Segredo Familiar. escrita por mokoli-me


Capítulo 12
Coragem.


Notas iniciais do capítulo

Me desculpe o atraso,mas essa semana foi de provas.Argh!



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Coragem.

Eu estou muito feliz agora, mas a tensão é grande. Há escolhas que eu tenho que fazer que possam me prejudicar mais tarde. ou não, tudo é questão de pensar no assunto, mas estou feliz demais para isso.

Cada escolha tem uma consequência, vale à pena arriscar. Minha vida também pode estar em jogo, eu não posso errar.

Revirei a caixa branca, peguei os papéis, o primeiro, o último DVD e coloquei-os embaixo do meu colchão.

Já é sábado, o tempo está passando rápido, assim espero. Hoje é dia de descanso.

Peço para Bruno me levar ao parquinho, faz tempo que não vou lá, quero conhecer mais pessoas, já que na escola eu não brinco direito com as crianças.

Tomei meu café da manhã, peguei algum dinheiro e eu e Bruno fomos até o parquinho. Não ficava muito longe da minha casa.

―Vamos comprar alguns doces e nós vamos para o parquinho.

―Tá ok.

Compramos um monte de besteiras e fomos até o parque.

―Bruno, eu estou no balanço.

―E eu vou azarar aquela gatinha.

―Nossa.

―O que foi?

―Você é um garanhão.

―Quando se é lindo que nem eu tem que aproveitar.

―Divirta-se.

―Igualmente senhorita Isabela.

Esse sim era um adolescente escrito, ele era muito alegre. Em certo momento eu acho que queria que ele me ajudasse, mas se ele for realmente feliz eu vou acabar com a vida dele, pois ninguém merece ser infeliz.

Confesso que as brincadeiras estavam um porre, mas é melhor do que ter de ficar em casa sempre. Finalmente fui comer.

―Você não está gostando do passeio, não é mesmo?

―É sim.

―O que aconteceu? Eu posso saber?

―São uns problemas lá em casa que estão me deixando louca.

―Não quer compartilhar?

―Você não iria querer saber.

―O que pode ser de tão mal?

―Eu só quero me certificar que se acontecer alguma coisa comigo, eu quero que você continue e termine essa história para mim. Só contei para minha amiga Juliana até agora.

―Podemos começar?

―Sim.

Ele sempre me fazia rir, ele tinha um jeito superior, ele se acha, isso era um fato. Isso me ajudou a ficar tranquila e dar mais um passo neste caminho.

―Eu não sei o que fazer Bela, é muita revelação, eu não consigo acreditar que isso aconteceu.

―Mas você tem que acreditar, é tudo verdade.

―Talvez, mas é uma bomba e tanto.

―Me abraça.

Ficamos uns tempos ali, parados, abraçados, enquanto as lágrimas da dor escorriam de nossos olhos e servia de consolo para a amargura.

Não sei se ele vai me ajudar a compreender a situação, pois eu tenho certeza de que agora só faltam as provas, um parceiro eu já tenho, tive um momento de alegria e tenho uma amiga.

O Bruno ficou muito abatido. Voltou para casa calado, sério e foi para o quarto de hóspedes, só saiu de lá no dia seguinte de manhã.

Meu pai arrumou outro emprego uns dias atrás e só ficou enfornado no escritório o dia inteiro.

Vi Bruno na cozinha, tomando seu café da manhã e fui falar com ele:

―Você está melhor?

―Sim, não se preocupa.

―Não fica triste assim, se não alguém pode perceber.

―Eu já estou melhor.

―Vai me ajudar?

―Vou.

Ele não parece tão bem, talvez só seja o reflexo do que ele passou ontem.

A casa fica em paz quando minha mãe vai ao shopping com meu pai. Eu fico em casa sozinha com o Bruno. Escuto ele me chamar lá em cima.

―Bela!

―Já vou!

Subo correndo e me machuco na escada, mas isso não me impede de continuar correndo.

Bruno está no corredor me esperando.

―Bela, eu preciso ver as coisas que você já achou e aí nós vamos procurara mais, tá bom?

―Pode ser, está embaixo do meu colchão.

Primeiro ele só assistiu um minuto do fim do primeiro DVD, depois um minuto do meio do último, o que tinha nele era a mesma coisa que o primeiro, e por fim leu as folhas.

Ele chorou muito, seu corpo tremia. Ele afagou meu cabelo e disse:

―Você é a pequena mais corajosa que eu conheci você é incrível.

Essas palavras me tocaram e reconheci que eu não sou tão inútil como eu achava.

―Bom, eu vou procurar. Vou começar no porão, você vai comigo e se achar alguma coisa importante me chama.

―Nós temos que ir rápido.

―É eu sei.

Ele me colocou na cacunda e seguiu até o porão, que ficava no escritório da mamãe.

Descemos e procuramos nas estantes. O porão tinha muita coisa, mas não era abandonado, nem dava medo.

Saí em disparada até uma gaveta, lá tinha uma caixinha. Ela estava trancada na gavetinha, mas na parte de trás a gavetinha estava arrebentada e eu consegui colocar o braço lá e sentir que era uma caixinha, mas não consegui puxar.

―Bruno me ajuda aqui, eu acho que encontrei uma coisa que não queria ser encontrada.

―Já vou Bela.

Ele desceu das escadinhas de madeira e veio na minha direção. Com um sacrifício enorme ele conseguiu afastar a escrivaninha e retirar a caixa de lá de dentro.

Ela estava trancada e empoeirada. Ele pegou um martelo quebrado e arrebentou o fecho. Ele parecia determinado e raivoso.

Na caixinha tinha um diário velho e um pacote preto de plástico. Pegamos, colocamos o que deu no lugar e saímos sem deixar nada de suspeito no escritório até que fomos parar no meu quarto.

―Conseguimos!

―Sim, mas o que tem nesse diário e nesse pacotinho?

―Pera aí.

Ele abriu o pacotinho e o diário velho e desleixado.

No pacotinho, como o esperado, havia dois CDs, que provavelmente seriam os tais DVDs e no diário, várias coisas escritas. Estava escrito até a última página.

Ficamos nos encarando. Por fim eu disse:

―Pode ver o que está escrito.

―Não, eu sou muito fraco pra isso, você que achou pode ler.

Coloquei o diário nas minhas pernas e abri a primeira página do diário. Na página havia um desabafo escrito com a letra de minha mãe. Planejamentos, planos, tudo estava naquele diário.

Peguei um dos CDs e li a descrição: segredo um.

Este seria um desafio, e mais do que tudo eu precisava da coragem para enfrentá-lo. Voltei-me ao diário e comecei a ler, li como se minha vida dependesse daquilo. Nesta altura do jogo, nada mais me abala, nada mais me detém, a não ser a morte.


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