A Far-off Memory escrita por LawlietShoujo
Notas iniciais do capítulo
Oláá!Eu espero que estejam gostando da leitura!♥
Ryutaro estava dentro daquele cenário verde de seus sonhos. Alguns segundos após olhar ao redor, ele ouve alguém choramingando - o som vinha de uma árvore frondosa e muito bonita. Ao se virar para esta, se depara com aquela pessoa.
– V-você!
– Ryutaro...!
Aquele garoto de cabelos pretos desalinhados e lábios num doce tom carmesim pálido estava sentado numa raiz que estava pouco coberta por terra; seus olhos profudos estavam molhados e avermelhados de tanto chorar. Era Yosuke, "o menino do hospital".
– Nos encontramos pela milésima vez. - Ryutaro diz, se sentando ao lado do outro mesmo sem convite. Trazia um sorriso divertido no rosto. - Estou começando a achar que você está me seguindo. Ou o contrário.
Yosuke inicialmente se assusta com a presença daquele pequeno ali, mas se mantém sério e em silêncio, tentando parar de chorar. Ele queria abraçar Ryutaro e dizer o quanto o ama, o quanto sente falta dele; esperava que o menor se lembrasse dele de alguma forma. Ao observar seu ruivinho, nota que ele ainda usava o anel que dera a ele um dia antes da viagem que mudou a vida de ambos. Quis deixar as lágrimas percorrerem seu rosto novamente, mas não na frente de Ryutaro.
– O que aconteceu? Você está chorando.
– Nada.
– Você é muito misterioso. - O ruivo sorri, enxugando uma lágrima de Yosuke com o dedo indicador. - E ainda não me disse seu nome.
– ...
– Eu não vou matar você por seu nome! O que há de tão assustador em me dizer?
– ... Yosuke.
– Esse nome me soa conhecido. Acho que deve ser de algum artista.
– Provavelmente.
– E então? Por que chorava?
– Não é da sua conta... - Ele estremece. Odiava ter que ser tão rude com aquele garoto radiante que amava tanto.
– Desculpe. É verdade. Eu sou apenas um estranho.
– E-eu não quis ser tão ru---
– Não precisa dizer nada, eu estou me aproximando muito bruscamente. - Ryutaro interrompe, pegando o pacote com biscoitos. Queria, de certa forma, recriar o sonho. Estava tão impressionado com a série de coincidências que cercavam aquele menino que ficou obcecado por se aproximar dele. - Aceita? É chocomenta.
Yosuke cobre a boca com a mão, emitindo uma expressão de dor e espanto. Aqueles biscoitos... Os biscoitos que costumavam dividir toda vez que se encontravam naquele local. Aquela situação corroía o coração do moreno, que sentia cada vez mais falta do outro e se alimentava de boas lembranças; porque é mais fácil se livrar de um passado ruim... Mas o bom fica para causar saudades. "Droga, Ryutaro...!", Yosuke pensa, quando sente as lágrimas transbordarem pirracentamente.
Ryutaro observava, intrigado, a dor do outro garoto. Insiste em oferecer os biscoitos até que este pega um, mordendo desanimadamente. À medida que mastigava aquela guloseima, chorava silenciosamente com mais intensidade - todos os momentos maravilhosos ao lado do ruivo vinham à sua mente como flashes. Não aguenta mais, desabando sobre o menor, num abraço angustiado e triste. Os braços frios do moreno seguravam Ryutaro como se quisessem impedir que ele se afastasse mais, como se implorassem para que ele recuperasse as lembranças. O ruivo se encolhe, feliz por ter conseguido fazer com que o outro se abrisse um pouco mais pra ele; em seguida passa seus braços pelo tronco do outro, retribuindo o gesto com um abraço apertado.
– Obrigado pelos biscoitos...
– São seus favoritos. - Ryutaro lembra do sonho e fala para si, no tom mais baixo e imperceptível que pôde. Apesar do cuidado, Yosuke acaba ouvindo.
– Como sabe?
– Só... Achei que fosse... Bem, eu posso ser um desconhecido aleatório, mas... Se quiser... Pode conversar comigo sobre o que te aflinge.
– Não posso.
Yosuke solta o menor, enxugando o rosto com as costas das mãos. Um vento frio passa por eles, agitando suavemente as folhas das árvores e fazendo um barulho natural aconchegante. Agora só se ouvia a respiração descompassada do moreno, que ainda se recuperava do choro intenso.
– Então... - O menor busca um assunto para desenvolver com o outro, mas não consegue pensar em nada. - Eu ia perguntar como vai você, mas já vi que não está bem... Ahn... Você costuma vir muito aqui?
– Costumava. Não sei se vou voltar.
– Oh, Deus! Será que é por que eu apareci e perturbei a paz do lugar? - Ryutaro brinca, dando uma risada gostosa, sem saber que ele era, de fato, o motivo.
– ...
– Ai, ai... Mais biscoitos?
– Não, obrigado...
– Minha mãe quem fez.
"Eu sei, seu bobo", Yosuke pensa, rindo mentalmente de forma nostálgica. "Esse anel... Foi sua mãe quem te deu?", pergunta, esperando que o estímulo fizesse o pequeno se lembrar de alguma coisa.
– Não. Pra ser sincero, eu não faço ideia de como consegui esse anel. Acordei e ele estava no meu dedo.
– É bonito.
– Também acho. Tem algo nele que me atrai a atenção. - O ruivo abre a mão e a distancia de si, a fim de olhar melhor a rosa de prata que estava em seu dedo anelar. - Ei, você está de férias?
– ... Estou.
– Bom, eu não tenho tido muita diversão desde o acidente, preciso de companhia. Se você aceitar, poderíamos sair juntos amanhã pra algum lugar.
– ...
– Soou estranho?
– Não é isso... - Yosuke olha pros próprios pés, com uma expressão indecifrável. Tinha que ser muito cauteloso, porque não queria causar confusões com a mãe do outro, que pedira pra manter distância. Mas por outro lado, poderia ficar perto de Ryutaro mais tempo. - Tudo bem.
– Nos encontramos na entrada do shopping às duas da tarde, que tal?
– P-pode ser...
– Bem, está ficando tarde pra mim. Meus pais foram visitar minha irmã que acordou recentemente, então pediram para que eu voltasse o mais rápido possível pra casa. Nos vemos amanhã, então?
– Ok... A gente se vê.
Ryutaro se levanta, bate as mãos na bermuda para limpar a terra, e em seguida estende a sua mão para o outro, o ajudando a se erguer. O contato de suas mãos faz o moreno estremecer, lembrando de quando andavam de mãos dadas pelo bosque, conversando sobre trivialidades. Mas estava relativamente feliz: poderia começar uma amizade nova com seu pequeno até que ele se lembre do que realmente são.
– Vou pegar um táxi até o centro da cidade, aceita carona? - Ryutaro oferece, sorrindo do mesmo jeito doce e simpático de sempre.
– Não, obrigado, eu vou caminhando mesmo. Preciso respirar o ar urbano um pouco.
– Então nos vemos amanhã.
– Certamente.
Os dois seguem direções opostas, mas ansiosos pela certeza de que aquela não seria a última vez que se encontrariam pra conversar. E na verdade, não era nem mesmo a primeira...
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Nos vemos no próximo capítulo, "Controle Parental"!Beijos coloridos e muito obrigada por lerem! ♥