Quatorze.

 Myridan se ergueu e fitou a floresta ao longe.
 -- Ele está aqui. – falou Edward respondendo aos pensamentos da mestiça. – E quer vê-la.
 -- Bem, ele tem todo o direito. – falou Myridan com o olhar vazio.
 -- Quem? – perguntou Jacob atrás da mestiça sem entender do que, ou de quem, Edward e Myridan estavam falando.
 A mestiça entrou  na casa, precisava se livrar de todos que estavam ali, só deveriam ficar somente os familiares, devia isso ao amigo, queria fazer isso por ele.
-- Leah está bem, eu lhes asseguro. – falou Myridan tentando convencer a todos. – Vocês deveriam voltar para as suas casas, acho que depois desse dia cheio o que todos precisam é de uma boa noite de sono.
-- Myridan tem razão. – falou Edward por trás da mestiça a apoiando.
-- Sim. – falou Sam concordando. – Todos nós precisamos descansar falou olhando para todos. Vamos.
Aos poucos a pequena sala/copa foi ficando vazia, exceto por Myridan, Jacob, a menina Reneesme que dormia em seus braços, Billy, Edward, Bella, Seth, Sue e Carlisle que continuava ainda no quarto com Leah.
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 Myridan entrou no quarto e lá estava Carlisle sentado na ponta da cama de Leah, fazendo compressas de água fria na testa da loba, para tentar aliviar a febre.
 -- Vamos. – falou Myridan para ele. – Reneesme já está dormindo e Leah ficara bem, só dê a ela uma dose de antitérmico e amanhã ela ficara nova em folha.
 -- Eu já dei. – falou Carlisle, preocupado. – Mas, a febre não cessa.
 -- Remédios não são como magia. – falou Myridan carinhosamente. – Leva tempo para fazer efeito, você sabe disso.
 -- Mas, as feridas ainda estão regenerando muito devagar. – falou o doutor. – Acha que isso tem a ver com a menstruação?
 -- É possível. – respondeu Myridan, esta já começava a ficar impaciente.
 -- Mas... – começou Carlisle.
 -- Carlisle, vá embora! – ordenou Myridan. – Eu mesma ficarei aqui com ela, volte para a sua família e avise que eu não irei ao hospital amanhã.
 -- Esta bem, não vou discutir com você. – falou o médico pegando suas coisas e saindo do quarto.
 Myridan, sentou junto a Leah. Acariciou-lhe o cabelo negro, o rosto pálido, ergueu um pouco mais as cobertas para cobrir melhor o corpo da loba. A mestiça sorria ternamente para inconsciente.
 -- Você não sabe a sorte que tem. – falou ela checando as feridas nos pés de Leah, estas pareciam bem melhor que as das mãos. – Aidan é um excelente companheiro. Permita que ele lhe cure, tanto as  feridas do corpo quanto às da alma. – disse Myridan abrindo a janela do quarto da loba deixando que a gelada brisa noturna entrasse e com ela o cheiro do vampiro misturado ao aroma da floresta de pinheiros.
 A mestiça deixou o quarto.

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 Aidan continuava na floresta, os olhos celestes estavam vidrados em tudo os que se passava no quarto de Leah. Foi confuso que o vampiro assistiu a mestiça abrir a janela.

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 No andar de baixo, Carlisle se despedia dos Clearwater assegurando que Leah estava bem, que não havia nada a temer e que qualquer coisa era só ligar para ele.
 -- Vamos Carlisle. – apressou Edward olhando para dentro dos olhos da mestiça, captando sua impaciência.
 Assim, que o som do carro de Carlisle se perdeu no meio dos outros sons da floresta, Myridan alegou precisar pegar algumas coisas no carro.
 -- Eu posso te... – começo Seth.
 -- Não é necessário. – falou Myridan sorrindo. – Fique com sua mãe.

 O carro de Myridan estava a uns dois metros da residência dos Clearwater. Era quase impossível distinguir o veiculo negro em meio ao negrume da noite sem estrelas. Ela foi até o carro e abriu o porta-malas, para despistar se por acaso Seth olhasse para o automóvel.
 Feito isso se pós a correr com toda a velocidade em direção ao cheiro de Aidan, queria, precisava, lhe falar.

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Num piscar de olhos A figura de Myridan surgiu diante dele, vestida com seu vestido branco, botas bege e olhar bondoso.
-- Você não ligou... – começou Aidan a se desculpar.
-- Não precisa. – interrompeu Myridan, acariando o lindo rosto do vampiro. – Não se explique.
-- Myridan. – sussurrou Aidan, abraçando ternamente a amiga. – Myridan.
-- Eu sei. – falou ela junto a seu ouvido. – Sei de tudo.
-- ... – ele nada disse, Só a abraçava, segurando-a perto de si.
-- Leah está bem. – falou a mestiça.
-- O que aconteceu? – perguntou Aidan, preocupado, se afastando da mestiça para encará-la.
-- Leah teve um imprinting... – começou. O olhar de Myridan estava carregado de doçura ao encarar o rosto confuso de Aidan. – Ela encontrou aquele que foi feito para ela e é você.
Myridan percebeu a incompreensão passar pelos olhos azuis do amigo, Aidan pendeu a cabeça levemente para o lado numa tentativa de entender o que havia escutado, ou se realmente havia ouvido direito.
-- Você é o imprinting dela. – repetiu Myridan. – Creio que seja por isso que ela voltou a menstruar. – Um vento forte sacudiu a copa das arvores, anunciando chuva. A mestiça afastou os cabelos dos olhos de Aidan. – Ela precisa de você.
-- ... – O vampiro ainda não conseguia falar, em sua mente a palavra imprinting girava em torno das lembranças de quando a vira pela primeira vez, aquele sentimento de confusão e necessidade que ela lhe despertava.
-- A menstruação está deixando o processo de regeneração mais lento, muito mais. – falava Myridan, mesmo sabendo que talvez ele não a estivesse ouvindo. – O que levou as feridas nas mãos e pés, que creio terem sido feitas por correr, infeccionarem. Logo, ela está com febre.
-- Mas, ela vai ficar bem? – foi tudo que Aidan disse, sem encarar a mestiça. Seu olhar estava aprisionado a janela de Leah.
-- Creio que um pouco de frio ajude a controlar a febre. – falou Myridan, acariciando a bochecha gélida do vampiro. – Passe a noite com ela.
-- Como? – perguntou o belo imortal.
-- Na casa só estão Seth e Sue. – falou Myridan perspicaz. – Use seu dom e vá até sua bela adormecida, é uma ordem.
Aidan encarou a amiga surpreso, depois lhe mostrou seu sorriso mais bonito a abraçando mais uma vez.
-- Fique com ela. – repetiu Myridan, se soltando de Aidan e caminhando, se embrenhando cada vez mais na floresta. – Espero que dê tudo certo, pelo menos você não é como eles.
-- Aonde vai? – falou Aidan a segurando pelo braço.
-- Preciso pensar. – falou Myridan se desvencilhando do amigo e seguindo seu caminho.

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Aidan estava parado diante na varanda, diante da porta do Clearwater, encarando a rústica madeira, por fim, bateu.
Quem veio atender foi Seth. No momento em que este abriu a porta, Aidan lhe segurou o rosto forçando-o a olhar no fundo de seus olhos azuis, as pupilas dilataram e as do lobo as imitaram.
-- Leah está bem? – falou Aidan olhando fundo dentro dos olhos de Seth.
-- Ela está ótima. – respondeu Seth com o olhar vazio.
-- Você deve estar exausto, não é?
-- Estou exausto, preciso dormir. – falou Seth. Aidan o soltou, este rumou direto até seu quarto.
Só faltava Sue Clearwater, esta estava na cozinha lavando as louças que haviam se acumulado durante o dia. Aidan, bateu de leve na parede alertando sobre sua presença no local. Assim, que a quileute se virou o vampiro já estava segurando seu rosto e repetindo todo o processo que acabara de fazer com o filho.
Quando a porta do quarto de Sue bateu a cabana de madeira mergulhou em um silêncio absoluto. O vampiro fechou os olhos aspirando o ar e o cheiro forte de suor que vinha do andar superior, do quarto de Leah.

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Aidan abriu a porta devagar, os olhos cerrados. O vento voltou a soprar forte entrando pela janela aberta, passando por Leah e levando seu inebriante cheiro às narinas infladas do vampiro que expirava fundo se intoxicando com o cheiro selvagem do suor e sangue. Fechou a porta atrás de si.
Lentamente, ele se aproximou da cama, olhando ternamente o rosto pálido e inconsciente da loba. Passou suavemente os dedos frios pelos cabelos dela, acariciou a maçâ do rosto e os lábios grossos.
-- Minha bela adormecida. – falou carinhosamente, beijando as palmas das mãos enfaixadas de Leah. – Eu estou aqui.
Aidan, rapidamente, desabotoou a camisa de tecido a jogando num canto qualquer do quarto. Afastou as cobertas de Leah, deixando somente a fina camisola de tecido a cobrir-lhe o corpo febril, seus olhos azuis cintilaram de desejo ao olhar as sedutoras formas da loba, ao perceberem o sensual contraste da pele morena com o tecido branco e o cheiro de sangue menstrual golpeou-lhe as narinas com mais intensidade, o desejo pulsou forte dentro dele. Porem, este parou de respirar para retomar o controle de si mesmo e de seus pensamentos que já iam longe em imagens eróticas que lhe inundavam a mente.
-- Controle-se! – ordenou a si mesmo.
Vestindo somente sua surrada calça de moletom, Aidan, deitou-se ao lado da loba inconsciente lhe abraçando o corpo extremamente febril. O corpo do vampiro estremeceu em contato com os quase cem graus que irradiavam das formas da loba.
-- Estou aqui. – repetiu ele, lhe beijando a testa molhada de suor para logo em seguida lhe lamber o liquido salgado que brotavam facilmente da tez da loba. – Meu amor...
Baixinho, Aidan começou a meio recitar, meio cantar no ouvido de Leah, trazendo o corpo inconsciente desta para mais perto do dele, lhe acariciando gentilmente a pele exposta do braço.

My love, leave yourself behind
(Meu amo, negue-se a si mesmo)
Beat inside me
(Pulse dentro de mim)
Leave you blind
(Torne-se cego)

My love you are for peace
(Meu amor, você é de paz)
You were so trying
(Você se esforçou tanto)
for release
(por liberação)

You gave it all
(Você atendeu)
Into the call
(ao chamado)
You took a chance and
(Você se arriscou)
You took a fall for us
(E caiu por nós)

You came thoughtfully
(Você chegou atenciosamente)
And then faithfully
(E então fielmente)
You taught me honor
(Você me ensinou a honra)
You did it for me
(Você fez isso por mim)

Tonight you will sleep for good
(Esta noite você vai dormir para sempre)
You will wait
(Você vai esperar)
For me my love
(Por mim, meu amor)

Now I am strong
(Agora eu sou forte)
You gave me all
(Você me deu tudo)
you gave all you had
(Você deu tudo o que tinha)
And now I am home
(E agora eu estou em casa)*

 Como se em resposta a voz de Aidan, Leah se mexeu, colando mais ainda seu corpo no dele, o abraçando. Aquela atitude surpreendeu o vampiro o fazendo abraçá-la ainda mais forte.
 -- Você pode me ouvir? – perguntou ele passando a mão por toda a extensão dos cabelos compridos e emaranhados de Leah. Como se respondesse a ele, a loba afundou o rosto no peito dele e abriu de leve os olhos.
 O vampiro acariciou seu rosto e o ergueu para admirá-lo,  percebendo que ela ainda estava totalmente inconsciente.
 -- Você devia cortar os cabelos... – falou ele sorrindo, aproximando o seu rosto do de Leah e lhe depositando um suave beijo nos lábios. – Meu amor.

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 E a noite seguiu. Aidan conversou com Leah a noite inteira mesmo sem ter certeza se esta a ouvia, com certeza não, pois se esta tivesse consciência dele ali já o teria posto para fora há muito tempo.Aidan lhe contou coisas sobre ele, sobre seu passado e sobre o futuro, o futuro que ele queria ter ao lado dela.
 -- Meu amor. – falava ele a cada frase que terminava.

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* My Love: música cantada por Sia e compõe a trilha sonora de Eclipse.