespeitar tão descaradamente. Ela disse entre lagrimas.

         -Tome. Eu disse dando um lenço para ela.

         -Obrigada. Ela disse o pegando de minhas mãos.

         -Agora me conte tudo desde o começo. Eu disse tentando a tranqüilizar.

         -Eu estava voltando do jantar, seu pai havia me dito que ele estava em reunião e que você estava se sentindo mal, então quando eu estava indo para o quarto o vi entrando com duas mulheres uma em cada braço entrando em seu quarto, em seu próprio quarto. Ele nem me viu lá. Então quando eu gritei com ele, Alexander me chamou de louca, e agora eu estou aqui. É incrível como você tem a habilidade de me ajudar quando eu mais preciso. Anne disse parando de chorar.

          -Eu acho que isso é uma coisa boa. Mas a respeito do Alexander eu contarei tudo ao meu pai, ele tem que ser punido, e você foi desrespeitada e na sua frente, ele realmente merece ser punido. Eu disse sentindo meu coração arder em chamas.

         Porque eu não podia ter a mulher que eu amava, e mesmo eu abdicando dela ele não dava o merecido valor a ela. Mas mesmo ele não a merecendo prometi a mim mesmo que eu abriria mão de meu amor por sua felicidade.

         -Eu acho melhor você não contar nada a ele. È melhor poupar seu pai disso, seu irmão aprenderá a me respeitar com o passar do tempo. Ela me disse segurando as minhas mãos.

         -Por quê? Você merece que ele tenha uma punição à altura do que ele te fez. Eu falei sentindo o sangue ferver em minhas veias.

         -Não o faça, por favor. Não o faça. Ela disse recomeçando a chorar.

         -Por quê? Porque você não quer que eu conte? Eu falei a encarando nos olhos, foi ai que reparei que os olhos dela estavam castanhos.

         -Com qual cara chegarei a meu pai e lhe direi que o meu futuro ex-marido me traiu na minha frente? Por favor, olhe a situação que você ira me colocar. Ela disse tristemente para mim.

         -Não o irei fazer, mas que ele merecia uma lição pelo desrespeito que ele lhe causou. Mas como eu lhe disse não farei nada. Eu disse para ela sério.

         -Obrigado por sua preocupação com o meu bem estar. Eu nunca havia imaginado que tão bom… amigo aqui eu poderia encontrar. Ela falou com um meio sorriso que fez meu coração pular dentro de meu peito, mas ao mesmo tempo se entristecer pela palavra “amigo” estar incluída na palavra mesmo com um pouco de hesitação.  

         -Concordo com você. Eu disse fingindo uma alegria que não existia. Mas infelizmente acredito que não poderemos mais conversar, pelo menos não sozinhos para o bem de meu coração e seu. Eu disse ficando em pé.

         -Mas por quê? Eu não entendo. Ela disse me olhando nos olhos co uma expressão de quem sabia, mas não queria acreditar.

         -Porque eu gosto de você, eu realmente gosto de você, desde quando eu te vi entrando pelos muros com a carruagem eu não te tiro da minha cabeça, e ficar perto de você é quase insuportável sabendo que você se casara com o meu irmão, então eu não posso e não devo me tentar a este ponto para o bem de nós três. Eu disse sentindo que a qualquer momento eu iria desabar.

         -Era você então? Devo admitir que eu gosto de você, mas se você soubesse o que eu realmente sou você jamais diria uma coisa dessas. Ela falou sem me encarar.

         -Não pode ser tão ruim assim. Eu falei segurando o seu queixo fazendo a me olhar.

         -Você continuaria gostando de mim, mesmo que eu fosse um… monstro? Ela me perguntou segurando minhas mãos na altura de seu rosto.

         -Sim, mas você não é um monstro, de maneira nenhuma, você é uma princesa. Eu disse sorrindo para ela deixando todos os meus sentimentos a mostra.

         -Você esta errado, eu sou um monstro, um ser poderoso que está apenas aqui para salvar a sua pele e a de seu povo que é perseguido sem problema algum. Você realmente quer saber a verdade ao meu respeito Vinicius? Promete não contar a ninguém o que eu lhe contarei aqui? Por favor, me prometa! Ela falou indo até a porta e olhando pelo corredor e depois a trancando.

         -Certo. Mas o que pode ser tão terrível? Eu disse falando sem entender direito, onde ela queria chegar.

         -Eu sou uma vampira Vinicius, eu me alimento de humanos como você. Ela disse longe de mim ainda próxima a porta.

         -Pare de brincar comigo senhorita Anne. Eu disse sorrindo nervoso.

         -Eu realmente sou uma vampira, na verdade eu sou uma vampira anciã quer dizer que eu sou uma dos poucos primeiros vampiros, por isso a sobrevivência do meu povo cai em cima de mim. Eu não sou humana, eu nunca fui por isso não ficar com você a tentação seria muito grande para mim. Anne disse mostrando os seus dentes para mim.

         -Isso não pode ser verdade. Eu falei me aproximando dela para ver melhor.

         -É verdade sim, muitas são as coisas que você julga por fantasiosas e elas acabam sendo verdadeiras. Ela falou me encarando ainda mostrando os seus dentes para mim.

         -Não posso ter um exemplo? Eu falei ainda incrédulo e não entendendo o que eu estava vendo.

         -Você quer um melhor do que me ver assim? Sabe, eu realmente não queria ter de casar com o seu irmão, isto tudo é muito perigoso para ele, mas como eu já lhe disse eu realmente preciso de dinheiro para salvar a minha espécie já que a sua esta correndo atrás de nós em uma caçada frenética. Eu realmente queria ter uma escolha em que você estivesse nela. Anne falou com uma pequena lagrima rolando por sua face.

         -Mas… Eu não compreendo mais nada. Eu disse caindo sentado em minha cama.

         -Vinicius. Eu amo você, amo como eu nunca amei alguém nestes séculos e isto me obriga a distanciar-me de você, por mais que eu não queira e por mais que isto me machuque. Ela disse indo para perto de mim.

         -Eu também amo você e quero que possamos ficar juntos não importa o que você é. EU simplesmente te amo Anne.

         -Então ficaremos juntos, ainda não sei como, mas nós ficaremos junto pelo resto da eternidade. Ela disse me abraçando.

         -Sim. Juntos meu amor. Eu disse correspondendo ao seu abraço.

         -Mas como você está conseguindo se alimentar? Pelo que eu saiba vampiros se alimentam de sangue, estou correto? Quando eu terminei de perguntar, ela se distanciou de mim e eu fiquei triste por ter ousado abrir a minha maldita boca.

         -Sim, nós tomamos sangue. Eu ando bebendo dos criados, sei que isso não é certo, mas eu preciso para que eu possa sobreviver. Anne disse se distanciando de mim novamente o que me deu um enorme aperto no coração.

         Eu comecei a pensar, e se ela bebesse de mim? Acredito que ela ainda não se alimentou hoje graças aos problemas que anda enfrentando, e eu me sentiria muito melhor depois de ter feito tamanha pergunta estúpida.

         -Beba-me. Eu ordenei e a vi se assustar. Beba-me.

         -Não, e-eu… Ela começou a falar mais enquanto ela hesitava eu fui me aproximando e me posicionei próximo dela com a gola da camisa já desabotoada para que ela tivesse a visão do meu pescoço.

         Ela bebeu de mim e passou a noite comigo ali, era tudo realmente perfeito, eu me sentia o homem mais feliz do mundo como se nada pudesse dar errado e pela primeira vez em anos eu realmente estava FELIZ.  A cada promessa, a cada palavra, a cada beijo que trocávamos eu me sentia mais e mais completo. Pena que tudo era mentira.

***

-Você foi realmente feliz? Eu perguntei séria para ele.

-Por um curto tempo. Analisando agora calmamente, sei que não fui eu que quis dar o sangue para ela e sim foi ela que me manipulou para dá-lo de boa vontade. Vinicius falou tristemente me encarando.

-Ela ainda está… viva? Eu perguntei tentando não imaginar os motivos que me levavam a fazer aquela pergunta, porque afinal de contas eu sabia o que eu realmente sentia por ele.

 -Não, morreu logo depois de me tornar vampiro, na verdade no mesmo dia eu acredito. Mas a verdade Nyx é que às vezes eu ainda sinto falta dela.

***

-Se você não se importar Nyx eu terminarei a estória.

Com o passar do tempo minha relação com Alexander foi piorando, eu o via a tratar tão mal e ela era obrigada a ficar perto dele mesmo passando todas as noites comigo e me dizendo que era comigo que ela queria ficar.

A situação toda desmoronou após o noivado oficial dos dois quando meu pai declarou o seguinte:

- Agora esta na hora de meu filho mais ajuizado e sucessor do trono arrumar uma princesa para ele. Não é Vinicius?

-Como assim papai? Eu perguntei tentando não entrar em pânico ali na frente de todos.

-Discuti com Benjamin e ele abdicou do trono ele tem outros interesses, e você é o próximo para a sucessão, então agora só falta uma esposa, filho. Meu pai falou como se fosse à coisa mais fácil do mundo arrumar uma esposa.

-O senhor está dizendo que eu serei rei? Eu perguntei me sentando porque eu achava que iria desmaiar.

-Sim, e que você precisa de uma esposa urgentemente para poder assumir o quando antes o trono para que eu possa descansar e me divertir com os meus netos. Ele falou sorrindo para o Benjamin.

EU sempre soube que o Benjamin não tinha a menor pretensão de ser rei, mas jogar todos os meus problemas de uma vez combinados em cima de mim não era algo realmente justo. E quando vi Alexander do outro lado da sala com muitas mulheres ao seu redor e a Anne o observando de um lado afastado, foi como se me mundo tivesse girado até eu cair no chão, o sangue em minhas veias ferveu.

Não entendo como, mas em poucos instantes eu fui parar na frente de Alexander, e quando dei por mim eu havia lhe dado um soco na cara e havia voltado para o meu quarto, onde Anne já estava me esperando.

-Você não devia ter feito isso.  Ser rei não é tudo o que você sempre quis? Foi por isso que o Benjamin abdicou do seu direito como filho mais velho, foi porque todo mundo sempre soube que esse era o seu maior desejo e que não adiantava lutar contra isso. Anne falou sentada na janela balançando os pés de um lado para o outro no ar.

-Já faz tempo que ser rei não é o que eu mais quero. Eu disse olhando para aqueles lindos olhos verdes que eram duas esmeraldas.

-Mas você sabe que nunca poderemos ficar realmente juntos. Eu tenho que me casar com o seu irmão. Anne falou ainda olhando para a imensidão azulada daquela linda noite de outono.

-Eu queria que tudo fosse mais fácil. Eu disse me apoiando na janela e olhando para o chão.

-Porque você bateu nele? Ela me perguntou pela primeira vez olhando diretamente para mim.

-Não sei. Acho que foi a maneira mais rápida de eu conseguir descontar a raiva que eu estava sentindo naquele momento. Então bati nele. Foi um belo soco, um que eu já devia ter dado há muito tempo. Eu falei sorrindo de uma forma não muito familiar, um sorriso com gosto de vingança.

 -Acho que isso não vai acabar tão fácil assim. Seu irmão não é realmente alguém que apanha e fica quieto, ele se vingara de você e com alguma coisa que realmente te machuque. Ela falou pensativamente voltando a encarar aquela bela noite.

-Você sente falta? Quero dizer de ser livre? Eu perguntei seguindo o olhar dela e vendo a floresta logo depois do muro do castelo.

-Sim, eu sinto falta. Era tudo tão bom antes dos humanos começarem a nos matar com tanto ódio. Sinto falta dos outros do clã Night. Ela falou e deu um suspiro longo.

-Clã? Como assim?  Eu perguntei tentando entender onde aquilo tudo se encaixava.

-È como se fosse a minha família, são os vampiros que descendem de mim. Eu tenho um irmão lá que seu pai por acaso acredita que também seja meu pai o nome dele é Marcus. Sinto falta deles, mas graças a você Vinicius tudo fica mais suportável.

  Quando eu me aproximava para beijá-la Alexander arrombou a porta do meu quarto e rumou com toda a sua fúria para onde nós estávamos e a arrancou dos meus braços.

-Você estava me traindo o tempo todo com ela. E eu que um dia cheguei a te chamar de irmão, você é muito pior do que eu Vinicius porque você é um falso. Alexander falou arrastando-a para fora de meu quarto e me deixando só e com uma enorme vontade de arrancar o coração dele apenas para o ver gritar.

   -Eu sou muito melhor do que você. Eu disse não contendo minha raiva e o impulso de ir atrás dele para lhe matar.

-Vinicius, por favor, volte, ou ele irá te machucar, por favor, volte. Anne dizia chorando.

-Não, ele te insulta na frente de todos em plena festa de casamento e agora vem falar que eu sou pior do que ele, por favor, me desculpe Anne mais ele merece apanhar pelo menos um pouco. Eu falei e investi contra ele com toda a violência que eu conseguia.

-Então você realmente a ama? Alexander perguntou em meio a nossa briga, mas eu não ousei responder, pois a raiva que eu sentia por ele não podia ser medida.

-Sim, você a ama posso ver em meio à fúria de seus olhos, sinto lhe dizer, na verdade eu não sinto fico até feliz com a notícia que lhe darei agora, eu vou me casar com ela semana que vem e não a nada que você possa fazer e se você continuar a encontrando eu juro que eu te mato. Alexander falou me dando um soco e eu só pude sentir alguém me segurando firmemente longe dele.

-Vamos Vinicius. Benjamin falou me ajudando a ir novamente para o meu quarto.