-Você primeiro. – Falei. – Depois eu vou.

Ela assentiu e deu o play na música. Ela dançou bem, eu diria que ela parecia bastante a Nicole das Pussicat. Depois eu dancei uma música dos Jackson 5, que não me lembro mais o nome. Deu empate na comparação das pontuações, e a gente percebeu que era melhor não jogarmos mais jogos de dança. Nós nos jogamos no sofá e ficamos lá até o pedido chegar, o que não demorou muito. Nós comemos tudo bem rápido, eu quase fiz uma tragédia no sofá de Selena com o shoyu, e ficamos vendo um filme sobre um cachorro e seu dono. O cachorro ia “buscar” o dono na estação da cidade todo dia á tarde. Mesmo depois da morte do dono, o cachorro não parou de fazer isso. Eu comecei a pensar em Sammy, o meu cachorro. Provavelmente ele não me esperaria mesmo depois da minha morte. Eu não merecia isso. Eu lembro de ter dormido depois que o filme acabou. Selena dormiu junto comigo no sofá.

Aquele realmente foi o melhor dia depois de uma quase morte que eu já pude ter.

Quando eu acordei, Selena não estava mais no meu colo. A sacana quase me matou do coração de novo quando apareceu com todo o cabelo para a frente, que nem a Samara de O Chamado, e gritou BUUUU!!! bem no meu ouvido. Eu quase surtei de novo. Ela parecia não cansar de quase me matar. O dia foi divertido, nós nos jogamos na piscina, e comemos miojo no almoço. Sim, macarrão instantâneo. Foi por falta de opção. Bem, as coisas não ficaram tão bem depois daquilo. De noite, tudo desabou. Simplesmente Selena se deparou com meu lado ruim, ela viu que eu estava bebendo, e isso começou uma série de discussões. Eu disse que eu sabia o que estava fazendo, ela disse que eu era doido.

-Selena, não precisa se meter nisso, eu sei o que faço! – Eu rebati.

-Justin, beber desembestadamente como dizem que você está fazendo não é saber o que está fazendo!

-Eu tenho meus motivos! – Falei. – Selena, sei que se importa comigo, mas não precisa!

Selena voltou a dizer que eu não sabia o que eu fazia, e me chamou de cego. Eu bufei, e praticamente cuspi que ela estava pior que a minha mãe. Ela disse que tinha motivos de sobra para aquilo. A gente disse algumas coisas um do outro, aí eu explodi.

-Você só está agindo que nem todas as outras pessoas na minha vida! – Gritei. – Se metendo na minha vida!! Eu odeio quem faz isso, eu não sou um bebê que nem você diz, eu não sou cego, pare de me dizer o que fazer!

Fiquei frente a frente a Selena, e iria dizer mais alguma coisa para dar continuidade á nossa discussão, mas algo me fez parar. Ela ficou esperando alguma reação minha, enquanto eu a encarava com um olhar zangado. Mas, meu rosto foi de zangado á triste.

-Você vai me expulsar, não vai? – Perguntei. – Você me odeia agora, não é?

Ela ficou sem resposta, mas eu me afastei dela.

-Não precisa me expulsar. Obrigado por tudo, mas eu vou embora. – Murmurei, me virando. Iria mesmo embora, mas Selena segurou meu braço. Eu voltei meu olhar para ela e ela me puxou para perto de si, e me beijou de surpresa. Foi tão do nada que eu nem consegui reagir. Quando nossos lábios se separaram, eu mal conseguia respirar.

-O... O quê...

-Eu não odeio você. Eu amo você. – Ela disse. – Desde que eu conheci você, Justin.

Eu abri a boca, mas não hesitei em beijá-la. Nossos lábios se roçavam suavemente, e minhas mãos deslizavam suavemente em sua cintura. Nem parecia que eu havia acabado de dizer que a odiava. Isso que eu chamo de amor bipolar. Se é que aquilo era mesmo amor.

Ok, Justin, para de ser idiota, você está com a Selena Gomez nas suas mãos, não estraga isso!

Eu continuei a beijar Selena com toda a vontade que tive, e, me desliguei da realidade por algum tempo. Selena me hipnotizava. Seu beijo me deixava louco. Só acordei para a vida quando eu havia acabado de deitá-la numa cama, e estava por cima dela, acariciando sua cintura. Ok, hora de parar. Foi doloroso romper o contato com os lábios de Selena, mas eu o fiz e me joguei para o lado.

-Espera. – Eu falei, ofegando. – A gente...

-Sem continuar, sei disso. – Ela respondeu. Eu suspirei e lhe dei um selinho rápido.

-Eu amo você. – Falei. – Agora eu sei disso.

-Antes você duvidava? – Ela perguntou, acariciando meu cabelo. Estávamos na mesma cama, á noite, eu com a mão na cintura de Selena, ela com a mão no meu rosto. Se alguém aparecesse ali, a gente teria muita coisa para explicar.

-Eu duvidava que realmente poderia... Amar alguém. – Falei. Claro, depois de um pé na bunda tão doloroso quando o da Jéssica, qualquer um duvida!

-Você não namorou a... A garota de Overboard?

-Jessica Jarrel? Sim, mas... Foi por causa dela que eu... Duvidei. – Gaguejei. – Ela me deu um fora. Eu fiquei um pouco mal. Mas... Acho que agora eu superei isso. – Eu abri um sorriso sincero. Selena também sorriu para mim.

-Justin... – Ela murmurou, selando nossos lábios novamente. – Eu também superei um fora. – Ela murmurou, no pé no meu ouvido. – Mas isso não importa.

Eu abri um sorriso maroto, e a puxei para cima de mim, para que ela ficasse praticamente de quatro em mim. Voltei a selar nossos lábios, e desci minhas mãos para as pernas de Selena. Ela deu um risinho fraco e me repreendeu com um tapa fraco em meu ombro, mas eu ignorei e continuei do mesmo jeito. Invertemos nossas posições, eu em cima, ela embaixo, e continuamos com as carícias e os beijos. Quando alguém tocou a campainha, aí sim foi a hora dela segurar meus ombros, me jogar para o lado e se sentar na cama, ofegando. Eu caí da cama, se já estávamos na ponta da cama nos beijos, pra ela me jogar pro lado é pedir tombo.

-Doeu! – Protestei. Selena riu.

-Vou atender a campainha. – Ela disse, se levantando.

-Pediu comida ou algo do tipo? – Perguntei.

-Não, mas é até uma boa idéia. – Ela disse, sumindo do meu alcance de vista. Quando comecei a ouvir Selena tímida, e a voz de Scooter e minha mãe, a única coisa que eu pensei foi Ferrou. Agora, não haviam soluções. De duas uma: Ou eu me escondia ali para minha mãe não me achar, ou eu fugia daquele quarto antes que minha mãe me flagrasse no quarto da Selena Gomez, o que... Cara, se acontecesse, a barra ia esquentar muito pro meu lado.

E esquentou. Eu e a minha lerdeza mais ferimentos por todo o corpo é igual a não conseguir se levantar sem fazer barulho. Eu acabei me jogando na cama. Foi exatamente quando minha mãe passou pelo corredor com Selena e me viu na cama. Eu fiquei de pé e tentei falar algo, mas eu corei de imediato. Primeiro ela me abraçou bem forte, depois eu comecei a ver minha morte de perto. Minha mãe me perguntou por que eu não havia avisado a ela que estava bem, e depois perguntou o que eu estava fazendo na cama da Selena.

-Han... – Eu gaguejei. Ótimo. Gaguejar é a única pista necessária para a minha mãe perceber que alguma coisa de errado estava acontecendo. Ótimo. Agora a coisa ferrou pro meu lado.

Vou cortar uma sessão torturosa de perguntas da minha mãe, até quando eu assumi que eu e Selena estávamos na cama, e eu disse que não era o que minha mãe estava pensando. Erro. Em alguns minutos eu e Selena estávamos sentados lado a lado na ponta da cama dela, e minha mãe me dando sermão.

-Como você some desse jeito por dias e não me avisa que está bem? Eu nem me importaria se você passasse alguns dias aqui, mas pelo menos me desse um telefonema! – Ela disse. – Eu te criei para isso? Para você sumir no mundo e quando eu te encontro, você está no maior clima com uma menina que eu nem conheço direito? – Ela disse. – Sem desqualificar você, Selena, mas isso é jeito de tratar a sua mãe?

-Desculpa. – Falei. – É que...

-Tudo bem. – Ela disse, me cortando. – Essa eu deixo passar, mas... O aviso está dado! Da próxima eu... Eu sei lá, te deixo trancado no quarto por um mês, entendeu, moço? – Minha mãe completou. Eu dei um riso pequeno, e assenti.