Chocolate escrita por Nina_Waka


Capítulo 3
2. CONVITE




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A aula de Física demorou tempo demais para passar, e a professora ainda segurou a sala por mais cinco minutos. Pela janela da sala, vi o Erick entrando em sua BMW-X5, e ir embora. Eu teria que ligar para ele mais tarde pedindo desculpas.

Quando a professora liberou a sala, eu já estava pensando no caminho mais curto para ir para casa a pé. Em geral iria com o meu carro ou com o meu amigo sabe, o‘‘ Senhor Lobisomens existem’’ entretanto, ele já tinha ido e com certeza Jessye também.

Porém, tive uma ótima surpresa, Jessye estava no corredor dando pulinhos de alegria e com um envelope azul-marinho nas mãos.

Valeu por ter me esperado.

Não foi nada. Selina sabe o que é isso na minha mão? – ela levantou o envelope com muito orgulho.

Huumm. – Fiz cara de pensativa. – Um envelope azul-marinho! – sorri irônica.

Sem graça. – Olhou-me séria, só que imediatamente, ela voltou a dar pulinhos. – É um convite.

Convite?

Sim. Sim. Sim! – Jessye estava entusiasmada demais. E isso me deixava assustada.

Um convite para quem? E para onde? – fiz cada pergunta com o máximo de cuidado e com medo de cada resposta.

Para você e para a festa na colina. – Ela deu um grito no final da última palavra.

Você pegou um convite pra mim? – falei tentando esconder minha decepção.

Claro. Você é minha melhor amiga, achava que eu não conseguiria um convite pra você, não é?

Para falar a verdade, sim. – Eu contava que ela não conseguisse, odiava festas assim: cheia de gente popular, em uma colina, com rock pesado e garotos com testosterona trabalhando a mil. – Como você fez isso?

Falei com o Lucas. Eu joguei um charminho para ele sabe, falei que você e o Erick são meus melhores amigos e que seria muito chato se vocês não fossem. Ele então falou que se isso me deixava feliz, então estava tudo bem. – Um sorriso enorme surgia em seu rosto.

Uau, você é demais mesmo Jessye. – Nunca que eu iria a uma festa assim, portanto, daria a notícia com um toque bem delicado. Já que ela se magoava muito fácil. – Sabe, não tem como eu ir. Eu tenho... um monte de dever sabe, e tipo, hum...não tem como eu ir mesmo.

É verdade, muito dever... – sua voz ficou muito triste. Ela queria mesmo que eu fosse nessa festa. – Então fica para próxima Selina, eu vou só com o Lucas mesmo.

Sentia-me tão mal, Jessye sempre ficava do meu lado, mesmo quando não gostava. E como eu retribuía? Fazendo isso. Um grande sentimento de culpa estava crescendo em mim. Cadê o Erick quando eu preciso dele.

Está bem.

O que? – ela olhou-me cheia de dúvida.

Eu vou à festa com você. – Não acredito que estava fazendo isso.

Você vai mesmo, e o seu dever?

O dever eu faço depois. O Google me ajuda. – Nós duas rimos.

Mas o Erick vai? – perguntei como quem não queria nada.

Vai sim.

Ele vai do tipo... Você acha que ele vai, ou ele vai, porque falou que vai?

Nossa Selina!Ele vai, porque falou que vai. – Olhou-me rindo – Por quê?

Ele não parecia gostar de festas assim.

É, mas gosta. De vez em quando, até vai. – Essa eu não sabia, o Erick, o garoto de roupa social. – Você também vai gostar. – Falou-me com certeza em cada palavra. – Vai ser a festa do ano. – Jessye ergueu os braços para cima. – E minha melhor amiga vai estar comigo.

Nossa, em que eu fui me meter. Só não entendia o porquê essa festa seria tão importante, em geral a uma festa toda semana.

Sabe Jessye, por que essa festa é tão importante?

É a festa da virada da lua.

E tem isso agora?

Sempre teve. É a festa da lua cheia!

Fala sério?

Claro. Por isso vai com roupas marcantes sabe, não é? – ela viu a minha cara e continuou – Pink, vermelho, preto... Cores marcantes.

Ah!Entendi.

Então, você tem roupas assim?

Acho que tenho.

Você acha? – Olhou-me incrédula.

Eu tenho um vestido vermelho.

Vermelho... – pausou fingindo pensar. – Você deve ficar muito sexy de vermelho.

Jessye. – A empurrei corando.

Quer carona?

Claro que eu quero. Já estava pensando na distância da escola até a minha casa.

Meus pais sempre gostaram da natureza, e morar no meio do mato, longe da cidade era a melhor coisa ‘‘ para eles’’, para a minha irmã era o fim do mundo. Eu já não ligava muito, desde que fosse de carro ou tivesse uma carona.

Jessye levou-me para casa pelo mesmo caminho de sempre, só que os minutos estavam passando rápido. Viemos ouvindo rádio, tudo bem normal. Quando ela parou em frente de casa,vi a minha irmã trocando sorrisos com a minha melhor amiga.Nick – a minha irmã. – não gostava muito das amizades que eu tinha, porém, as duas concordavam que eu deveria sair mais de casa, então consegui sentir uma certa aliança entre elas naquele momento.

Bom, eu já vou indo. Você deve querer se arrumar mais para a festa. – Falei saindo do carro.

É verdade, tenho que dar um ‘‘ up’’ no meu ‘‘ look star’’. Ah, liga para o Erick. Ele deve estar do lado do telefone perguntando-se, porque o drama dele não funcionou. – Começamos a rir.

Vou ligar sim. Tchau.

Até daqui a pouco. A propósito, passo para te levar?

Não precisa, tenho certeza que minha irmã vai também.

Então, tchau.

O Prisma dela já dobrava a esquina, quando acenei. Olhei para minha casa e senti vontade de acorrentar-me a ela.

Só estava indo a essa festa pela Jessye.

Uma gota de chuva pingou bem no alto da minha cabeça, e assim que olhei para o céu, vi que sua cor havia mudado de claro para um tom acinzentado.

Nick estava na varanda olhando para o céu também, entretanto, não parecia preocupada com o tempo, o meu olhar acompanhou o dela e de novo vi-me olhando para cima. Resolvi parar com aquilo e entrar em casa.

A nossa casa era um sobrado branco, feito de madeira, tinha uma varanda na frente com uma rede montada, havia várias árvores cercando o outro lado da rua. O diferente é que a casa não possuía portões nem muros, apenas uma cerca simples e branca marcando até onde se localizava a frente da casa.

Desde que nós nos mudamos para cá, – faz uns quatro meses – eu nunca gostei dessas árvores do outro lado da rua, era uma espécie de bosque. Sempre que olhava, sentia um arrepio. Como se alguma coisa estivesse olhando-me também.

Parei na varanda ao lado da minha irmã.

Oi. – Nick estava estranhamente animada.

Olá, adorei a blusa.

Linda, você não acha?

Sim, principalmente pelo fato de ser minha. – Nick tinha suas próprias roupas, mas mesmo assim, teimava em usar as minhas. – Não sei como minhas roupas ainda servem em você. – Minha irmã tinha um e setenta e cinco, um corpo lindo, cabelos pretos até o queixo e vinte e três anos. Contudo, ela insistia em usar as roupas de uma garota de um e sessenta e com dezessete anos.

Muito menos eu, mas serve. Você vai à festa? – perguntou-me preocupada.

Eu não estava a fim de ir, mas vou pela Jessye.

Vai fazer esse sacrifício? – zombou ela.

Vou tomar um banho que eu ganho mais. – Bufei e entrei. Não consegui deixar de não rir pelo tom que ela havia brincado comigo.


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