Imperfeição escrita por GabrielleBriant


Capítulo 18
Anjos Não Pedem Desculpas (Lembra?)




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XVIII

ANJOS NÃO PEDEM DESCULPAS (LEMBRA?)

EMMETT

Tudo era... surreal demais. Aliás, era tão surreal que eu, vez por outra, me pegava imaginando se eu não tinha pirado de vez – como o antigo padeiro da cidade, que um dia acordou achando que era Napoleão.

Eu sabia que aquilo não podia ser real: eu não podia estar dentro de um carro com Rosalie Hale enquanto ela dirigia rapidamente pela rodovia, indo para um local escondido da civilização onde nós passaríamos a nossa "lua de mel". Sim, porque, agora, todos na cidade pensariam que Rosalie e eu tínhamos fugido para nos casar.

Não que eu me opusesse à idéia de fugir para casar com Rosalie. Mas aquilo tudo era... Surreal!

- Você está tendo dificuldade para não respirar? – Ela me perguntou; eu ainda me impressionava em como a voz dela estava diferente de como eu lembrava.

- Não. Eu não estava nem pensando nisso.

Ela me olhou com um sorriso em seus lábios.

- Cada vampiro reage diferente, segundo Carlisle. Eu demorei muito para conseguir segurar a minha respiração. Edward disse que era porque eu estava muito ligada à minha vida.

- Sério? Você não achou todo esse negócio de vampiro um máximo?

- Não, Emmett. Eu preferia não ter sido transformada.

- Nossa, nem diga uma coisa dessas! Se você não tivesse sido transformada, quem me salvaria?

Rosalie deu um meio-sorriso, e voltou a olhar para a estrada.

- Então? – Eu disse. – Como você... foi?

Ao escutar a minha pergunta, o carro deu um solavanco e a expressão de Rosalie se transformou de um modo terrível. Me arrependi imediatamente, sabendo que tinha trazido à tona más lembranças.

- Você quer saber como eu morri?

- É, mas... Eu só estava curioso, Rosalie. Não precisa responder.

Ela virou o rosto para mim, mas os olhos dela não se encontraram com os meus.

- Eu... Falar sobre isso me incomoda, Emmett. Mas não é segredo. – Voltou a olhar a estrada. – Eu morava em Rochester e... Sabe, eu não era rica; mas da classe média, emergente... Na cidade tinha um banqueiro, Royce King I, e a família dele era uma das poucas que não tinham sido atingidas pela crise... – Ela respirou fundo e fechou os olhos por um tempo. Finalmente, tentou sorrir e voltou a falar. – Eu estou divagando. Na verdade, não foi nada demais: eu fiquei doente, só isso. Peguei a influenza espanhola. Os médicos não puderam fazer muito por mim.

Franzi o cenho, sem entender por que ela pareceu tão abalada com a pergunta, se a morte dela tinha sido tão pouco traumática. Quer dizer, eu tinha morrido há pouco tempo, de uma forma inacreditavelmente dolorosa, mas já me sentia pronto para fazer piada sobre ataques de ursos.

- Eu era bem pequeno quando essa gripe matou gente em Riverside.

- O meu caso foi isolado, depois da pandemia.

- Há dois anos, certo?

Assentindo, Rosalie deu um meio sorriso, mas seus os olhos ainda estavam tristes. Era bem claro que ela queria terminar de vez aquele assunto, mas eu sabia tão pouco sobre o passado dela, que sequer cogitei a hipótese de me calar. Continuei o meu interrogatório:

- A sua família era grande?

- Eu tenho... tinha dois irmãos. E tinha um monte de tios, mas eles moravam longe.

- E você tinha um noivo.

As mãos dela se apertaram no volante.

- É.

- Era esse Royce?

- O filho dele.

- Você procura saber deles? Ou eu sou o único vampiro do mundo que não quer largar a família anterior?

- Não, Emmett. Eu não procuro notícias de ninguém.

- Você não tem nem curiosidade?

Rosalie respirou fundo e, sem que eu esperasse, deu uma curva fechada com o carro, fazendo-o entrar num pequeno espaço entre árvores. Se eu tivesse vivo, teria certeza de que ela bateria o carro – manobrar ali era impossível! Mas, com aqueles novos olhos, tudo parecia muito fácil.

- Aqui está bom. Fique no carro, e não respire até eu mandar.

Dizendo isso, Rosalie abriu a porta do carro e disparou pela floresta, sumindo quase imediatamente das minhas vistas.

Sem ter o que fazer, além de esperar, desci do carro e abri a mala, espiando as roupas que o Dr. Cullen tinha me dado. Nenhuma delas realmente cabia em mim; eu era um cara grande, e tinha ficado ainda mais musculoso depois de virar um... aquilo. Me surpreendia pensar no quanto as roupas me incomodavam, apesar de ter passado a minha vida inteira usando os trapos herdados dos meus tios e primos. E também era uma surpresa constatar o motivo do incômodo: eu não queria que Rosalie me visse com roupas que não coubessem em mim.

Na verdade, eu preferia que Rosalie me visse com roupa nenhuma.

Gemi baixinho enquanto imagens muito vívidas se formavam em minha mente. Se fosse possível, eu a queria ainda mais do que... antes.

Como se respondendo ao meu nada apropriado chamado mental, Rosalie reapareceu – ela parou num ponto onde o sol penetrava entre as árvores, fazendo a sua pele brilhar como diamantes.

- Você deveria ficar sempre no sol.

Ela deu de ombros.

- Isso não seria muito bom para o meu disfarce, Emmett. O que você está fazendo?

- Matando o tempo.

- Bem, não há humanos por perto. Você pode respirar.

Segundos depois, eu estava caçando.

.-.

O nosso acampamento em nada parecia com os que eu montava em vida. Em minhas lembranças nebulosas, os acampamentos sempre tinham um monte de barracas e uma fogueira grande onde meus amigos e eu passávamos a noite contando histórias de terror e assando marshmallows.

Naquela pequena clareira, no entanto, havia apenas uma fogueira pequena e duas cadeiras, uma de frente para a outra, separadas pelas chamas. Vampiros não precisam dormir – Rosalie me dissera – e nós temos uma barraca pequena, para trocarmos de roupa depois de nos banhar. Separadamente.

A lua de mel, ao que parecia, seria longa.

- Quanto tempo vamos passar aqui?

Ela deu de ombros.

- Carlisle disse para ligarmos para ele em uma semana. Ele vai procurar um lugar seguro para nós.

- Uma semana inteira? Isso realmente parece uma lua de mel.

- Não mesmo. A minha lua de mel envolveria um hotel luxuoso em Paris.

- Nossa! Eu acho que não sei nem encontrar Paris no mapa.

Eu peguei um graveto me mexi na fogueira. Eu lembro que, antes, os meus olhos ardiam quando eu ficava tão perto do fogo. Agora eles pareciam atraídos pela luminosidade; eu parecia atraído pelo calor.

E meus olhos pareciam ainda mais atraídos pela forma que Rosalie ganhava, atrás das chamas.

- Você não gosta de falar no passado.

Ela abraçou os joelhos.

- Não. Não gosto.

- Por quê?

- Porque eu não vou ter a minha vida de volta. Porque meu coração nunca mais vai bater, porque eu nunca vou ter rugas, eu nunca vou ter filhos, eu nunca vou ter netos. Porque eu era perfeita, Emmett. E eu nunca serei perfeita novamente.

- Para mim, você é perfeita.

E nós nos calamos.

Como se por um impulso antigo, eu respirei fundo – sorvendo o cheiro agradável da madeira queimando, da terra molhada, das folhas de eucalipto, do sangue de alguns animais... e o cheiro dela. Antes daquele momento, eu não tinha prestado atenção em como o cheiro dela era ainda melhor do que eu sentia em vida. Rosalie tinha, apropriadamente, cheiro de rosas.

- Emmett?

Eu me virei, sorrindo quase imediatamente. Os olhos dourados pareciam preocupados demais.

- O que foi?

Rosalie mordeu o lábio inferior.

- Eu queria que você me perdoasse – Eu franzi o cenho, sem saber do que ela estava falando. – Eu não tinha o direito de fazer isso com você. Eu-

- Ei! – Me levantei e circulei a fogueira tão rápido quanto pude para me ajoelhar ao lado de Rosalie. Era como se eu não tivesse nenhum controle sobre o meu corpo; ele apenas... reagia. A ela. – Ei! Não diga isso!

Ela soluçou – e foi apenas então que eu descobri que os vampiros não podem chorar. Aquela foi a primeira coisa ruim que eu consegui enxergar em minha nova existência.

- Emmett, você... Nós somos monstros e... – Soluçou novamente. – Edward teme que nós não tenhamos alma, Emmett! E se o seu Deus nos odiar?... E se eu tiver lhe condenado ao inferno?

Me calei por um momento, pensando no que ela dissera. Pensando em minha imagem no espelho, nos meus olhos vermelhos – olhos do Diabo. Pensei na Sra. Cullen dizendo que eu mataria pessoas.

Mas, então, eu olhei para Rosalie. Eu olhei para o meu anjo. E ela era tão linda, tão perfeita, tão divina que... bem, que Deus tinha que ser um cara bem estúpido para não querê-la no céu.

- Sabe de uma coisa, Rosalie? O inferno não é um lugar tão ruim, quando você consegue manter um anjo com você.

Ela fechou os olhos e riu, quase aliviada. E quis beijá-la. Eu quis beijá-la inteira.

- Emmett...

- E digo mais: você lembra a primeira vez que eu chamei você de anjo?

- Foi quando eu lhe atropelei.

- Pois é. Lembra o que você disse?

Rosalie riu – desta vez verdadeiramente, por divertimento. Ela voltou a me olhar antes de responder:

- Que nenhum anjo deveria ter que pedir desculpas.

- Exatamente.

Para enxugar as lágrimas invisíveis, acariciei o rosto dela com a palma da minha mão. Num suspiro involuntário, os lábios dela se partiram e aquilo era um convite que eu jamais conseguiria recusar.

Eu me inclinei para beijá-la; eu queria aqueles lábios como nunca quis nada em toda a minha existência. Eu já conseguia imaginar o gosto da língua dela na minha e como o corpo dela se encaixaria perfeitamente ao meu.

- Emmett, você precisa caçar – Ela disse rapidamente.

Frustrado, eu me afastei.

As coisas não seriam tão fáceis, aparentemente.

XxXxXxX

Reviews, por favor.

Mando bjus e mais bjus para a minha queridíssima Lou Malfoy, que betou mais esse capítulo. E, naturalmente, para as lindjas que deixaram as suas marquinhas no cap passado: Alice, Jujuba, Sophie, Tathiana (na verdade, eu já pensei em escrever um livro, sim. Mas isso vai demorar mto. Eu tenho uns manuscritos, mas não são bons suficientes para publicar. E a verdade é que eu só poderei me dedicar a isso quando passar num concurso), Ninna, Duaschais Seneschais e a própria Lou! E, claro, o pessoal do Nyah!: Nathyesmeralda, Sophia Hale, Dracena, Miney, Relsanli e Alicecullen1997.


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