A Little Miracle Or a Big Mistake? escrita por Between the moon and the sun


Capítulo 14
Droga de sonho




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Clarisse’s POV.

Aquela filha de Poseidon conseguia ser mais inconveniente que o irmão dela. O dia passou devagar e eu ainda estava imaginando um jeito de matar ela, era tudo o que eu queria, chutar aquela bunda magrela, ou então fazer o nariz dela ir parar no cérebro dela, talvez torturar ela aos poucos até a morte com a minha... Minha lança elétrica que o imprestável do Percy quebrou? Droga, como eu odeio esses dois!

Na hora do jantar, aquela guria ainda estava lá. Ela estava sorrindo e conversando com as irmãs dela do chalé de Íris e... Percy estava na mesa de Poseidon sozinho com aquela cara de “não tem mais água nesse país, socorro”

Hm... Eu não era muito curiosa, mas... Que diabos estava acontecendo?! Primeiro essa garota pirada quer a minha ajuda e depois ela e o cabeça de bagre brigam? Nem o irmão dela estava aguentando mais.

Depois do jantar, finalmente a filha de sardinha metida à rainha da cocada preta e o namorado zumbi dela foram embora do acampamento.

Quando todos foram se sentar em volta da fogueira, eu fiquei do lado do Chris, claro. Eu contei pra ele o que aconteceu hoje.

-Você devia ouvir a Ruby... – Eu lancei um olhar mortal pra ele. –Quer dizer... Amor, o oráculo nunca erra e...

-FODA-SE O ORÁCULO! EU NÃO VOU AJUDAR AQUELA GAROTA!

-Calma, eu só disse que talvez você devesse ouvir ela.

-ATÉ VOCÊ?!

-Até eu o que?

-Todo mundo ama me irritar, me falar que eu estou errada. Você ajudaria ela?

-Talvez.

-Escuta, eu não vou falar com ela. – Chris deu de ombros.

-Você que sabe.

Ficamos em silêncio por um bom tempo, olhando a fogueira e ouvindo os filhos de Apolo cantando e tocando. Até aquilo estava me irritando profundamente hoje. É, eu sei, TUDO ME IRRITA PROFUNDAMENTE SEMPRE. Mas hoje estava tudo pior, tudo irritante demais.

-Eu vou dormir. – Eu disse e Chris me olhou.

-Ok, Clarisse. Não fica assim, ok? – Eu suspirei.

-Boa noite.

-Boa noite. – Ele disse e me deu um selinho, que eu retribui sem muita paciência.

Fui pro meu chalé e me joguei na cama. Não demorei a dormir e eu tive um sonho muito estranho.

Tinha uma menininha, pequena, frágil, que naquele momento fez a minha raiva desaparecer. O olhar dela era triste. Nós estávamos em uma sala muito grande, branca. Ela estava com um vestido lilás e um ursinho, no meio da sala gigante, com lágrimas nos olhos. Eu andei até ela.

-Porque você está chorando?

-Eles querem me matar.

-Eles quem?

-Você sabe. – Ela disse apontando o dedo indicador pra mim, que era tão pequenininho.

-Não, eu não sei. E onde estão seus pais?

-Você também sabe disso. Você odeia a mamãe. – Eu já estava começando a me irritar. Eu não estava entendendo porra nenhuma e... Quem era a “mamãe”? Eu nunca tive jeito com crianças, mas olhei pros olhos da garotinha, olhos negros, um mar de escuridão que era completamente pacífico e seguro, apesar das lágrimas. Voltei a me acalmar.

-A mamãe? Que diabos... – Foi então que eu ouvi um barulhão, a sala toda estremeceu, a garotinha se encolheu e colocou as mãos nos ouvidos, fechando os olhos com força. Eu me levantei e peguei a espada que eu sempre levava comigo e convenientemente estava comigo àquela hora também.

Olhei em volta, não vi nada. Foi quando outro barulho estrondoso, muito mais alto do que o primeiro, fez as paredes da sala racharem e caírem. Então de repente, atrás das paredes, um grande campo apareceu. E os deuses apareceram. Eles estavam naquela forma gigante deles, parecíamos brinquedos que estavam em uma caixinha frágil de papelão. Parecia que eles quebraram a caixinha, nos deixando desprotegidas.

Todos eles olhavam pra garotinha. Alguns com raiva, outros com duvida, outros com dor e pena. Eles não pareciam me ver ali. Hera estava com um sorriso vitorioso no rosto e eu logo soube que essa confusão tinha a ver com ela. Digamos que... Ela não era minha deusa favorita.

Meus olhos se voltaram pro meu pai. Afrodite estava ao seu lado. Ela estudava o rosto dele e ele estudava a pequena garotinha no meio da sala.

-PAI! – Eu falei em alto e bom som, mas eu não sei o porquê. Gente, da onde tinha saído aquele grito?! Eu tapei minha boca com as duas mãos, logo que gritei. Mas Ares já estava de olho em mim, aqueles olhos do meu pai, ele era o único nesse mundo que me deixava com medo. O resto dos deuses não parecia me ver. Ares ainda me olhava impaciente.

-Clarisse.

-Pai, o que está acontecendo?

-Estou tomando uma decisão agora, não está vendo? – Ele disse como se fosse óbvio.

-Que decisão?

-Essa garotinha aí do seu lado. – Ele disse e apontou pra ela, sem emoção alguma na voz. –Ela pode ser perigosa.

-Mas ela é tão...

-Pequena. Ainda.

-Mas como assim perigosa?

-Pergunta pra... Qual o nome daquela criatura mesmo? A irmã do Percy...

-MAS QUE DROGA, PORQUE TODO MUNDO... – Então o meu pai levantou uma sobrancelha e cruzou os braços. Eu olhei pra ele. –Desculpa, pai...

-Que seja.

-Você falou em decisão...

-É, os deuses estão tomando um lado pra guerra, sabe?

-Guerra?

-É. Muitos querem manter essa pequena bomba relógio viva, enquanto outros querem matá-la. E você sabe que nós deuses... Especialmente quando se trata de mim...

-Arranjam guerra por tudo. – Ares deu um sorriso, se divertindo com o som da palavra “guerra.”-Mas você não pode matá-la!

-Agora você quer me dizer o que eu posso ou não fazer?

-N-não senhor, é só que...

-Eu só não me decidi ainda porque... Essa garotinha pode causar bastante encrenca, sabe? E também porque... – Ele olhou pra Afrodite, do lado dele. Nenhum dos deuses pareciam ouvir o meu diálogo com meu pai. Eu vi o olhar que ele lançou pra Afrodite e comecei a rir.

-Se você matar a criança, Afrodite vai... – Eu ia falar fazer greve de sexo, mas se eu completasse a frase, seja lá como, meu pai me mataria. Então eu fiquei séria de novo. –E-ela não quer matar a criança, certo?

-É... Afrodite é muito sentimental, você sabe. Apesar desses dois fatores que eu acabei de mencionar, preservar a vida da garotinha pode me trazer muitos problemas no Olimpo. E eu não quero ajudar a cria de Poseidon! Não depois do que o irmão dela fez comigo!

-O que a Ruby tem a ver com isso? – Foi então que meu pai deu um sorriso sínico e eu acordei, completamente confusa.

Será que eu vou ter mesmo que falar com essa garota?


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