Dois Mundos, Duas Sacadas. escrita por larrycavalcante


Capítulo 1
Capítulo 1 - Uma nova cidade, uma nova vida.




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A única coisa que eu conseguia ver do vidro do carro era um borrão preto, as árvores se misturavam com a beleza do céu nas suas ultimas horas de existência.

Eu ignorava completamente as malas que me espremiam no banco do passageiro. Minha raiva era tanta que se eu realmente tivesse me importado com as malas já as teria arremessado para fora do carro. Desde as duas da madrugada o Honda Civic 2009 prata penetrava a escuridão das estradas. E desde as duas da manhã eu estava com o fone de ouvido sem nem conseguir dar uma cochilada.

Se eu dissesse que não sabia o nome direito da cidade onde eu estava me mudando neste exato momento não estaria mentindo. Eu não queria nem pensar nisso, sair de Tóquio era a última coisa que eu pretendia na minha vida. Sei que é meio dramático, mas eu nunca vou esquecer aquela cena na minha vida:


“Eu e minha mãe estávamos na sala, eu estava fazendo a minha lição e ela vendo qualquer coisa na TV. Foi daí que escutei a porta bater violentamente contra a parede. Nós ficamos estáticas, não podia ser meu pai ele nunca se estressava a ponto de fazer isso. Mas eu estava errada. O próprio Kuchiki Byakuya apareceu na sala. Não sei quanto tempo ele ficou parado na nossa frente, mas os minutos pareceram mais longo por causa da ansiedade. Aquela tensão me deixou nervosa, tentava imaginar o que acontecera, e pensei no pior, alguém ter morrido ou algo parecido. Mas a face dele não dizia que era isso. Nunca o tinha visto assim, nervoso sim, mas não a ponto de explodir de nervos.

- Byakuya, o que aconteceu? – Minha mãe levantou do sofá e lentamente  aproximou-se dele, era a primeira vez que eu a vi com medo do meu pai, mas eu não podia falar nada. Eu devia estar com mais medo do que ela. – Byakuya, o que aconteceu? – Ela repetiu com a voz mais firme, ele não abria a boca. Parecia que arranjava coragem para dizer.

- Arrumem suas coisas, nos vamos nos mudar de Tóquio. – Eu achei que foi brincadeira, eu ri de nervoso e balancei a cabeça como negação.

- Você só pode estar brincando né pai... – Eu falei levantando do sofá, e fiquei do lado da minha mãe que tinha as mãos ridiculamente no rosto.

- Você acha mesmo que eu ia brincar com algo assim Rukia? – Ele me olhou quase fuzilando-me com os próprios olhos. Ele saiu andando pela casa afagando os cabelos com preocupação, eu e mamãe o seguíamos.

- Tá, mas por quê? – Minha mãe perguntou agora tranqüila. Já não tinha as mãos do próprio rosto. Como ela conseguia se acalmar tão tranquilamente? Eu ia sair do meu cantinho, do meu tumulto, dos meus amigos. E ela lá, sem nenhuma preocupação.

- O Shigekuni, aquele velho maldito que se dizia ser meu sócio. Roubou todas as minhas ações da empresa. Não sei como, ele conseguiu. Mas o único dinheiro que temos é o que eu guardava para a Rukia, e o teu Hisana. Decidi sair da empresa, não ia conseguir fazer muita coisa, e eu só ia arranjar dor de cabeça. Então me demiti. – Ele falou depois de um grande suspiro, tentando se controlar para não sair correndo de casa e arrancar a cabeça daquele velho. Eu faria isso tranquilamente.

Depois disso eu sai do quarto deixando meus  pais se resolverem, não ia adiantar eu discutir com eles, mesmo eu querendo muito isso. Fui entrando no quarto lentamente, passei pelo batente e fui fechando a porta atrás de mim. Depois me encostei nela e fui descendo, até chegar no chão e abraçar as minhas pernas.

Não era por causa do luxo que eu tinha em Tóquio, e muito menos pelo dinheiro! Eu só não  queria abandonar meus amigos. Parte da minha família morava lá, era o meu cantinho. O dinheiro nem me abalou muito, não ia fazer muita diferença, eu me contentava com pouco. Mas sair de Tóquio, morar numa cidadezinha, sem nem conhecer ninguém. Seria uma nova vida. Uma nova vida que eu não fazia questão de viver.”

Levantei o olhar para o banco do motorista a primeira vez nessas cinco horas de viajem. Minha mãe dormira -e ainda continuava a dormir- a viajem inteira como eu queria ter a sorte dela... É só entrar em um carro que depois de 10 minutos está entregue ao sono. Ri do meu próprio pensamento em relação à mamãe. E olhei para o retrovisor central, meu pai me fitava, curioso.

 - O que foi Rukia?

- Tava pensando uma coisa aqui... nada de importante. – Voltei a olhar para a janela, sem ver nada ainda. Eu não tentava, e nem pretendia esconder o meu mau humor.

- Filha, não vai ser ruim. Karakura é uma cidade bem legal... – Ele tentava me convencer que a tal de Karankuja era uma cidade maravilhosa e blá blá blá. Só faltou dizer que era o Rio de Janeiro no Japão.

- Pai, chega. Por favor. – Pedi me encolhendo no banco. Não queria mais saber dessa tal de Karakura, eu estava pronta para pegar um ódio incontrolável por esta cidade.

- Quer escutar o que?

- Ahm?

- CD, tem Pink Floyd, Iron Maiden, AC/DC, Guns n’ Roses…

- Mas e a mamãe?

- Ela tem que acordar mesmo, falta menos de 10 minutos para a gente chegar na cidade...

- COMO?

- Guns, okay filha. – Ele me ignorou e colocou o som quase no máximo.

- PAI! – Eu gritei, mas ele me ignorou, de novo. Se já não bastasse entrar na escola em Abril, ser a novata, e ainda ter um pai que gostava de chamar atenção com o novo aparelho de som.

Eu desisti de fazer ele abaixar, e me sentei  no banco novamente. Olhei para a janela e já não estava como antes. Eu conseguia ver o sol expulsando o manto negro aos poucos, mas já era o suficiente para eu ver a entrada da cidade.

- Bom dia filha. – Minha mãe se virou e falou com a cara e a voz de que ainda estava com sono.

Eu queria ter soltado um “Bom dia por quê?” ou então um “Nem se eu tentasse hoje seria um bom dia!” Mas não levei a sério meus pensamentos e falei por educação um: “Bom dia, mãe”

- Querido. Quando vamos chegar a Karakura? – Ela voltou a atenção ao meu pai que tinha um sorriso na cara. Aquele definitivamente não era meu pai! Uma coisa que ele não sabia fazer era sorrir.

- Já chegamos.

Meu ar faltou, e como instinto eu olhei para a janela. Mesmo não querendo sentir isso eu tinha de odiar Karakura com todas as minhas forças. Porém não consegui. Meus olhos se encantaram com a ‘pequena’ cidade. Não era a roça que eu pensava. Não tinha vacas, nem galinhas atrapalhando o caminho. Cada vez que penetrávamos na cidade eu via as casas passando rapidamente. Eram tão simpáticas.

- Não é tão ruim assim...- Pensei alto. Minha mãe riu e depois falou.

- Eu te falei que não era nada assustador.

Eu apenas sorri. Não tinha como fugir, eu ia morar em Karakura. O jeito era se acostumar, e aceitar que a partir daquele dia além de ser uma nova cidade, era uma nova vida.


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Notas finais do capítulo

Oi gente :D
É a minha primeira long postada aqui no Nyah, então sejam compreensivos. Eu comecei a escrever essa fic e posto ela desde 11/08/2009, na comunidade "Ichigo e Rukia fanfics"... bem, mas só agora resolvi postar aqui.

Reviews fazem pessoas felizes, entre nesse movimento! :D

enfim, até xD



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