Dois Mundos, Duas Sacadas. escrita por larrycavalcante


Capítulo 6
Capítulo 6 - Mundo novo.


Notas iniciais do capítulo

Olá (:
Gente, eu queria pedir desculpas pela demora. Confesso que grande parte do atraso foi PURA preguiça, confesso. Mas também nem tenho parado em casa nessas duas últimas semanas, mas enfim :D

Eu adoro esse capítulo, as coisas começam a "começar"... deu pra entender né? OISAOIS xD

Obrigada pelos comentários, vocês conseguem me alegrar demais! haha *O*

Eu falo demais, Jesus, até! o/



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“Eu quero meu mundo de volta, Não exatamente o antigo mundo.
Mas as pessoas que habitavam o meu mundo perfeito.
E colocar elas no meu novo mundo, apresentar a elas as novas pessoas que habitam nesse meu novo começo, o começo da construção do meu novo mundo.
Quero mostrar a elas, que eu sou capaz de ser feliz.
Sem o Luxo, e sem os caprichos desnecessários.
Queria mostrar a elas, que sou capaz de tudo. Menos ser completamente feliz sem
as pessoas antigas do meu antigo mundo.
Eu só quero as pessoas de antes, de volta.
Não é pedir demais... é?
Se for. O jeito é construir o mundo novo, e se acostumar com o espaço vazio dentro de mim.
Pois sem as pessoas do meu antigo mundo, não sei como ser feliz.
Me afastar delas era como arrancar um pedaço de mim.
Eu sinto falta, mas o que posso fazer?”

Eu salvei o meu pequeno texto decidida, e fechei o notebook que estava em cima da bancada. Caminhei até a sacada, e me debrucei na grade. Ichigo não estava em casa, a única coisa que falou pra mim antes de sair, foi: “Vou lá pro Ishida, tchau anã.”

Aquilo me irritava profundamente, me chamar de anã de jardim, pintora de roda pé! Como ele queria que eu fosse grande, com uma mãe que é da mesma altura que a minha? Bem dizer que meu pai é gigante, mas isso não vinha ao caso.
Já era de noite, e meu pai havia chegado não fazia muito tempo. Minha mãe o paparicava como se fosse uma criança e vice-versa. Eu nunca via eles fazerem isso na minha frente, mas dá para escutar quando os dois passam no corredor, algo como: “Meu xuxuzinho! Abre um sorriso para a Hisa-chan, abre?”. É hilário, só quem escuta acredita. Ninguém imagina meu pai, abrir um sorriso, ou rir, só em casa ele faz isso, e apenas com minha mãe, e comigo.

O pior era quando minha mãe errava o ponto da comida. Como hoje, por exemplo, ela tinha feito um macarrão com molho de ervilha, até teria ficado bom se ela não tivesse esquecido a panela no fogo. Comemos, na verdade engolimos o macarrão verde meio torrado. Mamãe nunca foi muito boa quando o assunto se tratava de cozinhar. Na maioria das vezes nós tínhamos que pedir algo, ou eu mesma dava um jeito de fazer algo rápido, quando ela queimava a comida, meu pai me agradecia por isso.

Agachei-me e me sentei no chão, era o que eu mais estava fazendo nesses últimos dias. Eu ficava pensando na vida, ou então escrevendo meus textos sem sentindo para quem lesse. Era muito difícil para quem saia do lugar onde cresceu, e abandonar a família, e os amigos que desde pequena conhecia. Segurei as lágrimas, não podia ser fraca, não podia chorar. Eu seria forte, e como o texto dizia, vou construir meu novo mundo.

A campainha me fez acordar dos pensamentos e tentei me esforçar para escutar quem era. Só escutei uma voz que eu não conhecia dizendo: “Boa noite, estamos atrapalhando algo?”.
Não levantei, só fiquei tentando ouvir a conversa do andar debaixo: 

- Não imagina, mas não o conhecemos... – Era a mamãe, claro.

- Ah sim, somos seus vizinhos... Sabe tradição vir conhecer os novos vizinhos do bairro. Somos a família Kurosaki. – Fiquei de pé num pulo, detesto apresentações, mas eu estava curiosa.

- RUKIA! DESCE AQUI!  - Minha mãe gritou da sala. Passei pelo corredor, antes de descer as escadas arrumei o meu cabelo, porque eu estava preocupada? O Ichigo já tinha me visto depois de um dia de faxina e a sua cara foi inexpressiva... Na verdade eu nem percebi isso, mas enfim. Sacudi a cabeça tentando afastar os meus pensamentos e desci as escadas rapidamente e fui até a sala.

- Esta é minha filha, Kuchiki Rukia. – Eu fiquei corada no mesmo instante, minha mãe me apresentou como seu eu fosse o troféu dela. Já estava me arrependendo de não ter ficado trancada no meu quarto. – As duas garotinhas são Yuzu e Karin, filhas de Isshin. – As duas garotinhas que olhavam para mim, eram bem diferentes no estilo, Yuzu tinha os cabelos curtos e castanhos claro, tinha um jeitinho bem afeminado. A outra tinha os cabelos negros, e curtos como o da irmã, mas o estilo era o oposto ao da irmã, tinha um jeito despojado, moleca. O pai delas, também tinha o cabelo preto, mas era um pouco parecido com Ichigo. – E esse é o Ichigo, mas vocês já se conhecem. – Olhei para o ruivo que estava sentado no sofá ele só me fitou por que escutou seu nome. E como sempre ele  não tinha expressão no rosto, isso era irritante.

Não durou muito tempo de silêncio, logo Isshin estava conversando com meu pai. Era bem engraçado ver os dois conversando, Isshin tinha um humor meio exagerado, e meu pai não tinha humor algum.

Minha mãe conversava com Yuzu sobre culinária, devia estar pedindo dicas de como não deixar a comida queimar ou algo do tipo. Karin estava do lado delas,  eu ainda não tinha ouvido a voz dela, não era de falar muito, deduzi.

E só sobrou eu e Ichigo, eu estava sentada ao lado dele no sofá. Eu não queria puxar assunto, e pelo jeito ele também não.

- Você não vai mesmo me devolver o Shion? – Perguntei, quebrando o silêncio entre nós dois.

- Não. – Ele me fitou com o cenho franzido.

- Por que você quer tanto ele pra você?

- Por que você quer tanto ele de volta?

- Porque...Não responde com outra pergunta!

- Por que?

Dei um soquinho no braço dele. Ele riu,talvez rindo da minha ‘super força’.

- Eu não devolvo porque você me jogou ele na cara!

- Eu vivo socando o teu ombro e você não vai roubar a minha mão por causa disso... – Fiquei pensativa e segurei a mão que eu tinha socado o braço dele. – Ou...vai?

-É, vou arrancá-la, colocar ela dentro de um potinho e guardar ele como troféu. – Eu devia estar com a cara assustada, porque ele deu um sorriso de canto. – Para de ser boba, claro que não vou arrancar a sua mão.

Soltei um suspiro de alívio, ficamos mais alguns minutos calados. O pai de Ichigo conversava com meu pai, ambos estavam interessados no assunto. Falavam do novo emprego do papai e do sócio estranho que ele tinha, parece que Isshin o conhecia desde que chegou na cidade. Então Ichigo já foi como eu, não tinha nascido em Karakura.

- Rukia, onde é o banheiro? - Ele me perguntou sussurrando.

- Ah, o lavabo daqui de baixo está reformando. Só o lá de cima... – Me pus de pé, e ele continuou sentado me olhando com cara de tacho.

- Você não quer ir no banheiro? – Sussurrei, ninguém percebeu que eu levantei e nem que ele me seguiu até o andar de cima. – Olha é naquela porta, antes da última porta. Eu vou no meu quarto ver o PC rapidinho.

- Okay. – Ele foi caminhando até o banheiro, nem o vi entrar. Fui para o quarto correndo. Ulquiorra tinha que me responder o e-mail ainda hoje.

Por costume eu olhei para o quarto todo antes de fazer alguma coisa, a porta da sacada do Ichigo estava aberta. Dei de ombros e quando ia sentar na cadeira do computador a minha ficha caiu.

-“A PORTA ESTÁ ABERTA!”

Não deu outra eu fui até a sacada, o problema era pular. Nunca fui muito boa em física. Olhei para o espaço que tinha entre as sacadas, eu podia cair tranquilo ali, mas eu consegui pular.

- Shion, Shion, cadê você? – Procurei o coelho roxo com os olhos. Fui até o armário, não pude deixar de perceber de como ele gostava de roupas de cores vibrantes. Voltei a prestar a atenção ao resgate do Shion. Apalpei em cima da gaveta, receosa, afinal Ichigo não deixava de ser um garoto, e garotos não tem a melhor fama de higiene. Senti algo fofinho e macio e puxei logo em seguida, era o Shion.

- Ele te deixou sozinho, nesse armário, no frio, no escuro. Ele te maltratou? – Eu conversava com o Shion, como se fosse meu filho...na verdade era sim, e ainda tinha mais filhos no quarto.

- O que você está fazendo no meu quarto?! – Ichigo gritou já pulando da minha sacada para a dele. A única coisa que fiz foi agarrar o Shion.

- Vim resgatar o MEU chappy!

- Você perdeu aceite, anã! – Ele falou se aproximando de mim, eu fui recuando. Minhas costas bateu na porta do armário.

- Ainda não entendo! O que você quer com ele?!

- Vou te devolver, quando eu achar que é pra mim devolver! Rukia você está parecendo uma criança mimada! Vai devolve! – Ele estendeu a mão para mim, se ele acha mesmo que eu ia entregar o Shion, há ele estava muito enganado.

- EU?! VOCÊ QUE É INFANTIL DE NÃO QUERER ME DEVOLVER!

Eu juro que fiquei com muito medo  naquela hora, ele olhou para o lado, abriu um sorrisso maléfico e depois falou, quase num sussurro: “Se não quis devolver por bem, vai me devolver nem que seja por mal...”.

- Nunca vou te dar o Shion...

- Você que escolheu.

Eu não sei se ele correu, se ele se curvou, se ele tentou pegar o Shion dos meus braços...só sei que eu passei por debaixo do braço dele. Antes que eu pudesse pensar em voltar para meu quarto ele me abraçou pela cintura e me levantou do chão.

- ME SOLTA POSTE! – Eu sinceramente não sabia se eu ria, ou se eu continuava a me debater.

- Devolve o maldito coelho! – A voz dele estava perto do meu ouvido, na verdade não liguei muito para isso, era até ”menos pior” da situação que estávamos. Outra vez eu não sei direito o que aconteceu, ele foi muito rápido. Me virou de frente para ele e parece que se desequilibrou e caímos no chão. Eu ria feito uma retardada, mas a cena estava sendo ridiculamente hilária.

- Como você... – Eu parei de rir por um momento. – Consegue...cair? Eu não peso tanto assim. – Voltei a rir.

- Vai nessa, você só parece ser magra! – Eu não conseguia para de rir. – Você está bem? Bateu a cabeça? – Eu cessei a risada aos poucos e por fim abri meus olhos. Se antes a cena estava ridícula, agora ela estava duas vezes mais!

O ruivo estava em cima de mim, com os braços do lado da minha cabeça, e o meu quadril estava entre os seus joelhos, literalmente de quatro em cima de mim!  Parece que nós dois havíamos percebido a nossa situação ao mesmo tempo, não sei se eu estava corada tanto quanto ele, mas meu rosto estava queimando.

- E-eu estou...bem. – Minha voz não saiu direito, também como ia sair direito? O meu vizinho gato estava bem em cima de mim, eu estava sem reação! A razão gritava: VAI LEVANTA! MANDA ELE SAIR DE CIMA DE VOCÊ!, mas a voz que berrava muito mais alto falava assim: NÃO! NÃO SE MECHE! FICA ESTÁTICA!

Eu escutei a voz que berrava, e não mexi nenhum músculo. Eu conseguia sentir a respiração tensa dele, a minha devia estar igual, eu nem conseguia pensar nisso direito. Ichigo estava se aproximando cada vez mais de mim, o que ele estava fazendo? E por que eu não fazia nada contra isso? Por que o desejo que ele me beijasse logo  gritava mais alto? Isto não estava certo, ele era para ser apenas o meu amigo de sacada, meu primeiro amigo em Karakura.

Ele estava muito perto dos meus lábios, eu já havia fechado os olhos.

- ICHIGOOOOO! SAI DO PC E VAMOS EMBORA! – Isshin gritou tão alto que nós dois escutamos perfeitamente. Saímos do transe e ele saiu de cima de mim, e me ajudou a levantar.

Não trocamos nenhuma palavra, ele me ajudou a pular para a minha sacada. Descemos as escadas, não dei nem tchau para meus vizinhos, fui direto para a cozinha.
Me apoiei na pia, meu rosto ainda queimava.

- “O que é que foi aquilo? Estou tremendo, não consigo raciocinar. Não é certo, não é certo.”


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Notas finais do capítulo

Ta aí, amanhã ou depois eu posto de novo :D

Obrigada, até! :)
Nem preciso falar mais dos reviews né? xD