A Little Bit Longer escrita por Clara B Gomez Sousa


Capítulo 55
Nem Tudo É Como A Gente Quer




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Ou eu era realmente afeminado (o que não era verdade, já que não fazia nem 24h que eu estava praticamente chegando aos finalmentes com Selena Gomez, e estava amando aquilo), ou Ryan era realmente importante na minha vida como amigo e ver que ele não queria mais olhar na minha cara por causa da minha doença me feria, como facas em minha pele.

Opção 2, por favor.

Minha chegada em casa não foi a mais normal de todas. Na verdade, eu cheguei com aquela cara de meu dia foi uma droga, e, assim que minha mãe perguntou se havia algum problema, sentada no sofá da sala, eu desabei em seu colo, voltando a soluçar, fazendo-a levar um susto. Eu fiquei um tempo ali, com ela, sem falar nada, até me levantar e ir tocar a vida, tomar um banho, fazer o dever de casa. Mamãe e Scooter só descobriram o que estava acontecendo comigo, que estava mudo e visivelmente abatido, por que eu murmurei a frase Eu tentei consertar tudo quando minha mãe estava me perguntando pela milésima vez o que raios estava acontecendo comigo.

Ela saiu, e algum tempo depois ela voltou. Se sentou ao meu lado e fechou meu caderno de Álgebra, me impedindo de me concentrar nele para ter uma desculpa para não prestar atenção no que ela dizia.

- Justin. – Ela disse. – O seu problema... É com o Ryan?

Eu simplesmente assenti.

- Eu tentei consertar as coisas. – Falei. – Mas...

Não falei mais nada, ela devia ter entendido. E entendeu. Ela me fez apoiar a cabeça em seu ombro, e ficou afagando meu cabelo.

- Nem tudo na vida acontece como a gente quer. – Ela diz.

- Eu sei. – Falei. – E estou começando a odiar o fato de que eu estou percebendo isso com mais facilidade por causa da experiência.

- Vai ficar tudo bem, bebê... – Ela disse. Assenti, e falei que estava sentindo falta do meu pai. Eu sabia que iria deixá-la mal por estar “desvalorizando-a”, mas, de certa forma, eu precisava falar aquilo. – Ele vem buscar você amanhã na escola. – Minha mãe explicou.

Não respondi. Fiquei ali com ela até estar tão calmo a ponto de apagar. Simplesmente fechei os olhos e dormi. Minha mãe me deitou na minha cama, tirou meu material escolar dali (depois ela percebeu que eu não estava fazendo dever de casa porcaria nenhuma, eu estava era fazendo aquelas seqüências de desenhos página por página de dois carros batendo e explodindo) e saiu. Acordei na hora do jantar. Nem me lembro do que foi, só que eu não quis comer com Scooter e minha mãe. Na verdade eu nem comi. Estava sem fome por algum motivo.

Enfim, eu fiquei mexendo no meu celular jogando Snake (sim, o jogo da cobrinha, não sei o que deu na minha mente pra eu voltar à minha infância tão drasticamente) e eu redescobri o quanto aquele jogo era viciante. Simplesmente fiquei naquela cobrinha durante quase duas horas, e fiz um recorde de 1.556 pontos. Essa merecia o Guiness. Ok, nem tanto.

Fui dormir tarde, no dia seguinte eu mal ficava quieto na aula, ansioso para que eu encontrasse logo meu pai. Sim, eu dirigia, podia muito bem ir pra casa dele sozinho, mas era simbólico pra mim. Até por que durante minha infância inteira, para encontrar meu pai, eu tinha que percorrer mais de três horas de carro de Stratford pra Winnipeg, aonde ele morava. Resumindo: Nunca meu pai me buscou na escola, o que eu sempre quis que acontecesse. E, nem era tão vergonhoso assim, se fôssemos falar do meu pai. Vamos lá, já vi fãs minhas chamando o meu pai de atraente em outras palavras. O que é meio que estranho pra mim. Sim, ele era forte, lutava e me apresentou o conceito de Academia, mas... Ok, não adianta falar.

No fim da aula, ele estava ali, apoiado no Cadillac vermelho e branco, perto do estacionamento. Caminhei em sua direção, e, assim que estava a dois passos de distância dele, recebi o abraço mais forte que já havia recebido de Jeremy Bieber antes.

- Você quase me matou do coração. – Ele disse. – Sumir por dois dias?

- Foi uma situação emergencial, e eu não fugi! – Falei. – Não dessa vez.

- Ok, sem crises de rebeldia mais, ok? – Ele disse. – Tenta não fugir de novo de casa?

Eu suspirei.

- Claro, pai. – Falei. Ele riu, e disse para eu entrar no carro. Enquanto ele dirigia para a casa dele, nós conversávamos e eu jogava o jogo da cobrinha.

- O que você está fazendo? – Ele perguntou, uma certa hora, enquanto eu jogava. – O que está mexendo nesse celular?

- Nutrindo meu novo vício. – Ri.

- Ah, vício, é? – Ele perguntou. – De quê?

- Jogo da cobrinha. – Ri. – Ou, no seu nome original, Snake. – Ri de novo. Meu pai riu comigo.

- Você é meio desregulado, Justin. – Ele disse.

- Ah, eu já fiz o recorde de 1.556 pontos! – Falei.

- Nota mental, te deixar longe desse jogo. – Ele disse. Eu bufei. – Está com fome? Que tal um Starbucks?

- Seria aceitável. – Falei, com a mão no estômago. – Como a Jazzy e o Jaxon estão? E a Erin?

- Bem, obrigado. – Meu pai disse. – Jazzy está reclamando já faz quase uma semana que o Jus não aparece. – Ele imitou a voz da minha irmã.

- Mas, então, – Eu ri. – eu estou a caminho!

- Sim. – Ele disse. – E... Você tem... Tido recaídas?

Mordi o lábio inferior. Sabia de quais recaídas meu pai mencionava. Eu assenti em sinal negativo, e disse que estava pensando em tentar manter um jejum de álcool. Ele cantou um coro de aleluia, comemos no Starbucks, quando eu cheguei em casa eu abracei Jazzy com toda minha força, enfim, foi ótimo. Quando me joguei na cama do meu quarto da casa do meu pai, eu estabeleci para mim mesmo que eu não iria mais colocar álcool na minha boca. Mas, nem tudo na vida acontece como a gente quer. E eu estava odiando aquilo.

Em menos de três horas eu estava incrivelmente bêbado, como nunca fiquei, escondido no quintal da casa do meu pai, com uma garrafa de cerveja pela metade, e mais três vazias, com medo de meu pai me encontrar naquele estado. Nem lembro aonde arranjei aquilo, só lembro de meu pai me encontrar no meu esconderijo, depois de muito tempo de procura. Meus olhos estavam vermelhos, eu abraçava minhas próprias pernas, e estava fora de mim. Via tudo completamente turvo, só vi meu pai me levantar e me amparar para dentro de casa. Erin afastou meus irmãos de mim, caso eu desse um ataque, sei lá, e eu fui acomodado numa cadeira na cozinha, e meu pai me deu um copo de água. Eu estava tão desorientado a ponto de não conseguir pegar o copo sem derrubar metade do conteúdo contido nele.

- O que eu faço com você? – Ouvi meu pai dizer. Não conseguia dizer nada para me defender, e, mesmo se pudesse, não diria, por que sabia que eu estava errado. Isso que era o pior. – Talvez depois eu lhe dê uma bronca, mas agora precisamos nos preocupar com você. – Ele completou.


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