Eu fui decidida e pisando duro até o apartamento da cabeça de alga número dois. Bati na porta duas vezes, com força, já me arrependendo. Ela abriu a porta e arregalou os olhos, olhando pra mim. Eu entrei na casa e fiquei no meio da sala olhando pra ela.

-É o seguinte, eu tenho que... Conversar com você.

-C-certo... – Eu me sentei no sofá e olhei pra ela, ela se sentou também, longe de mim.

-Quem é a garotinha e o que ela tem a ver com você? – Eu perguntei, olhando pra ela e franzindo o cenho, curiosa.

-Que garotinha?

-Ah, qual é, você sabe!

-Como ela é?

-Cabelo escuro, olho escuro, pele clara... – Ruby suspirou.

-É, eu sei quem é.

-E então?

-Ela é a Melanie.

-E quem é a Melanie, dá pra ser específica?

-Só se você não falar pra mais ninguém no acampamento.

-Eu tenho cara de filha de Afrodite pra ficar saltitando e fofocando por aí?

-Definitivamente, não...

-Dá pra falar logo?

-Então... Melanie é minha filha. – Eu fiquei em silêncio, encarando ela com os olhos arregalados.

-Filha?! DESDE QUANDO VOCÊ TEM UMA FILHA?!

-Eu ainda não tenho. – Ela disse colocando uma das mãos na barriga e olhando pra baixo.

-Quem é o pai?!

-O Nico! Quem mais seria?

-Vai saber, se você tem 17 anos e está grávida...

-De qualquer forma, isso é só mais uma peça ridícula da Hera.

-Como assim?

-A gente não se dá muito... Bem.

-Pfffft, quem se dá bem com ela? Não é a toa que o animal sagrado dela é a vaca. – Eu disse e Ruby deu uma risadinha.

-Eu me desentendi com ela uma vez, aí ela ficou super brava e me deixou grávida pra acabar com a minha vida. E por algum motivo, os deuses parecem não estar muito felizes com a chegada da minha filha...

-Eu reparei, causou uma bela confusão, hein.

-Por acaso no seu sonho, você os ouviu falando o porquê dessa... Agitação por isso?

-No sonho, eu conversei com Ares, ele mencionou uma guerra, deuses decidindo de que lado ficar e chamou a menina de bomba relógio, mas... Eu não entendi exatamente o porquê. Você não tem nenhuma pista?

-Nada concreto. O que uma garotinha poderia fazer pra botar medo nos deuses? – Eu dei de ombros.

-Ótima pergunta.

-Seu pai... Ele disse de que... Lado ele estava?

-Ele ainda não decidiu, na verdade, de um lado, tem Afrodite, que acha que não devem matar a pobre criança e também, meu pai ama guerras e confusões, ele disse que a garotinha pode causar problemas, e ele gosta disso. Mas por outro lado, ele vê que pode ser um risco pro Olimpo e pra ele mesmo.

-Oh deuses, que confusão!

-Mas então, o que o oráculo tinha te dito mesmo?

-Que eu deveria bater na porta do chalé de Ares e que a filha de Ares que atendesse, ia me ajudar em uma batalha, algo assim.

-Hm... – Ouvi passos vindos do corredor e logo ouvi uma voz familiar, mas muito mais... Doce do que o normal.

-Amor, eu... – Logo que Nico adentrou a sala, ficou de olhos arregalados me encarando e depois, colocou uma mão do lado do corpo, com certeza firmando a mão na faca que ele carregava pra cima e pra baixo. Então ele olhou pra Ruby e ela levantou uma das mãos.

-Está tudo bem, ela só veio conversar.

-É, Di Angelo, se acalma aí. Você contra mim, nem com uma espada tem chance, então tira a mão daí. – Ele não levou muito á serio quando a Ruby disse que eu só estava querendo conversar e continuou meio tenso.

-Então, já que você veio só conversar, não vai ter problema nenhum se eu ficar aqui na sala, certo?

-Ué, fica, a casa é sua mesmo. E eu já mandei você tirar a mão da faca. Uh, tem um zombie querendo me enfrentar, que medinho. – Eu disse dando um sorriso provocador.

-Clarisse... – Ele disse finalmente tirando a mão da bendita faca.

-Assim está melhor. Senta aí e vê se te acalma, bonequinha voodoo do submundo.

-Nico, é difícil pra ela manter a calma, é melhor não... Provocar. – Disse Ruby.

-Ouviu sua namoradinha. – Ele se sentou. –Então, e o que eu tenho a ver com tudo isso? Porque EU tenho que ajudar?

-Eu não sei, Clarisse... Mas vamos descobrir.