Chocolate escrita por Nina_Waka


Capítulo 4
3. VESTIDO FATAL




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/103952/chapter/4

Subi as escadas correndo, e nem vi se meus pais estavam em casa.

Ao entrei no meu quarto, joguei a mochila em cima da cama e sentei. Fiquei olhando a parede azul e para cada móvel. – Desde a mesa com o meu computador de modelo ultrapassado, até o guarda-roupa de quatro portas.

Lembrei-me que ainda tinha que ligar para o Erick, para pedir desculpas por não acreditar em lobisomens. No entanto, o chuveiro e a água quente estavam chamando-me, então iria deixar o Erick esperando um pouco mais.

Levantei da cama e caminhando em direção ao banheiro.

Olhando para o espelho do banheiro foi que reparei que estava na hora de cortar um pouco o cabelo. Meu cabelo era bem preto e já estava batendo na minha cintura. A cor tão escura contrastava com a minha pele pálida. – Que nem o Sol dava jeito. – Meus olhos seguiam a mesma cor, diferentes dos da Nick que eram mel.

Depois dessa observação sobre mim mesma, tirei a roupa e amarrei um rabo de cavalo no alto da cabeça, preparando-me para entrar debaixo do chuveiro.

O banho foi relaxante, e minha vontade era de por meu pijama largo e dormir, só que infelizmente eu tinha uma festa para ir.

Enrolada na toalha abri o guarda-roupa e comecei a vasculhar cabide por cabide atrás do vestido vermelho.

Aquele vestido eu havia ganhado quando fiz quinze anos, minha tia tinha me dado e falado: ‘‘Agora é hora de você se tornar uma mulher’’. Fala sério.

O achei junto com um vestidinho simples pretinho básico, o preto não chamaria a atenção, passaria despercebida. Mas sabia que Jessye ficaria uma fera por eu ir básica e não fatal. Como se eu pudesse ser fatal.

Quando o vesti nem consegui acreditar que era a mesma pessoa. Tenho que admitir que fiquei uma morena fatal. E odiava ficar assim,isso fazia os garotos olharem para você com pensamentos maliciosos.Jessye vai ter que recompensar-me depois.

Coloquei uma sapatilha preta e soltei os cabelos, estava tão concentrada no espelho que levei um susto quando Nick entrou.

Não me ouviu bater? – estava brava por ter deixado-a plantada na porta.

Não. – Confessei.

Já estou indo.

Indo?

Para festa! – gritou sem paciência.

Festa?

Você está bem Selina? – encarou-me como se eu fosse louca.

Estou ótima, mas achei que iria com você.

Não! – ela olhou-me como se isso fosse uma idéia ridícula. – Eu vou com as minhas amigas, as que você detesta.

Sério mesmo? – perguntei desconfiada.

Claro. Vai com as suas amigas, oras. – Suas mãos foram parar na cintura.

Eu falei à Jessye, que ela não precisava passar aqui, porque eu achava que iria com você.

Bem. Você pode ir com o Erick. Eu já estou indo..

O Erick ainda está bravo comigo. – Olhei para ela séria. – Então eu vou sozinha.

Tudo bem, então. – Abriu caminho para eu passar, e esticou uma mão para o corredor. – Vejo você lá.

Ela fechou a porta, tudo o que consegui ouvir foi o barulho dos saltos dela, batendo nos degraus de madeira.

Só cuidado com os lobisomens, – gritou lá de baixo. – hoje é noite de lua cheia.

Consegui ouvir sua risada e depois ela resmungando algo do tipo: ‘‘Ela não teria coragem’’. Não teria coragem?Ela não me conhecia mesmo.

Depois de ouvir o barulho da porta fechando-se, o motor do carro de uma das amigas dela parando em frente de casa e o cantar dos pneus na hora da saída, bufei comigo mesma. Agora teria que ir a pé.

Não conseguiria ligar para o Erick pedindo uma carona, eu não era tão cara de pau assim. Bem, não estava a fim de ir nessa festa mesmo, poderia inventar uma dor em qualquer lugar e simplesmente não ir. Contudo,minha irmã me entregaria.O pior era que não sabia para onde meus pais tinham ido,e nem se demorariam para chegar.

Tive que interromper meu pensamento, pois um barulho bem forte veio da frente da casa. Como se alguma coisa tivesse caído. Olhei pela janela do quarto e não avistei nada.

De repente a maçaneta da porta da frente começou a fazer um barulho horrível, parecia que alguém tentava entrar.

‘‘ Deve ser meus pais. ’’

Pensei descendo a escada, mas espera, eu teria ouvido o barulho do carro e daria para ver o carro da janela do meu quarto.

Após esse raciocínio ter passado pela minha cabeça, congelei no último degrau da escada. – Bem perto da porta. – A luz da varanda encontrava-se apagada, então não conseguia ver quem era.

‘‘Só cuidado com os lobisomens. ’’ Não sei por que, mas foi esse o pensamento que me veio naquela hora.

Lobisomens não existem. – Sussurrei. – Erick? – O chamei, poderia ser ele. – É-é você? – gaguejei.

Exatamente no momento em que terminei de falar, ouvi a maçaneta parar de se mexer, e o medo arrepiou-me até o último fio. ‘‘ Não deve ser nada. ’’ Repetia essa frase indo até a porta. Segurei a maçaneta,virando a chave de leve para não fazer barulho na hora de abrir.Peguei fôlego e girei a chave de uma só vez,esperei um minuto para ver se algum barulho vinha de fora.Nada,só o som terrível do silêncio,nem o vento e muito menos as árvores.Tudo estava quieto.

Acendi a luz da varanda tentando enxergar alguma coisa pela janelinha da porta. Assim que a luz foi acesa, ouvi alguma coisa correndo da varanda com pressa, olhei por um canto da janela e consegui ver algumas árvores do outro lado da rua balançando.

‘‘Seja o que for já foi embora. ’’. Abri a porta o mais rápido possível. Porém, não havia nada.

Algumas caixas do meu pai estavam caídas no chão.

Isso explica o barulho. – Contudo, ao olhar para a maçaneta, tive uma enorme e assustadora surpresa. Ela estava toda arranhada, como se alguém com mãos cheias de garras tentasse abri lá.

Os meus olhos correrão pelo bosque na frente de casa, em vão, eu não conseguia ver nada. Abracei-me e me encolhi quando fui entrando em casa, peguei meu colete preto – que combinava com minha sapatilha. – e saí trancando a porta.

Eu que não fico mais aqui sozinha, vai que essa ‘‘coisa’’ decide voltar.

Desci os três degraus de varanda em um pulo só. Sai andando o mais rápido que conseguia sem olhar para as árvores que balançavam e zumbiam com o vento batendo em suas folhas.

‘‘Seja o que for já foi embora. ’’

Segui o caminho inteiro pensando assim, afastando da memória o barulho e a força que seja lá o que for, tentou abrir a porta. Não sei como, – por pura sorte minha. – a maçaneta não quebrou.

Fiz muito rápido o caminho de casa à colina, logo na entrada das ruínas – que ficavam bem no topo da colina. – havia muitos carros. – Na sua grande maioria importados. – A música tocava muito alta, e as luzes iluminavam tudo. As pedras enormes – que se encontravam em volta. – estavam cobertas por pequenas luzinhas.

Não sei como no meio de várias ruínas – do que já foram casas, muito antigamente. – tinha energia, mas isso não me interessava.

Subi por um caminho com pequenos paralelepípedos no chão de pedra, tive que contornar por dois casais que estavam do lado de fora da festa. As enormes pedras que cercavam o centro – onde havia uma multidão de no máximo duzentas pessoas. – pareciam muros, brilhando com luzinhas coloridas.

Consegui avistar Jessye e Erick encostados em uma enorme pedra no fundo da festa. Respirei fundo e entrei no meio da multidão que dançavam ao som de um rock pesado, fui pedindo desculpas para as pessoas em que eu esbarrava para chegar até onde queria.

Finalmente. – Falei olhando para a Jessye que havia trocado seu vestido por outro Pink, onde se ela abaixasse, poderia ver até seu umbigo, de tão profundo e grande que era seu decote. – Oi Erick. – Dei meu sorriso mais simpático, e ele retribuiu com um sorriso doce.

Nossa, pensei que você não iria vir. – Jessye abraçou-me.

Eu falei que viria, não é?

Sim, isso é verdade. E aí de você se não viesse. – Ela mexeu a mão, como quando se ameaça bater em uma criança.

Onde está o Lucas? – perguntei encostando-me na pedra a frente deles.

Ele foi pegar uma bebida. – Falou dando um sorriso.

Então Erick, – ele olhou-me. – não sabia que você iria vir.

Para falar a verdade eu não iria, mas mudei de idéia. – Ele riu, acho que não precisaria pedir desculpas a ele. Afinal, estava agindo normal. – A propósito, você me deve desculpas. – Fechou a cara. Havia pensei cedo de mais.

Eu devo mesmo? – perguntei surpresa.

Deve sim.

Desculpa. Sinto muito se magoei você..

Não precisa mais falar nada. – Ele levantou uma mão.

Mas você falou que..

Só queria ver se você iria pedir mesmo. – Nós dois sorrimos. – Gostei do seu vestido. – Apontou para mim e deu um sorriso.

Obrigada, gostei do seu colete, – Erick vestia uma calça jeans escura, quase preta, com uma camisa social branca e com um colete. – é novo?

Não. É bem antigo, só que nunca usei. – Geralmente eu e ele sempre tínhamos vários assuntos, só que hoje não saiu nada, então resolvi comentar sobre o que houve na varanda.

Sabe Erick. – Mexi no meu cabelo.

O quê?

Tem lobos no bosque? – apontei para as árvores.

Não que eu saiba. Por quê? – ele pareceu interessar-se pelo assunto.

É que acho que foi um na varanda de casa, pouco antes de eu vir para cá.

Eu não sei se tem, e se tivesse não creio que iria à sua varanda.

Nossa, então o Wolverine resolveu dar uma passadinha em casa. – Começou a gargalhar. – Isso é sério Erick. – Coloquei as mãos na cintura.

Eu sei. Só que Wolverine? Foi engraçado.

Sei. – Revirei os olhos.

Erickinho! – uma garota gritou perto da multidão que dançava.

Quem é ela? – a curiosidade foi mais forte que eu.

A garota era muito bonita; ruiva, com o corpo violão,olhos azuis pelo que parecia,vestia um vestido preto e com um sapato combinando.

É a Violet. Ela convidou-me para virmos juntos. – Falou-me todo sorridente.

Vai lá Erickinho, – nós dois rimos – não vai deixá-la esperando. – Dei um empurrãozinho nele.

Você vai ficar bem? – Segurou o meu braço.

Claro que sim. Vai se divertir com a Violet.

Obrigada. – Abraçou-me enquanto agradecia.

Só me liga depois, vou querer detalhes. – Dei um sorriso.

Pode deixar! – ele já estava perto da multidão quando terminou de falar.

Jessye tinha saído de fininho e já estava rindo do lado do Lucas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Chocolate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.