- Nós não precisamos forjar a morte de Emmett. Tudo que você precisa fazer, Carlisle, é dizer à Sra. McCarty que hoje você encontrou o meu quarto vazio e um bilhete... dizendo que eu fugi com o filho dela.

XVII

INVERDADES

ROSALIE

O plano havia brotado em minha mente assim que Emmett dissera que não ficaria conosco se tivesse de fazer com que a mãe acreditasse que ele estava morto. Era um plano esdrúxulo, infantil, e que acabaria machucando muitas pessoas que viviam em Riverside...

Mas teria de funcionar. A Sra. McCarty não teria que ver a sepultura do seu filho, e eu não teria que ver Emmett nos deixar... me deixar.

- Como assim, Rosalie? - Carlisle me perguntou.

Respirei fundo.

- Emmett e eu... Nós éramos próximos. Todos na cidade sabiam disso. E o fato é que, ao que se sabe, ele sumiu há três dias. Esse é mais ou menos o tempo que ele levaria para caminhar da fazenda onde ele estava, até a nossa casa. Ele teria chegado aqui no meio da noite, me pedido pra fugir com ele... e eu teria aceitado.

"Você não poderia ver a sua mãe, Emmett, mas poderia telefoná-la. Ela saberia que você está vivo, que você está bem... e nós poderíamos até mandar dinheiro para ela de vez em quando, nos certificando de que nada lhe faltaria."

O olhei esperançosamente, enquanto ele ponderada a idéia. Tive esperança – tinha que ter esperanças.

- Eu ia pedir a mão de Louise em casamento.

Respirei fundo, tomando aquilo como um golpe. Não queria acreditar que depois de tudo o que ele me dissera, depois de ter me pedido para lhe dar a minha vida, ele simplesmente pediria para aquela garota ser sua esposa.

Ainda assim, eu teria que esquecer a minha indignação e me focar em convencê-lo a me seguir. A ficar comigo.

- Não seria difícil para todos acreditarem que você desistiu e quis ficar comigo, Emmett. Afinal... você me pediu em casamento.

- Ninguém sabe disso.

- Ainda assim, as pessoas notaram que nós éramos próximos demais. A sua mãe achava que você estava apaixonado por mim. Mais que ninguém, ela vai acreditar que fugimos juntos.

Edward se aproximou de nós.

- E como você explicaria a minha ausência?

- Você não precisa sumir, Edward.

- Sim, preciso. Eu não posso deixar que você fique sozinha com Emmett enquanto ele não tiver um pouco mais de controle, Rosalie. Nós todos sabemos disso!

Emmett bufou, exasperado.

- Quantas vezes eu preciso dizer que não vou machucar Rosalie?

- Se você perder o controle, Emmett, vai! Você quase o fez, mais cedo.

Emmett se calou, sua expressão raivosa sendo substituída por pelo remorso. Eu não queria que ele se sentisse assim – especialmente por uma situação que fora minha culpa; afinal, foi o meu cheiro que ativou a reação dele.

- Eu o manterei alimentado, Edward.

- Se acontecer alguma coisa, Rosalie... ele é muito mais forte que você!

- Se acontecer alguma coisa, Edward, será porque eu quis.

Com aquilo, Edward se calou. Foi a vez de Carlisle falar:

- Eu me sentiria mais seguro se você prometesse não se aproximar dele.

Suspirei.

- Claro que eu prometo.

- Muito bem. Arrumem as malas; as minhas roupas não servem bem em Emmett, mas acho que será suficiente até você poder ir a uma cidade e comprar roupas maiores. Rosalie, você sairá com o carro de Edward. Fiquem na floresta, faça com que ele se alimente com freqüência e fique longe dos humanos. Espere uma semana até me ligar. Até lá, eu terei encontrado um lugar onde vocês dois poderão ficar.

- Devemos ficar sempre no mesmo lugar?

- Talvez. Sempre verifique um raio de trinta milhas antes de caçarem, para se certificar que não têm humanos por perto.

- Eu posso fazer isso.

- Emmett? – Ele olhou para Carlisle. – Você concorda com esse plano?

Emmett deu de ombros.

- Muita gente vai se magoar com isso.

Esme se aproximou dele e, sorrindo, pôs uma mão sobre o seu ombro.

- Emmett, querido, eu sou mãe. Não existe coisa pior do que saber que o seu filho não tem mais vida... já aconteceu comigo; e isso significou, literalmente, a morte para mim. Nesse momento, a sua mãe pensa que você desapareceu na floresta. Ela deve estar aterrorizada com as possibilidades. Acredite, ela vai ficar aliviada ao saber que você apenas fugiu em busca do amor.

Ele hesitou por um momento.

- Não é só com ela que eu estou preocupado.

- Eu sei. Mas, acredite, todos ficarão mais aliviados a saber que você está vivo. Até mesmo aqueles que lhe odiarão por um tempo.

- Então... eu acho que posso fazer isso.

Carlisle sorriu, e logo colocou uma mão nas costas de Emmett, o guiando para o primeiro andar, dizendo que eles tinham que ver quais as roupas ficariam melhor nele.

A sós com Esme e Edward, suspirei.

- Estou fazendo a coisa certa?

- Não temos como saber – Edward respondeu. – Mas eu espero que tudo termine bem, Rosalie.

- Emmett é um bom garoto, Rose. Você escolheu bem.

Sorri.

- Acho que sim.

- Então um pouco de privacidade virá a calhar. Você tem uma carta a escrever, minha querida.

Assenti, e logo subi as escadas para o meu quarto. Em minha escrivaninha, peguei uma folha qualquer e uma caneta, e logo a minha caligrafia pequena e arredondada começava a tomar o papel:

"Querida Esme,

Enquanto escrevo essas linhas, o meu coração está dividido entre angústia e alegria. Eu sei que você tinha grandes planos para mim, mas eu não posso deixar de viver a minha vida e buscar a minha própria felicidade. Por favor, não me queira mal por ter deixado o meu quarto vazio e ter ido embora sem sequer me despedir. A verdade é que eu não conseguiria lhe dizer adeus.

Como você já deve ter percebido, minha querida irmã, o meu envolvimento com Emmett McCarty vai muito além da displicente amizade. Nunca esteve em meus planos me apaixonar por um homem como aquele, mas aconteceu. De amigos passamos a enamorados. E, quando dei por mim, me vi amando-o. Não pude mais ignorar o fogo que corria em minhas veias, me queimava por dentro, inebriava os meus sentidos. Eu não pude me negar a ele.

O que fiz foi errado, eu sei – como, agora, conseguiria aquele casamento perfeito que você sempre sonhou para mim? Mas Deus é testemunha de que eu tentei fugir, tentei perseguir o futuro brilhante que os nossos pais quiseram para mim, mas o meu coração e o meu corpo falam mais alto.

Essa madrugada, Emmett apareceu em nossa casa e me ofereceu um anel de noivado. Espero que você entenda que eu tive que dizer sim. Eu quero passar a minha vida ao lado de Emmett. Garanto-lhe que ele me fará a mulher mais feliz desse mundo.

Sei que você aceitaria a nossa união, apesar de não ser a ideal. No entanto, a cidade que o seu marido escolheu para viver é pequena demais; todos têm expectativas de que Emmett case-se com outra garota. Eu não conseguiria viver sabendo que os amigos do meu amado lhe deram as costas por minha culpa. Não pense, jamais, que Emmett tirou a sua preciosa irmã do seu convívio. De fato, a romântica idéia de fuga foi minha.

Por favor, saiba que eu sempre pensarei em vocês com carinho e talvez um dia lhes visite. Mande o meu amor para Edward e agradeça a Carlisle por ter sido o meu pai de fato e de direito pelos últimos anos. E fique tranqüila, minha irmã, pois eu serei feliz.

Eu o amo. Eu verdadeiramente o amo.

Eternamente sua,

Rosalie.

PS.: Diga a Edward que eu sinto muito por ter levado o DeSoto."

Assim que estava satisfeita com a minha carta, peguei uma maleta e comecei a colocar algumas peças de roupa dentro. Isso foi pouco antes da minha porta se abrir, e o cheiro de Emmett se tornar mais forte do que eu podia suportar.

Ouvi os seus passos cadenciados se pronunciarem pelo assoalho de madeira e, pouco depois, o ranger da minha cama agora quebrada.

- Me desculpe pela cama. Não foi minha intenção.

- Não importa – respondi, sem me virar. – Não é como se eu pudesse dormir nela, de qualquer forma.

- Então... que loucura, hein? Quer dizer, eu estava bem longe quando o urso me atacou.

- É.

- Eu fico feliz que você tenha estado perto.

Respirei fundo, tentando não pensar que Emmett ainda não conhecia nada daquela vida. Em pouco tempo, ele estaria lhe amaldiçoando por tê-lo transformado numa besta.

- Foi apenas uma coincidência.

- Eu sei... eu estou tentando agradecer, Rosalie. Por você ter me salvado. Obrigado.

- De nada.

Coloquei as últimas peças de roupa e fechei a maleta. Tentando sorrir, saí do meu closet. Decepcionei-me ao ver que ele já vestia uma das camisas de Carlisle, me privando da incrível visão dos seus músculos.

- Como isso vai funcionar?

- Nós ficamos na floresta pelos próximos dias e esperamos. Simples assim.

- Eu realmente queria ver a minha mãe.

- Você já se olhou no espelho, Emmett? Você não é mais o filho dela. O que a sua mãe diria quando visse os seus olhos vermelhos?

- Sei lá... que pareço... limpo?

Ri.

- Será?

- A sua aparência mudou muito?

- Não, na verdade. Os meus cabelos e minha pele ficaram um pouco mais claros, eu fiquei mais musculosa e as linhas do meu rosto mais definidas. Eu fiquei mais bonita, sim, mas a diferença não foi gritante... e eu ainda sinto falta dos meus olhos.

- Eles eram azuis?

- Sim. Como você adivinhou?

- Você tem cara de quem tinha olhos azuis. Se quer saber, eu prefiro a cor atual. – Ele se virou e deu um passo em minha direção. Meu coração morto deu um pulo. – Olhos azuis seriam muito normais para você.

Eu queria beijá-lo. Deus, como eu queria beijá-lo.

Mas eu não podia. Não ainda. Não enquanto ele tivesse sem controle.

Então tive que me valer do meu sarcasmo para evitar que o meu corpo reagisse novamente ao dele.

- Bem, obviamente você não sabe o quão azul meus olhos eram!

- Tenho certeza que dourado combina mais com você. Como você... morreu?

Naquele momento, eu dei graças a deus por estar de costas para Emmett – eu não podia deixar que ele visse a expressão que eu fiz.

Emmett me via como uma deusa; como um anjo. Como um ser puro. Como eu podia contar a ele o que se passou nas minhas últimas horas de vida? Como eu podia dizer que eu era podre por dentro?

Edward... por favor!

Em menos de um segundo o meu irmão abria a porta do meu quarto, e eu senti tanto alívio e tanta gratidão, que quase corri para abraçá-lo.

- Vocês já terminaram? Carlisle quer que vocês dois peguem a estrada o mais cedo possível. Vocês sabem... as pessoas nos visitam de vez em quando.

- Acho que já terminamos. – Emmett disse, aparentemente esquecendo o assunto inacabado. – Vamos, Rose?

Eu assenti e ele logo saiu do quarto.

Olhei para Edward e sorri:

Obrigada.

XxXxXxX

Reviews, por favor.

Como vcs passaram a páscoa? Eu passei doente, me entupindo de chocolate. Foi triste. Anyways, agradeço à Lou Malfoy, que betou mais esse cap. E, claro, para as linjas que comentaram o cap anterior: Elissa Summers, Tathiana e Duaschais Seneschais. E também no Nya!: SophieHale e Relsanli.

Ah, e o meu William se casa na sexta. Estou de luto. Desde criança eu achava que acabaria me casando com ele...