Sleeze Sister escrita por Bond Rebellion


Capítulo 16
Capítulo 14 - O jogo de xadrez começa.


Notas iniciais do capítulo

Demorei? Aaaah relaxem tem 25pág pra compensar! *todos fazem festa*
A fic vai dar uma avançadinha no tempo, coisa leve. Mas essencial pro desenrolar.
Sei que deixei muita gente com um gostinho de quero mais (Jakessie) no fim do outro cap então vo compensar bastante nesse! ta super *ternurinha* então aproveitem pq isso comigo não dura muito....muahahaha.

Detalhes quase generosos de minha parte serão soltos, kero ver qm vai pescar (=Nos vemos lá em baixo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/107732/chapter/16

Capitulo 14 – O jogo de xadrez começa.

Nessie se olhou no espelho mais uma vez checando, ela realmente iria fazer aquilo.

Soltou o ar pela décima vez saindo do quarto. Enquanto descia as escadas ela terminava de colocar seu casaco. As passadas curtas e apressadas denunciaram sua ansiedade e nervosismo.

- Aonde você vai? - Bella apareceu na porta da cozinha com um enorme recipiente em mãos, estava preparando algo para o jantar.

- Tenho um dever de casa, vou para a casa do Jake.

Renesmee franziu o cenho espantada com as próprias palavras, desde quando o apelido dele saia tão natural e de maneira tão espontânea de seus lábios? Ela pigarreou incomodada, aquilo poderia virar um habito?

- Há essa hora? - o sorriso desconfiado de Bella alertou-a de suas deduções - Não vai voltar para o jantar vai?

Ela se virou indo em direção a porta, era melhor não responder aquela pergunta olhando diretamente para a irmã, ela não conseguiria responde-la sem corar.

- Não...eu fui convidada.

Soprando uma mecha do cabelo pra cima, Renesmee abriu a porta saindo de casa, a brisa fria da noite varreu seu rosto fazendo-a sentir saudades dos dias ensolarados.

-Isso está ficando serio não?... - ouviu Bella resmungar em meio a risadinhas antes de fechar a porta por completo atrás de si.

A pequena Swan resolveu caminhar até a casa de seu parceiro aquela noite, a umidade conhecida do ar alertava uma possível chuva, mas ela estava se garantindo no seu casaco de capuz para isso.

Alguns dias haviam passado desde a temporada de sol em Forks. Desde o dia, em que ficou marcado como, o dia em que Jacob Black entrara oficialmente para o grupo.

Ela suspirou com a lembrança enquanto virava a esquina, a memória vivida de cada acontecimento a fez sorrir levemente. Black havia provado sua dose de perigo e mostrara que conseguia lhe dar muito bem com situações extremas, além do momento intimo dos dois dentro do galpão.

Balançando a cabeça, Renesmee se amaldiçoou internamente por ter sido tão descuidada aquele dia. Os dois quase foram pegos por Emmett e Jasper, se eles tivessem demorado mais alguns segundos teriam virado motivo de piada para o resto do ano.

Sua situação ainda não definida com seu parceiro lhe intrigava. Ele continuava o seu relacionamento com Leah, embora fossem raros os momentos em que os dois eram vistos juntos em publico, e mais raros ainda as demonstrações de carinho da parte dele. Renesmee não conseguia entender o porquê daquilo ainda continuar, ainda mais quando uma pontada de esperança, de que aquele relacionamento estivesse com os dias contados, sempre reacendia no seu coração quando Jacob a beijava.

Ela sempre se recriminava, por alimentar tais expectativas, mas era algo inevitável. Estava lá, sempre presente acompanhado dos beijos intensos e dos toques abrasadores.

Nessie resolveu não lutar mais contra o sentimento, apenas se rendia a ele quando era inevitável, não que os dois tivessem aberto sua delicada situação aos outros, ainda era uma coisa só deles, única.

Um frio se alojou em seu estomago, ao menos ela achava que eles não iriam tornar isso publico. Embora o convite de Jacob pela manhã a tenha feito duvidar disso.

Com a desculpa de fazerem o dever de casa ele a convidara para jantar em sua casa. A principio Nessie recusou firmemente, até ser coagida por seu parceiro, de uma maneira que a fazia perder a cabeça só em lembrar.

Ela estava apavorada com a ideia de ter um contato mais intimo com sua família, Nessie sabia que não ia ser apresentada como nada além do que sua parceira, mas mesmo assim o medo ainda a afligiu.

Engolindo em seco e tentando acalmar o nervosismo crescente, ela entrou na rua da casa dele.

Ao longe Renesmee já avistou a grande casa branca imponente e iluminada a frente. Ela respirou fundo antes de subir a calçada e adentrar o jardim da frente, havia uma mercedes estacionada na frente da garagem e ela se perguntou se seria do pai de Jacob.

Hesitando na porta da frente ela sorriu de lado ao lembrar-se da ultima vez que estivera ali, com toda a sua prepotência invadindo a casa dele, conhecendo sua família só para afrontá-lo. Engraçado como tudo mudará, ela não seguiu com o plano. Inevitavelmente Jacob havia se tornado mais do que seu passaporte, mais do que seu álibi.

Duas batidas e a porta foi aberta por uma cabeçinha sorridente de meio metro. Renesmee sorriu de volta para a irmã caçula de Jacob.

- Ela chegou!

A garotinha gritou com sua voz de mil sinos indo abraçar a cintura da convidada. Renesmee lhe retribuiu o abraço meio sem jeito, ao contrario da outra vez em que estivera lá, ela hoje estava desarmada de toda a sua prepotência, era apenas a Nessie insegura por estar se metendo em uma situação tão intima com a família do...do seu...do que quer que Black representasse para ela!

Levada pela mão até a sala ela foi recepcionada novamente pela Senhora Black, Rachel lhe deu um sorriso enquanto mudava compulsivamente os canais da TV.

- Que bom te ver! - ela foi afagada nas costas docemente pela mãe de seu parceiro - Você sumiu querida.

- Pois é...

Sorriu sem graça, ela já podia sentir suas maçãs queimando em rubor, Renesmee respirou fundo tentando não deixar que o embaraço a denunciasse.

- Eu fiquei me perguntando se Jake havia se comportado da maneira certa da ultima vez...você sabe que pode me contar. Eu dou uns cascudos naquele moleque!

Renesmee sorriu genuinamente pela primeira vez, era engraçado a coincidência e ironia. Sim o comportamento do filho daquela doce senhora não havia sido dos melhores da ultima vez, mas ela jamais poderia contar-lhe, se tinha uma coisa que Nessie realmente gostava era de caras com mau comportamento.

- Bom, você pode subir se quiser. Eu mando chamar quando o jantar estiver pronto.

Assentindo Renesmee se virou para subir as escadas, o caminho já era conhecido. Ela hesitou mais uma vez aquela noite parada a frente da porta do quarto dele, bateu levemente, mas ninguém veio recebê-la. Notou que estava entre aberta, olhou e não viu movimento nenhum no quarto... ele estaria novamente no banho?

Um sorriso nervoso se formou em seus lábios. Coincidência ou azar, ela poderia reviver novamente aquela cena memorável? Seria uma surpresa deliciosa... para o azar do seu autocontrole.

Por fim decidiu entrar no quarto, notou o computador ligado, uma musica conhecida tocando em um volume confortável, a cama estava vazia e arrumada. Ele provavelmente estava no banho. Ô sina a sua não?

Renesmee deu um passo entrando no cômodo, ao mesmo tempo em que mãos fortes agarraram sua cintura chocando seu corpo a porta, que agora se fechara em um baque. Ela se viu imprensada entre a madeira e o sorriso travesso de Jacob.

- Andaram te bajulando é?

- Fazer o que? Elas sentiram minha falta... - ele sorriu safado e ela não conseguiu terminar seu raciocínio.

Seus lábios se encontraram com fome e saudade. Era torturante para ambos passarem o dia todo ao lado um do outro e não poderem se tocar em publico. As mãos fortes dele rumaram como imãs para a cintura dela, a outra se enterrando em seus cabelos puxando-a cada vez mais para si. Nessie gemeu sentindo a doçura de seus lábios, misturada ao tempero instigante de sua língua que se enroscava cada vez mais a dela.

O beijo evoluiu de forma rápida, assim também como suas respirações, mas tudo tem um fim. Afastando-se sem ar um do outro deram fim ao beijo de reencontro mais delicioso que já deram.

Renesmee sorriu e jogou a mochila que tinha trago com sigo no chão do quarto se sentando na beirada da cama. Ela olhou envolta e notou que poucas coisas haviam mudado desde a ultima vez que ela estivera ali. Um brilho metalizado, reluzente lhe atingiu os olhos que pararam em cima da mesa de cabeceira. Ela percebeu o riso de seu parceiro as suas costas enquanto se aproximava do metal frio, chegando mais perto foi sua vez de sorrir.

Pegando o objeto em mãos ela se virou para encará-lo. Seus dedos passeando pelo cano frio e longo da arma.

- Semi automática, 9 milímetros... muito bom.

- Eu sou um aluno dedicado, você sabe. – seu sorriso quase a fez suspirar.

- Você acaba de ganhar alguns pontos com a instrutora Bella – garantiu-lhe.

A nova aquisição fora inesperada, porém necessária. Renesmee ficou surpresa e feliz com a empolgação e empenho de Jacob. Eles estavam as bordas do grande dia, Jacob estava se esforçando para aprender todos os truques e manhas.

Renesmee ergue a cabeça e olhou em seus olhos, não viu medo de dar o próximo passo, apenas o brilho da expectativa e ansiedade de finalmente aprender a lidar com armas de acordo com o jeito Bella Swan. Já estava marcado, depois da aula eles iriam para o Phoenix garage, mas não para cuidar da velha Shelby e sim para as aulas praticas de tiro ao alvo com a irmã mas velha dela.

A áurea de cumplicidade era indescritível, mesmo sendo um segredo perigoso de se guardar, os dois se sentiam contentes em poder dividi-lo um com o outro.

- Você não devia deixá-la tão as vistas. – ela caminhou até ele balançando o dedo acusatoriamente.

- Eu sei, só ia mostrá-la a você. – sorriu culpado.

Logo os dois voltaram sua atenção para o motivo de estarem ali, a lição de casa. Como da outra vez, Renesmee não se intimidou ao se apoderar da cama, e Jake não se importou nem um pouco em ceder-lhe podendo admirá-la da cadeira ao lado.

- Você pesquisa e eu copio? – perguntou lhe entregando seu notebook.

Renesmee gargalhou lembrando-se da ultima vez em que fizeram um trabalho juntos, dessa vez seu parceiro teve o cuidado de falar as mesmas palavras que ela da outra vez.

- Esse é o plano.

Mesmo com o caderno em mãos, alguns parágrafos e exercícios a serem feitos, a cabeça de Jacob Black estava um pouco distante. Mas não muito dali, ela repousava sobre a garota distraída deitada em sua cama.

Era um pouco surreal para ele assimilar que em tão pouco tempo havia conseguido conquistar a garota dos seus sonhos. A menina que, mesmo sem saber, um dia roubou seu coração.

No inicio ele realmente achava impossível que aquela cena um dia pudesse acontecer: eles dois trocando beijos apaixonados, trocando sorrisos cúmplices e dividindo segredos. No inicio não era imaginável mesmo, toda a petulância de sua parceira não rendiam nada além de discussões e implicâncias. Mas ele tinha que admitir que adorava vê-la irritada, e simplesmente amava a sensação de seus lábios furiosos nos seus.

Mas havia algo que o incomodava. Sobre a parte de finalmente estarem compartilhando segredos...não era só Renesmee que os escondia. Jake sempre estremecia ao pensar qual seria a reação dela ao saber da verdade.

Um som eletrônico e repetitivo fez a atenção de Renesmee se desviar da pesquisa e levantar a cabeça. Com um vinco fitou o aparelho que vibrava clamando por atenção na mesa ao lado. Pegou-o e inevitavelmente verificou o identificador de chamada que piscava o nome de Leah a cada toque.

Ela sorriu e estendeu a mão entregando o celular ao dono. Por mais que aquilo tenha atingido-a como um piano vindo de encontro a sua cabeça, ela não pode deixar do sorrir afetadamente.

“A corna tem um radar só pode...”

Jacob bufou sem acreditar, sua namorada realmente tinha um timing perfeito! Apertou um botão desligando-o e o jogou por cima do ombro irritado. O barulho do aparelho contra o chão e o semblante nervoso de seu parceiro, fizeram Renesmee morder os cantos da boca segurando uma pergunta.

- Não vai atender? – as palavras escapuliram sem que ela pudesse detê-las. Ela odiava essas situações em que sua curiosidade e ciúmes começavam a dominar; isso não era da conta dela.

Jacob apenas a respondeu com uma careta balançando a cabeça negativamente.

- Se for por minha causa, tudo bem... se quiser posso te deixar a sós.

Não, não estava tudo bem e ela odiaria fazer isso, mas não iria dar mais pinta de ciumenta do que já estava dando.

- Tenho certeza de que não é importante – Jake sorriu tentando descontrair – estou com você agora.

Era pra ela ter se sentido melhor com essas palavras, mas algo dentro de si se rebelou. Uma parte dela adorou ouvir aquilo dele, porem a outra começou a dissecar os mecanismos de como o esquema funcionava.

- É assim que funciona? – seu tom ficou mais serio e Jacob temeu pelo clima amigável - Por acaso do contrario é a mesma coisa?

A pergunta saiu carregada de ironia e fúria, ela endireitou a postura para encará-lo melhor, fitando-o nos olhos soube que ele media sua resposta.

Jacob quase sorriu da cena, sua Nessie petulante e furiosa havia voltado. Seu peito se inflou automaticamente adorando a carinha de ciumenta que o encarava com uma sobrancelha erguida, esperando pela resposta.

- Claro que não. – sorriu torto – Estou com você agora, você é minha prioridade.

A parte dela, que antes havia se derretido, dessa vez se arrastou pelas bordas ficando na palma das mãos de Black, ele poderia fazer com ela o que quisesse, como uma massinha de modelar. Mas a outra se enfureceu ainda mais, aquilo era algum tipo de contradição?

- Posso ser sua prioridade, mas é ela que é sua namorada. – seus olhos deixaram os dele, sua cabeça abaixou-se fitando suas pernas.

- Não por escolha minha, acredite. – Jake sentiu a pontada de dor nas palavras dela, e se odiou por isso.

Levantou-se e sentou ao seu lado na cama, tudo o que ele queria era encontrar uma maneira que aliviasse sua culpa.

- Porque diz isso? – Renesmee levantou os olhos fitando-o novamente, ao sentir o toque suave dele em suas mãos.

- Longa estória... – foi a vez dele de abaixar o olhar fitando a mão delicada dela entre a sua.

- Você já disse isso.

O sorriso fraco de Renesmee não queria apenas aliviar o clima e incentivá-lo a continuar, também era um riso de pena, por ela mesma. Mais quantas estórias complicadas e longas uma única pessoa poderia se meter? Existia um limite? Porque ela o desconhecia...

Jacob respirou fundo, ele sentia que em parte devia uma explicação a ela, mas a cautela lhe gritava para deixá-la fora disso. Brincando com os dedos dela em suas mãos, a única solução que viu foi também brincar com as palavras e torcer pra que ela não descobrisse nada.

- No jogo de xadrez, nós temos um rei que controla tudo, suas ordens são inquestionáveis... – olhou para o lado e viu os olhos curiosos dela se encontrarem com os seus – Dependendo de o quão importante a partida for, o rei pode estar disposto fazer de tudo pela vitoria. O resto, são só peças, não tem vontade nem sentimentos próprios. O rei as usa conforme a sua vontade.

Ele viu o lampejo de compreensão transpassar os olhos de sua parceira e temeu que ela tivesse entendido até demais a explicação.

- E você...segue as ordens? – Renesmee concluiu com a voz baixa e os olhos cerrados.

- Existem coisas que devem ser feitas.    

- Você está me dizendo que...

Renesmee não conseguiu terminar seu raciocínio, foi interrompida por três batidas na porta. A cabeça de Becca apareceu na fresta sorridente.

- Mamãe mando avisar que o jantar já esta pronto.

O olhar inocente da garotinha não pode detectar a tensão do ar, seu irmão estava quase aliviado pela interrupção, mas Renesmee se sentia frustrada por não conseguir levar aquele assunto adiante. Se ela estivesse entendendo bem, estava bem perto de descobrir o que prendia Jacob a Leah.

- Já estamos indo. – Jacob a respondeu.

Retribuindo o enorme sorriso da garotinha, Renesmee se pôs de pé e encarou seu parceiro. eles trocaram um olhar antes de finalmente descerem as escadas, um olhar que apenas adiava o resto daquela conversa inevitável.

[...]

Em algum lugar na Itália...

Iridescent – Linkin Park

http://www.youtube.com/watch?v=xLYiIBCN9ec

“Do you feel cold and lost in desperation

You build up hope but failure's all you've known

Remember all the sadness and frustration

And let it go

Let it go”

E por mais uma vez durante aqueles dias intermináveis, Charlie Swan se pôs a adivinhar se já era dia ou noite.

Algo em sua mente o deixava alerta aquela noite. Ele não sabia se era a loucura, ou o movimento fora do comum no corredor do lado de fora da sua cela.

Desde que havia acordado aquele dia, Charlie escutara vozes e passos apressados do outro lado da porta de ferro. Por muitas vezes conseguiu distinguir a voz de Felix, o infeliz que o colocara ali, alta a dar ordens. Por duas vezes escutou alguém pronunciar o nome de Isabella e Carlisle. Aquilo fizera seu coração se contorcer de tal forma, que o próprio achou ser impossível.

Ele já havia se convencido de que mais nenhuma dor poderia abatê-lo, desde que chegara ali se descobriu um bom entendedor de aflições. Sofrendo diariamente por todos os crimes que um dia cometeu, além das agressões diárias, e de sua consciência que não o deixava de lado nem por um momento. Por muitas vezes se viu pensando, do que adiantara ter executado cada crime perfeitamente? Do que adiantara sempre escapar das mãos e das punições da lei?

Charlie Swan, o grande ladrão, estava ali agora não estava? Pagando de certa forma por tudo o que fizera.

Sua velha mãe costumava dizer-lhe:

- O mundo da voltas, pequeno Charlie. Para algumas pessoas, ela volta impiedosa e faz questão de cobrar todos os erros.

Foi pensando nisso que ele se recostou na parede e se pôs a pensar...refletir sobre todos os atos de sua vida.

Uma vida de crimes, sim, mas não era possível que em nenhum momento ele não tenha feito pelo menos uma única coisa boa. Sabia que não tinha sido caridoso para com os pobres, nem muito menos piedoso com seus inimigos, mas sabia em seu intimo que alguma coisa tinha feito, alguma coisa que valesse sua salvação.

Pensou no amor a sua falecida Renée, em como somente o amor daquela maravilhosa mulher pode o tirar da vida que levava. Foi o amor por ela e as duas filhas, lindas que ela o deu, que ele se redimira no final.

O final... o seu estaria próximo?

Sorriu fraco, e sentiu sua costela direita doer com a ação, havia sido quebrada recentemente. Dizem que é no final que nós começamos a pensar no começo.

No começo ele era apenas um moleque que brincava de policia e ladrão com o melhor amigo Carlisle. Alguns anos depois eles apenas brincavam de ladrões, só que com armas de verdade e policiais de verdade os perseguindo. A vida do crime começou a ser viciante, o dinheiro, a adrenalina, o poder e as mulheres...

Charlie fora um rapaz conquistador em sua juventude, eram poucas as mulheres que o resistiam, a pinta de bad boy e o dinheiro também o ajudava bastante. Lembrou-se de uma das suas primeiras namoradas, uma loirinha que conheceu em San Francisco, seu nome era Jane.

Uma boa garota, adorava festas e alta velocidade. Certa vez, muito bêbada, ela disse que fugiria de casa para morar com ele. Charlie achara graça e duvidou. No dia seguinte a louca estava de malas prontas na porta do seu quarto de hotel.

Foi a semana mais divertida que vivera na Califórnia, a garota era fogo na roupa, como dizia naquela época, aprontou muitas festas e bebedeiras, só que tudo tinha um fim. Ele e Carlisle estavam começando a ganhar muita atenção da policia e cair fora era a melhor coisa a se fazer. Um bilhete de despedida com o seu novo numero, foi tudo o que ele conseguiu deixar para a pobre Jane.

Depois de San Fracisco eles continuaram pelo pais, de cidade em cidade; é lógico que depois de Jane, outras mulheres vieram, até que Charlie se deparasse com a sorridente mulher dos cabelos cor de bronze e olhos extremamente hipnotizantes em Phoenix. Renée havia sido a única que conseguira prender seu coração. Só mesmo uma garota do Arizona, ela costumava brincar.

Ele e Jane manterão contato depois de algum tempo, ela havia engravidado e se casado, ele havia encontrado Renée e pensava em mudar sua vida. Com o passar do tempo eles nunca mais se falaram novamente, até porque sua esposa havia interceptado uma de suas correspondências o que causara uma pequena discussão. Renée, ao seu ver, não tinha motivos para ter ciúmes, mas a decisão mais sabia foi se afastar.

As lembranças por um momento o fizeram companhia naquele cativeiro, mas logo a realidade o atingiu novamente. As paredes frias e cinzentas começaram a se estreitar ao seu redor o puxando de suas memórias ensolaradas e felizes, de uma época que jamais iria voltar.

A movimentação no corredor chamou sua atenção novamente, mais vozes e agora bem próximas de sua cela.

- Il boss mi ha detto di prendersi cura personalmente del prigioniero. – a voz de Felix soou em italiano abafada pela porta de metal que logo em seguida se abriu.

A claridade queimou os olhos de Charlie, que estavam tão acostumados a escuridão a um bom tempo, o fazendo urrar de dor. Para piorar sua dor, Felix trazia consigo uma lanterna, e fez questão de aproximá-la do rosto dele só para infringir-lhe ainda mais dor.

- Você provavelmente não tem idéia de que dia, ou mês é, não é mesmo Swan? – o homem alto e forte agarrou o prisioneiro pelo pescoço o levantando.

Charlie se engasgou quase se sufocando com o aperto de Felix, o capanga de Aro o levantou pelo pescoço o arrastando pela parede, até que ele estivesse cara a cara com ele, olhando em seus olhos.

- Aro mandou lhe lembrar que o seu prazo acaba em uma semana - o homem sorriu de forma perversa.

Charlie engoliu uma imprecação, mas juntou forças e saliva para cuspir na cara de Felix. O troco pela afronta veio como reflexo, um soco rápido e doloroso em seu estomago, bem perto da costela que já estava dolorida.

- Vamos logo eu não estou com paciência hoje... – o olhar por um momento assustado de Charlie o denunciou. Já havia chegado sua hora? Ele não tivera tempo nem de clamar por salvação. – Você vai dar uma voltinha com o chefe Swan, mas antes precisa de um banho.

A bondade e generosidade gratuita não era algo comum na vida de Charlie, por isso ele já sabia que por trás daquela “boa ação” havia alguma coisa. Um outro capanga entrou pela porta e ajudou Felix a arrastá-lo pelos corredores do prédio.  As luzes brancas do corredor ofuscavam ainda mais as vistas de Charlie, não o deixando ver aonde realmente esteve durante todo esse tempo. Paredes esburacadas e pinturas desgastadas pelo tempo davam a pista de que o lugar era totalmente abandonado. Felix era tão mais alto que o seu prisioneiro, que enquanto o arrastava, Charlie praticamente não pisava no chão.

Eles viraram em um outro corredor a direita, agora não havia mais luzes, o breu os engolia cada vez mais. Charlie não sabia se gostava da atual condição ou preferia as luzes ofuscantes. Um som repetitivo e macabro de goteira ecoava pelo corredor enorme a frente, duas portas depois uma melodia foi se tornando mais próxima, e mais alta a cada passo.

Azulejos brancos quebrados, mofados e velhos começavam a se espalhar pelas paredes ao redor, o estomago de Charlie se revirou ao seu cérebro associar aquela imagem a um açougue. O ajudante de Felix gargalhou ao identificar a musica que tocava, agora muito mais próxima, era opera.

 - CantoCaius, ma èstraziante! – o capanga que o segurava do lado direito falou debochadamente.

Charlie revirou os olhos, aqueles porcos italianos eram todos tão previsíveis! A voz do outro foi ficando cada vez mais alta. Eles entraram em uma porta á direita e uma sala totalmente azulejada e iluminada o surpreendeu. Mas uma vez a sensação de estar em um açougue o tomou, mas logo a confusão foi a única coisa que restou para Charlie se prender.

“'o sole mio, sta 'nfronte a te!   

A voz de tenor inconfundível de Luciano Pavarotti preenchia as caixas de som acompanhada pelo tom mais grave do tal Caius. O loiro alto estava no meio do cômodo ao lado de uma banheira, enchendo-a e colocando algo dentro dela. Ao perceber a companhia os olhos azuis do italiano fitaram sua vitima e um sorriso enganosamente simpático tomou sua face.

Com um gesto de cabeça Caius deu a ordem e Charlie foi prontamente arremessado na banheira, com roupas e tudo.  A água ao seu redor deveria ter relaxado seus músculos depois de tanto tempo, mas a reação de seu corpo foi totalmente inesperada.

Charlie gritou em agonia e sentiu espasmos esmagarem cada músculo de seu corpo ao tocar a água congelante. Mãos impiedosas arrancaram suas roupas e a dor aumentou ainda mais. Suas feridas entraram em contato com a água e ele teve certeza de que havia alguma coisa ali, algo cortante como...sal. O controle a muito perdido não o impediu de xingar alto e gritar por misericórdia, aquilo era tortura. Mas estava apenas começando, a pior parte foi quando Caius pegou uma esponja áspera e lixou suas costas; Charlie estava muito machucado, durante todos esses dias em cativeiro havia sido espancado; agora todas as suas feridas, até aquelas a muito esquecidas, o agonizavam em dor.    

Uma parte de seu cérebro sabia que ele merecia todo aquele inferno, mas a outra se questionava o que ele fizera a Aro Volturi para merecer tamanha tortura. A verdade era que Aro é conhecido por sua fama, e fama no mundo deles só vem acompanhada do respeito e temor das pessoas.

Após o banho, foram-lhe entregues roupas limpas e sapatos. Charlie não conseguiu se ver no espelho, e agradeceu por isso, sua aparência não estaria assim tão diferente de sua moral e corpo em estado de calamidade.

Minutos depois Felix e o capanga o levaram em um carro para fora do prédio que por dias foi sua prisão, é claro que Charlie não foi no banco da frente, o porta malas até que foi  reconfortante de alguma forma para as suas feridas castigadas. Duas viradas bruscas e três quebra molas depois, ele estava de pé no meio de um imenso galpão ao lado de um jatinho particular.

Forçando seus pés a andarem na direção do avião, ele pode ver a figura polidamente bem vestida de Aro conversando com o piloto. Ao ouvir a aproximação, o chefe da família Volturi olhou por sobre os ombros.

- Charlie meu amigo! – o sorriso saudoso era capaz de enganar a qualquer um.

Charlie lutou contra a vontade de avançar mais dois passos e socar-lhe o nariz anguloso.

- É assim que você trata seus amigos? Seu filho de uma puta siciliana!

- Você tem sorte meu caro, os inimigos não tem tantas regalias.

O sorriso de Aro morreu ali, ele olhou para Felix e lhe acenou positivamente, no mesmo momento Charlie foi puxado pelos braços e forçado a entrar no compartimento de carga do avião.

- Espero que aproveite bem a viagem de volta a America, Charlie.

[...]

O barulho dos pratos de louça e dos talheres contra a mesa alertou Renesmee de que Jacob já deveria estar acabando sua tarefa. Eles haviam dado a conversa por encerrada a cinco minutos atrás, quando a senhora Black o chamou para ajudá-la a por a mesa do jantar,  em quanto isso ela se pôs a pensar sobre o que ele lhe contara.

Um jogo de xadrez... aquilo não lhe fazia muito sentido!

 A mente de Renesmee vagava pelas infinitas possibilidades subliminares que aquela metáfora poderia representar, mas ela sempre voltava a um ponto: um relacionamento forçado.

O motivo? Ela não iria demorar muito para descobrir, a não ia mesmo!

Seus dedos percorreram o espaço de cima da lareira, ela estava ali há alguns minutos, olhando as fotos de família e se aquecendo um pouco com o calor reconfortante da madeira queimada abaixo. Na parte de cima em uma tímida prateleira, varias fotos dos Black ilustravam a vida de uma família feliz.

O coração da pequena Swan se dividia mais uma vez em partes, a que se alegrava em ver uma família tão bonita, e a outra que se afogava em auto piedade e saudade da sua própria.

Pegou um porta-retrato e segurou uma gargalhada, na moldura uma foto de um natal recente onde Jacob e Rachel seguravam a pequena Becca pelos tornozelos de cabeça para baixo.

- Nós bem que tentamos devolve-la pro papai Noel, mas o velho não aceita devoluções.

A voz, por mais mansa soando ao pé do seu ouvido, assustou-a. Renesmee sentiu mãos quentes envolverem sua cintura por traz, e um corpo firme se moldar ao seu. Ela encostou a cabeça nos ombros dele relaxando ao sentir seu perfume amadeirado.

Jacob suspirou encantado com o sorriso lindo que ela o deu ao se acomodar em seu abraço. Como se fosse possível, ele poderia afirmar que estava ainda mais encantado e apaixonado por ela.

- Você poderia tê-la trocado por uma bicicleta.

Eles sorriram e Jake abafou uma gargalhada em seu pescoço. Ela voltou a fitar as outras fotos e se lembrou da pequena observação que fizera. Em todas que viu sempre estava faltando alguém.

- Jake, seu pai é um ótimo fotografo. – arriscou. Ela sentiu o sorriso de seu parceiro morrer com o comentário e fitou-o de lado.

- Ele nunca tirou uma foto sequer nossa. Todas essas foram minha mãe, ou minha tia Wanda.

- Desculpe, eu só...imaginei que fosse essa a explicação por ele nunca aparecer em nenhuma das fotos. - Renesmee abaixou o olhar arrependida por ter tocado em um assunto que mesmo de longe parecia ser complicado.

- Ele é ocupado demais para essas besteiras, como ele mesmo diz.

- Sinto muito.

Ela se xingou mentalmente pela sua falta de sensibilidade, não era muito evidente, mas qualquer um poderia ao menos perceber a ausência do tal Senhor Black, e qualquer um com um pouco de capacidade mental perceberia que essas coisas sempre costumam ser assuntos delicados.

- Tudo bem, nós já nos acostumamos a isso.

O sorriso de Jacob estava ali para encorajá-la a acreditar que o assunto não era nada demais, porém ele não tinha domínio sobre a sombra de magoa que tomou seus olhos.

- Venha – ele pegou sua mão entrelaçando seus dedos ao dele – o jantar vai esfriar.

A pequena Swan foi rebocada da sala pelo seu parceiro antes que seus olhos pudessem alcançar a única peça da estante que ela não pudera admirar antes. Em meio a tantas fotografias a pequena placa fora desprezada pelo seu olhar curioso e a oportunidade de decifrar a metáfora do jogo de xadrez fora perdida.

Enquanto a sala de jantar se preenchia de risos em uma reunião descontraída em família, a placa de honra ao mérito reluzia sozinha e solene em cima da lareira.

O jantar estava divino e a conversa descontraída, os diálogos estavam todos girando sobre o assunto do momento, a excursão que aconteceria daqui a uma semana para a capital. Os olhares cúmplices trocados entre Jacob e Renesmee passaram desapercebidos por sua mãe e irmãs, todas estavam empolgadas demais para notar.

Na verdade toda a cidade estava e isso era muito bom para os planos.

Durante a sobremesa algo aconteceu, a pequena Becca estava mastigando distraída com a conversa dos adultos quando sentiu algo se deslocar dentro de sua boca. Ela cuspiu em sua mão e franziu o cenho.

- Acho que isso é o seu dente.

Rachel foi a primeira a ver o pontinho branco na mão da irmã mais nova, que tinha os lábios manchados de sangue. Finalmente a pequena vencera a batalha contra o seu dente de leite que a tempos queria cair. Todos se surpreenderam com a reação dela, que ao contrario de muitas crianças, não começou a chorar e sim a gargalhar.

A Senhora Black se retirou da mesa junto com Rachel para cuidarem da pequena deixando o filho mais velho encarregado de recolher a mesa e cuidar da louça. E Renesmee se viu encostada a uma pia de louças ajudando seu parceiro. Ele caçou rapidamente um pano de prato nas gavetas que ficavam na lateral da pia.

- Veja a onde essa droga de sistema de parceiragem me trouxe – falou ironicamente apanhando o prato que ele lhe estendia, para que ela secasse.      

- Mas uma semana e tudo isso acaba. – ele sorriu virando de lado para fita-la.

Nessie mordeu o canto da boca segurando um suspiro, só em pensar que estavam cada vez mais próximos do fim seu estomago fazia malabarismos.

Jacob terminou de lavar alguns copos e lhe entregou para que ela os colocasse no secador ao lado. A cozinha era grande o bastante para que Black não precisasse se curvar, mas ele o fez só para sentir o doce perfume da garota ao seu lado.

Renesmee suspirou e se virou apoiando as costas na bancada de mármore, suas mãos agarraram as bordas e ela olhou para cima fitando os olhos preocupados dele.

- É tão contraditório... você espera tanto por algo e quando finalmente pode alcançá-lo tem medo. – ela olhou para frente fitando o fogão - Medo de não dar certo, medo de reencontrar meu pai.

Num movimento rápido, Jake tirou o sabão das mãos e colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.  

- Vamos lá, essa tristeza e insegurança não combinam com você. Eu prefiro aquela autoconfiança e aquele nariz empinado. – ele tocou a ponta de seu nariz com o dedo ainda úmido.

Ela franziu rindo da sensação boa que o toque dele a trouxe. Os dois ficaram em silencio durante alguns segundos apenas fitando e admirando o sorriso um do outro.

- Eu preciso te mostrar uma coisa – Jake falou sorrindo decidido a mudar o humor de sua parceira.

Renesmee franziu o cenho enquanto enrolava o pano em suas mãos, ela o viu apanhar algumas facas e colocá-las sobre a bancada com um sorriso torto no rosto.

- Não sei quanto a vocês, criminosas – falou em tom de segredo perto de sua orelha – mas eu domino a arte com as facas!

Ele girou uma faca grande com uma lamina que brilhou no ar ao ser jogada para cima. Nessie sorriu do jeito bobo dele ao fazer malabarismos com as laminas que passavam raspando por seus dedos.

- Então você estava escondendo isso de mim esse tempo todo? – colocou a mão na cintura.

- Sabe...eu não quis humilhar a sua irmã com o lance das armas dela e tal...

Jacob deu de ombros e deu um passo para trás para encará-la melhor. Ele estava satisfeito com sigo mesmo por ter colocado um sorriso no rosto dela novamente.

- Facas são mais fáceis de esconder. – ele fez um gesto com a mão e uma das duas facas desapareceu completamente de vista – Não emperram e não ficam sem munição.

Ele jogou um dos braços para trás tirando a faca, até então desaparecida, e a girando no ar. Renesmee gargalhou com a nova faceta de seu parceiro mágico.

- Você é realmente eficiente... agora abaixe as facas.

As laminas eram grandes demais e afiadas demais, não era comum, mas Renesmee temeu pela segurança dele.  Após um minuto ele as abaixou com um sorriso ainda mais brilhante. Ele se moveu para ficar completamente a sua frente sustentando o olhar no seu, nenhum dos dois ousou quebrar o elo.

Nessie estava encostada na bancada, com as suas costas prensadas ao mármore. O arrepio que correu sua coluna nada tinha a ver com o toque da pedra fria e sim com a aproximação de Jacob. Ele se inclinou lentamente até que seus lábios se encontrassem, Renesmee suspirou ao sentir a doçura de seus lábios calmos se movimentando contra o seu. As mãos dela agarraram-se a barra da blusa dele o puxando cada vez mais para si, ela precisava ter mais dele muito mais do que o ar que entrava arfante em seus pulmões.

Jake segurou seu lábio inferior, evitando quebrar o beijo, enquanto suas mãos se prendiam a sua cintura a levantando, colocando-a sentada sobre o mármore. Ela sentiu seu corpo todo queimar, não sabia se era pelas mãos dele que deslizavam por suas pernas ou pela boca dele que agora estava em sua garganta; arqueando o corpo pra que ele tivesse melhor acesso ao seu pescoço, Renesmee estremeceu ao sentir o toque da língua dele escovando sua pele. Seu coração errou uma batida e voltou a palpitar contra as suas costelas.

Os lábios dele moveram-se para os seus ombros e ela precisou agarrar-se a bancada com a mão esquerda para manter o equilíbrio, a direita se agarrou aos cabelos curtos dele o puxando cada vez mais para ela. Jake afastou a alça da blusa dela com uma mão, para que ele pudesse saborear melhor sua pele, sem se importar em ser delicado ele apenas deixou uma mordida arder ainda mais sua pele já inflamada.

Renesmee segurou um gemido, ela não podia fazer muito barulho já que a família dele estava no cômodo ao lado, o único meio de verbalizar foi correndo suas unhas por baixo da camisa dele, agarrando-se com força a sua carne. Seus dedos tremeram amando a sensação de calor que o corpo dele espalhava em suas mãos. Um fiapo de consciência alertou-a de que aquilo era arriscado e esse medo de serem pegos a qualquer momento apenas deixou as coisas ainda mais interessantes.

Jake voltou a beijar seus lábios, não mais sutilmente como antes, agora tão ávidos que Renesmee tinha certeza que sairiam dali machucados. Suas línguas se encontraram novamente famintas e selvagens, sugando uma à outra com fome, cadenciando uma a outra desesperadamente. Ele apertou suas coxas amaldiçoando o jeans por não deixá-lo tocar sua pele macia, logo suas mãos subiram para o quadril dela colando-a ainda mais ao seu corpo, encaixando-a em seu membro violentamente estimulado.

Algo grande e quente pulsou no meio de suas coxas e Renesmee sentiu sua cabeça girar, não sabia se eram as sensações ou a falta de ar, ela sabia que a cada segundo que passava queria ainda mais se entregar de vez aquilo. Ela sentiu seu parceiro grunhi quando seus dedos ansiosos deslizaram das costas dele e passaram a tocar os músculos definidos do abdômen. Sua mão direita se arrastou e pousou sobre seu coração que batia em um ritmo alucinado sobre a pele quente.

Ela sabia o maldito poder que tinha sobre ele, a maldita capacidade de fazê-lo esquecer de que estava na cozinha de sua casa perdendo todo o controle por causa daquela garota fodidamente desejável. Black suspirou enlouquecido, se ela podia provocá-lo daquela maneira, ele também podia.

Renesmee sentiu as mãos dele deslizarem por sua barriga e um arrepio a tomou; era impressionante a facilidade com que as mãos dele se movimentavam acariciando sua pele  e curioso como depois que descobriram o caminho nunca mais esqueceram de como era fácil se estender por debaixo de sua blusa.

Jacob sentiu sua língua ser sugada ao mesmo tempo em que suas mãos subiram para os seus seios acariciando-os com adoração por cima do sutiã. Ele suspirou com tamanha perfeição, ela só poderia ser ainda mais deliciosa em sua boca. Foi esse pensamento que o fez abandonar seus lábios e voltar ao seu pescoço, descendo as caricias cada vez mais até o seu decote.

- Jake... – seu protesto saindo fraco em meio a respiração ofegante. Ela sabia a onde ele estava indo e deveria pará-lo.

- Vamos subir? – as mãos dele entraram pelo sutiã cheias de saudade de sentir novamente a textura da sua pele macia.

Ele a estava convidando para subir até o seu quarto? Renesmee não estava em seu estado de juízo perfeito mais conseguiu ver o quão impossível a ideia dele era no momento.

- Você está louco? – ela agarrou sua nuca tentando impedi-lo de alcançar seus seios com a boca – sua família está no cômodo ao lado...

Ela mordeu os lábios com força ao senti-lo juntar seus seios com as mãos e apertar o bico entre os dedos. Sim, ela realmente queria poder subir com ele para o quarto e seguir com aquilo, ou então eles não precisassem nem mesmo sair dali.

Reclinando sua cabeça pra trás, enquanto ela sentia ele enrolar o tecido de sua blusa para cima tentando tira-la, o movimento fez ela sentir algo bater forte contra a parte de trás de sua cabeça. A pequena colisão entre ela e o armário de parede da Senhora Black fez um barulho malditamente indesejável.

Jacob parou as caricias para olhá-la preocupado. Ela levou uma mão a cabeça, massageando o local da concussão. Sua careta fez Jacob sorrir.

- Não ri não! A culpa é toda sua. – ela socou o ombro dele unindo as sobrancelhas numa encenação fajuta de raiva.

- Vou pegar gelo...

Black se afastou sorrindo, indo até a geladeira, no caminho ele apanhou um pano para enrolar os cubos de gelo. Alguns passos ecoaram se aproximando da cozinha. Quando Jake se virou de volta viu Renesmee tentar se recompor apressadamente puxando sua blusa para baixo, ao mesmo tempo em que sua mãe entrava pela porta.

- Eu ouvi um barulho...está tudo bem? – os olhos cor de avelã da Senhora Black vagaram entre os dois procurando por respostas.

- Er... – Renesmee não conseguia achar palavras adequadas para explicar que seu lado desastrado acabara de cortar totalmente o clima entre ela e o filho gostoso daquela doce senhora.

- Nessie bateu a cabeça.

Jacob falou se aproximando e colocando o gelo delicadamente em cima da concussão. Ele notou o rosto de sua parceira ficar em brasas e com a mão livre acariciou sua bochecha carinhosamente. Notou sua mãe sorrir ao se aproximar dos dois.

- Eu realmente estava pensando em mudar a decoração para algo menos... perigoso.

Os três gargalharam, mas apenas Jacob e Renesmee entendiam a verdadeira piada. A única coisa perigosa ali era o desejo um pelo outro, e este se não fosse logo consumado continuaria a atormentar a sanidade dos dois cada dia a mais.

[...]

Long Island, NY

O dia amanheceu ensolarado e limpo em NY, as arvores lá foram balançavam com a brisa suave da manhã e alguns pássaros cantavam em harmonia.

Eve suspirou e tomou um gole de seu café ainda admirando a vista do seu novo quarto. Há duas semanas ela e Garrett saíram das acomodações do hotel para usufruírem de uma linda casa na grande Nova York em Long Island. A praticidade do hotel fora trocada por motivos mais sérios do que apenas o espaço e a bela vista.

Desde a ultima visita ao joalheiro, Garret e Eve tinham a responsabilidade de cuidar de um objeto extremamente valioso e o cofre de um hotel no centro da cidade não era o lugar mais apropriado.  O próprio Barão Saunière havia disponibilizado uma de suas incontáveis mansões para que eles protegessem ao máximo seu tesouro. É claro que o convite fora prontamente aceito e Parker estava realmente impressionado com o cofre que a casa possuía.

O anel de ágata estava muito bem trancado naquele momento, dentro de um cofre de aço reforçado com uma camada de isolamento de cobre, um verdadeiro tanque dentro de uma mansão no lado mais rico da cidade. E a pedido do dono, longe das vistas de qualquer um que pudesse roubá-lo. Ao menos era o que o velho Saunière pensava.

Mal sabia ele que debaixo do mesmo teto em que seu precioso tesouro se encontrava, uma mente extremamente sórdida planejava seu próximo passo.  

- Não vai dar um mergulho na piscina comigo?

A loira olhou por sobre os ombros e viu Garrett apenas com uma sunga preta e uma toalha sobre os ombros. Ela não se importou de analisá-lo minuciosamente antes de responder.

- Só aceito se esta sunga não estiver entre nós.

Como uma felina ela se aproximou dele, Garrett sorriu malicioso, ele adorava quando sua funcionaria exemplar era direta e intencionalmente vulgar. As mãos dele rumaram diretamente para o laço do roupão branco de cetim que ela usava. Com um gesto rápido ele desfez o nó e abriu uma fenda que o permitiu admirar a linda lingerie que ela usava.

- Hum... preto. Você sabe que eu adoro loiras de preto.

Ele avançou sobre ela com um beijo faminto, ela o agarrou pelo pescoço colando seus corpos que prontamente já respondiam ao toque um do outro. As mãos dela já deslizavam para a borda da sunga dele quando um toque de celular os interrompeu ao fundo.

Eve revirou os olhos já conhecendo o toque personalizado do seu informante em Forks; Garrett se afastou xingando até a décima geração do (a) infeliz e se jogou na cama duro e impaciente.

- Eu acho bom você me contar algo que eu realmente já não saiba, porque eu tenho coisas muito mais interessantes pra fazer agora do que escutar que você ... – ela atendeu com uma voz tão autoritária que fez até o seu chefe arregalar os olhos.

Garrett colocou os braços atrás da cabeça e se pôs a admirar sua mulher no telefone. Ela escutava a pessoa do outro lado atentamente, com passos lentos ela se aproximou da parede de vidro do quarto e fitou o jardim do lado de fora da mansão.

- Espera, isso é alguma piada? – ela se virou para o chefe com um sorriso tremulo nos lábios. Eve caminhou gargalhando até a cama enquanto o seu informante concluía o seu relatório – Ok. Eu não sei se fico aliviada, ou preocupada com essa nova aquisição. De qualquer forma continue fazendo o seu trabalho e me mantendo informada.

Eve desligou jogando o aparelho sobre a cama e balançou os cachos loiros incrédula.

- Você não sabe quem acaba de se juntar as irmãs Swan. – ela se deitou sobre ele na cama sorrindo. Sua boca alcançou a orelha dele e ela sussurrou como uma cobra: - Jacob. Black.

- Black? – Garrett arregalou os olhos surpreso em ouvir aquele sobrenome. – Ele não é...?

- Perfeito para os nossos planos. – ela o silenciou com um beijo cheio de luxuria, afinal aquilo deveria ser comemorado.   

[...]

Phoenix Garage, Forks

Shoot to thrill - AC/DC

http://www.youtube.com/watch?v=xRQnJyP77tY&feature=fvsr

A tarde estava chuvosa em Forks, novidade. Os trovões e relâmpagos criavam a atmosfera perfeita pensou Bella. Ela e a irmã mais nova estavam em um dos galpões mais afastados da grande oficina, este era mais vazio e se escondia ainda mais no meio das árvores da floresta. Perfeito para os seus planos.

As duas terminaram de arrumar o espaço e Renesmee já estava posicionando a ultima peça em uma fileira em cima da mesa, quando a irmã mais velha pediu que ela fosse chamar seu parceiro.

Renesmee cobriu suas duas tranças, uma de cada lado dando-a um ar ironicamente infantil, com o capuz do casaco. Correndo e se esgueirando pelo refúgio que a copa das árvores criavam ela conseguiu chegar ao galpão principal meio seca.

Chagando lá ela encontrou Edward e Jacob conversando animadamente ao redor da, agora nem tão velha assim, Shelby enquanto uma musica conhecida tocava no radio recém instalado.

- Eu posso adicionar um turbo que tal? – Jacob cruzou os braços vendo Edward se divertir dentro do carro quase pronto.

- Não é uma má idéia.

Edward estava se divertindo, como uma criança descobrindo um novo brinquedo, dentro do carro agora com a pintura preta recém polida.

- Já que vocês gostam tanto de velocidade, o turbo vai resolver essa questão. Ele comprime o ar, aumentando a potencia do motor.

Renesmee revirou os olhos com o ar convencido que o seu parceiro tinha ao falar de carros.

- Vamos precisar de um cilindro de nitro... – Edward saiu do carro analisando se dona Eleanor tinha espaço suficiente para aquilo.

- Posso instalá-lo em baixo do banco do carona. Com um ajuste de 0,9 de pressão – Jake estalou a língua começando a imaginar - é só você apertar um botão e sair voando pela pista.

- Gostei disso.

Renesmee enfiou as mãos no bolso traseiro da calça esperando as duas moças notarem sua presença. Jacob foi o primeiro, era inevitável pra ele estar a menos de um metro dela e não sentir sua presença. Ele lhe deu um sorriso torto e se afastou do carro, deixando Edward a sós com a dona Eleanor, Jacob lutou com seus próprios braços para não enlaçar o corpo perfeito e pequeno dela entre eles.

- Já está tudo pronto? – perguntou em expectativa.

- Começamos em cinco minutos, e se o aluno não estiver lá... leva um tiro no pé. - Nessie sorriu-lhe e virou caminhando para fora do galpão. 

Jacob não tinha ideia de que havia mais um esconderijo no meio da floresta, aquele lhe pareceu ainda maior pelo fato de estar completamente vazio. Bella o aguardava no meio do galpão ao lado de uma mesa comprida com vários objetos postos em fileira. Ao se aproximar ele distinguiu-os como armas, pentes e cartuchos de munições, de todos os tamanhos.

- Já atirou em alguém? – Bella lhe perguntou vendo-o admirar a mesa.

- Não, só cacei na floresta algumas vezes com meu avô. - deu de ombros

Bella sorriu apoiando as mãos sobre a mesa e se inclinando para frente, para que Jacob a olhasse nos olhos.

- Vai por mim garoto, quando matar um homem, nunca mais vai querer matar um animal inocente. A adrenalina e a sensação de justiça é algo que pode viciar.

Renesmee e Bella trocaram um olhar e um sorriso cúmplice, elas sabiam muito bem do que estavam falando, adrenalina e perigo são uma combinação deliciosamente autodestrutiva. A mais nova se afastou um passo para que a irmã se colocasse a frente e começasse o que era para ser um treinamento. Elas nãos sabiam, mas a ultima coisa que Jacob Black precisava era ser treinado.

Bella assentiu assumindo um ar sério de especialista, Jacob apenas cruzou os braços atento a cada palavra, enquanto Nessie apenas se mantinha por perto como assistente.

- Saber se defender é extremamente importante no nosso mundo. Você não precisa necessariamente ser um ótimo lutador, ou um bom piloto, acima de tudo você precisa saber manusear uma arma. Porque quando você estiver em um lugar cercado por caras armados até os dentes, de nada vai valer a sua habilidade com carros.

- A não ser que você as use nas pernas e saia correndo. - Nessie completou sorrindo debochada.

Bella olhou-a de lado fatalmente. Renesmee abaixou a cabeça e levantou as mãos em um pedido de desculpas pela interrupção.

- Continuando...Você tem que saber manusear uma arma, ter um bom reflexo e uma mira infalível.

O galpão ficou em silencio durante alguns minutos. Bella encarava Jacob nos olhos tentando mostrar-lhe a seriedade do assunto e Renesmee apenas segurava sua respiração apreensiva, ela levou a mão direita a boca e começou a roer as unhas.

- Essa é a hora em que você espera que eu saia correndo? - Jacob quebrou o silêncio com um sorriso torto.

- Exatamente. - Bella assentiu relaxando.

- Tudo bem, vamos em frente. Eu tenho muito o que aprender.

  A irmã mais velha de sua parceira lhe abriu um grande sorriso, realmente contente com coragem do rapaz. Ela andou até a mesa e apanhou uma espingarda, afinal ele já estava acostumado a armas de caça.

- Você sabe destravar, carregar e engatilhar uma arma certo?

Ela lhe ofereceu a arma e ele a pegou. Com movimentos calmos e precisos ele executou cada ação que ela havia dito. Bella assentiu aprovando, o garoto levava jeito.

- Ok. Agora uma de menor porte.

Dessa vez foi Renesmee que lhe entregou a arma que o próprio havia lhe mostrado na noite passada; ele pegou sua própria arma e repetiu o procedimento dessa vez mais rápido por ela ser de pequeno porte e de fácil manuseio.

- Excelente. - Bella o rodeou segurando em seu braço para que ele levasse a arma até as costas, com o movimento ele entendeu o que ela queria e enfiou a arma no cós da calça - agora me mostre como você sacaria uma arma.

Cruzando os braços com uma pose, até então desconhecida, mas extremamente intimidadora Bella o encarou parada a sua frente. Jacob sabia que ela iria tentar surpreende-lo então ficou atento a tudo. Rápida como um puma dando o bote, Bella descruzou os braços engatilhando a arma ao mesmo tempo em que a erguia a sua frente apontando diretamente para a cabeça de Black.

- Reflexo garoto, quando alguém apontar uma arma pra você, tente disparar antes mesmo que o outro consiga completar a palavra: Mor -

Isabella Marie Swan foi interrompida.

Um golpe certeiro foi deferido em sua mão direita fazendo-a perder a arma no ar, o braço de Black agarrou-a e numa manobra inacreditável mirou-a de volta para a dona enquanto tirava com a outra mão a arma que lhe foi dada do cós.

- Te. - Jacob completou a palavra com os dois braços erguidos a frente apontando duas pistolas para uma Isabella perplexa.

- Aprende rápido Black - Bella sorriu espantada.

- Não tão rápido.

Jacob sentiu algo colado a sua testa do lado esquerdo, mas não pode mover a cabeça pra ver, também não precisou, a voz era inconfundível. Renesmee apontava-lhe uma arma duas vezes maior do que suas humildes pistolas.

- Você precisa olhar para todos os lados antes de reagir. Do que adianta desarmar um e morrer nas mãos de mais dois ou três? - ralhou com seu parceiro que aos poucos abaixava as mãos, tirando Bella da mira.

- Eu não vi você ai atrás. - se justificou

- Exatamente, porque isso se chama r-e-f-l-e-x-o. - Renesmee abaixou a arma sorrindo debochada.

- Ela esta certa.

Bella lhe ergueu uma sobrancelha e lhe sorriu.  Com um gesto de cabeça pediu pra que a irmã abaixasse a arma, Nessie piscou um olho para ele enquanto colocava a Colt M4 sobre a mesa.  

- Aonde aprendeu isso? – Bella lhe perguntou sobre o golpe perfeito que ele deu a minutos atrás.

- Eu vejo muitos filmes de ação. – deu de ombros. O sorriso dele tentava esconder algo e isso não convenceu Isabella, mas ela não deixou de assentir positivamente deixando-o pensar que a tinha enganado.

Já havia algum tempo que Bella estava atenta aos comportamentos de Jacob, ela não sabia ao certo mais algo a alertava de que ou ele escondia algo, ou ele sabia muito mais do que demonstrava. O pior é que em seu intimo não existia a palavra ou. A certeza de que uma hipótese completava a outra era constante.

- Bom, agora eu quero ver sua mira. Escolha uma arma.

Jacob fitou a mesa vendo suas opções. Ele teve que controlar o seu lado vaidoso para não pegar a arma mais potente dali, afinal ele era um rapaz completamente inexperiente em relação a armas, ao menos deveria parecer. Preferiu optar por continuar com a sua pistola, pequena, segura e eficiente.

Bella e Renesmee também apanharam uma arma sobre a mesa e caminharam até a saída do galpão, esperando que Jacob as acompanhasse. As duas trocaram de armas rapidamente, Bella ficando com a Colt M4 da irmã e Nessie com a reluzente Desert  Eagle.

A chuva havia dado uma trégua, mas as arvores do lado de fora balançavam molhadas ao vento frio. Jacob se espantou ao ver que saíram por uma porta diferente daqui entrou, esta dava pra uma clareira no meio da floresta vazia e silenciosa.

As irmãs Swan pararam no meio da clareira e se viraram em sua direção, por um momento ele ainda continuou a admirar a paisagem ao redor e pode ver que algumas arvores que circulavam o espaço aberto estavam marcadas como se fossem alvos.

- Você tem três, apenas três balas para acertar um alvo.

A voz de Bella era firme e autoritária, Jacob quase sorriu com o tom militar dela que o lembrou por um momento do seu pai. Ele ajeitou a arma ao punho se preparando, até que lembrou que ele deveria parecer desajeitado.

- Mas antes uma lição rápida.

As duas se aproximaram dele com passos firmes, e sem saber por que, o ar ficou um pouco mais difícil de ser absorvido pelos pulmões de Black. Um fiapo da sua sanidade o informou que a visão das duas portando uma arma e caminhando lentamente em sua direção era intimidadoramente sexy.

Renesmee parou cinco passos a sua frente com o nariz apontando na direção do queixo dele, a petulância de uma menina de tranças fez os seus instintos acordarem. Inacreditável.

- Atenção a sua postura, cada detalhe e essencial para um tiro perfeito. – Bella se colocou atrás da irmã e afastou as pernas dela com uma das mãos – Pernas sempre paralelas. Você precisa de uma base firme ou então perde o equilíbrio e atira na própria cabeça.

Jacob cerrou os olhos, sim ele poderia perder o equilíbrio, mas era com aquela cena...

As mãos de Bella seguiram preguiçosamente pelas pernas da irmã até alcançarem a altura das mãos dela, ela segurou o punho de Nessie fazendo-a erguer a arma a sua frente.

- Seus braços são outro ponto importante. – ela percorreu toda a extensão do braço da irmã com as mãos fazendo-a apontar a arma para Black – Esticados a frente e sempre na altura do rosto pra facilitar a mira.           

Ele sabia que não era proposital, mas ver as duas ali daquela maneira estava provocando descaradamente o ser de pouca racionalidade entre as suas pernas. Apertando um pouco mais do que o necessário a arma em suas mãos, Jake observou sua parceira morder os lábios.

- Algumas armas ganham um impulso muito forte ao serem disparadas – continuou agora ficando ao lado da irmã, mas não deixando seus corpos se afastarem – então você precisa apoiar o punho com a outra mão.

Bella levou o braço esquerdo da irmã a frente e colocou sua mão abaixo do punho erguido com a arma. A posição era tática e profissional, Jacob se perguntou aonde Bella aprendera tantas coisas...

- ... a menos que queira ver o seu braço girar no ar. – Nessie murmurou sorrindo de lado.

Se afastando da irmã, Bella o encarou colocando uma das mãos na cintura.

- Agora é sua vez.

As duas saíram de sua frente pra que ele pudesse ver melhor os alvos, ajeitando sua postura da forma que Bella havia acabado de lhe ensinar ele escolheu o primeiro alvo. Era uma arvore relativamente próxima, seria difícil não acertá-la, mas ele teria que fazê-lo. Jacob pegou a arma com firmeza, sentindo todo o poder que ela lhe transmitia. Antes de erguer a arma á frente ele fitou sua parceira que o observava ao lado. Renesmee tinha os braços cruzados no peito e um olhar que duvidava de sua capacidade de acertar uma arvore a frente.

Ele sorriu de lado e deixou que ela tivesse razão ao menos dessa vez. O disparo ecoou alto na floresta e alguns pássaros se agitaram assustados nas copas das arvores. O alvo continuava ali intacto. A bala se alojou a alguns centímetros acima no tronco da arvore.

Bella cerrou os olhos o analisando com atenção. Ela sinalizou pra que ele continuasse e logo três balas estavam cravadas no tronco da pobre arvore. O padrão seguiu dessa forma, a postura dele estava correta, as mãos dele tinha uma segurança que ele não queria que fosse aparente mas era inevitável, e ele tinha um olhar firme a sua frente. O que Bella não conseguia entender era como estava errando os alvos com tanta facilidade quando a probabilidade é totalmente contraria. Jacob estava fazendo aquilo de propósito. Ela tinha certeza.

Estalando o dedo ela apontou para que a irmã ficasse ao lado do alvo mais distante, Renesmee já sabia qual era a intenção de Bella e enquanto caminhava até lá rezou pela sua sorte.

- Você não tem problema de visão. – Bella caminhou até estar ao seu lado o desafiando – Tem uma ótima mira... – o olhar dela avisou a ele que ela tinha sim certeza de que ele estava errando de propósito – e agora você tem apenas uma bala pra acertar a porra daquele alvo.

Ela apontou para onde Renesmee estava, ao lado da arvore mais distante da clareira. Seu tom era alto e irritado, e ela realmente estava pela ousadia dele em tentar enganá-la.

- Eu não consigo – mentiu olhando em seus olhos pra que parecesse mais verdadeiro. Ele estava preocupado sim com o risco de acertar sua parceira, mas sabia que ele era bom demais para errar, jamais poderia feri-la.

Bella bufou irritada, arrancou a pistola que ele tinha em mãos e empurrou a Colt na barriga dele. Black apanhou a arma um pouco nervoso com a situação. 

- Vamos lá não me faça perder tempo Black, - ela destravou e apontou sua própria arma para a cabeça dele – Eu sei que você consegue fazer melhor do que isso.

E mais uma vez naquele dia, Jacob tinha uma arma colada a sua cabeça. Os dois se olharam nos olhos durante um segundo, Bella o desafiando e Jacob apenas tentando descobrir se ela já sabia quem ele realmente era.

Renesmee que estava encostada na arvore, ao lado do alvo, assistia a tudo com a respiração suspensa de nervosismo. Ela viu o olhar dos dois ser quebrado por um movimento de cabeça de Bella, dando-lhe a ordem de acabar logo com aquilo. Jacob virou para frente e encarou sua parceira que só agora conseguiu tomar uma respiração.

Não é que ela não confiasse nele, ela só não confiava em sua mira. Qualquer erro mesmo que por milímetros ela não teria mais uma cabeça acima do pescoço.

Jacob destravou o fuzil fitando sua parceira ao lado do alvo com a respiração acelerada e grandes olhos que tentavam esconder o quão apavorada ela estava. Ele segurou uma batida e atirou, dessa vez pra valer.

A bala fez o seu percurso até o centro do alvo perfeitamente. Renesmee apenas sentiu o vento da bala passar ao lado do seu rosto como um jato de vento cortante. Uma mecha do seu cabelo vôo de encontro a sua bochecha.

Um assobio cortou o silencio que se seguiu, Bella deu dois tapinhas nas costas dele o parabenizando e lhe sorriu. Um sorriso forçado, não falso, porem cínico. Aquele sim era o verdadeiro Jacob Black.

Renesmee voltou ao galpão principal com o coração ainda acelerado pela experiência de quase morte que enfrentara a poucos minutos atrás. Agora ela a irmã e Jacob voltavam para o galpão central que estava mais agitado que o normal.

Alice, que havia acabado de chegar, estava sentada pensativa em um dos degraus da escada com um enorme vinco na testa. Edward andava de um lado para o outro com os braços cruzados evidentemente tenso, enquanto Emmett amassava uma latinha de refrigerante nas mãos.

- Que caras são essas? – Bella parou no meio do galpão esperando que o namorado esbarrasse nela no seu trajeto de volta.

- Carlisle recebeu um telefonema de Long Island. – Alice respondeu finalmente levantando a cabeça.

Renesmee soube que o assunto era serio assim que viu a seriedade incomum no rosto da fada, ela se sentou ao seu lado dividindo o degrau com ela e esperando por dividir as preocupações também.

- Um conhecido dele viu Garrett se alojando em uma mansão por lá, o mais interessante é que um carro forte fez a mudança dele. – Edward parou a sua frente lhe explicando.

Bella estreitou os olhos confusa, aquilo queria dizer que...

- Ele levou o anel para Long Island?

- Exatamente.    

- É a nossa chance! – Emmett arremessou a lata na direção de Jacob que a apanhou no ar.

- É arriscado demais! Não podemos ser precipitados! – Alice se exasperou com o jeito impulsivo do irmão.

Isabella suspirou sentindo seu estomago revirar, passando a mão pelos cabelos ela tentou se acalmar e raciocinar corretamente já que a chance de ter seu pai de volta finalmente parecia real.

- Nós podemos tentar...não roubá-lo mas...não sei! Temos que vigiá-lo de perto tentar estar a um passo desse desgraçado!

Renesmee deixou seus olhos vagarem para o vazio a sua frente enquanto os outros continuavam o impasse. Emmett tinha razão, era uma ótima chance; mas Alice tinha um ponto, era arriscado e eles não tinham mais tempo para tentativas ou erros. Agora eles agiam de maneira precisa e certeira.

Mas para isso eles deveriam saber o que Garrett realmente fazia em Long Island, por que já não estava em Washington. E qual era a brecha que eles iriam usar para ter o anel. Na verdade tudo o que eles poderiam fazer a gora era, como Bella havia dito, estar a um passo do inimigo.

A metáfora do jogo de xadrez veio a sua mente como um estalo. Garrett não era a porra do rei mais tinha que ser derrubado o quanto antes.

- Bella está certa, nós temos que tentar estar sempre a um passo do inimigo. – Renesmee interrompeu sem querer uma pequena discussão entre Alice e Emmett - Só vamos conseguir achar uma forma de fazer isso dar certo se passarmos a andar ao lado dele. Saber o que ele esta planejando.

Nessie viu a irmã mais velha abandonar a expressão preocupada e trocá-la por uma confiante, acompanhada de um sorriso petulante que só as Swan tinham.

- Isso ai! Nós vamos até lá estudar o território – Bella começou a andar pelo espaço de um lado para o outro olhando nos olhos de cada um presente - e ver se temos alguma chance de fazer isso antes do prazo determinado.

- Então...estamos indo para NY? – Edward levantou-lhe um olhar que mostrava sua confiança na namorada e ao mesmo tempo duvida se aquilo daria certo.  

- Desmarquem os compromissos do fim de semana pessoal! – Bella bateu palmas animada e viu Alice e Renesmee se levantarem com sorrisos um pouco mais confiantes. Ela se virou para o lado e fitou o parceiro da irmã - Jacob. Você vem com a gente.

- O que?

 A voz de Renesmee soou incrédula pelo grande galpão enquanto todos olharam sorridentes para Black dando-lhes as boas vindas ao grupo. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Boom eu não traduzi as frases em italiano pq neah...gugu tradutor existe pra essas coisas! Haushua’
Virão só? Esta autora que vos fala consegue sim ser ternurinha qndo ker! Eu consigo matar e torturar pessoas mas ainda sim consigo faze-las todas romanticuzinhas e apaixonadas. *-*
Mas é só qndo eu quero tah...não se iludam! Kkkkkkkkkkk

PORFAVOR me digam oq acharam! A parte da cozinha foi realmente difícil pra mim, vcs não tem noção...eu não sei se ficou boa. Foi detalhada demais, de menos. Se eu fui discreta demais, de menos. *se descabela*
Agora a fic entra numa fase Orange, apples e limons então me ajudem a saber se to no caminho certo ou não! Hauhsuahsu’
er... o próximo cap ta muito mais tenso q esse. Então se preparem negs! 66’

Agora eu quero agradecer a dona Bela_black ea ThaynaLima por mais duas indicações da fic: eu realmente fiquei muuuuito lisonjeada e super vyada cm as palavras de vcs suas nindas! *-*
E Boom é por essas que eu sempre volto (=
Obrigada as meninas que deixaram seu reviw. Adorei conhecer as fantasminhas hehehehe’

É isso nos vemos daqui a duas/três semanas eu acho...Beiju’sz