A Little Miracle Or a Big Mistake? escrita por Between the moon and the sun


Capítulo 8
Seria isso um pequeno milagre ou um grande erro?




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O ônibus finalmente parou. Quando eu saí do ônibus, comecei a me sentir meio tonta, parecia que a gravidade tinha aumentado e estava me puxando com força pra baixo. Minha vista escureceu por um momento, eu parei e encostei de lado em uma das paredes da rodoviária. Matts andou até mim.

-O que foi, Ruby? - Perguntou ele, encostando as costas na parede, ficando ao meu lado.

-Eu estou me sentindo meio enjoada e meio tonta, nada demais.

-Enjoada e tonta, é? - Ele me olhou e levantou uma sobrancelha. Ele era filho de Apolo, sendo pai dele o deus da cura e tudo mais, talvez ele soubesse o que tinha de errado comigo.

-É...

-Hm... Será que você não está grávida não? – Ele disse rindo.

-Ah claro. – Eu disse dando uma risada baixa e totalmente cansada.

-Talvez seja uma virose ou talvez seja só o cansaço e o stress.

-Acho que é isso.

Nós fomos pra um pequeno hotel pra descansar. Os filhos de Zeus ficaram em um quarto e Matts ficou no quarto com eles pra protegê-los se algo acontecesse, Percy ficou em um quarto sozinho, Nico ficou em um quarto com a Clara, em caso dela tentar fugir ou algo assim e eu fiquei com um quarto só pra mim, assim como Percy. Como não tínhamos gastado praticamente nada do nosso dinheiro, hoje podíamos gastar um pouco mais.

Eu me joguei na cama daquele quarto de hotel, mas eu estava me sentindo muito mal pra dormir. Fui ao banheiro correndo e vomitei. Ok, definitivamente eu não estava bem. Eu pensei no que o Matts disse, sobre eu poder estar grávida. Eu sei que ele falou brincando e eu duvidava que eu pudesse estar grávida. Quer dizer... Não, eu não estava grávida. Mas e se... E se eu estivesse?

Eu realmente não acreditava naquilo. Se eu acreditasse, eu estaria dando um ataque histérico agora mesmo. Mesmo com a quase certeza absoluta de que eu não estava grávida, algo me fez pensar em fazer um desses testes de farmácia. Peguei um pouco de dinheiro e fui até uma farmácia 24 horas (já que era meia-noite).

Comprei um teste de gravidez e voltei ao hotel, fiz o bendito teste e esperei o resultado que... Deu positivo, mas... Não podia ser verdade... Ah, aqueles testes davam errado.

Voltei pra farmácia - que pra minha sorte era muito perto do hotel - e comprei outro teste, de outra marca, totalmente diferente do outro. Eu fiz o teste e... Deu positivo de novo?! Me sentei na cama de hotel e fiquei olhando pro teste por um bom tempo. Como... Hã... Ok, eu acho que isso é só um sonho doido. Então não sei bem o porquê, mas eu me lembrei do dia que eu xinguei Hera.

Mas... Oh deuses... Ela era a deusa da fertilidade. Mas que droga, porque ela me daria um filho se me odiava tanto?

Espera... A menina do meu sonho... Os deuses discutindo... Eu conectei uma coisa com a outra e senti lágrimas nos meus olhos. Eu estava morrendo de medo agora. Se eu estava mesmo grávida, se aquela menina era minha filha, se os deuses temiam o que ela podia virar...

O que seria de mim? Eu não podia ser mãe! Eu mal cuidava de mim mesma. E o Nico... E o meu irmão? OH DEUSES, O MEU IRMÃO VAI ME MATAR!

Agora eu sabia porque a palavra "grávida" em espanhol era "embarazada" que lembrava tanto a palavra "embaraçada".

Eu olhei pro teste de novo e amaldiçoei Hera mentalmente. Aquela vaca! Eu queria gritar, eu queria fugir, eu queria socar a cara da deusa da fertilidade, eu queria... Eu não sabia bem o que eu queria fazer agora. Ouvi a voz da minha mãe na minha mente.

Minha querida, se acalme.

-Como eu vou me acalmar, mãe? COMO?! – Nossa, essa eu falei alto até demais, deixei a telepatia de lado.

Isso aconteceu comigo, esqueceu?

Então eu lembrei que realmente aconteceu com ela. Ela teve uma criança – que no caso era a minha pessoa – e ela também sentiu medo, também não sabia o que fazer por causa da bendita profecia.

Vai ficar tudo bem, apenas se acalme.

Mãe, eu estou com medo. O que eu vou fazer agora? – Eu disse - mentalmente dessa vez - escondendo meu rosto entre as mãos.

Eu sei que está, querida. Você vai ficar bem, eu vou te ajudar.

Então eu lembrei que a minha mãe teve que enfrentar toda essa história doida de gravidez sozinha, praticamente. Eu tinha pessoas do meu lado pelo menos. Mesmo que o meu irmão que era uma dessas pessoas, me mataria e falaria pra Poseidon me deserdar ou algo assim. Mesmo que eu não tivesse muito que herdar.

Então eu ouvi alguém batendo na porta do quarto. Eu abri a porta, era o Nico. Eu o abracei com força e ele me abraçou de volta.

-Nós temos que conversar. – Eu falei com voz de choro.

-Eu vim ver se você estava bem, eu... Sinto muito pela morte da Veronica. – Eu olhei pra ele.

-Nico... – Eu puxei ele pra dentro e fechei a porta, ele ficou me olhando e eu fiquei olhando pra ele, pensando em como explicar aquilo. Quando eu abri a boca pra falar, as lágrimas voltaram. Mas que droga, eu estava chorando demais ultimamente.

-O que foi? – Ele perguntou, acariciando o meu rosto e olhando pra mim.

-Eu tenho que te falar uma coisa que... Que não é muito fácil falar. – Eu disse tentando conter as lágrimas. Ele continuava a me olhar e acariciar o meu rosto. –Você promete não ficar bravo comigo?

-Porque eu ficaria? Pode falar, amor. Está tudo bem.

-E-eu estou... – Eu olhei pra baixo, pra minha barriga. Ainda não estava nem crescendo. Então eu olhei pro rosto do Nico de novo. –Nico, eu estou... – A porcaria da palavra não queria sair, estava presa na minha garganta. –Eu estou grávida. – Quando eu falei isso, aí as lágrimas correram e não deu nem tempo de contê-las, nem tempo de tentar contê-las. Não sei se era de medo, de raiva ou do que.

Ele olhou pra mim tentando não parecer assustado, mas ele estava bem surpreso. Também, não é todo dia que você descobre que vai ser pai, ainda mais em um momento meio... Impróprio como esse. Ele olhou nos meus olhos e viu que eu definitivamente não estava brincando. Ele beijou a minha bochecha devagar, desfazendo o caminho de lágrimas que escorria por ali.

-Vai dar tudo certo. – Ele disse sussurrando e beijando minha bochecha de novo.

Eu contei pra ele sobre os meus sonhos e sobre como essa criança estava em perigo, eu contei tudo. Ele ainda me olhava com atenção. Quando eu falei que eu sonhei com ela, ele sorriu e fez uma pergunta que me pegou de surpresa.

-Como ela era? – Eu olhei pra ele surpresa. Então a imagem da garotinha me veio à mente. E de repente, eu me lembrei de como ela era bonita. E apesar de vê-la triste, o fato de lembrar dela fez um pequeno sorriso brincar em meus lábios.

-Ah... Bem, ela tinha os cabelos negros e lisos, tinha os olhos negros e a pele bem clara. – Então ele olhou pra minha barriga e sorriu, passando a mão suavemente pela minha barriga.

-E qual vai ser o nome dela? – Ele disse, voltando a olhar pra mim. Então eu vi algo no olhar dele. Ele estava feliz. Com medo, mas feliz. Ele encarava isso como um pequeno milagre. Ao contrário de mim, eu parecia encarar tudo isso como um grande erro. Quem diria que o filho de Hades seria mais otimista que a filha de Poseidon.

-Hã... Ela não disse o nome dela, pra falar a verdade. – Eu respondi, pensando no assunto.

-Mas você nunca chegou a pensar em um nome?

-Pra falar a verdade, não. – Eu disse corando pelo fato de realmente nunca ter nem pensado no assunto. Ele riu baixinho.

-Nós temos muito tempo pra decidir isso. Agora devíamos dormir, está bem tarde.

-Eu não quero ficar sozinha. – Eu disse olhando pra ele e mordendo meu lábio inferior. Era bem infantil o fato de eu estar com medo de dormir sozinha, não?

-Sem problemas, eu fico aqui com você. – Ele disse beijando os meus lábios suavemente e eu retribui o beijo.

Nós deitamos na cama e ele me envolveu em seus braços, colocou uma das mãos suavemente por cima da minha barriga, como se a garotinha dentro do meu ventre pudesse sentir o seu toque. Nós adormecemos rápido.

Eu sonhei com a garotinha de novo, mas agora ela estava totalmente diferente. Ela estava sentada na varanda da casa grande do acampamento, sozinha, com um vestido azul, olhando os grandes campos de morango que estavam perto dali. Era um belo dia de sol. Eu me sentei ao lado dela e fiquei olhando pra ela. Ela olhou pra mim e sorriu.

-O papai me acalma.

-É, ele também me acalma. E... Desculpa por ter te assustado.

-Tudo bem. Ah, e é Melanie.

-O que? – Eu disse olhando pra ela confusa. Ela deu uma risadinha. Então eu acordei.

Parecia que a presença do Nico, a felicidade dele mesmo com as preocupações, acalmava a nossa filha. Eu era toda preocupada, eu só tinha medo, aposto que isso deixava a menina assustada também. Eu olhei pro relógio e faltavam 3 minutos pro despertador tocar pra sairmos pra pegar o próximo ônibus até Nova York. Claro que comeríamos antes da viagem.

Eu olhei pro Nico e o acordei.

-Amor, é Melanie.

-O que? – Ele disse abrindo os olhos.

-O nome dela é Melanie. – Quando ela falou no sonho eu não entendi, só foi cair a ficha depois. –Ela me falou no sonho o nome dela. E você acalma ela, ela disse isso pra mim. – Eu disse sorrindo.

-Acalmo, é? – Ele disse olhando pra mim e sorrindo. Eu assenti.

-E eu disse pra ela que você me acalma também. – Ele me puxou pra mais perto, me aconchegando mais em seus braços. O despertador tocou, mas ficamos ali por mais alguns minutos.

Como uma garotinha tão frágil como a nossa filha podia ser um pequeno milagre e um grande erro ao mesmo tempo? Acho que agora eu a via como um milagre, vendo Nico tão contente. Eu sabia que teríamos muitos problemas, mas naquele momento foi como se eu esquecesse todos os problemas que teríamos pela frente.


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