Fullmetal Alchemist: Lado B escrita por sakura_hotaru


Capítulo 1
Prólogo - A Decisão




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– Nii-san... – a voz metálica de Alphonse Elric soou pela pequena sala de trabalho de Winry. O garoto-armdura dirigia a palavra a seu irmão, Edward Elric, que recebia alguns ajustes em seu automail e parecia nem ter ouvido a voz do irmão.

Durante aqueles três dias que estavam hospedados ali, Ed soltara poucas palavras, embora seus pensamentos estivessem longe, mesmo sem saber onde exatamente.

– Eu não agüento mais! Já estamos há horas aqui e conseguimos traduzir tão pouco desses livros. Será que conseguiremos descobrir o segredo da pedra filosofal, nii-san?

– Estamos tão perto, Al. Não podemos desistir agora, nosso futuro depende disso!

– Se estiver cansando, pode ir dormir um pouco. Você sabe que eu posso continuar sem problemas.

– Não, Al. Eu preciso...

Edward estava deitado na cama que era de costume utilizar quando ia visitar a família RockBell; vestia apenas sua roupa de baixo – uma samba-canção curta, o que o deixaria com certo constrangimento, não por causa do seu irmão que estava sentado em outra cama, a quase um metro dali, mas sim por causa de Winry que estava sentada em uma cadeira ao lado e cuidava da manutenção do seu braço.

Aquele momento, entretanto, não era momento para vergonhas bobas. Os pensamentos de Ed só eram quebrados a cada fisgada que sentia nos nervos quando a garota apertava alguma porca, por exemplo. Sem contar a última chamada de Al tentando trazer o irmão para a realidade, o barulho dos parafusos sendo apertados era o único som que se ouvia no quarto.

Quando Winry terminou com o braço, levantou-se e levou a cadeira até o outro lado da cama para que pudesse verificar o automail da perna esquerda de Ed; este aproveitou para forçar o membro recém-reparado, abrindo e fechando o punho, garantindo que estava tudo em ordem na parte de cima.

A garota hesitou antes de começar com a perna; os ligamentos do automail da perna esquerda do alquimista começavam bem próximos a virilha e ela sim, não conseguia esconder o constrangimento, perceptível por suas bochechas que avermelharam. Antes que ela tomasse a iniciativa de levantar um pouco a cueca de Ed na parte da perna, o próprio o fez; tanto Winry quanto Al se espantaram vendo o alquimista finalmente se movendo. Os ajustes ali pareciam doer um pouco mais, mas Ed não deixaria isso transparecer nem em um milhão de anos.

– Não, não pode ser...

– O que aconteceu, irmão? Não está se sentindo bem?

– A pedra filosofal, Al... Eu consegui traduzir e... não...

– E então? Agora poderemos criá-la e voltarmos aos nossos corpos!

– Não!

– Não?

– O principal ingrediente...

Quando Winry terminou, fechou a pequena maleta com seus materiais e não disse nenhuma palavra; deixou a cadeira onde estava e retirou-se do quarto sem nem olhar para trás. Em algum lugar dentro dela sabia que deveria deixar os irmãos Elric ali sozinhos e que a conversa que surgiria dali seria decisiva para os dois.

A porta mal havia se fechada atrás da garota, quando Alphonse não conseguiu mais se segurar.

– Por favor, irmão, não se culpe. – o garoto-armadura disse, tentando consolá-lo. – Não sabíamos o que era preciso para criar a pedra filosofal...

Ed levantou-se com cuidado, ficando agora sentado na cama e testando os ligamentos da perna-automail; o cabelo loiro estava solto, fazendo com que seu rosto ficasse totalmente coberto e Al não conseguia ler as expressões do irmão.

– E quer saber, – Al continuou – nem é tão ruim assim estar nessa forma de armadura, acho que estou até me acostumando.

– Não diga isso nunca mais! – Edward disse o mais alto que pôde, pondo-se de pé em um segundo, mas mantendo o rosto ainda baixo, reflexivo. – Merda de troca-equivalente! Eu só quis ter a mamãe de volta, depois só quis que pudéssemos ter nossos corpos de volta, mas tudo continua dando errado e eu continuo fazendo as pessoas sofrerem. Isso não é justo!

– Nii-san, não...

– Não, Al. Já chega! – o garoto loiro olhou para o irmão, buscando seus olhos mesmo na armadura e sentiu poder vê-los como se estivesse de frente para o verdadeiro corpo do outro. – Vou consertar isso de uma vez por todas e parar de fazer burradas! Você não merece isso... nem que eu tenha que dar minha vida em troca...

Ainda vestindo apenas sua cueca, Edward começou a organizar suas poucas coisas em sua mala costumeira. Não havia muito o que fazer, pois nem havia retirado quase nada da mesma desde o dia que chegaram ali. Seu irmão mais novo continuava sentado na cama do outro lado, agora cabisbaixo; Al tinha certeza que se tivesse lágrimas, elas estariam rolando desenfreadas por seu rosto agora.

– Eu vou junto então. Vamos encontrar uma solução como irmãos!

– Não... eu já disse que não vou te fazer sofrer mais e isso é uma promessa. É por isso que você vai ficar aqui em Rosembool! – Edward disse, autoritário e seu irmão teve até medo de contrariá-lo. Apesar de estourado como Ed era, naquele momento tinha outro tipo de nervosismo, era um misto de raiva e remorso, de tal modo que ninguém o havia visto antes assim.

O garoto loiro vestiu-se, por fim, colocando uma calça, camiseta, e o sobretudo vermelho; conferiu os sapatos e amarrou o cabelo apenas em um rabo-de-cavalo. Saiu do quarto em passos lentos, mas firmes; não conseguiria olhar para o irmão. Quando passava pela sala em direção a saída, seu braço foi agarrado. Ele parou.

– Edward Elric, onde pensa que vai? – Winry disse num tom divertido, mas sua expressão logo mudou para algo indefinido ao perceber a expressão séria no rosto do garoto.

– Winry, não... – Alphonse disse, em sua voz metálica, enquanto chegava aos pés da escada que dava acesso ao cômodo. – Deixe-o.

– Al... – a mecânica de automails não entendia nada do que estava acontecendo.

O alquimista livrou seu braço facilmente e continuou sua caminhada através da porta. Não tinha muita idéia de para onde iria agora; a única certeza que tinha é que só voltaria a ver o irmão quando finalmente pudesse trazer seus corpos de volta. O sol estava alto, mas o dia não estava quente e Ed ainda caminhava tranqüilo pela estrada que dava acesso à estação mais próxima.

Pelo umbral da porta da pequena casa, Winry Rockbell e Alphonse Elric viam um garoto de cabelos dourados se afastar aos poucos a passos lentos em direção ao desconhecido e o coração de ambos estavam tão apertados que podiam rachar a qualquer momento.

O que nem Alphonse, nem Winry e muito menos Edward sabiam era que o alquimista federal, a partir daquele momento, e inclusive naquela mesma hora, estava sendo vigiado por um homem alto, forte, de cabelo castanho-claro e olhos prateados, não muito longe dali, utilizando uma luneta feita de um material brilhante.

– O principal ingrediente para criar a pedra filosofal são almas humanas! O sacrifício de centenas delas!

– Almas... humanas?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e que acompanhem. Aguardo reviews!



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