Uma suave brisa quebrou a estática na atmosfera do local. A garota não saberia dizer de onde ela veio, pois estava cercada por altas estantes. Encontrava-se em uma biblioteca, tinha certeza disso. Prateleiras e mais prateleiras de livros se estendiam ao seu lado. Não importava para onde andasse, as estantes de madeira nobre nunca acabavam, dando-lhe a sensação de estar em um imenso labirinto. Não que se sentisse incomodada, sempre amou leitura e tudo que envolvesse esse hobby, porém a sensação de estar perdida não lhe agradava. Não havia fim aquele labirinto de livros, só mais e mais estantes erguidas até uma altura que a fazia não conseguir enxergar direito os livros das últimas prateleiras.

Em dado momento, sem que soubesse se estava minutos ou horas andando, um livro caiu na sua frente. Parou por um instante antes de ajoelhar-se e pegá-lo, começando a ler na página que estava aberto. Alguns símbolos estranhos encontravam-se nas bordas, entremeados a sutis arabescos. A imagem de um dragão se destacava na página esquerda, acima do texto. Este contava sobre uma época de prosperidade e paz, que acabara em um repente e deu lugar a uma guerra. Os seres do lugar, incluindo os dragões, corriam sério risco de extinguir-se, devido a ser uma batalha de forças equilibradas. Alguns do grupo citado, percebendo o perigo, juntaram-se e, com suas energias reunidas, conseguiram abrir algum tipo de portal para outra dimensão. Uma dimensão que seria somente deles, onde poderiam existir em paz novamente.

Virou a página. Quando fez isso, encontrou o que parecia ser uma poesia. Prosseguindo com a leitura, percebeu que era bem mais que isso.

União entre dois mundos

Ligação entre dois seres

A Profetisa e o Coração Negro

Uma nova Era inaugurarão

A Escuridão se fortalecerá

Brechas serão seu alvo

Marionetes dela se farão

Duas essenciais –

Uma na transição

Outra na completa junção

Cortar as cordas não significa final

Corrompidos ainda necessitam de mestres

A escuridão em dois se dividirá

E o equilíbrio sempre se mantém

O mesmo que expulsou os vampiros de luz

Se fará em seu despertar

A surpresa será o fator da vitória

Pois a verdade nunca deve ser esquecida

A força está onde ninguém vê

O autor ninguém poderia dizer quem era, tampouco poderia se dizer quando ela fora escrita, mas tinha a sensação de que era algo muito importante. Antes que pudesse pensar melhor nessa intuição, para tentar entender o porquê dela, despertou.

Antes que pudesse sequer dar conta do que fazia, pegou o caderno mais próximo de si, que na verdade era seu diário, e a lapiseira que sempre deixava em cima dele e começou a transcrever a poesia que vira. Depois que terminou a tarefa, permitiu-se um momento de reflexão. Por que tivera aquele sonho? Por que vira essa poesia? E por que estava com essa inquietante sensação de que aquilo que acabara de escrever era, na verdade, uma profecia?

Suspirou longamente. Pelo visto, ainda haveria uma longa batalha pela frente...