A Far-off Memory escrita por LawlietShoujo


Capítulo 4
Entre biscoitos e sonhos


Notas iniciais do capítulo

Espero não ter demorado muito!Obrigada a todos que estão lendo >___



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Ryutaro voltara para casa com aquele rosto gravado profundamente em sua cabeça. Sua mãe o recebera com um lanche reforçado, para garantir que a recuperação do pequeno fosse rápida. Ele sobe as escadas vazadas de sua casa vagarosamente, sentindo dores por todo o corpo - aquela corrida atrás do menino misterioso havia custado parte de sua estabilidade muscular. Joga-se contra a cama, suspirando profundamente de tédio - não havia muito pra fazer enquanto estivesse convalescente. Estava sonolento, então rende-se e adormece em pouco tempo.

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– Ryucchan! Vem logo! - Yosuke acenava para o ruivo, sorrindo largamente.

O bosque ficava no limite municipal. Tinha por início uma roda de pedra com alguns enfeites naturais - grama e flores, por exemplo - e cercada ao fundo por muitas árvores de médio e grande porte que estavam enraizadas ali. Tinha uma placa com o nome da cidade, Hikari, e embaixo umas frases em japonês. Os dois se dirigiam para a parte arbórea, onde se encontravam o tempo todo. Sentam-se na terra, sem cuidarem de suas calças jeans, pegando suas mochilas e as abrindo rapidamente.

– Ei, ------, me ajuda com uma questão de Matemática? - A voz do menino desaparece no exato momento em que seus lábios pronunciavam o nome do outro.

– Claro. - Yosuke tinha um semblante muito feliz, que contagiava as pessoas. Seu jeito de agir e falar eram um convite para qualquer um se aproximar e confiar nele como se o conhecesse há séculos. - Trouxe os biscoitos de chocomenta?

– Você acha que eu iria esquecer? São seus preferidos!

– Deveriam ser os favoritos de todos! O gosto forte do chocolate e o frescor da menta combinados num pequeno disco crocante. - O moreno faz uma expressão extasiada quando vê o pacote de biscoitos na mão do outro.

De repente, todo o bosque desaparece por completo. Tudo se tornara uma imensão escura. Estavam de pé sobre um piso de vidro, muito distantes um do outro. "------!", o ruivo grita, dando um passo para frente, a fim de alcançar o outro garoto, que gritava por ele também, mas o frágil chão em que estava se rompe com o mais leve toque de seu pé. Estavam em queda livre num abismo feito apenas de escuridão - não havia paredes e não conseguiam ver o menor sinal de chão. Apenas caíam, sentindo a pressão de seus pesos e as lágrimas molharem seus rostos finos. Aos poucos, o ruivo não consegue mais ver Yosuke, esticando sua mão para alcançá-lo. Em vão.
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Ryutaro se agita na cama, levantando-se bruscamente. Sua visão escurece por alguns segundos e ele aos poucos normaliza a respiração. Aquele estranho sonho o despertara de forma muito repentina. "Aquele garoto do hospital de novo!", exclama mentalmente, imaginando o porquê de se importar tanto com aquele desconhecido que o abordara inesperadamente.

Apoia-se com as mãos abertas no colchão, encarando a porta, imerso em pensamentos. "Que lugar era aquele?", era a pergunta que rondava sua cabeça. Estava muito entediado dentro de casa, então decide voltar a dormir para procurar aquele lugar no dia seguinte.

A noite segue calma, sem sonhos ou outras perturbações no sono do pequeno. Sua cama era quente, sempre coberta com um edredom enfeitado com kanjis diversos. O travesseiro com cheiro de roupas limpas acolhia sua cabeça sempre que precisava, ninando-o.

"Hnng...", Ryutaro desperta, preguiçoso e ainda sonolento. Se levanta, pisando no chão frio e seguindo até o banheiro de seu quarto. Toma um banho pra revigorar e veste uma roupa confortável pra sua peregrinação. Ele desce as escadas, repassando os detalhes do lugar e tentando se recordar do máximo de características.

– Bom dia, Ryutaro. - O pai dele se aproxima, sério. - Vai sair?

– Vou dar uma volta, como ontem.

– Tome café antes de ir. Eu e sua mãe vamos visitar sua irmã hoje.

– Certo.

O pequeno mete-se pela cozinha, pegando uma maçã e a levando até a pia para lavá-la como recomendam. Ao se virar para a mesa novamente, um pote de vidro atrai sua atenção - "c-chocomenta...?", ele indaga num tom de voz assustado.

– Ah, sim, Ryucchan. Eu esqueci de avisar que fiz mais desses biscoitinhos que você gosta! - Aiya aparece, sorrindo docemente.

– Eu... Gosto?

– Ué, e não? Sempre que sai você leva um pouco...

– Ah. Ah, é verdade! Tem razão. - O garoto disfarça sua confusão, e pega uma sacola de papel, colocando alguns daqueles biscoitos dentro. Em seguida, separa um dos demais, mordendo curiosamente.

Assim que o gosto se espalha por sua boca, ele entra em um espécie de transe muito leve, ouvindo algumas vozes que diziam coisas como "minha mãe fez esse biscoito... Ainda não provei, então vamos fazer isso juntos" e "essa é a melhor guloseima de todas!". Ele reconhece a primeira voz como sendo a sua, mas não identifica a outra.

– Mas que diabos...

– Você vai sair, Ryu?

– Vou dar uma volta...

O menino estava com o olhar distante, confuso. Ele pega o saco com os biscoitos, dinheiro para emergências, seu videogame de bolso, e sai, ganhando a rua em pouco tempo. Não sabia por onde começar - resolve perguntar para alguém onde fica aquele lugar, se é que ele existe mesmo. Entra numa loja de roupas, sendo cercado por alguns atendentes. "Eu... Gostaria de uma informação", ele diz, timidamente.

– Pois não?

– Quero saber onde fica um lugar... É como um bosque... Tem uma placa com o nome da cidade e algumas coisas em japonês...

As pessoas da loja se entreolham, como se buscassem a resposta umas nas outras. Ninguém fazia ideia de onde era o local descrito, mas recomendam que o menino perguntasse ao vendedor de cachorro-quente que ficava ali perto. Ele mora há muitos anos na cidade, e devia saber. O garoto agradece e sai, apressado, ao encontro do tal senhor, que estava parado em frente a uma biblioteca com seu carrinho de cachorro-quente.

– Ah, senhor!

– Olá, pequeno! - O vendedor tinha os cabelos brancos e um semblante pacífico. - Como vai querer o seu cachorro-quente?

– Na verdade... Eu gostaria de uma informação.

Ryutaro põe-se a descrever o local novamente, com o máximo de detalhes que pôde lembrar. Torcia internamente para que não fosse somente um sonho - andava muito entediado e seria interessante visitar um lugar que apareceu enquanto dormia.

– O Bosque da Paz! - O senhor exclama, sorrindo. - Fica no limite da cidade. Há muitas décadas era muito visitado, mas ultimamente é deserto. Não vai ninguém lá. Ninguém conhece.

– Poderia me dizer como chego lá?

– Andando?! Menino corajoso...

– Um táxi me levaria lá por quanto?

– Acredito que por uns doze...

– Muito obrigado!

O garoto remexe seus bolsos, contando quanto dinheiro tinha. Trinta devia bastar pra ir e voltar, se o homem estivesse correto. Segue a caminhada, entrando no primeiro táxi que passa por ele. "Para o Bosque da Paz, no limite municipal", pede. O motorista o conduz rapidamente pelas ruas, pegando rotas que o menor nem mesmo sabia que existia em Hikari.

– Chegamos.

Ryutaro olha o taxímetro; onze reais. Paga e sai do veículo o mais rápido possível. Ao olhar ao redor, vê o bosque. Exatamente como em seus sonhos. Sorri animadamente, adentrando o lugar. De fato, era muito vazio. Havia um casal sentado num banco e só. Ele continua andando, seguindo para as árvores que apareceram em seus sonhos. "Que lugar incrível!", pensa, "Aqui eu posso jogar, estudar e ficar em paz".

Passa por um espaço entre duas árvores, reconhecendo o espaço arbóreo de seus sonhos. De repente, ouve uns gemidinhos chorosos e olha para uma árvore de tronco imponente.

– V-Você...!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! ♥Obrigada novamente!Beijos ♥



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