– Para que contar Hitsu? As garotas do colégio nem se importam com isso. Duvido que a Rukia se importe também... – Ikkaku falou sem ânimo algum. Todos os garotos da roda concordaram, menos Hisagi.

– Ele é foda. – O moreno falou, quase foi fuzilado com os olhos por Ichigo e Hitsugaya. – Que foi?

– Ele faz de todo mundo um brinquedinho, e ele é foda? – Hitsugaya disse sem compreender a mente retardada de Hisagi.  Toushirou nem esperou o amigo responder e voltou a sua atenção para Rukia, que estava agoniada querendo saber o que o Kaien tinha feito para todos -menos o Hisagi- odiá-lo tanto assim.  – Ele pega todas as garotas desse colégio, todas, literalmente. Não está nem ai, se você se apaixona por ele, te joga no lixo e daqui a cinco minutos já está com outra. Por isso não vale nada. Ele só pensa nele mesmo, e não está nem aí para os seus sentimentos.  – O rapaz de cabelos prateados disse com os braços cruzados, todos ficaram em silêncio depois de suas palavras. Até Rukia não sabia o que dizer...estava iludida por um cafajeste?

– Ele só sabe disso tudo, por causa de uma pessoa. Né, Hitsu? – Renji insinuou

– Renji... – Sado abriu a boca pela primeira vez desde que Rukia havia chego no colégio. – Melhor você ficar calado se não quiser ser morto.

– Mas, por que? – A única garota da roda perguntou curiosa.

Renji olhou para a classe, só tinham eles lá. Então podiam falar daquele assunto sem se preocupar se alguém ouvisse.

– A Rangiku e o Hitsu, eram, grudados. Mesmo, super amigos. E ele sempre teve uma queda por ela, só que nunca quis assumir isso.

– Renji... – O baixinho disse o fitando cruelmente.

– Então... – Continuou o ignorando completamente – Daí a Matsumoto se apaixonou pelo Kaien. Os dois ficaram. Depois de dois dias nele deu um belo pé na bunda dela, isso porque o Hitsu tinha avisado pra ela sobre ele. Eles brigaram feio por causa do galãzinho, e estão assim até hoje. Fim.

– Você é um idiota mesmo. – Hitsugaya falou querendo matá-lo mentalmente.

– Pode confiar em mim, Toushirou. Da minha boca não sairá nada. – A baxinha disse com um sorriso confiante nos lábios. O baixinho não retribuiu o sorriso, mas fez um aceno com a cabeça e deu de ombros depois.

– Mas e ai Rukia? Decidiu se quer sofrer? – Ichigo perguntou seriamente.

– Ichigo! Para de encher o saco da Kuchiki-san! – Hanatarou brigou com o ruivo, que apenas bufou e virou o rosto para o outro lado evitando olhar para a sua vizinha. Rukia fez o mesmo, que o ruivo, virou o rosto e cruzou os braços.

“Esses dois...” – Renji pensou e balançou a cabeça em sinal de negação.

A classe começou a encher, metade ainda estava lá fora e a outra estava sentada nas cadeiras, em pé conversando, ou babando na carteira.

–  Rukia! – Rangiku a chamou do outro lado da classe. – Vem aqui um instante?

–  Eu...vou lá.– A morena saiu de perto do grupo e foi até onde estava Soifon e Matsumoto.

– Abandonando as amigas, não é assim que as coisas funcionam. –  A loira falou, fingindo desapontamento.  – Pensei que você ia ser uma amiga diferente...

- Não liga, Rukia. Ela só está assim só por que você estava falando com os meninos...principalmente com o Toushirou. – Soifon disse com um sorriso malicioso nos lábios.

“Caramba, alguém me explica o que está acontecendo?” –  Pensou confusa – Como assim? – A baixinha perguntou. Afinal quem gostava de quem? Os dois? Hitsugaya? Matsumoto? OMG!

–  Nada, ela ainda não precisa saber disso. – Matsumoto e Soifon se olharam, e teve a impressão que conversavam mentalmente – Tudo bem. Sem falar nesse assunto.

“Não sei de nada, não sei que foram amigos, não sei de nada, nadinha.” – Rukia refletia, e permaneceu calada.

– Estavam conversando sobre o que? – Matsumoto perguntou curiosa.

“ Pensa rápido, pensa rápido!” –  Nós conversamos...sobre jogos.  É isso aí, jogos.

–  Não sabia que você jogava, sabe é mais coisa de garoto... – Matsumoto suspeitou de alguma mentira.

– Não... eu gosto de jogar. – Isso não era mentira.

– CADA UM NO SEU LUGAR, AGORA! - Uma professora que tinha o corpo escultural, os longos cabelos púrpura presos em um rabo de cavalo e os olhos âmbares, ordenou com um sorriso superior nos lábios.

“O que ela está fazendo aqui? Não era para estar morando na Florida?” – Ichigo pensou, a conhecia por causa de seu pai. Isshin havia estudado com ela, se não lhe falhava a memória.

– Mas o sinal nem tocou ainda! – Um aluno loiro da classe reclamou para ela. Não passou nem alguns segundos e o sinal tocou o fazendo xingar o mundo mentalmente.

–  Pronto. – A professora respondeu com um sorriso divertido nos lábios.

A classe toda estava sentada nos seus respectivos lugares. Todos olhavam para a mulher que estava ocupando o lugar da professora de Matemática. A mulher de cabelos roxos levantou da cadeira e escreveu seu nome no quadro negro.

– Não sei quem é essa mulher, mas eu já adorei. – Hisagi cochichou para Ichigo, que estava sentado na sua frente.

- Eu escutei isso garoto de coleira. – A professora lançou um olhar ameaçador para Hisagi, que apenas riu.

– É uma tatuagem... – O garoto respondeu, colocando a mão no pescoço.

– Que parece uma coleira. – Insistiu. Desviou o olhar de Hisagi e fitou a classe que ainda tinha caras de interrogação. – Sou a nova professora de Matemática e Física de vocês. – Ela não pôde nem terminar de dizer, a metade da classe começou a reclamar.

– E cadê a outra professora? Ela foi demitida? Morreu? – Uma garota alta de longos cabelos loiros, perguntou revoltada como os outros da classe.

– Tecnicamente... Ela quase não morreu. Sofreu um acidente grave e está internada no hospital, e não tem previsão de alta. Então eu a substituirei durante alguns meses. – Ao contrário de alguns segundos atrás, a classe agora estava quieta e atenta ao que a nova professora dizia. – Eu não sei exatamente o que aconteceu, só sei que ela está na Clínica Masaki Ichuyuka, daqui de Karakura. Mas a Hitomi ficará bem. Antes de dizer outra coisa, meu nome é Yoruichi Shihouin.

A nova professora andou pelos espaços entre as carteiras falando do plano de aula, muitos já bocejavam, pensavam que ia ser igual às outras aulas: Tediosas e cansativas.

– Porém, eu uso recursos diferentes. – Yoruichi andava lentamente, a classe estava tão silenciosa que apenas o barulho do seu salto sobre o assoalho era ouvido. – Minhas aulas não são normais, mas vocês vão descobrir isso no decorrer das aulas. Hoje preciso ver o que vocês aprenderam por último em Física e Matemática. – A morena estava passando pela fileira de Ichigo, e o reconheceu imediatamente.

– Kurosaki Ichigo! Que ironia, eu dava aulas particulares pro seu pai quando estávamos no colegial... espero que você não seja tão lerdinho quanto ele!– Yoruichi deu um sorriso de canto e quando olhou para Hisagi fez um sinal de negação e tocou o queixo de Hisagi. O mesmo tinha um sorriso abobado na cara.

– Estou vendo que vou ter problemas com você. Qual o teu nome, garoto? – A professora não segurava mais o queixo do rapaz. Tinha os braços cruzados e a face inexpressiva

– Shuhei Hisagi.

– Hisagi, duvido que vá bem nas minhas provas se ficar me contemplando todas as aulas, o problema não vai ser meu, e sim teu.

– Não me importo de ficar de recuperação.

Yoruichi riu sem humor, e voltou a andar até a sua mesa.

Se passou mais três aulas, as duas primeiras passaram rápido. Tinham que concordar, Yoruichi era uma ótima professora e o seu método de ensino era ótimo, ela brincava a aula inteira baseada na matéria, a ironia prevalecia e os foras que ela dava em alguns alunos faziam todos rirem. O sinal do intervalo tocou e todos saíram da classe sem pressa alguma.

Rukia estava à caminho do jardim com Rangiku, Matsumoto, Renji, Hisagi e Ichigo.

– Cara, eu estou... – Hisagi não encontrava palavras para se expressar.

– Doente? Iludido? Patético? – Renji dava alternativas para Hisagi.

– Não! Cara, ela é esplêndida! Tem o corpo perfeito, vocês viram os olhos dela? São lindos! O jeito que ela pegou no meu queixo, o jeito que sorriu para mim, tá ela não sorriu para mim... mas vocês viram o sorriso dela

– Você está falando da Yoruichi-sensei? – Rukia perguntou, já sabendo a resposta.

– Claro! De quem mais seria?

Chegaram no jardim, era amplo e com várias árvores espalhadas pelo campo verde.  Alguns alunos do 2º ano estavam sentados debaixo de uma árvore comendo ou apenas conversando.
Aproximaram-se do grupo e se sentaram um do lado do outro.

Ishida estava encostado na árvore olhando para a grama, pensando em mil e uma possibilidades de como conversar com Inoue sem parecer um idiota.
Não iria pedir ajuda dos seus amigos, não queria ser zoado apenas por não conseguir falar com ela. Desencostou da árvore e deu alguns passos até onde Inoue estava sentada comendo com Tatsuki, Chizuru e mais algumas meninas da sua classe.

– Yo. – Ishida tentou forçar um sorriso. Sentou-se ao lado da ruiva, que dava uma mordida em um sanduiche com uma pasta meio rosada.

– Ohayo Ishida-kun! – Inoue respondeu com a boca cheia. Curvou-se até uma vasilha cheia de sanduiches iguais ao que ela comia. – Está servido? Eu que os preparei.

– Tudo bem. – Ele pegou um sanduiche e deu uma mordida, não era nada maravilhoso, não tinha um gosto muito bom, mas também não era ruim. – O que é... essa pasta rosa Inoue-san?

– Ah é fígado, figo, uva, páprica, carne seca e beterraba. Por quê? Não está bom? Sabia que não devia ter colocado a páprica! – A ruiva discutia consigo mesma, e nem prestava atenção que Ishida tentava acalmá-la.

– Inoue-san! Está ótimo. – Ishida a sacudiu pelos ombros, fazendo algumas meninas da roda rir baixinho por causa da cena.

– Obrigado, Ishida-kun. – Orihime falou se acalmando e dando mais uma mordida no seu sanduiche. Ishida começou a conversar com ela sobre as suas aulas de costura, e que às vezes cozinhava também, Inoue ficou toda animada, mas seu paladar para alimentos não era parecido com o de Ishida. 

– Ishida-kun, mudando um pouco o assunto... me responde uma coisa? – Inoue perguntou fitando a outra roda que estava à sua frente.

– Claro, é só perguntar. – Ishida até tentou evitar os sorrisos mas não conseguiu.

– Você e o Kurosaki-kun, são amigos há muito tempo, não? – Ela ainda fitava o outro grupo com atenção. Ichigo e Rukia estavam sentados um ao lado do outro, conversavam junto com os outros amigos de Ishida, Matsumoto e Soi fon. Eles riam animadamente.

– Sim. – Ele começou a ficar incomodado com aquela atenção toda à outra roda.

– Você sabe se o Kurosaki-kun e a Kuchiki-san são amigos também? – Ela desviou o olhar e voltou a fitar Ishida.

– Pelo jeito são. Eles estão bem próximos desde que ela chegou na cidade, afinal, eles são vizinhos, né.

– Ah sim, claro. Mas é que eles se dão tão bem, não acha que tem algo mais entre eles?

– Não, se tivesse o Ichigo me falaria... provavelmente. – Ishida estava pensando no pior, também como não pensar? Ela estava incomodada com a aproximação do Ichigo com a Rukia! Não tinha mais o que pensar, aquilo estava na cara. – Eu vou ter que ir à classe Orihime-san. Obrigada pelo sanduiche. – Ele falou já ficando de pé.

– De nada, eu que agradeço pela companhia Ishida-kun. – Inoue sorriu mais uma vez. O garoto retribuiu o sorriso e saiu andando.

– Hey, Ichigo. – Rukia cutucou o braço do ruivo que estava do seu lado. – O Ishida saiu andando meio cabisbaixo, será que aconteceu algo? – Disse sussurrando, só ele conseguia escutar. Ninguém prestava atenção nos dois.

– Acho que não...Ele gosta de se isolar para pensar de vez em quando. – Ichigo respondeu sussurrando.

– Ah claro. – A morena sussurrou outra vez.

– Hey! O que vocês tanto falam aí? – Ikkaku perguntou com um sorriso desconfiado nos lábios.

– Estávamos falando do seu passado, e de como você era menos feio quando tinha cabelo! – Ichigo provocou, e começaram a discutir, novamente.